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História How to Save a Life - Surpresa!


Escrita por: xxxbia

Notas do Autor


Oi.

Uma palavra que começa com pe e termina com núltimo.

Boa leitura, xuxus.

Capítulo 37 - Surpresa!


Luna Bittencourt

Eu estava tão reflexiva que parecia último capítulo de novela. Sentindo o aperto de Rafael na minha cintura, a brisa fazendo meu cabelo voar e a tranquilidade me dominar, avaliava com clareza tudo que havia acontecido comigo desde que encarei esses olhos azuis pela primeira vez.

Aqui estava eu, prestes a fazer 20 anos, indo ensinar o meu namorado a andar de moto. O garoto que me segurava firme na cintura, o garoto que eu me apaixonei completamente. Não sei quando, ao certo, eu me deixei encantar por aquele sorriso dele, ou pelo jeito galanteador, ou pelo lado retardado dele, ou pela beleza inegável que ele possuía, tanto interna quanto externa, ou por todas as complicações que ele apresentava; só sei que tudo isso me fez amar ele, cada pedacinho, cada personalidade, exatamente do jeito que ele é.

Esse amor me deu forças pra passar por tudo isso, forças para ficar ao lado dele. Forças para encontrar meu lar, já sabia que meu lugar era ao lado dele.

— Chegamos — falei. Aquela pista de voo era inutilizada pela família de meu pai, perfeito para Lange acelerar o máximo e aprender a andar de moto.

— Eu tô morrendo de medo, amor.

— Fica calmo, o pior que pode acontecer é você cair no asfalto e bater sua cabeça, mas, experiência de quem já esteve em coma: não é tão ruim assim.

— Acho que você me deixou duplamente nervoso.

— Sobe logo aí!


Foi tão difícil ensinar Rafael que, quando demos por conta, já era 23 horas. Quanta irresponsabilidade estar fora de casa nesse horário em São Paulo.

— Você não vai aprender, eu desisto — bufei. — Desce daí e vamos pra casa.

— Não! Eu quero aprender.

— Rafael, é 23 horas.

— Por favor, Moon.

— Isso é surreal, garoto, vamos pra casa, meu aniversário tá chegando e quero passar ele no terraço, lendo a carta — protestei.

— Certo. Tá perigoso mesmo. Vai lá, motorista profissional.

Assim, voltamos para o apartamento. Insisti para pegar comida, mas Rafa disse que cozinharia pra mim. Confiei naquilo, afinal, era meu aniversário.

— O que vou jantar hoje? — falei no elevador. Rafael pensou por alguns segundos até que respondeu.

— Surpresa. Escuta, Moon, eu vou pegar a caixa, espere aí.

Fiquei desconfiada, mas assenti. Rafael me manteve longe de casa o dia todo, o que será que ele estava aprontando? Se ele inventou uma festa surpresa, eu vou matá-lo!

— Peguei a caixa, vamos — ele fechou a porta rapidamente.

— Sério, o que você tá aprontando? Eu tô curiosa. Sinto cheiro de festa surpresa. Acertei? — ele riu alto.

— Sim, claro que a gente perderia tempo fazendo festa para você — ele riu com ainda mais ironia.

— Como você é mal — gargalhei. Confesso que fiquei meio desapontada.

Chegamos ao terraço e ainda tínhamos 6 minutos até a famigerada meia noite. Eu cuidava no relógio de ouro em meu pulso.

— Certo, me enrole — ordenei, enquanto sentia a brisa do topo do prédio.

— Vamos dançar?

— Não — respondi direta.

— OK. Pera — ele disse, segurando o celular. Mexeu um pouco e um ritmo conhecido começou a tocar. — Agora você vai dançar comigo.

Então ele segurou minha mão, depositou a outra na cintura e, delicadamente, foi me guiando pelo terraço. Eu era meio dura, também não sabia ser conduzida por alguém, mas a sensação de estar girando com Rafael sob a luz do luar, com algumas estrelas e as luzes da capital eram indescritíveis.

Continuamos assim até que a música acabasse. Uma outra lenta começou e continuamos ali, até que um despertador tocou e Rafael parou repentinamente.

— Parabéns caralho — Rafa gritou, girando-me. Eram exatamente 00:01.

— Não quero ficar depressiva hoje, vamos fazer o que? — me afastei alguns centímetros dele. Rafael estava particularmente lindo. Meu namorado era lindo.

