“You pay the price
It's much too late
For good advice
You know and I know
That are good things thought
Because there's consequences
For what we do
Consequences
For me and you”
O piso era frio e feito completamente de mármore, mesmo com suas meias, a garotinha conseguia sentir isso.
Ela precisava se apressar. Não podia se dar o luxo de perder a atenção em sua tarefa ou eles a mandariam para a cadeira de novo. E ela sabia que tivera sorte de sair viva nas duas primeiras vezes que se sentou lá.
Mas ela precisava conseguir pegar algo para a outra menina comer. A coitada não comia há uma semana devido ao castigo. Se fosse para o ringue no dia seguinte sem comer nada, ela talvez não fosse capaz de aguentar um único soco. E nesse lugar, isso era muito perigoso.
Natasha se esforçava para escapar das memórias que a rodeavam e não a deixavam em paz, mas ela não conseguia evitá-las. Não desde que acordou nesse lugar estranho em que está.
Em uma tentativa de conseguir permanecer na realidade ao invés de cair no mundo das lembranças, a ruiva tenta focar sua atenção no que os dois homens - que haviam se apresentado como Tony Stark e Bruce Banner – na outra sala estavam falando.
- Precisamos nos esforçar mais, isso pode ajudar a ruivinha. – disse um dos homens.
- Eu sei Tony, mas estamos dando o nosso melhor. – respondeu o outro – Podemos ter todos os recursos do mundo à nossa disposição, mas mesmo nós temos limitações. – ele suspira – Estamos trabalhando sem parar nesse projeto há semanas. Precisamos dar uma pausa.
- Não podemos. – o primeiro dá um soco na bancada.
- Primeiro, se acalme. – diz o outro – Você não se torna um monstro verde quando está com raiva, mas ainda assim não sei o que pode acontecer se você vestir a armadura com raiva. Segundo, sei que se sente culpado pelo fato de você ter desenhado o projeto daquele aparelho anos atrás, mas precisamos dar um tempo. Não vai ajudar nada se nós errarmos a cada tentativa porque estamos sobrecarregados. Vamos ser de muita mais ajuda se descansarmos um pouco.
- Você está certo. – ele diz – Mas quem vai cuidar da Dona Aranha?
- Pedimos pro JARVIS ficar de olho, qualquer coisa ele avisa a Helen ou o Steve.
- Muito bem. - o homem suspira – Mas só alguns minutos.
- Fechado. – os dois se dirigem à saída e, sem mais uma conversa para focar minha mente, sou obrigada a voltar para o mundo das memórias.
O alarme tocava altamente pelos corredores da Sala Vermelha. Ela precisava ser rápida. Se não o fosse, eles a pegariam.
Pensou na garotinha que estava faminta. Precisava conseguir, por ela.
Antes que conseguisse atravessar o corredor que dava nos quartos, ela sente uma mão forte segurar seu braço. Ao virar-se, se depara com o braço de metal que, em muitas ocasiões, era um braço amigo.
Pelo canto do olho, a ruiva percebeu que ele havia entrado na Ala Hospitalar. O loiro vinha visitá-la pelo menos duas vezes por dia. E todas as vezes em que ele vinha, ele a perguntava se ela se lembrava dele. Apenas para receber a mesma resposta.
Ela não podia negar que alguma coisa dentro de si doía quando ele olhava tristemente para ela. Ela não sabia dizer o que era, mas doía. E muito. Era uma dor extremamente forte, como se ela estivesse se queimando de dentro para fora. De todas as torturas que a Sala Vermelha a obrigara a passar, essa “tortura pessoal” era ainda pior.
E lá vai ela, novamente, ser abraçada pelas lembranças agonizantes de seu passado.
A pequena ruiva gritava e esperneava, mas sabia que de nada adiantaria. O homem que a segurava era muito forte. Ainda mais com o braço de metal. Ela não precisava olhar para os corredores para saber para onde estava sendo levada. Ele estava levando-a para a Ala da Tortura.
-Por favor! – ela dizia – Não me leve para lá! Eu só queria ajudar a garotinha!
