História Hold My Hand - "Ela está cem por cento certa"

Mia Mills Point of View | 23h00

Andar pelos corredores daquele hospital pode ser a coisa mais cansativa do mundo, se não a mais cansativa. Ainda não tinha me recuperado dos três plantões seguidos que eu fiz nesta semana e para piorar nos três plantões que fiz o hospital estava muito movimentado. Vou ser sincera: a minha semana não tinha começado bem, sabe aquele momento da sua vida que tudo parece estar perfeitamente bem e do nada, puff, a perfeição acaba e os problemas começam? Então...

– Mia! ‘Ta me escutando? – Lou me chamou.

– Ai amiga, desculpa, mas eu não escutei nada do que você disse.

Estávamos na Ala dos paramédicos, como estava há uma hora sem pacientes nenhum eu acabei por vir para cá, só para poder conversar com a minha amiga.

– Eu disse que o Dallas me chamou para sair – ela disse com um sorriso no rosto, meus olhos arregalaram.

– Oi?! Me conta direito isso!

– Bom, há mais ou menos um mês eu venho percebendo que ele está me tratando diferente.

– Um diferente bom ou ruim?

– Bom muito bom. Aí ontem, ele veio e me chamou para sair.

Eu sorri para a minha amiga.

– Ai! Eu sabia que com vocês dois ia rolar algo, cedo ou tarde, vocês são diferentes, porém dá para perceber que se gostam muito.

– E coloca diferentes nisso, mas é o que dizem, os opostos se atraem.

– E você gosta dele?

– Olha, não vou dizer que estou apaixonada, mas gosto dele.

– Espero que dê certo.

– Eu também. Mas, me conta como vai com o Justin?

– Ah, há uns dois dias aconteceu algo meio estranho.

– O que? – ela perguntou curiosa

– Ele tentou avançar o sinal, sabe? Só que eu não sei por que, eu o afastei.

– Tipo, por medo ou algo assim?

– Não, não é medo, foi só que eu não consegui.

– E ele?

– Não sei, não conversamos sobre isso. Mas eu fico com medo de ele ficar triste comigo ou com raiva, não sei.

– Olha, o Justin é um cara sensato, ele com certeza entendeu que você não estava com vontade.

– Mas o problema é esse! Eu queria, mas não consegui.

– Talvez você ficou assustada, você nunca teve relações com pessoas na condição dele.

– Mas você sabe que eu não me importo com isso.

– Eu sei que não, mas as vezes nosso inconsciente faz a gente fazer coisas que nem nós reconhecemos.

– Olhando por esse lado, eu concordo com você. Eu fiquei com medo de machucá-lo. – disse receosa.

– Então! Conversa com o Rick sobre isso, ele é especialista nisso, com certeza vai saber resolver esse seu medo.

– E se ele contar para o Justin?

– Mia, ele é profissional e não contaria isso para ninguém, você sabe disso.

– Ok, obrigada pelo conselho vou procurar ele amanhã.

– Doutora Mills, paciente.

Escutei a voz de uma enfermeira e assenti para ela, dizendo que já estava indo.

– Vou indo, vou sair ás cinco e meia e você? – perguntei para Lou enquanto me levantava.

– Ás cinco, quer que eu te espere?

– Ai meu anjo, se não for pedir muito. Vim sem carro hoje, ai para chamar o uber nesse horário é complicado.

– Ok, eu te espero.

Despedi-me dela e entrei no hospital, o mesmo estava com um ar morno, já que o aquecedor estava ligado. Assim que cheguei á minha sala cumprimentei a idosa que ali me esperava.

Assim que cheguei em casa logo retirei meus sapatos, por mais que aquele Nike fosse maravilhosamente confortável, eu amava ficar só de chinelo. Eram seis da manhã ainda, fui até o quarto dos meus meninos e os vi dormindo ali, depois fui até o de hospedes e encontrei a babá ali dormindo, segui para o meu quarto e depois de um banho eu me troquei e me joguei na cama, estava muito cansada. Quando eram uma hora da tarde senti os dedos de Noah no meu rosto, seu pezinho fazia um carinho gostoso ali.

– Noah, deixa a mamãe dormir. – escutei a voz do meu mais velho.

– Não!

– Mas ela trabalhou muito ontem, a tia Cindy disse que não era para incomodar a mamãe.

– Mamãe, acoida.

Noah disse no meu ouvido, abri meus olhos rindo, só eles para me fazerem rir depois de um plantão cansativo.

– Viu, seu bobo, a mamãe acordou!

Eli olhou bravo para Noah que saiu correndo do quarto, quase caindo quando atravessou a porta, Eli subiu na cama e me olhou sorrindo.

– Oi mamãe, pode dormir.

Eli fechou meus olhos com seus dedinhos e se deitou em cima de mim.

– Vou cantar uma musica para você dormir. – ele disse enquanto se ajeitava em cima de mim - Brilha brilha estrelinha... Quero ver você brilhar. – a voz dele era tão doce que eu realmente estava começando a pegar no sono. – Faz de conta que é só minha... Só para você irei cantar.
 
E assim meus olhos foram se fechando lentamente, Eli continuava a cantarolar as musicas infantis que ele conhecia e tenho certeza que só parou quando viu que eu realmente dormi.