— Tem uma carta para você — ele sorriu compreensivo. — É a última. Depois nós podemos ir lá dentro... Você sabe — o sorriso malicioso surgiu no rosto de Lange sem sequer ele notar.

— Bem, vamos enterrar ela primeiro?

— Sim.

Me levantei do terraço e fui até o parapeito. São Paulo fazia barulho e, apesar de ser tarde da noite, continuava iluminada. O vento frio batia violentamente em mim e em Rafael, mas aquilo não importava. Ele me abraçou e começou a fazer movimentos circulares em minha mão, ele sempre fazia isso quando queria me ajudar, me dar apoio.

"Essa carta começará de maneira diferente.

Parabéns pra você, nessa data querida, muitas felicidades, muitos anos de vidaaaa. Que a lua te acompanhe e o sol te ilumine, completando um ao outro mais um aninho que você viveu."

Engoli seco. Minha mãe cantava parabéns a mim daquela maneira, sempre.

"Está sendo tremendamente difícil escrever essa carta. Imaginar o futuro de vocês é tão difícil quanto achar que tudo isso deu realmente certo. Mas vamos supor que sim e vamos supor que tudo deu absolutamente.

Você não desistiu de mim, não desistiu do amor da minha vida. Eu sou grata a você, infinitamente. Sei que foi difícil, acredite, eu tentei imaginar diversas vezes todas as situações possíveis, porque isso é questão de escolha e nunca se sabe o que passa na cabecinha de vocês, mas eu sei que vocês estão juntos e que vocês se amam, porque vocês completam um ao outro.

Se você notou, você conseguiu alcançar todos os objetivos que eu impus. Talvez seja meio chato ser mandada pela sua irmã morta, mas minha intenção com as cartas era te guiar pro caminho certo. No final, sou só a vaca manipuladora que foi fecundada a mais, pois, acredite, eu me sinto mais coadjuvante do que nunca, porém, isso não se trata mais de mim, trata-se de vocês.

Tempo, você tem todo tempo do mundo. Vocês têm todo o tempo do mundo.

Eu te amo com todo meu coração, Lua.

Eu te amo, Rafael, muito.

Eu espero que vocês aproveitem a vida pela louca aqui que já vai embora.

Lembrem-se que isso é só o começo de algo muito grande.

E lá vai: o último passo é me deixar ir.

Adeus

Com amor, Sol."

E ela se foi.

— Tudo bem, e agora? — falei com lágrimas escorrendo. Rafael não estava muito diferente de mim.

— Eu não sei. Podemos descer ou continuar aqui — ele sugeriu, sem soltar minha mão. Os movimentos circulares continuavam sendo feito. Aos poucos, fui me acalmando.

É isso.

O fim de um ciclo. Uma situação surpreendente e louca.

Acabou as cartas, acabou os passos, deveríamos ter superado, não? À risca, seguimos os 12 passos de Sol, fizemos tudo que ela queria do jeito que ela queria. Por que ainda dói?

Acho que sempre vai doer. Sempre vou lembrar da minha melhor amiga e irmã que eu perdi duas vezes. Acho que Rafael sempre sentirá falta do amor da sua vida e da sua melhor amiga. Acho que a perda sempre será sentida e, no fim disso tudo, sei que não há passos para superar a morte de alguém.

Claro que passa, claro que uma hora se torna real e simplesmente passamos a aceitar esse fato. Agora, Sol está num lugar melhor e nos deixou com a grande responsabilidade de fazer um ao outro felizes e é isso que farei.

— Vamos? — Rafael disse, saindo de suas próprias conclusões do acontecimento.

— Vamos, amor.

Rafael me puxou até nosso apartamento e parecia mais animado. Eu continuava secando as lágrimas na manga da minha blusa xadrez. Ele abriu a porta com um sorriso de criança travessa e eu soube qual era a travessura dele: uma festa...

— SURPRESA! — o grito uníssono assim que a luz foi ligada me encantou. Entretanto, o que me encantou foi todo mundo que compareceu a festa.

Todas as pessoas que participaram da minha história com Lange estavam ali, sorrindo e se enfileirando para me dar parabéns.

Parecia festa de final de ano, mas eu estava feliz em ver todo mundo reunido para comemorar meu aniversário. Sem falar que os balões pretos e as letrinhas dá Barbie rosa escrito “Feliz aniversário, Luna”, me encantaram.

O bolo do geladinho estava ali novamente, mas dessa vez com 20 velas. Havia docinhos e Luba era o DJ. As músicas tocaram e logo as pessoas me davam parabéns e desejavam coisas boas.

