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História House Of Wolves - Um Porto Seguro


Escrita por: WantedKilljoy21

Notas do Autor


OI, GENTE LINDAAAAAAAAAAA!!!!!!

Como estão todos?? Espero que bem. Cá estou eu com um capítulo novinho em folha pra vocês.

Boa leitora!

Capítulo 27 - Um Porto Seguro


Fanfic / Fanfiction House Of Wolves - Um Porto Seguro

Entre beijos e abraços, Frank encosta a cabeça no peito de Gerard. Ele consegue ouvir o coração do senador bater forte e acelerado. Ele sente o peito do homem subir e descer numa velocidade anormal. Ele se abraça ainda mais ao homem, sentindo-se torturado pela culpa. Ele sabe que fez o que fez por amor, por proteção, mas isso não diminui o sofrimento causado. Seus olhos se enchem de lágrimas e ele ergue o rosto.

- Me desculpe, Gerard. Eu sinto tanto, tanto. Me desculpe fazer você passar por tudo isso.

- Ei, shhhh, para. - ele toma o rosto do rapaz entre as mãos. - Já passou. Acabou! Nós estamos juntos novamente.

- Não é tão simples. Nós ainda temos muito o que conversar. Eu tenho que te contar a verdade. Eu tenho que... - ele fala, mas é interrompido por um beijo.

- Eu sei. - diz Gerard, ao separar seus lábios dos do rapaz. - Eu sei que precisamos conversar, e nós vamos. Mas não agora. Agora eu só quero sentir você, beijar você, abraçar você. Agora eu só quero te ver. - ele diz, se afastando e olhando Frank de cima a baixo. - Meu Deus, você cresceu. Você está enorme! - ele diz, maravilhado pela barriga do amado.

- Obrigado? - Frank diz, irônico, e Gerard ri.

- Você está lindo! Você nunca esteve tão lindo. Eu não consigo parar de olhar pra você. Não consigo parar de te tocar. Eu quero recuperar o tempo perdido. Essas duas semanas pareceram décadas. Eu quero saber de você, da nossa filha, de tudo! - ele diz, empolgado, beijando o rapaz novamente. Frank sorri.

- Eu também senti muito a sua falta. - ele diz, e leva uma das mãos à barriga. - E ela, então, nem se fala!

- Nossa filha, Frank! - diz Gerard, com o sorriso mais bobo do mundo. - Me conta, como ela está? Quando você soube que é uma menina? Vocês dois estão bem?

- Eu vou te contar tudo, mas antes você precisa tirar essa roupa ensopada. - diz Frank, e pela primeira vez Gerard se dá conta que suas roupas continuam molhadas.

- Eu tô bem, não se preocupe.

- De jeito nenhum. Você pode pegar um resfriado.

- E o que você sugere que eu vista? Eu não acho que suas roupas vão servir em mim.

- Eu ainda não entendi se você está me chamando de gordo ou baixinho. - ele diz, se fingindo de ofendido.

- De nenhum dos dois, seu bobo. - ele rouba um beijo do rapaz. - Mas se você tiver um roupão aí, eu posso, pelo menos, tirar a camisa. Pode ser?

- Pode sim! O meu roupão está no banheiro do meu quarto, eu vou buscar.

- Não, você fica aí! Eu vou. - ele diz, seguindo para o andar de cima.

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Seguindo o corredor em direção ao quarto de Frank, Gerard cruza com JJ, que estava indo do banheiro social para seu quarto. A moça sorri para o senador, mas é surpreendida por um abraço.

- Obrigado! - ele diz, dando-lhe um forte abraço. Mesmo pega de surpresa, JJ retribui o abraço.

- Pelo quê? - ela pergunta, quando os dois se separam.

- Por tudo! Por cuidar dele... e de mim. - ele diz, com um sorriso tímido, e então retira o envelope com a foto do ultrassom do bolso. - A Courtney me entregou.

- Eu fico feliz! - ela sorri. - O lugar de vocês é ao lado um do outro. O resto se resolve.

- É, eu concordo.

- Agora vai curtir a sua família. - ela diz, dando um tapa no ombro do rapaz e seguindo para seu quarto.

- Pode deixar. - ele diz, seguindo para o quarto de Frank.

- E papai... - ela chama, fazendo Gerard olhar pra trás. - Parabéns pela garotinha.

- Obrigado! - ele sorri, e então entra no quarto do rapaz.

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Quando volta pra sala, ainda vestindo suas calças molhadas, mas protegido pelo roupão de Frank, Gerard encontra o rapaz preparando duas canecas de chá na cozinha. Ele chega por trás e abraça o rapaz, pousando suas mãos sobre a barriga do amado. Frank sorri e aconchega as costas no peito do senador. Os dois sentem os chutes constantes da bebê.

- Uau, ela está meio agitada. - ele diz Gerard.

- Pois é, a noite foi bem agitada até agora. E além do mais, ela estava com saudades de você. Ela surtou no momento em que escutou a sua voz. Está chutando desde então.

- Posso tentar uma coisa?

- Claro. - diz Frank.

Gerard, então, esfrega as mãos e bafora entre elas, para aquecê-las. Quando as sente um pouco mais quente, ele ergue a camiseta de Frank e pousa uma das mãos bem abaixo do umbigo do rapaz. Ele não fala nada, apenas permanece com a mão sobre a barriga do rapaz. Alguns segundos depois os chutes diminuem de intensidade, até se tornarem quase imperceptíveis. Frank deita a cabeça no ombro de Gerard e sorri.

- Tudo bem? - pergunta o senador.

- Não podia estar melhor. - ele diz, suspirando, mas logo recupera a postura e volta a preparar os chás. - Fiz um chá de gengibre com canela e mel. Bom pra te aquecer por dentro. - ele diz, entregando a caneca para Gerard.

- Você me aquece por dentro. - ele diz, e Frank ri.

- Desde quando você é cafona assim, Gerard Way?

- Ei, eu acabei de recuperar o amor da minha vida, me dá um desconto. Eu tenho o direito de ser um pouquinho cafona.

- Claro que tem.

- Bem, vamos sentar. Eu quero que você me conte tudo que eu perdi nessas últimas duas semanas. - diz Gerard, conduzindo Frank até o sofá. - Me fala, quando você descobriu o sexo da neném? - ele pergunta, ajudando Frank a se sentar no sofá e se sentando ao seu lado.

- Nós descobrimos ontem. Foi muito sem querer.

- Como foi?

- Ela resolveu nos dar um susto ontem e acabamos correndo no Jason.

- O que houve? - pergunta Gerard, preocupado.

- Ela parou de se mexer.  Não chutava, não mexia, não fazia nada. Ficou completamente imóvel.

- Quando foi isso?

- Quarta e quinta. Na quarta eu acordei me sentindo um pouco mal, indisposto, com um pouco de cólica, então passei o dia todo na cama, tanto que quando a JJ chegou do trabalho, eu já estava dormindo. Como eu não estava me sentindo bem na quarta, eu achei que ela estivesse quietinha por isso também ou que estivesse dormindo. Mas na quinta eu acordei melhor, até dei uma volta no quarteirão, comi bem. Foi então que eu percebi que ela não estava se mexendo. Eu cutuquei a barriga, empurrei pra um lado, empurrei pro outro, balancei, e nada.

