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História House Of Cards - EUPHORIA - Capítulo 30


Escrita por: ItsBTS

Notas do Autor


Boa leituraaa <3

Capítulo 30 - Capítulo 30


A estrada está escura demais.

Apesar de ter vários postes nenhum está funcionando direito. Alguns deles piscam sem parar e eu tenho quase certeza que as lâmpadas podem explodir a qualquer momento.

Nem que me pagassem eu passaria por aqui sozinha.

Mesmo de carro e com Jeon do meu lado, eu sinto um calafrio percorrer a minha espinha.

É ridículo, mas fico esperando pela hora em que alguém vestido de palhaço assassino vai pular para fora do matagal e acabar com nós dois.

- Você está bem? - Jeon pergunta olhando para mim por um momento antes de voltar-se para a estrada.

- Estou... - digo balançando a cabeça positivamente.

Ele solta uma risada nasal.

- Sério? Porque tá parecendo que seus olhos vão saltar das órbitas se continuar arregalando eles desse jeito. - diz.

Fecho meus olhos, apertando as pálpebras por alguns segundos.

Caramba, devo estar parecendo uma idiota.

-Para onde estamos indo? - pergunto pela terceira vez na esperança de que ele responda.

Jeon apenas balança a cabeça negativamente.

-Estamos chegando. Fica tranquila. Eu venho aqui pelo menos três vezes na semana e nunca aconteceu nada. - tenta me tranquilizar, mas eu noto um toque de maldade em sua voz. Ele está se divertindo às minhas custas. Eu não esperava que fosse diferente, afinal, é do Jeon que estamos falando.

O som do cascalho sendo esmagado pelos pneus é o único barulho que conseguimos ouvir. Nem o rádio pega aqui.

Finalmente o carro começa a diminuir a velocidade e eu percebo uma pequena luz fraca presa ao tronco largo de uma árvore.

- Vem comigo. - Jeon chama e sai do carro, deixando os faróis acesos, iluminando um deck de madeira que se estendia por uma pequena parte de um lago.

As luzes dos faróis do carro refletiam na água, deixando-a com uma aparência brilhante e convidativa, se não fosse pelo frio.

Todo o medo que eu sentira antes, agora era inexistente diante daquilo, tão simples, mas tão especial.

-Esse é o meu lugar. - ele diz, com as mãos nos bolsos da calça, encostado no capô do carro enquanto olha em volta e para em mim.

Jeon me olha cuidadosamente, como se estivesse analisando cada expressão minha, cada gesto, passo ou olhar.

A lua cheia também reflete na água e ela dança cada vez que a água se move.

O céu está tão estrelado... eu poderia deitar agora mesmo nesse deck e observá-las sem me cansar.

Ele sorri e parece aliviado com a minha expressão maravilhada.

Desde que saímos do campus, ele parece apreensivo e com medo. Algumas horas atrás eu sequer imaginava que Jeon poderia expressar tais sentimentos.

Antes que eu possa dizer qualquer coisa ele volta para a lateral do carro e abre a porta.

-Você… - começo, sem ao menos ter ideia do que eu pretendia falar. Acho que minha boca processou as palavras antes do meu cérebro.

-Eu…?- ele me olha e volta a encarar o que quer que seja que está dentro do carro.

Ele estende uma sacola para mim.

-O que é isso? - pergunto enquanto ele me fita cuidadosamente esperando que eu a pegue.

-Uma toalha. - responde assim que eu a alcanço.

 

Uma toalha?

Meu olhar se volta para o lago e depois para a toalha novamente. Ele não pode estar sugerindo que nademos nesse frio, certo?

 

-É para pôr no chão, rainha do baile. - diz, me pegando de surpresa.

 

Meio que faz sentido. Isso aqui não é uma toalha de banho, com certeza. O pano é diferente… é quase como uma manta daquelas fofinhas para dias bem frios.

Me pergunto quando foi que ele teve tempo para preparar tudo isso.

O pano é macio e eu quase fico com pena de estendê-lo no deck. Tenho certeza que todas essas folhas secas ficarão presas à ele.

 

-Espera… me chamou de rainha do baile? - pergunto, me lembrando de suas palavras segundo atrás. - Porque rainha do baile? - faço uma careta antes que ele responda a primeira pergunta.

Jeon dá de ombros.

-Você tem cara de rainha do baile. Você não foi uma?

Dou um sorriso sarcástico e torto para ele.

-Lembra do episódio que presenciou na loja de conveniência na nossa volta do acampamento?