-Esse foi o seu erro. – ele retrucou – Nesse lugar, você não deve ajudar ninguém. Se o fizer, sofrerá consequências.
-Mas você já me ajudou várias vezes, James.
-E todas essas vezes eu sofri alguma consequência.
-Natasha? – o loiro a sua frente pergunta – Está tudo bem? Você consegue me ouvir?
-Estou te ouvindo. – ela responde - Mas não está tudo bem. – a ruiva fecha seus olhos e, rapidamente, cai na inconsciência.
Seu corpo doía da cabeça aos pés. Ela tivera que suportar chibatadas e facadas durante o que lhe pareceram horas. Tudo isso por causa de um simples pedaço de pão. Tudo isso por que quis ajudar uma garotinha. Tudo isso por que queria ajudar a salvar alguém ao invés de matá-la.
Estava quase perdendo a consciência quando um vulto surgiu a sua frente e começou a soltá-la. Ao sentir o frio do braço de metal, ela suspira.
-Pensei que você sofresse as consequências toda vez que me ajuda. – ela disse; sua voz falhava devido a dor.
-Eu sofro. – ele respondeu ao erguê-la em seus braços e começar a caminhar com ela para fora daquele lugar terrível e cheio de sangue. – Já estou até preparando minha garganta para os gritos que eles arrancarão de mim.
Ao voltar à consciência, a ruiva logo percebe que algo estava enfiado em seu braço. Provavelmente uma agulha. Logo em seguida, ela registra um som formado por bipes ritmados. Provavelmente era a frequência cardíaca dela. Ótimo. Ela voltara para seu leito. O segundo lugar mais habitado por ela durante os últimos meses. Perdendo apenas para sua maravilhosa ensanguentada e deprimente cela.
Ela finalmente abre os olhos, devagar, pois já sabia que precisaria se adaptar à luz do ambiente. Ao finalmente se adaptar, ela nota que o loiro e um de seus “médicos” estavam discutindo no laboratório ao lado, tendo o outro “médico” como intermediário. Não havia nenhum sinal da mulher.
Ela não conseguia ouvi-los. Eles deviam ter colocado alguma espécie de silenciador nas paredes do prédio. Mas de que adianta ser uma espiã se você não sabe fazer leitura labial?
-Não foi minha culpa Picolé! – o “médico” dizia – Como eu ia adivinhar que o JARVIS iria sedá-la ao vê-la agitada?
-Você construiu o JARVIS Tony. – o loiro responde – Você deveria saber sobre esse tipo de coisa. Ainda mais se você o coloca pra ficar de olho em alguém que, mesmo antes do acidente, te mataria com uma facilidade impressionante. – e lá vinha esse assunto de novo. Todos ao seu redor falavam sobre esse tal acidente, mas todos se recusavam a lhe contar sobre o mesmo. E, pelo que dava a entender, ela fora a mais prejudicada nesse “acidente”. Mesmo que não fosse culpada por isso, como o loiro sempre a dizia.
Mas ela não era a única a ser prejudicada injustamente.
O soldado havia a levado para uma Ala que ela desconhecia. O corredor inteiro em que se encontravam estava vazio. Ela já começava a duvidar se esse local fazia parte da Sala Vermelha. Estava muito calmo para isso.
Mas não é esse o grande ponto da Sala Vermelha? Fazer com que algo - no caso, pequenas meninas - que parece inofensivo no começo, provar-se algo letal?
Eles entraram em uma das muitas portas no corredor e se depararam com uma espécie de enfermaria. Novamente a ruiva se perguntava se aquilo realmente era parte da Sala Vermelha. Eles não se importavam se as garotas que participavam do programa se machucavam ou não. Que dirá ajudá-las a se recuperarem.
-Pronto. – ele deposita o frágil corpo da menina em uma das macas – Vamos cuidar desses ferimentos. – e lhe dá um raro sorriso, como se isso já lhe fosse familiar; coisa que, até onde ela tinha conhecimento, não era.
“Morda a isca
Pague o preço
É tarde demais
Para um bom conselho
Você sabe e eu sei
Que existem coisas boas
Pois há consequências
Para o que fazemos
Consequências
Para eu e você”
~Consequences-Robert Cray
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