- Mas você teve a sua consulta com o Jason na terça? O que ele disse?

- Sim, terça foi minha consulta de 27 semanas. Estava tudo bem, ela estava ótima. Jason disse que ela está pesando quase 1kg, e medindo uns 35cm. Foi tudo perfeito.

- Então o que houve?

- Eu falei pra JJ que ela não estava mexendo e então nós corremos pro consultório. Chegando lá o Jason viu que o coração estava batendo bem e que eu não estava com contrações, então tentou vários truques e nada dava certo. Até que ele veio com um aparelho que parecia um Doppler. Ele disse que o aparelho emitia umas vibrações que agitavam os bebês. Ele precisou tentar três vezes. Meu coração já estava quase parando, mas então ela deu um super chute um pouco acima do meu umbigo. Depois que o susto passou, o Jason fez um ultrassom pra saber se estava tudo bem e acabou vendo que ela tinha mudado de posição. Lembra, no hospital, quando eu te disse que ela estava atravessada?

- Lembro.

- Bem, agora ela está sentada e com as pernas esticadas e cruzadas pra cima.

- Uau, já podemos pensar no Cirque Du Soleil. - brinca Gerard, fazendo Frank rir.

- Verdade. Daí, fazendo a ultra, finalmente ele viu que nós vamos ter uma menininha. Aí você já pode imaginar, foi aquele chororô.

- Eu imagino.

- E na mesma hora eu pensei em você. Em como você disse que seria uma menina desde o início.

- Pode chamar de instinto paterno, mas eu sempre soube que nós teríamos uma menininha. Uma versão feminina e em miniatura minha ou sua. - ele diz, colocando a mão sobre a barriga do rapaz. - Eu mal posso esperar para conhecê-la.

- Eu também não. Eu nem acredito que só faltam 13 semanas para ela chegar.

- Só? Pra mim ainda é uma eternidade. Eu quero conhecê-la logo, pegá-la no colo, sentir seu cheirinho, ficar agarradinho com ela. Eu não vejo a hora de ser pai. - ele diz, sorrindo. Frank sorri também, mas seu semblante logo murcha. Ele sabe que não dá mais pra adiar essa conversa.

- Gerard, agora eu acho que nós realmente precisamos conversar.

- Frank...

- Gee, por favor, eu também estou com saudades, eu também quero recuperar o tempo perdido, eu também quero curtir você e a nossa filha. Mas nós precisamos conversar. Eu tenho algo pra te contar e nós temos decisões a tomar.

- Decisões?

- Sim. Por favor, quanto antes nós resolvermos isso, mais rápido poderemos focar toda a nossa atenção na nossa filha. - ele pede, e Gerard percebe que não tem jeito.

- Tudo bem. Vamos conversar. Por onde você quer começar?

- Eu quero começar te contando a verdade sobre o que aconteceu naquele dia. Mas pra isso, eu preciso que você me prometa que irá me ouvir e que não fará nada, especialmente nada estúpido.

- Eu não sei posso te prometer isso.

- Você precisa.

- Frank, por favor, fala logo. - ele pede, ansioso.

- Okay. - ele diz, e respira fundo. - No domingo, meus pais e meu avô foram à missa e depois iriam passear. Eu não quis ir porque preferi descansar pra esperar você chegar de viagem. Um pouco depois deles saírem a campainha tocou. Eu achei que fossem meus pais ou até mesmo você, mas quando eu abri a porta... - Frank hesita, deixando Gerard nervoso.

- Quem era, Frank? - ele pergunta. Frank fecha os olhos e suspira.

- Era a Bethany.

- O que... O que você disse? Você disse Bethany? Você disse que a Bethany esteve aqui, na sua casa? Com você? Enquanto você estava sozinho? - o corpo de Gerard vibra de fúria.

- Gerard. Gerard! Foco, por favor! Sim, a Bethany esteve aqui, comigo, enquanto eu estava sozinho. Mas antes que você pergunte, ela não me fez nada. Pelo menos não diretamente.

- O que quer dizer? Na verdade, minha pergunta principal é: por que diabos você a deixou entrar?

- Eu não sei. E acredite, eu me fiz essa pergunta umas 100 vezes. Ela apareceu na minha porta, com um vaso de flores nas mãos, me pedindo para conversar, para se desculpar. Disse estar profundamente arrependida, que não sabia que eu tinha qualquer problema de saúde, me implorou perdão.

- Ela disse a mesma coisa pra mim, quando eu fui em casa. Mas eu conheço ela, eu sei como ela é dissimulada Como ela não conseguiu evitar que eu saísse de casa, ela veio atacar você.

- Tá aí, ela não me atacou. Ela não me ofendeu, não me agrediu verbalmente, não me insultou. Ela me contou um pouco sobre a história de vocês, sobre como vocês costumavam ser amigos, e agora estão na situação em que estão. Ela disse que, acima de tudo, ela ainda acredita em você, em como você será um excelente líder para o nosso país, e em como o povo precisa de alguém como você.

- Ela é inacreditável.

- Então ela me disse que entendia o porquê de nós termos nos apaixonado. Que sabia que no momento em que você se apaixonasse de verdade, você se entregaria de corpo e alma e que faria dessa pessoa, a pessoa mais amada e sortuda do mundo. Então ela me disse que você tinha saído de casa e que ela não te culpava por isso. Daí me pediu para cuidar de você, pois a família que nós estamos criando seria a única coisa que te restaria.

- Como assim?

- Ela disse que assim que as notícias do seu divórcio fossem divulgadas, a imprensa começaria a cavar e seria apenas uma questão de tempo para descobrirem que você é gay, que está em um relacionamento comigo e que vamos ter um filho juntos. E então estaria tudo acabado. Você perderia tudo. Seu emprego, sua carreira, sua reputação. Começaria uma verdadeira caça às bruxas contra você.

- Então foi isso? Ela te fez acreditar que você me faria perder tudo? - diz Gerard, tomando o rosto do rapaz entre as mãos e o olhando com consternação.

- Me desculpe. Eu deveria ter te contado na hora, eu deveria ter sido honesto com você. Se eu tivesse tido coragem pra falar a verdade, nós teríamos encontrado uma solução muito mais rápido e todo esse sofrimento teria sido evitado. Me perdoa.

- Oh, meu amor! - ele diz, e dá um beijo suave nos lábios do rapaz. - Meu príncipe. Sim, você deveria ter me contado desde o início, porque eu iria te dizer que nada disso é verdade. A Bethany é apenas uma mulher amarga e cruel. Ela usou o seu amor por mim, o seu cuidado e a sua proteção para nos separar. Ela usou você porque sabia que nada do que ela fizesse me faria desistir de você. Então por isso ela mentiu.

- A questão é essa, Gerard, ela não mentiu. Ela pode ter me manipulado, ter mexido com a minha cabeça, brincado com meus sentimentos, mas ela não mentiu.

