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História Hollowshunter - Atinge a todos: Frustração!


Escrita por: MollyRouge

Capítulo 21 - Atinge a todos: Frustração!


Apesar de Maturin fazer uma breve introdução sobre si mesmo para o jovem humano, Nicholas custava a acreditar que estava na presença do ser que havia, literalmente, vomitado o seu mundo. Era como voltar a infância, com as velhas historias sem nexo de seu pai.

Agora não tão sem nexo.

—Supondo que eu acredite em você — Nicholas começou. —  O que é bem difícil, por sinal, o que você quer de mim?

 —A Coisa. — Começou a Grande Tartaruga. — Meu tempo aqui é curto, mas ela ainda vai ficar por muito tempo, até que aquilo, o que ela come, se rebele diante do medo. Mas você — Apontou para ele com sua... pata? — Você está no lugar errado agora, deve retornar.

—E como, exatamente, eu faço isso?

—Não faz. — Maturin olhou para baixo e Nicholas fez o mesmo, o chão se desfez em névoa, revelando-se um lago, onde o reflexo adormecido de Spellbody podia ser visto. — Ela é quem pode fazer. — A tartaruga esticou a ponta de sua pata criando ondas na água e tocou o reflexo com delicadeza fazendo com que os olhos da garota se abrissem.

Jenny acordou de supetão no sofá da sala, um sentimento eufórico no peito a fazia ofegar. Ela não sabia o motivo, mas sentia que precisava encontrar Nicholas, e rápido.

—Algum problema? —  Salem a olhou.

—Preciso encontrar o Nick, você viu o meu arco? — Ela se levantou fazendo o gato piscar.

—Mas é uma da manhã.

—Uma, já? — A outra gritou do corredor. — Melhor pegar uma lanterna e... — A ruiva colocou a cabeça na entrada da sala. — Está fazendo o quê parado aí? Você vai também, seu preguiçoso.

—Mas é uma da manhã! — O felino choramingou ao descer da almofada.

�� �� ��

Boca do Inferno era uma criatura de características humanoides, andava em duas pernas, tinha dois braços e mãos com dedos levemente humanos, tirando o fato de serem bem mais longos e acompanhados por garras pretas venenosas, sua pele era rosada e lisa.

A criatura lembrava um manequim bizarro, não tinha rosto, mas havia um motivo, se corpo se abria em vertical revelando-se uma boca gigante, cheia de dentes pontiagudos e uma língua comprida que poderia chegar até dois metros de distância, e no centro dela havia um grande olho vermelho.

Sua dieta envolvia animais e humanos, era uma criatura bestial, não tinha a capacidade de pensar como alguns Hollows, simplesmente agia por extinto. E não havia outros como ele, a besta foi criada em laboratório a partir de mutação genética entre DNA humano e DNA de Hollow.

—Mas que merda é ...  — Simon tossiu de novo, ele tinha certeza que estava ficando gripado.

O que o garoto não entendia era o porquê de terem criado algo como aquilo.

Foi proposital ou só um acidente?

O jovem Horlock baixou a página para continuar lendo:

—Força elevada, regeneração rápida... — No entanto, a página seguinte estava em branco. — Nada? — Verificou uma, duas, até três vezes mais. — Mas...Como se mata essa coisa?

�� �� ��

Quando Jenny chegou no hotel onde Horlock estava hospedado, se surpreendeu ao não encontrar uma alma viva:

—Que lugar deserto. — A porta principal do prédio estava trancada. — Hum. — Olhou para cima e viu que havia uma dupla de janelas retangulares abertas. — Salem. — Apontou para as mesmas.

—Me levanta. — O gato pediu.

Jenny ergueu o bichano até o parapeito da janela direita:

—Você precisa de uma dieta.

—Ei! Eu estou em forma.

—Em forma de bola. — A outra zombou.

O bichano se esgueirou pela pequena entrada e entrou na recepção. Salem se deslocou pelas prateleiras e avistou o maço de chaves pendurado.

—Pega. — O gato apareceu na janela com a chave na boca.

—Bom gatinho.

�� �� ��

Simon acordou na madrugada, novamente, ele não sabia o motivo de não conseguir pregar os olhos, mas lá estava ele, rumo a cozinha para outro lanche noturno... era o terceiro, não?

—Simon — A voz arrastada de seu pai o fez saltar.

—Pai?! — O garoto colocou a mão sobre o peito.  —O que aconteceu com o senhor?

Helsing parecia ter sido atropelado e arrastado por um caminhão, suas roupas estavam rasgadas, havia um ou dois cortes em suas mãos, o cabelo bagunçando e um hematoma no olho esquerdo.

—Não faça essa cara, até parece que nunca me viu. — O mais velho zombou ao se aproximar do armário de bebidas.

—Nunca te vi tão detonado. — Claramente, aquele homem já teve dias melhores.