Ao final disso, a música parou.

— Hora do parabéns — Luba gritou. Todos se aproximaram e Rafael veio segurando o bolo. Ele era corajoso, pois eu estava pronta para encher aquele belo rostinho de glacê.

— Parabéns pra você, nesta data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida — disseram em coro. Eu batia palma estupidamente, diante da minha primeira festa de aniversário que não consistia só em mim, minha mãe e minha avó.

— Com quem será — Nico puxou. Óbvio que continuaram. Só para variar, Rafa e eu ficamos constrangidos. Ao fim da musiquinha babaca, soprei as velinhas. Ao invés de pedir algo, agradeci por ter pessoas tão únicas comigo.

— Pra quem vai o primeiro pedaço? — Rafa disse, indo largar o bolo.

— Não tão rápido, mocinho. Volta — Nico me olhou com reprovação. Parece que as pessoas queriam comer aquele bolo.

Guaxinim apareceu com um prato de chantilly e então permiti que ele largasse o bolo na mesa.

— Você tá contribuindo com isso, sua puta? — Rafael disse rindo.

— É a tradição, amor.

— Só porque tu tá de aniversário.

Então esfreguei o prato na cara dele. As pessoas riram bastante. Eu também. Ele me beijou, me sujando também. Gabs, mais prendada, serviu o bolo pra geral e começamos a comer.

Eu encarava aquela cena com admiração e certa culpa. Sol continuava morta, eu ainda não tinha salvado sua vida, tinha? Me sentia triste em comemorar mais um ano de vida meu. Terminei o bolo enquanto continuava alheia a tudo aquilo. Ainda me sentia incerta se tratava de mim mesmo. Rafa parecia tão extasiado quanto eu, entretanto, não se permitia soltar minha mão.

— Pera, gente, deixa eu fazer um discurso pra minha bfa — Maethe pegou o microfone, fazendo todos olharem para ela. Chamou minha atenção rapidamente. — Então, Nana, você apareceu repentinamente na minha vida, mas se tornou importante num tirar de snap — ela riu e acho que só nós duas entendemos. — Logo que vim dizer que te amo muito, fico feliz por poder dizer que você é minha melhor amiga e que passamos por muito juntas, e que venha mais. Te amo, Nana. Agora, cadê o namorado da aniversariante?!

Então começaram a gritar “discurso, discurso”. Rafa soltou minha mão e andou até o microfone. Mae entregou o aparelho e ele segurou firme.

— Bem, eu não sou o melhor com palavras e tal, sei lá como fazer um discurso, Moon sabe disso. Porém, posso agradecer por cada um de vocês terem contribuído de alguma forma para meu crescimento e da Luna. Se vocês estão aqui, é porque são importantes para nós. Moon, eu te amo, você sabe disso. Não é todo dia que você está perdido no oceano e acha um farol. Você me guiou até aqui, você fez possível eu ser quem sou hoje, você que ajudou meu crescimento profissional, pessoal e principalmente amoroso — enquanto as pessoas soltavam risos, eu estava me segurando para não chorar. — Eu tenho uma melhor amiga, namorada, amante, companheira, matemática, fotógrafa, administradora e todas essas coisas em uma pessoa só, mas, acima de tudo, eu tenho o amor da minha vida, tudo graças a você. Voce salvou minha vida, trouxe esperança e luz para ela. Um dia a Sol me disse que quando eu achasse a pessoa que me fizesse dirigir uma moto ou me causar uma sensação semelhante, pasmem que eu tenho pânico de moto, eu deveria casar com ela. Eu fiz isso, literalmente, por sua causa. Digo com todas as letras: é com você que vou casar. Eu te amo, Moon.

Ao final do discurso, Rafa me abraçou forte, tão forte que achei que fosse me quebrar no meio. Ficamos naquilo por uns 5 minutos enquanto aplaudiam e assoviavam para nós. Nos braços dele, permiti-me chorar. Pela primeira vez, chorava de felicidade. Eu me sentia amada, me sentia completa e satisfeita. Lá do céu, sei que Solange sentia tudo isso e mais orgulho por cumprimos tudo. Sei que minha irmã estava em paz.

Agora é eu, Rafael e o futuro.


Notas Finais


É isso, vocês estão bem?

Dia 27 sai o epílogo e os agradecimentos, segurem seus corações.

Um beijo, um queijo e até, tchau!


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