- Frank, nós já conversamos sobre isso. - Gerard revira os olhos, claramente frustrado.

- Não, nós criamos uma ilusão que nos era confortável. Nós criamos uma realidade utópica onde tudo seria lindo e perfeito. Só que não, nada será lindo e perfeito se nós continuarmos por esse caminho.

- E o que você quer dizer? Você quer terminar comigo de novo?

- Não! Eu não quero terminar com você nunca mais, mas eu quero que a gente aceite que mudanças precisam ser feitas e que, acima de tudo, sacrifícios precisam ser feitos. Porque, não importa o que você diga, eu não vou deixar você abrir mão do seu sonho por mim. Eu não vou deixar você perder tudo por mim.

- E por que você acredita que eu vou perder tudo, Frank? Por que você não acredita que pode dar certo?

- Porque, infelizmente, o mundo ainda é um lugar muito feio. Porque a política é um covil de lobos. Porque, enquanto sorriem pra você, te esfaqueiam pelas costas. Porque nós somos diferentes e o diferente assusta, intimida, gera intolerância.

- Então você está dizendo que não tem jeito. É isso?

- Não, eu estou dizendo nós vamos precisar dançar conforme a música, vamos precisar fazer o jogo deles se quisermos ganhar. E eu sei que nós vamos ganhar. E quando você estiver lá em cima, no seu lugar de direito, você vai poder lavar toda essa podridão, você vai poder mudar as regras, você vai poder fazer do mundo um lugar melhor pra nossa filha. - diz Frank, com convicção.

- E como você sugere que eu faça isso?

- Primeiro, você precisa voltar com a Bethany. - ele diz, e Gerard se choca.

- O quê?! Você só pode estar brincando. Não há nada no mundo que me faça voltar para aquela mulher! Não depois de tudo que ela fez com você, com a gente. - ele diz, levantando-se do sofá.

- Eu não estou dizendo que você precisa voltar a morar sob o mesmo teto que ela, mas vocês precisam voltar aos antigos termos, porque, infelizmente, você não vai conseguir ir muito longe sem ela. Vocês dois são a face da América nesse momento, o povo olha pra vocês e vê os Kennedy. Você não pode vencer sem ela.

- Eu não acredito! - ele diz, correndo as mãos pelos cabelos.

- Gerard, a Bethany quer ser Primeira Dama. É só o que ela quer. Você promete isso a ela e ela nos deixará em paz. Ela surtou porque se sentiu ameaçada, porque percebeu que você estava a um passo de jogar tudo pro alto. Dê o que ela quer, e vocês só precisarão se encontrar em eventos oficiais, sorrir, tirar umas fotos e acabou. É preciso ser feito. - diz Frank, com uma das mãos na barriga, observando Gerard andar de um lado ao outro da sala.

- Eu não vou voltar pra aquela casa!

- Você não precisa. Basta manter as aparências. É só isso. - ele diz.

Mesmo nervoso, Gerard respira fundo e tentando se controlar. No fundo ele sabe que Frank tem razão. Esfregando o rosto com as duas mãos, ele suspira e volta a se sentar ao lado do rapaz.

- Okay. Acho que posso fazer isso. Mais alguma coisa?

- Sim, e não será fácil de falar sobre isso, então você precisa manter a calma e me ouvir.

- O que é?

- Nossa filha. - ele diz, e o coração de Gerard se comprime. - Você sabe que ela não vai poder ter seu sobrenome.

- Eu sei. - ele diz, colocando a mão sobre a barriga do rapaz. - Parte meu coração, mas eu sei.

- E nós vamos precisar ter o triplo de cuidado, jamais poderemos correr o risco dela ser descoberta.

- Eu sei, Frank. Eu nunca faria nada que colocasse a vida da nossa filha em risco.

- Eu não estou falando sobre a vida dela, eu estou falando sobre a sua. - Frank diz e então olha para Gerard com o semblante entristecido. - Durante o ano de eleição, vocês não poderão ter contato. Nenhum. - ele diz, e Gerard perde o ar.

- Não... - Gerard se afasta um pouco, em absoluto choque. - Você não pode estar sugerindo isso.

- Eu sinto muito. Dói em mim tanto quanto dói em você.

- Eu duvido muito, porque serei eu quem vai ficar um ano sem ver ou falar com a minha filha. - Gerard ameaça se levantar de novo, mas Frank segura suas mãos, forçando-o a ficar sentado e encará-lo.

- E serei eu quem terá que explicar pra ela porque o papai vai ter que ficar tanto tempo sem vê-la. Não dói só em você. Pra dizer a verdade, não vai doer tanto na gente, quanto vai doer nela.

- Então por quê? Por que você está sugerindo isso?

- Porque se ela for descoberta, vão arrastá-la pra cova dos leões. Vão usá-la pra te atingir. Ela vai ficar marcada pra sempre. E em relação a isso, não se trata mais só da sua eleição, se trata da vida da nossa filha.

- E se eu ganhar? E se eu for eleito? Serão mais quatro anos longe dela? Ou oito anos, se eu for reeleito?

- Se você ganhar, nós vamos dar um jeito. Nós teremos recursos. Nós mandaremos construir um bunker ou uma casa fora do estado. Se você for eleito, nós teremos toda a infraestrutura que esse país é capaz de produzir. Você não será o primeiro e nem o último presidente a ter encontros clandestinos.

- "Encontros clandestinos". - ele diz, esfregando o rosto. - Ver a minha própria filha será um encontro clandestino. - ele diz, de forma amarga e Frank sente.

- Me desculpa. Foi uma péssima escolha de palavras. - ele diz, apertando as mãos de Gerard. - Eu sei que é demais e que será extremamente difícil, mas serão apenas alguns anos de sacrifício, para uma vida inteira de felicidade. Quando o seu mandato acabar, nós poderemos ficar juntos livremente. Você poderá adotá-la e ela terá seu sobrenome. Nós seremos uma família de verdade. E melhor ainda, depois de todo esse sacrifício, nossa filha vai crescer em um mundo mais seguro e mais justo. Você vai fazer um mundo melhor pra ela. - ele diz.

Gerard se levanta e caminha pela sala. Sua cabeça roda com tanta informação. Seu coração palpita. Suas mãos transpiram. Ele sabe que Frank tem razão, mas são muitos sacrifícios. Ele esfrega o rosto, tentando organizar seus pensamentos.

- Eu tenho algumas condições. - ele diz, chamando a atenção de Frank.

- Estou ouvindo.

- Você estará ao meu lado. Continuará a ser meu Relações Públicas, e se eu for eleito, será meu Chefe de Gabinete.

- Gerard...

- Se eu tiver que ficar longe da minha filha por um ano, e vê-la sob forte esquema de segurança por mais quatro ou oito anos, eu preciso de você ao meu lado. Eu preciso que você seja a ponte entre nós dois. Ela precisa saber que eu estarei pensando nela 24h por dia, sete dias por semana.

- Okay. Eu estarei ao seu lado.

