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História How to save a life - Six feet under


Escrita por: gwyn-maple

Notas do Autor


Olá caros leitores, aqui vai mais um capítulo dessa mini fic
Espero que gostem

Música: Six feet under - Billie Eilish

Capítulo 2 - Six feet under


Eu gostava que você escrevia, que lia, que desenhava. Era quase uma artista. Eu devia ter prestado mais atenção no que estava nos seus cadernos ao invés de ficar abobalhada com sua beleza. Eu deveria ter falado alguma coisa ao invés de ficar me perguntando como uma garota tão bonita, talentosa, gentil e diferente como você, era tão solitária. Eu te observava pelos cantos da escola, sempre com a cabeça baixa e um caderno na mão. Talvez meu medo de rejeição fosse grande demais. Meu medo de dizer o que eu sentia por você. Algumas vezes até pensei que você poderia estar triste, mas quando me aproximava, sempre era recebida com o mais belo dos sorrisos.

Você disfarçava bem. Sempre tão pacífica, ninguém suspeitava da bagunça que era seu coração, da guerra que existia em sua mente.

 

Sabe Regina, eu e sua mãe nos encontramos várias vezes, tínhamos algo em comum, afinal, nós duas falhamos com você. Ela me dizia que você era uma filha exemplar, só tirava notas boas, fazia todas as tarefas de casa e mais um pouco, cuidava da sua mãe, a acompanhava onde fosse. Ela cobrava de você, como toda boa mãe cobra, mas ela nunca suspeitou de algo errado.

 

Você era muito boa em ser reservada. As pessoas sabiam apenas o que você permitia que elas soubessem. Eu aceitava isso, era uma honra poder conhecer o pouco que você me apresentava, e eu ficava fascinada demais com esse pouco para exigir mais informações. Me lembro bem do quanto fiquei indignada quando aquele idiota do Robin tentou dar em cima de você. Como se você fosse fácil de conquistar.

 

- Hey Regina. -  Ele disse.  - O que acha de nós....

 

Ele não precisou terminar, você delicadamente o dispensou. Achei até que você foi gentil demais no fora que deu ele. Mas você disse apenas que não era bom comprar briga.

Fiquei muito frustrada com Robin, admito que em parte por ele ao menos tentar, e eu não. Mas ele tinha a vantagem de ser do sexo oposto. Eu não fazia ideia do que você diria se uma garota te chamasse para sair. Nós éramos amigas, claro que eu queria que fôssemos mais, mas você era especial demais para eu arriscar perder sua amizade.

 

Me lembro também do dia dos namorados, enquanto eu olhava para minha caixinha reservada para cartões de admiradores completamente vazia, pensava no que escreveria para você. Havia vários cartões na sua caixinha e o ciúme que senti não foi pouco. Quando você leu cada um deles, percebi sua respiração pesada e falha. Foi muita idiotice achar que era empolgação pelos cartões. Eu não percebi as garotas atrás de mim rindo de você, e estava nervosa demais pra notar quando você jogou os cartões no lixo. 

Também recordo de uma noite em que eu voltava da pizzaria com meus pais e vi você sentada entre as raízes de uma árvore no parque. Desta vez não havia caderno ou caneta. Você apenas contemplava o lago, sem expressão alguma no rosto. Naquela noite meus pais perguntaram o que eu olhava e disse que não era nada. Eu simplesmente não quis ir até você, estava cansada do meu mundo girar em torno de você. Aquele era um dia nosso, meu com meus pais. Hoje me odeio por isso. Como eu queria voltar, como eu faria tudo diferente. Mas eu sentia medo. E pior, não o enfrentava. Que covarde.

Foi numa tarde chuvosa que eu finalmente percebi algo. Nós estávamos tomando café em uma livraria. Você adorava café. Pediu um moka grande com chocolate extra, enquanto eu me contentava com um simples cappuccino. Nós discutíamos sobre uma série que estávamos acompanhando. Você estava linda, com uma calça preta, botas, uma touca vermelha e como sempre, uma blusa de mangas compridas. Me lembro da cor exata do seu esmalte, um azul escuro quase preto. Quem não olhasse bem, poderia confundir. Um dos meus maiores erros com você, foi ter prestado atenção nos detalhes errados. A conversa fluía bem, até que em determinado momento, você se calou. Abaixou a cabeça e respirou fundo.

- Regina, está tudo bem? - Eu perguntei com uma expressão preocupada.

Você não respondeu. Apenas passou lentamente as duas mãos pelo rosto, como se tivesse uma enxaqueca.

- Emma, eu preciso ir, me desculpa.

E foi embora. Eu pensei em ir atrás, mas não me movi. Fiquei realmente preocupada naquele dia. Até tentei ligar pra você, mas você rejeitou a ligação e me mandou uma mensagem como sempre fazia. Regina Mills não gosta de falar no telefone.

Sim? – R

O que houve hoje? – E

Por favor não pergunte isso, não tenho como te explicar. – R

Aquela resposta me preocupou? Sim. Mas sempre achei melhor respeitar o espaço das pessoas.

Certo, mas está tudo bem agora? – E

Sim, Emma, não precisa se preocupar. – R

Okay.

--------

Nós tínhamos esse ritual de nos sentar na mesa mais isolada do refeitório. E numa terça feira eu estava sozinha nessa mesa degustando a comida horrível da escola e esperando por você que vinha com uma bandeja onde equilibrava seu sanduíche e um copo de café. Não sei ao certo o que houve, acho que me distrai com o celular e quando olhei de volta pra você, sua blusa branca estava completamente suja de café e no momento seguinte, você saía do refeitório. Nesse dia eu não hesitei. Corri atrás de você e consegui alcançá-la.