Ele balança a cabeça positivamente enquanto mexe em algo dentro do carro.

Ele parece estar se esforçando para não demonstrar nenhuma expressão exagerada, mas eu percebo sua mandíbula endurecer e ele ficar tenso.

-Acho que por alí você pode ter uma ideia de como foi o meu ensino médio. Não foi muito diferente daquilo. - digo, encarando o tecido azulado sobre a madeira do deck.

Me sinto tentada a ir até ele e ver no que está mexendo, mas me contenho em meu lugar, parada e de pé encarando a paisagem à minha volta.

-Você… acredita no que elas disseram sobre você? - ele pergunta.

Eu me viro para encará-lo.

Ele não está mexendo em nada, mas permanece olhando para algo dentro do carro.

Com certeza ele está tenso.

Percebo seus músculos se enrijecendo debaixo da camisa preta justa.

Penso em mudar de assunto… mas ele se abriu tanto para mim hoje. Seria tão injusto só querer as coisas mas não dar nada em troca.

- Um pouco… quer dizer, não acho que eu sou culpada pela morte deles. Mas escutar as pessoas dizendo isso todos os dias, meio que acabou me fazendo acreditar em algumas coisas. - esfrego os meus braços tentando me livrar do frio.

Estar perto do lago não ajuda muito. Só deixa o ar mais úmido e frio, mas não tenho do que reclamar.

- Eu passei um tempo sem me relacionar com as pessoas… sem fazer amizades… até minha relação com meus pais adotivos esfriou nessa época. - comento. - Tudo porque eu acreditava que todos aqueles de quem eu me aproximasse, teriam um final triste… porque eu sou uma pessoa azarada que traz azar para os outros.

Meus olhos enchem de lágrimas e eu agradeço por ele não estar me olhando. Acho que nós dois estamos evitando contato visual agora.

- Mas eu não as culpo por tudo… eu acho que também estava procurando alguém para culpar além do verdadeiro culpado e eu achei esse alguém em mim. - hesito.

 

Os grilos cricrilam e isso me faz ficar um pouco nostálgica quando me lembro de quando acampamos.

Se eu fechar os olhos, posso quase me sentir lá. Mas nesse momento, eu não quero estar em nenhum outro lugar.

 

-Você já estava planejando isso? - pergunto, tentando mudar de assunto.

Jeon me olha por um momento e fecha a porta do carro.

-Na verdade, estava sim! - responde e eu poderia jurar que se estivesse mais claro eu o teria visto corar. - Mas depois de saber que a Candy disse aquelas merdas, não pensei que fosse levar adiante. - confessa e eu sinto meu estômago embrulhar.

-Está tudo bem, Jeon Jungkook!  Ser fofo não fará de você menos durão. - dou risada, tentando levar a conversa para o mais longe possível de Candy.

-Eu não ligo pra isso. - dá um sorriso sugestivo enquanto balança a cabeça negativamente e se aproxima.

-O que você tem aí? - pergunto ao ver o saco de papel em sua mão.

Jeon ajeita a ponta da toalha que estava dobrada e se senta nela, fazendo um sinal para que eu me sente no meio de suas pernas e eu o faço, me ajeitando para ficar de lado para ele de modo que meu ombro encoste em seu peito.

-Eu ainda não jantei. - coloca o saco no meu colo. - E eu espero que você também não.

 

Assim que eu abro o pacote, um cheiro maravilhoso invade minhas narinas e eu começo a salivar.

O suco que Yoo comprou para mim mais cedo deu para enganar a fome por um tempo, mas agora eu praticamente posso ouvir meu estômago me amaldiçoando.

Tiro a caixa do saco e Jeon o puxa, dobrando-o e colocando ao lado da toalha.

Quando abro, duas fileiras com pelo menos 10 esfirras cada são reveladas.

 

-Caramba! - arregalo os olhos.

Jeon sorri e parece aliviado. Ele deve ter dado um tiro no escuro. Não é todo mundo que gosta de comida árabe. Isso explica sua expressão de alívio.

 

Deve ter custado bem caro. Esse tipo de comida não é muito comum por aqui.

-Devíamos dividir o valor. - sugiro depois de dar uma mordida generosa na minha esfirra de queijo.

 

Jeon balança a cabeça negativamente.

-Não me custou nada. - responde, abocanhando metade de uma esfirra com uma única mordida.

Acho que ele está com o dobro da minha fome.

Na verdade, ele sempre está com fome.

Franzo o cenho depois de ouvir sua resposta.