- E eu quero estar presente nos primeiros 15 dias de vida dela. Eu quero que você saia do hospital e vá direto pro Refúgio. Eu quero dar os primeiros banhos, trocar as primeiras fraldas, quero acordar de madrugada. Quero fazer todo o trabalho pesado. Eu não quero perder um minuto dos primeiros dias de vida dela. Eu quero estar lá quando ela acordar e quando for dormir. Não me importa se levantar suspeitas. Eu forjarei um bom atestado médico, se for preciso. Mas eu quero estar presente nos primeiros dias de vida da minha filha. - ele demanda, o que faz Frank sorrir.

- Você vai precisar de um bom atestado médico para se ausentar por 15 dias, mas nós podemos providenciar isso.

- E só nós três. Eu sei que sua mãe vai querer me matar, mas eu não me importo. Eu preciso. Eu preciso ter vocês só pra mim durante esse tempo, até que a gente precise voltar à rotina normal.

- Eu posso lidar com a minha mãe. - diz Frank, sereno. Gerard anda mais alguns segundos e para, sentindo seu nervosismo diminuir.

- Então é isso? É assim que vamos fazer?

- Sim, é assim que vamos fazer. - diz Frank, erguendo a mão e pedindo para Gerard se sentar ao seu lado.

O senador se senta e traz o rapaz para se aconchegar em seu corpo, passando um braço ao redor de seu ombro, enquanto pousa a outra mão em sua barriga.

- Eu não acredito que ficarei um ano sem vê-la. Eu vou perder tanta coisa.

- Mas até lá, você terá cinco anos inteiros com ela. Você verá os primeiros passos, as primeiras palavras, o primeiro dia no jardim de infância. Você ainda tem o seu primeiro mandato como senador e a reeleição para o segundo, antes de começar a pensar no ano de eleição.

- Eu sei. - ele diz, entristecido.

- Pensa em todos os soldados que nós mandamos pra guerra e que passam anos sem verem seus filhos. E que, muitas das vezes, nunca mais voltam pra casa. - diz Frank, deitando a cabeça no peito de Gerard. - Quem sabe você não consegue mudar isso também?

- Quem sabe... - ele diz, divagando.

- Ela vai te amar tanto. E ter tanto orgulho de você.

- Você acha?

- Eu tenho certeza. Ela vai te amar tanto quanto eu. - diz Frank, erguendo o rosto.

- Eu vou deixá-la orgulhosa, eu prometo.

- Eu sei.

- Eu te amo. Eu amo os dois. - ele diz, e dá um beijo doce nos lábios de Frank.

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Quando os primeiros raios de sol atravessam as cortinas do quarto e iluminam seu rosto, Gerard abre os olhos. Por um instante, seu coração palpita, imaginando se a noite anterior foi apenas um sonho. Mais um truque que sua mente lhe pregou nas duas últimas semanas. Mas ao baixar os olhos e ver o semblante sereno de Frank, completamente entregue ao sono, embalado e protegido em seus braços, o coração de Gerard se acalma.

Com a cabeça deitada sobre o peito do senador, Frank dorme o sono dos justos. Com a ponta dos dedos, Gerard acaricia de leve a linha do maxilar do rapaz, descendo por seu pescoço, até chegar à clavícula. Frank suspira fundo e se mexe de leve, mas não desperta. A noite foi longa e cansativa, e, para completar, sua filha pareceu disposta a chamar a atenção dos pais durante boa parte da madrugada, o que acabou por prejudicar o sono do rapaz. Foi somente quando Gerard o trouxe para se acomodar em seu peito e plantou a mão sobre seu ventre, que Frank finalmente se entregou ao sono, deixando Gerard e sua bebê terem mais um tempo á sós, para matar a saudade.

Virando a cabeça de leve, Gerard checa o relógio. São 6:20h da manhã. Cedo demais para a maioria das pessoas, especialmente para um sábado. Mas pra ele significa tempo demais na cama. Acomodando Frank na cama com todo cuidado para não perturbar seu sono, Gerard desliza para fora da cama. Ele vai até o banheiro e encontra sua camisa amarrotada, porém seca. Ele realiza um pequeno ritual de higiene matinal improvisado, veste suas roupas e deixa o quarto, no intuito de preparar o café da manhã e surpreender seu amor ainda na cama.

Pé ante pé, ele dá os primeiros passos, sabendo que além de Frank, JJ também ainda está dormindo no quarto no final do corredor. Mais alguns passos à frente e Gerard acaba se deparando com a porta do quarto de hóspedes entreaberta. Passando o olho rapidamente, a princípio, nada parece diferente, no entanto, basta mais um passo para que Gerard pare, de meia volta e se encontre parado em frente à porta do cômodo.

Empurrando a porta lentamente, seu coração pula uma batida. Não há mais quadros na parede, nem os objetos de decoração contemporâneos que Frank tanto gostava, o armário de duas portas sumiu, assim como a cômoda de madeira e a cama de casal. Agora, o que se vê no antigo quarto de hóspedes são paredes brancas e diversas caixas de vários tamanhos, dispostos no centro do quarto. Dentre tantas caixas, um único objeto, um móvel, não está embalado. Uma cômoda branca, que Gerard logo reconhece como uma das peças do conjunto de móveis clássicos que ele e Frank escolheram juntos, em uma noite no Refúgio.

Com um nó na garganta, Gerard entra no quarto e segue direto para a cômoda. Ele passa a mão pelo móvel, sentindo sua textura, sua superfície. É absolutamente lindo, idêntico à foto que os dois viram e se apaixonaram. Abrindo a primeira gaveta, Gerard sente seus olhos marejarem. Há vários conjuntinhos de roupa devidamente dobrados e empacotados em embalagens de tule, perfeitamente arrumados. Pegando uma das embalagens, Gerard a traz para perto do rosto e inspira, inalando o cheirinho de essência infantil. Esse será o quarto de sua filha. Esses são os móveis do quarto de sua filha. Essas são as roupas de sua filha.

- Os móveis chegaram ontem de tarde, eu só tive tempo de guardar essas roupas na cômoda. - diz a voz atrás dele, fazendo Gerard se virar e dar de cara com Frank encostado no batente da porta. - E eu nem pensei em montar nada agora, porque o quarto precisa de uma pintura. Só a cômoda que veio pronta, todo o resto... berço, armário, mesas de cabeceira, tudo isso precisa montar.

- Eu monto. - ele diz, com uma expressão encantada no rosto. - Depois que pintarmos, eu monto tudo. Seu pai pode ajudar, se ele quiser. Seu avô também.

- Eles vão adorar. - diz Frank, se aproximando e passando os braços ao redor da cintura de Gerard. - Vendo assim, parece tanta coisa. Mas na verdade, ainda falta quase tudo. Ela vai precisar de mais roupas, fraldas, bebê-conforto, uma tonelada de coisas.

- Ainda temos que buscar os carrinhos que a Courtney nos deu de presente.

- E escolher os móveis do Refúgio. - ele diz, e Gerard o olha. - Temos que acelerar a arrumação do Refúgio, afinal será o primeiro lugar que ela irá, depois de nascer. - Frank diz fazendo Gerard sorrir.

- Escolhemos os móveis durante a semana, o que acha?