Helsing riu sem humor:

—Preciso de um favor. — Tomou um gole de sua bebida, um whisky. — Preciso que ligue para o seu irmão e diga para ele voltar imediatamente para a cidade. Preciso de ajuda no laboratório, alguns funcionários meio que foram devorados.

Meio?

Simon arqueou a sobrancelha.

�� �� ��

Após entrarem em consenso, Jenny e Salem decidiram por xeretar a recepção em busca das chaves extras, assim não precisariam arrombar a porta e causar confusão com os outros hóspedes.

—Porcaria de porta. — Jenny resmungou enquanto tentava empurrar a mesma. — Parece que tem algo bloqueando o outro lado.

A ruiva colocou toda sua força na madeira e conseguiu uma pequena brecha, não era grande o suficiente para uma pessoa passar, mas ela tinha um gato.

—Senhor — Salem passou pela porta e quase foi furado por um pedaço de madeira que fazia parte do chão do quarto. Era como uma estaca levantada.

—O que você vê? — Sua dona questionou.

—Alguém, praticamente, afundou os pés no chão. Tem pedaços de madeira dobrados, quase como estacas, bloqueando a porta.

—E o que mais?

O gato olhou em volta, havia um amassado na parede, e algumas coisas derrubadas na região da entrada:

—Eu acho que houve uma luta. — O bichano seguiu andando pelo quarto. — Mas ainda não vejo nenhum sinal do seu namorado.

—Ex-namorado, Salem, ex. — Jenny bufou e aguardou pacientemente no batente da porta até ouvir o som de algo explodindo. —Salem?

Demorou um pouco, mas o gato apareceu carregando um barbante na boca, junto com o que sobrara de um balão vermelho:

—Acho que já sei quem é o culpado.

Spellbody suspirou.

�� �� ��

Maldita tartaruga! Maldita!

A Coisa estava emburrada, olhando com desdém para o corpo flutuante poucos metros à frente. A intervenção de Maturin não passou despercebida, logo, tinha certeza de que não demoraria muito para Jenny pisar em sua toca.

—Maldita! — Pennywise pegou um objeto aleatório e arremessou em uma das entradas, ironicamente, ele quase acertou Spellbody.

—Que recepção. — Salem comentou.

Jenny olhou para o palhaço irritadiço a sua frente, mas antes que pudesse questionar, viu o corpo flutuante de Nicholas.

—O que diabos você fez? — Ela questionou em voz baixa, não tendo certeza se era real ou se era outra das ilusões de Pennywise.

—Tanto esforço — A Coisa riu sem humor e começou a caminhar.

—Pennywise. — Jenny deu-lhe um olhar de advertência.

— Por isso? — O outro pegou uma bola de tênis rasgada e jogou em Nick, acertando-lhe no ombro.

—Pennywise! — Jenny gritou.

Em um impulso, Pennywise a pegou pelos braços, erguendo-a no ar, e a prensou na parede mais próxima. O palhaço rosnou baixo, examinando-a com seus olhos dourados, como se estivesse decidindo o próximo passo.

—Se for me matar, seja rápido. — A ruiva o ficou séria. — Mas se não, eu gostaria de fazer uma reclamação.

Humanos.

Pennywise rolou os olhos antes dizer:

—Ele estava com ela!

Spellbody arqueou a sobrancelha:

Ela?

—A maldita! A maldita tartaruga! 

—Tartaruga? — Jenny olhou por cima do ombro dele, direto para seu gato, mas Salem deu de ombros, tão confuso quanto a dona.

—Eu ia matá-lo. — Confessou Pennywise de supetão, referindo-se ao jovem Horlock. — Aquele pequeno bastardo! — Riu. — Mas aí. — A risada parou dando lugar a um grunhido bestial. — Eu senti a presença dela. — A Coisa aproximou a jovem de si, fazendo-a olhar em seus olhos coloridos. — Maturin.

Jenny fez uma careta para a proximidade antes de questionar:

—Quem?

A Coisa revirou os olhos mais uma vez, mas talvez ela pudesse explicar...

�� �� ��

Helsing estava sentado no sofá, com seu copo vazio, observando seu filho mais novo ao telefone.

—Ocupado. — Simon suspirou e olhou para o pai. — Nicholas não atende. Talvez esteja em uma missão.

—Hum. —  Helsing balançou a cabeça. — Esse garoto nunca para quieto. — Ele se levantou, largando o copo na pequena mesa redonda ao lado. — Não deixe de me informar se o encontrar.

—Sim, senhor.

—Agora, vou para o meu quarto. — O homem sai andando, rumo a escadaria.

Simon o observou, coçando a orelha esquerda, ele estava ficando nervoso. Nunca era uma boa ideia fazer seu pai esperar.

Onde você está, Nicholas?!