-Eu trabalho nesse restaurante. Às vezes eles me dão algumas coisas. - comenta, pegando sua segunda esfirra.

 

Lembro-me de vê-lo em frente a um restaurante uma vez, mas tenho quase certeza que não era um de comida árabe. Será que ele trocou? Ou ele tem mais de um… acho mais provável a segunda opção… lembro-me de Jay ou Jimin ter me falado algo a respeito, mas minha memória não está muito boa.

 

Quando me aninho em seu peito, sinto seu coração batendo acelerado contra mim.

Isso geralmente me daria nervoso… talvez eu me sentisse desconfortável, mas agora eu desconfio que essa é uma das coisas maravilhosas que já senti.

Desde que conheci Jeon as coisas têm sido assim. Eu tenho sido constantemente desafiada e obrigada a sair da minha zona de conforto ou da minha bolha de segurança. Tenho experimentado e sentido coisas que antes só via em filmes e lia em livros… nunca sequer pensei que borboletas no estômago, o nervoso e ansiedades constantes, a necessidade de sentir a outra pessoa… isso nunca me pareceu real. Mas agora, aparentemente, eu estou no meu próprio livro.

O caminho até aqui não foi nada fácil, mas eu não me arrependo. Talvez se Jeon não tivesse aparecido e rasgado esse véu que eu coloquei entre eu e o mundo depois da morte dos meus pais, eu não estaria vivendo como se deve. Seria um desperdício não sentir todas essas coisas.

 

Os grilos continuam cricrilando e eu posso ver alguns vagalumes voando sobre a água, piscando uma e outra vez.

É lindo demais.

-Você gosta?- pergunto enquanto os observo voar, fazendo desenhos no ar com suas luzes.

-Do que? - pergunta, tirando a caixa do meu colo, colocando-a ao seu lado e em seguida, envolvendo meu corpo com seus braços, repousando uma de suas mãos em cima da minha, entrelaçando nossos dedos.

Ele deve ter reparado que estou com frio.

-Vagalumes. - respondo.

-Não sei… acho que sim. - dá de ombros.

Isso me faz rir.

Como alguém não sabe se gosta ou não de alguma coisa?

Nesse momento eu me sinto patética por ter rido disso. Eu mesma há algum tempo estava nesse impasse com Jeon… ou talvez eu soubesse o tempo todo e estivesse tentando me convencer do contrário.

-Eu costumava pegar alguns quando era mais nova. - digo, lembrando-me de quando eu estava no orfanato e fugia do quarto no meio da noite quando não conseguia dormir. Ficar dentro do quarto me fazia sufocar. - Eu os prendia em copos descartáveis e soltava em seguida… ficava com medo que morressem. - digo, dando uma risada fraca.

-Eu fazia isso também. - confessa e eu rio mais ainda enquanto o olho. - mas eu os prendia na mão. - ele faz uma concha com as mãos, como se estivesse pegando um vagalume.

Eu tento imaginar um pequeno Jeon Jungkook correndo por um quintal de noite, com seus cabelos balançando enquanto caça vagalumes.

Eu passo um longo tempo olhando-o, mas ele não parece se importar.

-Não vai dizer que não gosta que eu fique te olhando. - pergunto e ele me olha.

-Eu prefiro que olhe para mim do que para outros caras. - diz, olhando no fundo dos meus olhos. - Além disso, eu falava essas coisas porque o jeito que você me olha me deixa maluco.

Meu coração acelera e eu luto para conter o sorriso que está a beira de escapar.

 

Um barulho alto surge no lago e eu dou um pulo quase batendo minha cabeça no queixo de Jeon.

-É só um peixe. - diz e eu relaxo novamente.

Um peixe? deve ser um jacaré para fazer esse barulho.

-Você é fácil de assustar. - solta uma risada nasal.

- Eu escuto isso quase todos os dias. - me junto à ele. - mas você precisa concordar que foi um barulhão… não parece um peixe! - digo, apontando para ele.

-Parece sim! - retruca e eu reviro os olhos. Isso o diverte.

Alguns segundos se passam em silêncio, que é preenchido pelos grilos e barulhos de algo se mexendo na água.

Isso me tranquiliza.

Fazia tanto tempo que eu não me sentia assim.

Olho para nossas mãos entrelaçadas… se encaixam tão bem. Eu devo estar parecendo uma idiota apaixonada… mas é quase inevitável não pensar nessas coisas.

-Porque escolheu a Universidade de Washington? - pergunta.