- Acho perfeito. - ele diz, recebendo um beijo nos lábios. Frank sorri, mas a expressão de Gerard fica séria de repente.

- Posso te perguntar uma coisa?

- Claro.

- Você acha que já está pronto para voltar a trabalhar? - ele diz, e Frank suspira.

- Para trabalhar? Sim. Para voltar ao Capitólio? Ainda não. Eu sei que, mais cedo ou mais tarde, eu precisarei voltar, mas eu ainda não estou pronto para pisar lá. Não depois de tudo que aconteceu.

- Eu te entendo.

- Mas eu sei que precisarei ir logo, afinal eu preciso assinar a minha readmissão.

- Não precisa.

- Por que não?

- Eu nunca dei entrada na sua recisão. Para o Rh, você está de licença médica. - ele diz, e Frank sorri.

- Você é cheio de surpresas, Gerard Way.

- Sempre. - ele diz, e planta um beijo na testa do rapaz.

- Eu posso trabalhar de casa por mais algum tempo. Fazer tudo que eu faria lá, mas daqui. Eu sei que a June e o Adam devem estar surtando com a minha ausência.

- A nossa.

- Como assim?

- Eu também não voltei ao Capitólio ainda.

- Você tá falando sério?

- Eu não pude. Minha vida parou nessas últimas semanas. Eu te disse, eu não consigo mais funcionar sem você, Frank Iero. - Gerard diz, deixando Frank em choque.

- Jesus, Gerard! Aquele lugar deve estar um caos. Como você justificou a sua ausência? Como vocês...?

- Ei, se acalma! Foi uma crise, mas já passou. Segunda eu voltarei a trabalhar, e apagarei qualquer incêndio que esteja rolando. E você pode trabalhar de casa até se sentir seguro para voltar.

- E você dará um aumento para a June e para o Adam. - diz Frank, firme, e Gerard ri.

- Considere feito! - ele diz, beijando o rapaz novamente. - Agora que tal café da manhã? Eu estou com fome, e garanto que vocês também estão.

- Café da manhã parece uma ótima ideia. - Frank sorri e os dois seguem, abraçados, para a cozinha.

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Após um café da manhã farto e mais um tempo para matar a saudade e curtir a bebê, que está particularmente exibida essa manhã, Gerard confere seu relógio. São 10:15 da manhã. Por mais que Gerard queira passar o dia inteiro agarrado a Frank, ele tem assuntos que precisam ser resolvidos logo.

- Eu preciso ir. - ele diz, com uma voz melancólica.

- Eu sei. - diz Frank.

- Eu tenho que resolver algumas coisas... sobre o que conversamos ontem. - ele diz, e Frank sabe que ele está falando sobre Bethany.

- Mantenha a calma, tá bom? Vai dar tudo certo. Nós vamos ficar bem.

- Sim, nós vamos. - ele diz, e beija o rapaz. - Nos falamos mais tarde?

- Claro! Daqui a pouco eu vou fazer um FaceTime com a minha família, para contar as novidades, sobre nós e sobre ela. - ele diz, colocando a mão sobre a barriga.

- Ah, eu adoraria estar aqui pra ver a reação deles ao saberem que ganharão uma netinha.

- Eu vou tentar gravar. Isso vai ser um tesouro. - diz Frank, rindo.

- Bem, deixa eu ir logo, antes que eu mude de ideia e fique aqui pra sempre. Eu te amo, meu príncipe. - ele diz, beijando o rapaz.

- Eu também te amo, meu amor.

- E eu te amo demais, minha princesinha. - ele diz, beijando a barriga do rapaz. - Papai vai morrer de saudades, mas logo eu volto pra encher você e o seu pai de carinho, tá bom?

- Nós vamos ficar esperando. Agora vai. Boa sorte!

- Obrigado! Eu te ligo assim que puder. Te amo.

- Também te amo. - diz Frank, recebendo mais um beijo e vendo Gerard sair apressado porta afora.

Sentado no sofá, ele coloca as duas mãos na barriga e suspira.

- A gente precisa mandar muita energia positiva pro seu pai hoje, ele vai precisar. Ele precisa fazer algo muito difícil, que não vai deixá-lo feliz, mas que é necessário para que, no futuro, outras crianças como você, possam ter um lar feliz, e cresçam livres para amarem quem elas quiserem. Lembra quando eu te disse que você ia ter muito orgulho do seu pai? Você vai, filha, você vai. - ele diz, e sorri, ao sentir o chute de sua filha.

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Bethany está sentada à mesa de jantar, degustando de seu café da manhã, quando escuta o sinal sonoro do elevador exclusivo da cobertura. Apesar de curiosa e, até mesmo, um pouco ansiosa com a presença de Gerard, mais de duas semanas após o rompimento definitivo, a mulher veste sua melhor face de impassibilidade.

- Olha o que o gato trouxe de volta pra casa? - ela diz, com ironia, quando Gerard surge na entrada da sala de jantar. - Eu devo pedir que coloquem mais um prato à mesa? Pois, a julgar pelas suas roupas e aparência, acho que você já viu dias melhores.

- Eu agradeço a preocupação, mas eu já me alimentei essa manhã. - ele devolve a ironia. - E eu não quero atrapalhar a sua refeição. Quando estiver satisfeita, por favor, me encontre no escritório. Precisamos conversar. - ele diz, deixando a sala, sem dar tempo para a mulher responder.

Mesmo incomodada, Bethany continua seu café da manhã normalmente, como se nada tivesse acontecido.

Pouco mais de trinta minutos depois, a mulher faz seu caminho em direção ao escritório de seu apartamento. Bethany protelou o máximo que pôde, na intenção de fazer Gerard esperar e perder a paciência. Ela abre a porta do escritório, esperando encontrar o marido irritado, mas, para sua surpresa, Gerard está concentrado em arrumar uma pequena pasta com documentos e objetos pessoais, e nem dá importância à entrada da mulher.

Antes que Bethany abra a boca, Robert, segurança de Gerard, entra no escritório.

- Mais alguma coisa, senhor?

- Sim, Robert. Tem essas caixas de papelão. A pasta eu mesmo levo. Você pegou todas as malas do quarto?

- Sim, senhor. Já estão no carro.

- Muito obrigado. Eu vou pedir que você me espere mais alguns minutos, a conversa com a Sra. Way não deve demorar muito. Nos encontramos na garagem.

- Sim, senhor. - diz o homem, pegando as caixas e deixando o recinto.

- Que palhaçada é essa, Gerard? Quem te deu autorização para retirar alguma coisa dessa casa? - pergunta Bethany, confusa e irritada.

- Que eu saiba, essa casa também é minha.

- Ela era sua! Você abriu mão dela no divórcio. Eu te disse que, se você saísse por aquela porta, você não levaria absolutamente nada.

- Que divórcio? - ele pergunta, deixando a mulher ainda mais confusa.

- O que?

- Quem disse alguma coisa sobre divórcio?

- Você! Você disse.