Justin Bieber Point of View | 12h00

Eu com certeza sou o cara mais desconcentrado dessa empresa, desde a hora que eu cheguei não consegui me concentrar no que tinha que fazer por isso vi que não estava adiantando ficar ali parado e decidi sair daquele lugar, fui para a casa da minha mãe. No caminho da casa da mesma a única coisa, na verdade pessoa, que não saia da minha cabeça era Mia, já havia feito alguns dias desde que ela me rejeitou, estaria mentindo se dissesse que o que ela fez não me deixou magoado e paranóico, eu sei que há a possibilidade de que ela não estivesse com vontade, mas meu lado paranóico insiste em gritar dizendo que ela realmente não queria fazer sexo comigo por outros motivos.

– Justin  querido! Como vai? – Mary me perguntou depois que abriu a porta.

– Vou bem, como à senhora está? – perguntei entrando na mansão.

– Muito bem, obrigada. Dona Pattie está no escritório. – ela disse depois que fechou a porta.

– Ok, obrigado.

Rolei as rodas da minha cadeira até o escritório da minha mãe e assim que bati na porta escutei um abafado ‘entre’ vindo dela, abri a porta e encontrei minha mãe atrás de sua grande mesa de madeira.

– Ah, oi querido, como vai? – sorri para ela e comecei a me aproximar.

– Não muito bem, tem um tempo?

Na hora ela parou o que estava fazendo e fechou a tela do seu notebook, minha mãe sempre fora assim, sempre que eu precisava conversar ela estava ali pronta para me amparar e escutar o que eu tinha a dizer por isso sempre fomos muito próximos.

– Claro, quer um café? – ela disse enquanto colocava café para ela.

– Não, obrigado.

– Então, sobre o que quer falar? – ela perguntou me olhando nos olhos.

– Olha mãe, eu sei que você é a pessoa que menos gosta da Mia, mas eu queria que você esquecesse um pouco que não gosta dela e conversasse comigo.

– É sobre ela então?

– Sim, aconteceu uma coisa que está me matando.

– Ela te traiu? – minha mãe disse com os olhos arregalados.

– O que? Não! Não é isso.

– Então o que aconteceu?

– Há alguns dias nós estávamos no apartamento dela e quase rolou. – disse um pouco envergonhado.

– Sexo?

– Isso.

– E qual o problema?

– Ela simplesmente me afastou.

– Como assim?

– Eu estava tirando a roupa dela e então ela ficou estranha e se afastou.

– E o que você acha que causou isso?

– Eu não sei – disse levantando meus ombros – eu achei que ela queria. O que você acha?

– Você quer que eu seja educada ou sincera?

Olhei para minha mãe confuso, o que ela queria dizer?

– Sincera, por favor.

– Bom, eu acho que ela não quis por conta da sua condição.

Sério, meu coração nunca deu tantos pulos como tinha dado agora, será que é isso?

– Como assim? Ela nunca se importou com isso mãe, por isso estamos namorando porque ela não se importa com isso.

– Eu sei filho, ela te ama, mas acho que não a ponto de se forçar a fazer sexo.

– Mas eu nunca a forcei a isso.

– Eu sei, mas vai que ela se sentiu pressionada? Ou com nojo? Meu anjo, uma coisa é você beijar uma pessoa, outra é fazer sexo com ela.

Meus olhos estavam cheio de lágrimas, sei que minha mãe não falou isso por mal, porque ela só quer o meu bem, ela só foi sincera, coisa que eu acho que mais ninguém seria comigo.

– A senhora acha que é isso mesmo? – minha mãe se levantou da cadeira e veio até mim, se agachando para me olhar nos olhos.

– Eu só quero o seu bem, por isso estou sendo sincera com você.

– Verdade, obrigado mãe.

Ela sorriu largamente para mim e me deu um beijo na testa, eu tinha muito para pensar, saber que Mia não me amava a ponto de se entregar para mim me destruía, eu a amava mais que tudo na minha vida e ela faz isso comigo?

– Obrigado pelos conselhos, mas eu preciso ficar sozinho agora.

– Tudo bem, qualquer coisa me ligue.

Assenti e saí da casa, assim que entrei no meu carro logo segui para a minha casa, eu realmente precisava colocar as ideias em ordem, o sentimento que eu estava sentindo doía tanto que era insuportável, fui para casa o mais rápido possível. Assim que cheguei a minha casa eu dispensei a governanta e fiquei naquela grande casa sozinho.

Quando anoiteceu eu liguei a lareira e comecei a tomar um vinho, minha mente estava a mil e não ficava quieta um minuto se quer. Não desconsiderei o que minha mãe me disse, sei que ela foi cem por cento sincera comigo e que não quis me magoar. Mas querendo ou não aquilo me machucou, demais. Assim que o relógio bateu dez horas eu recebi uma ligação dela, não atendi de primeira, mas em menos de minutos o seu nome já estava aparecendo na tela do meu celular de novo, eu atendi.

– Hey. – escutei a voz abafada dela.

– Oi.

– Como você está? Te mandei uma mensagem mais cedo e você não respondeu.

– E-eu... Eu estava ocupado.

– Ah sim, entendo. Aconteceu algo?

– Não, por quê?

– Está estranho.

– Se você diz.

– Vai estar ocupado amanhã? As crianças estão com saudades, faz dias que não vem aqui.

– Vou ver se amanhã consigo passar aí.

– Ok.

Ficamos uns minutos apenas escutando a respiração do outro, parecia que ela queria me dizer algo e eu estava na mesma situação.

– Vou desligar, te vejo amanhã.

– Ok. – eu disse.

Assim que encerrei a chamada desliguei meu celular, passei o resto da noite mergulhado em pensamentos.