É uma pergunta um pouco inesperada. Ninguém me fez ela até agora e eu nunca pensei em um motivo específico… existem tantos, na verdade.

Decido falar aquele que mais mexe comigo.

Encolho minhas pernas, tentando me esquentar mais. Não sei como ele parece super bem com esse frio, eu sinto que vou começar a bater queixo a qualquer momento.

-Meus pais estudaram lá… minha mãe não chegou a se formar porque engravidou de mim, mas só de imaginar que ela e meu pai caminharam por aqueles corredores, talvez tenham se sentado nos mesmos lugares que eu sento… essa universidade tem um significado especial para mim… - um sorriso bobo surge em meu rosto enquanto lembro-me sem muita clareza das histórias que meus pais contavam sobre a época da faculdade. Não conversamos muito sobre isso… eu era muito nova para histórias de faculdade. - Além disso, eles se conheceram lá. - completo.

Jeon se mexe, tentando me deixar mais confortável enquanto esfrega meu braço.

Ele está realmente se esforçando para me manter aquecida. Isso faz meu coração acelerar como um bendito carro de fórmula 1.

- Como eles se conheceram? - pergunta.

Fico feliz que ele tenha perguntado… eu gosto de contar essa história. Ás vezes fico tentando imaginá-la… tenho medo de esquecer… de esquecer as coisas que eles me contavam, os pequenos detalhes… porque se eu esquecer, eu não ter ninguém para me relembrar.

-Minha mãe estudava música e meu pai, farmácia, mas ele adorava tocar piano. Sempre depois das aulas do curso dele, ele ia até a sala de música e sempre via minha mãe lá. Ele sempre chegava no exato momento em que ela estava pegando a flauta para praticar. - dou um sorriso fraco. - ela era diferente das outras alunas… sempre praticava no banco perto do chafariz ao invés de ensaiar na sala de música. Ela dizia que o ar livre mostrava o verdadeiro som do instrumento. Meu pai disse que ela sempre fingia que não notava ele, mas notava sim… ele teve certeza disso depois de ficar ausente da faculdade por alguns dias e assim que voltou, ela falou com ele. Segundo ele, foi amor à primeira vista. Acho que minha mãe gostava de ouvir essa história tanto quanto eu, porque era sempre meu pai que contava. Ele se lembrava até da roupa que ela usou nesse dia em que falou com ele pela primeira vez. - suspiro. - Acredita que ela fingiu que estava fazendo uma pesquisa só para pegar o número dele? - dou risada. - 3 meses depois, lá estava eu… crescendo na barriga dela.

- 3 meses? - repete, impressionado e solta uma risada.

Eu assinto.

- Foi pouco tempo de namoro antes deles darem o segundo passo… na verdade esse passo foi maior do que a própria perna deles. Mas eles estavam felizes e isso é tudo o que importa. - dou de ombros. - Quando soubemos do Eric, foi só alegria… mas infelizmente eu não pude conhecê-lo… - olho para as minhas mãos, lutando para segurar o choro.

Jeon não fala nada, mas seus olhos mostram tanto a dizer mesmo que sua boca permaneça fechada.

Ele engole em seco.

- Quando eles morreram, eu tentei tanto mantê-los presentes. Perdi tudo o que eu tinha naquele dia. Eu mal abria a boca para falar e  responder as perguntas que me faziam. - desabafo. Sempre que falo desse assunto, surgem tantas coisas que eu sinto necessidade de colocar para fora.. tantas coisas que se tumultuam na minha garganta e a fazem doer… - Por tanto tempo eu fiquei focada no que eu perdi que eu acabei esquecendo do que ainda tinha… era pouco, na verdade, quase nada… e eu quase morri por isso.

Suas mão aperta a minha tão forte que para mim, é quase como um grito de “eu estou aqui”...

-Sente muito a falta deles? - pergunta.

-O tempo todo… - digo automaticamente. - Todo santo dia.. todo minuto e segundo. - encaro o lado. Parece ter o dobro de vagalumes agora. - Mas está “menos pior” que antes agora. Eu me sinto culpada por isso. Nos primeiros anos eu pensava que não ia aguentar… era insuportável e ainda é… só que… - hesito, confusa. - eu não consigo explicar. - mexo nas minhas unhas. - ao mesmo tempo que é insuportável, eu consigo suportar… não é que doa menos, continua doendo com a mesma intensidade mesmo após mais de 10 anos, mas eu...me acostumei com a dor… eu nem sei se “acostumar” é a palavra certa… eu nunca foi me acostumar ou me conformar.. isso me deixa tão confusa.