- Eu nunca disse a palavra "divórcio", eu disse que nosso casamento acabou e que eu estava saindo de casa, o que, de fato é verdade. Mas eu nunca disse nada sobre divórcio. - ele diz, claramente debochando, o que só serve para aumentar a irritação da mulher.

- Não me venha com joguinho de palavras, Gerard. Eu não estou com humor pra isso.

- Engraçado, você pareceu tão bem humorada quando eu cheguei.

- Chega de brincadeira! Do que essa ceninha se trata?

- Okay, vamos direto ao ponto. Nosso acordo está de pé de novo. - ele diz, mais uma vez pegando a mulher de surpresa. Ela tenta disfarçar usando de ironia.

- Oh, então finalmente você caiu em si? Finalmente percebeu que você não conseguirá nada sem mim.

- Eu não diria isso, até porque eu tenho quase tudo que eu quero e você não está envolvida em nenhuma delas. Mas uma pessoa sábia me fez entender que pra se vencer um inimigo maior, ás vezes, é preciso se aliar a inimigos menores.

- E eu sou o inimigo menor?

- A primeira e única. - ele sorri, irônico.

- E quem foi essa pessoa sábia que te aconselhou tão bem?

- Foi o Frank. - ele diz, e a expressão de deboche no rosto de Bethany derrete. - Sim, é isso mesmo. Nós estamos juntos novamente, seu joguinho sujo durou pouco.

- Eu... - ela gagueja, nervosa.

- Então vamos acertar logo as coisas. Para todos os efeitos, nós continuamos um casal feliz e apaixonado. Compareceremos a todos os eventos oficiais, vamos interagir de forma carinhosa, seremos fotografados juntos. Você estará ao meu lado durante o discurso para o lançamento da minha candidatura para o segundo mandato no Senado. E junto, trilharemos nosso caminho até a Casa Branca.

- Mas? - ela pergunta, sabendo que há condições.

- Eu não colocarei mais os pés dentro desta casa. Suas visitas ao meu gabinete precisam ser comunicadas com antecedência e aprovadas por mim. Assim como qualquer evento não oficial, como eventos de família.

- Isso é ridículo! Eu vou precisar da sua autorização para visitar os meus pais?

- Não, claro que não! Você pode visitar os seus pais quando você quiser. Você pode passar um mês inteiro na casa deles, eu não me importo. Mas se você quiser a minha presença em algum evento fora do estado, eu precisarei ser comunicado com, pelo menos, uma semana de antecedência, e eu analisarei se minha presença é pertinente ou não. E antes que você pergunte, o mesmo vale para eventos na casa do meu pai. Caso o evento seja na cidade, um aviso com 48 horas de antecedência será suficiente.

- Você está fazendo isso para me provocar. Me humilhar.

- Em absoluto! Eu nunca estive tão disposto a fazer a nossa relação dar certo. Se você cumprir a sua parte do acordo, eu cumprirei perfeitamente bem a minha, e você conseguirá o que sempre quis.

- Mais alguma exigência?

- Apesar de achar desnecessário, eu te lembrarei assim mesmo: nunca mais se aproxime do Frank novamente. - ele diz, com um olhar frio e assustador.

- Bem... - Bethany tenta recuperar a compostura. - Se você se compromete em cumprir a sua parte, eu não tenho porquê me aproximar do seu amante novamente.

- Ótimo! Na segunda feira eu pedirei para minha secretária lhe enviar a agenda de eventos oficiais das próximas semanas. Caso você precise da minha presença em alguma ocasião não oficial, entre em contato com a minha secretária com antecedência, ou peça para o seu assessor pessoal fazê-lo. Fora isso, nosso assunto aqui está encerrado. - ele diz, pegando sua pasta e deixando o recinto.

Ainda dentro do escritório, Bethany ouve o aviso sonoro do elevador, o que significa que Gerard deixou o apartamento em definitivo. Mesmo furiosa pela humilhação que as condições que o ex-marido lhe impôs, a mulher tenta focar no objetivo final. Ela será Primeira Dama dos Estados Unidos.

É bom que Gerard cumpra sua parte do acordo. Bethany estará observando de perto.

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Courtney salta do sofá ao ouvir a porta do flat se abrir. Ela fica ansiosa ao ver Gerard e Robert entrarem carregando algumas malas e caixas de papelão.

- Oh, meu Deus! Eu estava tão nervosa! Você está bem? Como foi? - ela pergunta, abraçando o enteado.

- Court, me desculpe! Me desculpe de verdade! Eu esqueci completamente que você estava aqui. Me perdoe!

- Está tudo bem! Mas me diz, como foi com o Frank? E que malas são essas?

- Uma pergunta de cada vez. Respondendo a primeira, foi tudo ótimo com o Frank. Nós nos entendemos e reatamos. Está tudo ótimo entre nós, graças a Deus.

- Ah, graças a Deus mesmo! Que bom, meu querido, que bom!

- E você não sabe da maior novidade de todas? - ele diz, com um sorriso bobo no rosto.

- Qual?

- Você vai ganhar uma netinha. - ele anuncia e a mulher vibra.

- É uma menina? Ah, meu Deus! Uma menina! Uma menina! Parabéns, meu querido! - Courtney abraça e enche Gerard de beijos.

- Nós estamos muito felizes. Nós tivemos uma conversa séria e longa ontem, chegamos a alguns entendimentos e acordos. E a partir de agora vai ficar tudo bem. Eu consegui minha família de volta.

- Eu sabia que você conseguiria. - ela sorri e acaricia o rosto do rapaz. - Agora me conta sobre essas malas, o que é isso tudo?

- Bem, eu posso te contar, enquanto você me ajuda a arrumar essas coisas?

- Claro! Mas primeiro eu vou pedir para que o serviço de quarto traga um lanche e algumas bebidas para nós. Algo me diz que precisaremos.

- Você está certa, como sempre. - ele sorri, levando uma das malas para o quarto, enquanto a mulher liga para a recepção do apart-hotel.

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Para sair um pouco da rotina, Frank e JJ resolvem sair para almoçar fora. Durante a refeição, eles conversam sobre tudo que rolou na noite anterior. JJ respira aliviada ao saber que Frank contou toda a verdade para o senador e comemora o fato deles terem reatado de vez, apesar de estranhar as condições impostas por Frank. Mas desde que o amigo esteja feliz, ela está feliz também. Frank também fez questão de agradecer à JJ todo o esforço que ela fez para reaproximar o casal.

A dupla aproveitou a saída e deu um pulo no shopping, onde Frank comprou mais itens para o enxoval de sua filha, enquanto JJ gastou um bom tempo em uma loja de material fotográfico. Após a tarde agradável, a jovem seguiu para o apartamento de Jason, já que o médico terminaria um plantão naquela noite, e Frank seguiu pra casa.

Chegando em casa, o rapaz seguiu para arrumar as novas aquisições de sua filha: conjuntos de roupas, sapatos, mantas e kits-berço. Com tudo devidamente guardado, ele seguiu para a sala, onde posicionou o notebook e iniciou um FaceTime com sua família. O programa mal iniciou e o rosto de Christine logo surgiu na tela.

- Oi, meu bebê! Que saudades!

