História Horas - Capítulo especial

Em todo o momento do enterro da Puppy, Joy dizia-me que tudo ia ficar bem e que todas as lembranças que foram feitas com a Puppy voltariam a me deixar distraída num bom sentido. O mesmo que Joy dizia pra me confortar, eu usava pra confortar meu irmão mais novo, que ainda estava desacreditado e perplexo pela morte de Puppy. As palavras de minha mãe sobre nossa cachorrinha -antes de enterrá-la- foram curtas, mas de certa forma, deixaram todos os membros de nossa família felizes e confortados.

A Puppy era nossa única mascote e sempre que brigávamos em casa, era ela quem quem reconhecia nossas expressões de tristeza e arrependimento, assim como era ela quem nos colocava juntos novamente. Ela formava um elo entre nossa família, um elo que agora estava por nossa conta manter graças a Puppy, nossa eterna mascote.

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O enterro de nossa cachorrinha durou a manhã toda, o que levou as mulheres presentes (eu, mamãe e, acredite ou não, Joy) tomar conta da cozinha, fazendo o almoço enquanto meu pai e meus dois irmãos assistiam a vídeos e fotos da Puppy.

O almoço tinha sido ótimo, devo dizer. Todos nós falávamos das atrocidades cometidas por nossa mascote e sobre os cachorros de nossos vizinhos que quase sempre queriam cruzar com ela. Talvez a segunda parte não fosse tão agradável assim, mas de fato, as lembranças eram engraçadas.

A Joy havia sido muito bem recebida por todos em minha família, principalmente por meu irmão que -acredite ou não- a serviu o dia inteiro. Meu irmão mais velho serviu o almoço, a sobremesa e o café da tarde pra Joy. Ele foi um completo cavalheiro pra ela e as conversas dele com ela não eram nada bobas como de costume, eram sérias. E o tanto que a Joy foi paquerada por meu irmão em menos de um dia é -impossível, mas verídico- maior que as cantadas que eu já mandei ou quis mandar pra Joy.

De fato, meu irmão estava passando dos limites, mas por sorte, logo seria hora de voltar pra casa.

Percebendo o meu desconforto com as conversas de Joy, minha mãe logo me chamou pra uma conversa em particular com ela. E plena 17h40min da tarde, quase noite, ela me joga a seguinte pergunta: "Quem é Park Sooyoung pra você?"

Um minuto, um minuto e meio, dois minutos pra morte mental e emocional de Kang Seulgi e jaz aqui a menina apaixonada por Park Sooyoung e seus encantos.

-Quem é Joy pra você, Seulgi? -Perguntou-me novamente com a voz mais grossa.

Minha mãe estava com medo.

-Ela é... A única pessoa na face da terra que eu sou capaz de amar e dizer, com certeza, de que é com ela que eu quero passar o resto de minha vida ao lado. Igual você e o papai. -Olhei pra ela, no fundo de seus olhos.  -Eu sei que você não esperava por isso, mas é o que eu sinto por ela. Eu a amo como namorada. -Sorri.

-Boa sorte com ela, filha... Mas não seja uma pessoa ruim. -Nos encaramos um pouco. -O que você está esperando? Vá logo pra ela!

Pela primeira vez eu vi minha mãe triste, com medo, desapontada, feliz, irritada, orgulhosa e tudo isso junto. Pela primeira vez eu senti um real arrependimento por ter desapontado minha mãe,mas ela mandou que eu fosse pra Joy e eu só tinha que obedecê-la e fazer o meu irmão parar de flertar com a Joy pra que eu pudesse dizer o quanto eu a amo, o quanto eu a quero comigo e o quanto eu preciso dela comigo.