-Eu sei o que quer dizer. - Jeon volta a pegar minhas mãos. Eu nem percebi que estava mexendo nelas tão nervosamente. -Eu também perdi uma pessoa… na verdade, duas… - diz, hesitante, baixo, como se não tivesse certeza se devia ou não falar sobre isso. É a voz de alguém que também sofre com suas cicatrizes… eu posso sentir isso, mesmo que ele lute para se manter impassível como sempre.

Eu tento me virar para encará-lo, mas ele me abraça forte, me impedindo de fazê-lo.

- Meu pai morreu quando eu tinha 4 anos… - começa. - ele se jogou do prédio que trabalhava na Coreia depois de ser demitido. Não estávamos em uma situação muito boa.

Meu coração se afunda em meu peito e eu o sinto estilhaçar em milhares de pedaços.

-Eu e minha mãe nos mudamos para cá e ela conheceu meu padrasto… que me criou como um filho e a quem eu chamei de pai. Foi a segunda pessoa que eu perdi…

Eu não sei o que falar… principalmente porque eu sei que nenhuma palavra é capaz de confortar verdadeiramente em situações como essa… mas isso parte o meu coração… “Jeon…” - chamo seu nome mentalmente...

É a minha vez de apertar sua mão forte.

Eu simplesmente não posso e nem quero me afastar.

Esse assunto não está fazendo bem a nenhum de nós… é como se uma névoa densa estivesse nos puxando para baixo.

Até mesmo os grilos parecem ter dado um tempo no barulho.

Fico imaginando outros assuntos para tentar amenizar o clima pesado e triste, mas nada me vem à cabeça.

Apesar disso, estar abraçada a ele parece ser o melhor consolo… parece o conforto que nenhuma palavra ou texto mais elaborado poderia me dar e isso basta, pelo modo como sua respiração se acalma quando nos abraçamos forte, eu sei que ele se sente assim também.

 

-Aquelas são as "Três Marias". - Jeon aponta para o céu e eu olho para cima, para três estrelas uma ao lado da outra, separadas pela mesma distância.

Elas brilham lindamente.

Eu agradeço internamente por ele ter falado alguma coisa.

-Como você sabe que são elas? - pergunto. Parece que várias outras estrelas estão arranjadas da mesma forma.

Jeon dá de ombros.

-Tá vendo aquela estrela menor e mais brilhante que as outras embaixo da primeira Maria? - ele aponta e eu assinto. - Ela sempre acompanha as"Três Marias".

-É bonito. - comento, enquanto observo as estrelas se acenderem e depois brilharem mais fraco, quase como um pisca pisca, mas sua luz não se apaga.

 

É engraçado como eu jamais imaginaria descobrir que Jeon gosta de estrelas e que ele tinha um lugar assim só para ele, se não tivesse acontecido essas coisas hoje.

Talvez, apenas talvez, ele não soubesse o quanto gostava de mim hoje de manhã, mas agora sabe e eu posso ver isso em seus olhos, enquanto ele me encara.

Antes eu não via nenhum sentimento, agora eu vejo tantos que chega a ser difícil acompanhá-los, mas eu não mudaria nada.

-Então é aqui que você traz todas as suas conquistas amorosas? - brinco, sabendo que no fundo, eu tenho mesmo essa dúvida e torço para que eu goste da resposta.

-Todas elas. - responde e antes que eu possa me parar, estou encarando-o com olhos furiosos. Para a minha surpresa ele não ri ou expressa qualquer outra reação.

Ele sabe ser frustrante.

Jeon ergue uma das sobrancelhas.

-E com todas eu me refiro a um total de zero garotas, Liv. - diz e eu quase não consigo conter o alívio, embora esteja desconfiada. Não é como se ele fosse me dizer realmente que trouxe milhares de mulheres aqui.. ou é… afinal, é o Jeon.

-A única pessoa que eu trouxe aqui foi o Jay e ele, obviamente, não é uma “conquista amorosa” como você falou. Mas é a única pessoa que eu confiava para dividir esse lugar… - ele pausa e me olha. - até agora.

Eu engulo em seco, sentindo meu coração acelerar pela vigésima vez nas últimas duas horas.

Nada conosco é constante. Estamos felizes e cinco minutos depois melancólicos. Discutimos e depois estamos assim, abraçados. O clima de poucos minutos atrás nem parece ter existido agora, enquanto eu me perco nos lindos olhos puxados dele.

 


Notas Finais


Comenteeeem <3


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