- Oi, mãe! Tudo bem?

- Tudo ótimo, graças a Deus! E você, como está? Você parece melhor, está com uma carinha mais feliz.

- Eu estou muito melhor, e muito mais feliz sim, a senhora tem toda razão. - ele diz, sorrindo.

- O que aconteceu? - ela pergunta, já imaginando a resposta.

- Meu pai e meu avô estão aí?

- Seu pai está lá fora. Seu avô saiu de novo, mas ele disse que viria para o café da tarde, então deve estar chegando.

- Então eu conto pra vocês primeiro, e conto pra ele, quando ele chegar. A senhora pode chamar o meu pai?

- Claro, claro! Só um minuto. - ela diz, sumindo do monitor. - Harry! Harry! Vem logo, o Frank está no computador. Ele quer falar com a gente!

Os gritos de Christine fazem Frank gargalhar. Ele reza todos os dias para que a mãe não mude nunca. Passos apressados são ouvidos, e logo Christine volta a foco, dessa vez acompanhada pelo marido.

- Oi, meu filho!

- Oi, pai! Problemas com a telha do depósito de novo?

- Não, nunca mais aquela telha me deu problema. Eu estava aparando o gramado. Mas diga, filho, sua mãe disse que você quer falar com a gente.

- Sim, sim! Eu tenho duas coisas pra contar.

- Coisas boas? - pergunta Christine, ansiosa.

- Sim, coisas muito boas. A primeira, é que eu e o Gerard nos acertamos.

- Ah, meu filho, que bom! - diz Harry, genuinamente satisfeito.

- Você está feliz, meu amor? Era isso mesmo que você queria?

- Era, mãe! Eu fiz uma grande besteira quando terminei com ele. Errei, achando que estava acertando. Mas nós conversamos ontem, fomos honestos um com o outro e vimos que nos amamos demais e que, desde que estejamos juntos, conseguiremos enfrentar qualquer coisa.

- Graças a Deus, filho! Eu rezei muito, pedindo a Deus que acontecesse o que fosse melhor pra você e pro seu bebê. - diz Christine. - Gerard é um bom rapaz, que te ama muito. Eu tenho certeza que vocês vão dar um jeito de fazer dar certo. Por vocês e por esse bebê que vai chegar.

- Obrigado, mãe! Obrigado aos dois, por estarem sempre ao meu lado e torcerem e lutarem tanto pela minha felicidade.

- Esse é o nosso trabalho, filho. Quando seu filho nascer, você vai entender do que estamos falando. - diz Harry. Frank sorri.

- Bem, agora vem a outra notícia. - ele diz, e sorri ao ver a expectativa dos pais. - Vocês dois vão ganhar uma netinha. Eu estou esperando uma menina!

- AH, MEU DEUS! MEU DEUS! EU NÃO ACREDITO! UMA MENINA! HARRY, É UMA MENINA! - Christine grita e pula, abraçando o marido e rodando pela casa. Frank gargalha.

- Calma, D. Christine! Pelo amor de Deus, não vai ter um treco agora. Eu e sua neta precisamos de você. - ele diz, vendo a mãe ir do riso ao choro em questão de segundo. - Oh, mãe, não chora!

- Ah, meu filho! Eu estou tão feliz. Tão feliz! Uma menina, Frank! Eu vou ter uma netinha. - diz a mulher, aos prantos. Harry abraça a esposa.

- Parabéns, meu filho! Eu não tenho ideia do que fazer com uma bebezinha, mas você pode contar com seu velho pra qualquer coisa. - ele diz, igualmente emocionado.

- Eu sei, pai! Obrigado!

- E dê meus parabéns ao Gerard! Ele disse que era uma menina desde o começo.

- É verdade, ele disse mesmo. Pode deixar, eu direi que o senhor mandou os parabéns. - diz Frank, no momento em que ouve o som de parta abrindo. Ele vê o pai olhar pro lado e sorrir. Logo a voz de Jack invade as caixas de som do notebook de Frank.

- O que está acontecendo? - pergunta o velho senhor, ao ver Christine chorando.

- Vem cá, pai! O Frank está no computador, ele tem umas notícias pra dar. - diz Harry, se levantando junto com Christine, para dar espaço para o pai. Segundos depois Jack surge na imagem.

- E aí, garoto, você está bem? - pergunta Jack.

- Oi, vô! Eu estou ótimo! E o senhor? Onde o senhor andava, hein? Está muito cheio de mistérios!

- Mistérios? O que um velho da minha idade pode aprontar? - diz Jack, provocativo, e Frank tem certeza de que o avô está aprontando alguma coisa. - Mas me diga, o que está acontecendo? Por que sua mãe está se acabando em lágrimas na cozinha?

- Bem, primeiro eu liguei pra avisar que Gerard e eu reatamos. - ele diz, e Jack abre um enorme sorriso.

- Ah, mas já não era sem tempo! Eu sabia que você ia colocar a cabeça no lugar e acertar as coisas.

- Demorou um pouquinho, mas eu fiz, vô. Nós conversamos ontem e nos acertamos de vez.

- Que bom, meu filho! A vida é curta demais para passarmos longe de quem a gente ama. Estou feliz por você, garoto. Por vocês dois. Por vocês três, contando o bebê! - diz o senhor, sorrindo.

- Então, minha outra notícia é sobre o terceiro membro dessa equação. - ele começa, e, de repente, se sente ansioso e emocionado. - É uma menina, vô. Eu vou ter uma filha. - ele diz, e vê os olhos do avô marejarem na hora.

- Oh, Frankie. Oh, meu filho! - o senhor se emociona. - Parabéns! Que benção, meu filho. Saber que eu serei bisavô já foi a maior alegria da minha vida. Saber que eu terei uma bisnetinha, meu Deus, eu nem sei o que dizer.

- Isso é um milagre! - diz Harry, voltando ao campo de visão, junto com Christine. - Seu avô não saber o que dizer é um verdadeiro milagre. - ele diz, e todos caem na gargalhada.  

- Ah, meu filho, eu queria tanto que sua avó estivesse viva! Ela ficaria tão feliz em ter uma bisneta. - diz Christine, limpando as lágrimas.

- Verdade! A vovó Dorothy sempre dizia que, se algum dia, eu tivesse um filho, seria uma menina, porque eu tinha cara de pai de menina.

- Ela ficaria muito feliz por você, meu filho. - diz Christine. - Mas por favor, por tudo que há de mais sagrado, não coloque o nome da sua filha de Dorothy. Sua avó odiava o nome dela, e ela vai te assombrar, se você fizer isso com a sua filha. - ela diz, e todos caem na gargalhada.

- Pode deixar, mãe! Dorothy está fora da lista.

- Nós estamos tão felizes por você, meu amor! Mal podemos esperar pra te ver.

- Eu volto a trabalhar amanhã. De casa, por enquanto. Mas tem muito trabalho acumulado dessas duas semanas. Então, assim que conseguirmos uma folguinha, eu falo com o Gerard, a JJ e o Jason e vamos passar um final de semana aí. Comemorando em família.

- Vai ser fantástico! Já estamos ansiosos. - diz Harry.