- Hey, o que houve? - Perguntei e notei seus olhos cheios de água, não sei se pela dor ou pela vergonha. - Vem comigo.

Peguei sua mão e te levei até um banheiro que ninguém usava no prédio mais isolado daquela escola. Fechei a porta e quando me virei para você, percebi que havia tirado a blusa. Meu queixo caiu.

- Não me olhe assim, o café que caiu em mim estava fervendo - Ela disse.

- Não estou te olhando “assim”. – Me virei de costas frustrada. Ela sabia.  Sabia que eu gostava de meninas, o assunto nunca foi tocado entre nós, mas sei bem como os boatos correm nessa escola. – Como você sabe?

- Emma, as pessoas falam coisas, fiquei surpresa de você não ter me dito nada, mas de qualquer forma, não me importo com isso.

Eu podia ver uma marca vermelha em sua barriga. Você agia naturalmente, como se não tivesse seminua num banheiro trancado e esquecido pela humanidade com uma garota lésbica adolescente e com os hormônios à flor da pele. Você confiava em mim e não iria decepcioná-la.

Peguei um pano e o molhei na torneira mais próxima. Então me aproximei de Regina e cuidadosamente, passei o pano úmido na região vermelha onde tinha se queimado. Não era nada grave a lesão na barriga. E talvez eu tenha ficado hipnotizada demais pela visão de seus seios cobertos por um sutiã de renda preto para ver que ela mantinha os braços atrás de si, como se tentasse escondê-los.

- Obrigada Emma, isso alivia bastante a queimadura - Ela disse e eu me afastei para lavar o pano. - É, acho que minha blusa já era. - Regina tinha uma expressão chateada.

E novamente, eu não hesitei. Foi um dia bom, sem hesitações, sem mancadas da minha parte.

- Aqui. - Tirei minha blusa de frio e a entreguei. Quando Regina estendeu a mão para receber a blusa, notei algo vermelho em seu braço esquerdo, parecia um machucado. E quando eu ia questionar, ela pegou rapidamente o moletom de minhas mãos e o vestiu.

Ficou um pouco grande, mas perfeito nela. O que não ficava perfeito naquela garota?

- E então, como estou? - Ela perguntou.

- Ótima. - Sorri bobamente e você arqueou uma sobrancelha. - Sério, fique com ele.

- Huum, até que valeu a pena perder meu café, ganhei um moletom!

- Então, vai me dizer o que aconteceu no refeitório? - Eu perguntei enquanto caminhávamos de volta para o prédio principal.

- Não foi nada, eu só tropecei e derrubei o café. - Você disse encarando o chão.

- Okaaay, e vai me dizer o que foi o machucado no seu braço?

Nesse momento você parou de caminhar. Olhou nos meus olhos e, por um momento eu quase vi algo naqueles castanhos. Quase. E você sorriu levemente.

- Isso foi eu tentando dar uma de cozinheira ontem, eu e a senhora faca não nos demos bem.

Eu ri brevemente e você me olhou com aquele sorriso triste de novo. Nós nos sentamos em um banco e me virei de frente para você.

- O que estava tentando fazer? - Eu perguntei, mas você tinha o olhar perdido, como se tivesse viajando em uma dimensão paralela.

- O que? Como assim?

- Na cozinha, o que estava tentando cozinhar?

- Ah... - Você hesitou e foi aí que o sinal tocou anunciando que o intervalo havia acabado. - Tenho que ir para a aula, te vejo mais tarde Emma. Ah e obrigada pelo moletom.

-------

 

Me lembro do dia em que você acidentalmente conheceu minha mãe. Nós tínhamos ido na farmácia comprar uns remédios para a coluna do meu pai e você estava apoiada no balcão esperando algo.

- Regina? - Eu disse indo ao seu encontro.

- Emma, oi. - Você respondeu nervosa, suas mãos pareciam agitadas.

- Olá - Minha mãe chegou ao meu lado com certeza percebendo meu fascínio pela garota à nossa frente. Mamãe não deixava passar nada.

- Mãe, essa é Regina.

- Muito prazer Regina, Emma fala muito de você. - Sempre me envergonhando.

- Oh, sério? Bom saber. - Você respondeu corando junto comigo. O que minha mãe também não deixou passar.

- Ei, que tal um sorvete, nós três? - Mamãe disse.

- Regina Mills? - Uma mulher alta com um jaleco branco chamou. - Sou a farmacêutica responsável, vou precisar de alguns dados seus, ok?

- Certo. - Você disse e a mulher pegou todos os seus dados, anotou em uma ficha e te deu algumas caixas de remédio com faixas pretas nelas. Achei aquilo estranho, mas eu era inocente demais pra saber o que significava.

Você guardou tudo rapidamente na mochila e se virou para minha mãe.

- Foi um prazer conhecer a senhora, mas hoje não posso sair, tenho que ajudar minha mãe em casa.

- Oh claro. - Minha mãe disse meio intrigada. - Fica pra um outro dia. – Ela sorriu para você.

Com um último sorriso, você saiu da farmácia. E minha mãe se virou para mim.

- Ela é bonita.

- É sim. Mas somos só amigas. - Sabia o que minha mãe queria saber. Ela aceitava e apoiava meu bom gosto para seres humanos, ela mesmo dizia que homens não valiam a pena.

- É.. Talvez seja melhor assim. – Foi o que ela disse e eu não entendi absolutamente nada.


Notas Finais


Pois bem.


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