Enquanto isso, no andar de cima, Helsing se arrastou para sua cama. Seu quarto era o maior da casa, mas era tão escuro que quase não se podia ver as silhuetas dos objetos, como ele havia conseguido chegar ao seu colchão sem bater em nada ainda permanecia um mistério.

—Hum — Esticando, preguiçosamente, a mão esquerda, acendeu um abajur.

Ao lado da cama tinha uma pequena e antiga escrivaninha de madeira, com traços de design francês. E em cima da mesma, além do abajur amarelado, havia um porta-retratos, com a foto de uma mulher usando um vestido de casamento.

Algo ainda tem brilho nessa caverna.

Helsing suspirou, aquela era a única imagem que lhe trazia paz.

�� �� ��

—Não pode, simplesmente, puxar ele? — Salem perguntou olhando para o corpo suspenso de Nick.

—Meu pulso não se recuperou totalmente, ainda não tenho força o suficiente— Jenny colocou uma mão na cintura e olhou para o palhaço encostado do outro lado da grande pilha de objetos.

Pennywise estava sentado com os braços cruzados, encarando o chão. Ele estava irritado, e Jenny não entendia bem o motivo. Ela o havia escutado. Havia escutado toda a história de seu inimigo mortal, a tartaruga gigante mágica que havia vomitado o seu universo, ou coisa do tipo...

—Humanos e seus cérebros pequenos. — A Coisa resmungou.

—Será que dá para você ajudar? — Spellbody perguntou em voz alta.

—Não! — O palhaço gritou de volta, como uma criança birrenta.

Ele ainda não entendia como ela tinha feito pouco caso de sua história, e não entendia como ela continuava dando atenção ao idiota flutuante.

Ele não merece.

Pennywise foi tirado de seus pensamentos ao sentir uma movimentação atrás de si, ele virou a cabeça para olhar por cima do ombro e avistou Jenny escalando a sua montanha de troféus de forma desajeitada.

—Isso parecia bem mais fácil em tese. — A mesma sussurrou fazendo um esforço para escalar o que parecia ser um pedaço de uma máquina de lavar roupa, soterrada por mais lixo.

A Coisa olhou com diversão para as tentativas dela, mas toda graça se foi quando a garota se equilibrou em cima da velha máquina de lavar e saltou em Nicholas, derrubando-o.

—Bom, agora ele está no chão. — Salem comentou o óbvio.

Jenny olhou para a face de Horlock, ele parecia em transe, com os olhos leitosos e a boca semiaberta:

—E agora?

—Não sei, esperava que ele reagisse com o impacto. — O gato virou a cabeça de lado, olhando para Nicholas. — Ele parece estar em um estado de dormência, ou algo do tipo.

A ruiva fez bico e olhou por cima do ombro, seus olhos encontraram os azuis do palhaço e ele arqueou a sobrancelha:

—O quê?

 Spellbody suspirou, parecia que eles não iriam entrar em consenso tão cedo.

—Talvez um beijo acorde ele. — Salem falou fazendo Jenny olhar para ele com uma careta.

—Isso não é aqueles filmes que você andou assistindo. — A garota estremeceu. —Fora de questão. — Olhou para Horlock.

Vendo que Jenny estava ocupada, Pennywise decidiu se levantar, e ele não ficou surpreso quando ninguém notou. A criatura seguiu pelo sistema de esgoto, deixando os outros para trás, pouco lhe interessava o que iam fazer agora. Tinha problemas maiores.

Maturin é um problema maior.

A Coisa desejou o pescoço da tartaruga em suas mãos, para que pudesse torcer, e rasgar com os dentes. Mas não ia acontecer fácil assim. Maturin era esperto, conseguia omitir sua presença deste mundo, quase sem falhas...

Mas um dia...

Um dia, a velha tartaruga não estaria mais lá.

O palhaço rosnou e parou de vagar quando um estalo ecoou pelo ar, seguido de um grito de dor.

A Coisa gargalhou, uma risada doentia, misturada com raiva e frustração, depois agarrou a grade de ferro que estava entre ele e a próxima saída de esgoto, e arrancou-a com toda a força.

—Você ficou maluca?! — De volta a toca, Nicholas esfregava o lado direito do rosto, onde havia a marca perfeita de cinco dedos.

—Ingrato. — Jenny cruzou os braços.

—Isso é o que chamo de método eficaz. — Salem parecia estar se divertindo.

—Onde diabos eu estou? E cadê ela? — O jovem Horlock olhou ao redor.

Ela? — Jenny arqueou a sobrancelha.

—A tartaruga gigante!

Spellbody piscou antes de jogar as mãos para o alto de forma dramática:

—Oh, senhor! Por que todo mundo fica falando sobre tartarugas?!

Aliás, por quê tartarugas?

�� �� ��


Notas Finais


É, serio, por quê?
Desculpem a demora, eu queria agradecer por todos os comentários que recebi no capitulo anterior.
Espero conseguir atualizar com mais frequência.
Bjs,


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