- Bem, pessoal, eu preciso ir. A gente se fala durante a semana.

- Mande um grande beijo para todos, e mande a JJ ligar pra casa. Estamos com saudades dela.

- Pode deixar! Vou mandar uma mensagem pra ela agora. Tchau, mãe! Tchau, pai!

- Tchau, meu filho! Se cuida.

- Tchau, amor da mamãe. Beijos em você e na minha netinha.

- Beijos em vocês também. - ele diz, sorrindo. - Tchau, vô!

- Tchau, garoto! Eu te amo.

- Eu também te amo, vô!

E com beijos e acenos de ambas as partes, a ligação se encerra.

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Na segunda feira, assim que senta em sua mesa, June se prepara para redigir um novo email para Gerard, quando é surpreendida pela chegada do senador. Surpresa e aliviada pela presença do homem, ela não faz questão de esconder sua alegria.

- Senador Way! Eu não sabia... Estou tão feliz que esteja de volta, senhor.

- Obrigado, June! E obrigado por tudo que você fez nas últimas semanas.

- Eu só estava fazendo o meu trabalho, senhor.

- Na verdade, você estava fazendo o meu trabalho. E muito bem por sinal. Eu não me esquecerei disso. - ele diz, sorrindo com orgulho.

- Obrigada, senhor.

- Agora, por favor, chame o Sr. Carter e siga para o meu gabinete. Eu preciso conversar com vocês dois.

- Sim, senhor. - ela diz, sacando o telefone, enquanto Gerard segue para seu gabinete.

Depois de duas semanas, é como estar ali pela primeira vez. A ansiedade, o nervosismo, o espírito de renovação. Gerard se sente como em seu primeiro dia como senador, com o peito cheio de calor, a mente cheia de ideais, e a vontade de fazer do mundo um lugar melhor. E a razão disso tudo está em casa, protegida dentro do ventre do pai, sendo amada, nutrida e cuidada, se preparando para o momento de sua grande entrada.

A porta do gabinete se abre, revelando Adam e June. Gerard cumprimenta Adam com um caloroso aperto de mão e dá um abraço em June, mesmo já tendo cumprimentado a secretária na chegada.

- Bem, eu gostaria de começa agradecendo os dois pelo esforço e trabalho excepcional que vocês fizeram nas últimas semanas. Eu não teria conseguido passar pela crise que passei, se vocês não fossem funcionários tão competentes e leais.

- O senhor sempre poderá contar conosco, senador. - diz June, apoiada por Adam.

- Mais uma vez obrigado. E saibam que o esforço de vocês não passará em branco. Hoje mesmo eu enviarei os memorandos para o RH solicitando um aumento de 15% nos salários de vocês, mais benefícios.

- Senhor, é muita generosidade sua. - diz Adam.

- Não é generosidade. Vocês fizeram por merecer. Eu só estou reconhecendo isso. - diz Gerard.

- Bem, mesmo assim, obrigado, senhor.

- O outro motivo dessa pequena reunião é para dar a vocês um update da situação do Sr. Iero. Como vocês sabem, o Frank está afastado, de licença, desde aquele incidente. No entanto, ele está liberado para retomar suas funções, só que de sua casa.

- O Sr. Iero estará em home office, então? - pergunta June.

- Exatamente. Mas ele estará exercendo suas funções burocráticas normais, então qualquer dúvida ou solicitação, vocês têm toda a liberdade de entrar em contato com ele por email ou telefone.

- Ótimo! E como ele está? - pergunta Adam.

- Ele está muito melhor, obrigado por perguntar.

- E o bebê? - pergunta June.

- O bebê está ótimo! Crescendo e se desenvolvendo. Está perfeito. De fato, nos descobrimos no final da semana passada que teremos uma menina. - ele diz, com um sorriso bobo.

- Ah, meus parabéns, senador. - diz June, dando um abraço em Gerard.

- Parabéns, senhor! - Adam o cumprimenta com um forte aperto de mão. - Uma menina é uma benção. Mas eu aviso, logo vocês vão ver quem vai mandar na casa. - ele diz, arrancando uma gargalhada do senador.

- Eu estou ansioso por isso. - diz Gerard, quase incapaz de tirar o sorriso do rosto. - Bem, tem mais algumas mudanças que eu preciso tratar com vocês e também preciso saber o que eu perdi nessas semanas. Então vamos ao trabalho!

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A semana transcorre normalmente, com Gerard e Frank se reajustando à rotina de trabalho. Ainda na segunda, o casal voltou ao Refúgio pela primeira vez, desde o rompimento. A sensação de estar em casa foi instantânea, e o casal teve a melhor noite de sexo dos últimos meses.

Terça e quarta, Gerard teve compromissos externos durante todo o dia. Com Frank em home office, coube a Adam acompanhar o senador, mas isso não impediu o RP de checar o andamento dos compromissos de hora em hora, com mensagens, ligações e FaceTime.

Na quinta feira o dia foi mais tranquilo, e Gerard pôde passar o dia inteiro no gabinete, apenas cuidando de assuntos burocráticos. Assim que completou suas tarefas do dia, Gerard partiu para o Refúgio, onde se reuniu com Frank, JJ e Jason, para um jantar à beira do lago e uma boa dose de bate papo descontraído.

Já na sexta o dia foi mais tenso, graças às intermináveis reuniões do partido. Gerard entrou e saiu de reuniões, mal tendo tempo de se alimentar ou tirar um minuto para si. E para fechar o dia, uma votação orçamentária no plenário deixou os ânimos dos senadores exaltados. Houve bate boca entre membros de partidos aliados, ameaça de agressão física, ofensas e, no final das contas, nada foi resolvido. A assembleia só serviu para acabar com o resto do dia de Gerard, que exausto física e emocionalmente, pediu a Frank que deixassem para se encontrar no Refúgio no dia seguinte, pela manhã. Obviamente o rapaz entendeu, o casal trocou algumas palavras de carinho e se despediu.

Assim que chegou ao flat, Gerard foi direto para o banho e depois seguiu para a cama. Seu cansaço era tão grande, que ele nem pensou em perder tempo com refeições. A única coisa que seu corpo pedia era uma boa noite de sono. E ele, sabiamente, obedeceu.

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Acordando subitamente de seu sono profundo, Gerard precisa de uns segundos para entender o que o despertou. Olhando pela janela, ele vê que ainda está extremamente escuro, sinal que ainda é meio da noite. Uma melodia reconhecida ressoa no ambiente, e então Gerard entende que foi despertado pelo toque de seu celular. Se esticando até a mesa de cabeceira, ele sente o coração disparar ao ver o nome que surge na tela. Ele atende imediatamente.

- Alô!

- Gerard, desculpe te ligara a essa hora. - a voz embargada de Christine Iero surge do outro lado da linha. - Mas eu preciso da sua ajuda.

 


Notas Finais


E aí, gente??? O que vcs acham que aconteceu? Vou deixar esse mistério no ar...

Bem, amores, a gente se vê em breve. Espero que tenham gostado.

BEIJOOOOOOOSSSSSSSSSSSS


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