História Horas - 16h45min, Ligação

Ela havia me prometido que ligaria pra mim ainda hoje no nosso encontro. O tempo frio não ajudava nem um pouco meu humor cansado. Começou a chover. Fui até a janela e a fechei para que não chovesse dentro de casa, e após, sentei-me no batente da janela.

Enquanto o relógio fazia seu tique-taque irritante e a chuva batia na janela, eu batia meus calcanhares na parede, criando um ritmo tedioso. 14h40min, nenhuma ligação de Joy. Levantei-me do batente e fui até meu quarto pra pegar meu celular e fiquei jogando enquanto ouvia música. 20min sem receber uma ligação.

Depois de colocar meu celular pra carregar, fui pra cozinha e coloquei a água do café pra ferver, logo após, aproveitei alguns pães pra fazer torradas. Meia hora foi passada e nada de meu telefone tocar. Coei o café e tirei as torradas do forno.

Liguei a TV ao mesmo tempo em que me ajeitei no sofá com um pote de torradas no colo. Passava um desenho infantil na hora. A cada duas falas, uma torrada era mordida e um gole de café tomado. Pareceu uma eternidade até o desenho acabar.

(／ロ゜)／

O celular começou a tocar.

Hesitei um pouco até correr pra onde encontrava-se meu celular. O número era desconhecido. Eu podia jurar que era Joy. Mas a voz do outro lado da linha era de minha mãe.

―Oi, mãe... ―Cumprimentei-lhe sem graça.

―Oi filha, como vai? ―Perguntou-me um pouco tensa.

―Bem?! E você? Alguma novidade?

―Eu não diria que é realmente uma boa hora pra estar bem... ―Disse. Eu senti uma leve fisgada no meu coração. Fez uma longa pausa antes de continuar. ―A Puppy morreu.

―Quando? ―Perguntei estática. Meu coração ficou apertado. Uma lágrima desceu em meu rosto e a chuva engrossou.

―Ontem, ela foi atropelada. ―Antes de responder-me ela respirava fundo e tentava controlar sua voz. ―Você poderia vir amanhã após o almoço, iremos enterrar ela no quintal.

―Eu vou. Não se sinta culpada, sim?! ―Meu coração se despedaçou. A Puppy foi tão importante pra mim.

―Tudo bem... Até amanhã. ―Despediu-se, e finalizou a chamada.

Fiquei por um tempo com o celular em minha mão, que tanto tremia. Isso simplesmente foi um choque emocional no mais longo cinco minutos de minha vida. E ainda esperava a ligação de Joy. Com a Puppy mortinha. A chuva forte ia cessando devagar e eu simplesmente não desgrudava meus olhos desse tempo frio e pacato.

(／ロ゜)／

E foi exatamente às 16h45min que Joy ligou pra mim fazendo-me esquecer um pouco de minha preocupação quanto Puppy e meus dois irmãos menores.

Se você tiver alguém animado em sua vida, apenas agradeça.

―Seulgi?! Sou eu, Joy! Como vai você? ―Sua voz animada era confortante.

―Eu pensei que você não ligaria nunca! Eu tô mais ou menos... Mas enfim... E você, cachorrinho alegre e agitado? ―A Joy realmente parecia um cachorrinho fiel ao dono.

―Bem... E da onde surgiu esse apelido ridículo, Seulgi? Não era eu a criança? ―Retrucou-me agitada. ―E quem tá vivo sempre aparece. Hein, eu tô indo pra sua casa, se importa de eu alugar alguns filmes? ―Continuou com a voz mais séria.

―Você continua criancinha. ―"Eu tô indo pra sua casa." Sem avisar, mas tá ótimo. ―Você já tá vindo? Tudo bem, pode alugar filmes sim, e eu peço a pizza e o refrigerante.

Eu tive que concordar.

―Sim, e eu vou dormir ai. Eu agradeceria se você pedisse uma pizza quatro queijos, é minha preferida. ―Respondeu. Eu podia sentir seu sorriso. ―E não se esqueça: se eu sou o cachorrinho, você é o dono.

―Idiota. É bom que você chegue logo pra eu pedir a pizza. Até mais! ―Me despedi de Joy.

―Até! Lambidas animadas no rosto de seu cachorrinho animado e fofo. ―Eu ri de sua forma de me despedir e finalizei a chamada.

Não durou mais de cinco minutos nossa conversa e eu já me sentia melhor. Ah, ela é tão fofa que dá vontade de apertar...