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História Human (Alice Cullen) - Tequila de mais, dignidade de menos.


Escrita por: kate_verona

Notas do Autor


VOLTEEEEEEEEI e agora aconteceu hehehe
agora tudo melhora hehe, ou piora ne...
Gente a historia ta recebendo menos comentarios e visualizações, nao estao gostando?
Boa leitura, amo vcs

Capítulo 14 - Tequila de mais, dignidade de menos.


Fanfic / Fanfiction Human (Alice Cullen) - Tequila de mais, dignidade de menos.

Capítulo XIV: “Tequila de mais, dignidade de menos”

Point of view, Samantha Griffin.

– precisamos conversar. – a voz de Alice soou dolorida e preocupada, e como bom coração mole que sou, afetei-me ao sentir aquilo em seu tom de voz; mordi levemente os lábios, tentando resistir ao seu convite, mas acabei por concordar.

– me deixa só pegar um café e conversaremos. – tentei soar séria e irredutível, mas percebi Alice sorrir levemente, no fim das contas eu parecia um coelho tentando imitar um urso.

Servi um expresso duplo e tentei controlar meu nervosismo enquanto seguia Alice para qualquer lugar do qual ela estava me levando, caminhamos até a biblioteca e nos sentamos ao fundo, as cadeiras uma do lado da outra, mas virei meu corpo para que eu ficasse de frente para ela e apoiei os pés na beira da cadeira em que Alice estava sentada.

Mantive-me em silencio a encarando enquanto esperava que ela dissesse algo, eu não me pronunciaria, estava cansada e magoada para tomar iniciativa outra vez. Tomei um gole de café ainda olhando-a, seus olhos desviaram-se dos meus, incertos, e soube naquele momento que Alice não estava em seu juízo e confiança perfeitos, ela jamais desviaria de um olhar.

– você quer ir comer um hambúrguer? Você precisa comer, Samantha... – falou me analisando, os olhos vívidos parecendo ler cada partícula minha.

– eu sou vegetariana. – revirei os olhos, eu não mataria um animal para me alimentar sendo que não havia necessidade nenhuma.

– vai ser pior do que eu pensava... – a ouvi sussurrar tão baixo que sabia que não era para que eu ouvisse, mas eu ouvi, e sinceramente não entendi nada daquilo.

– o que você disse? – arquei a sobrancelha para ela, esperando uma explicação para aquilo.

–nada, não disse nada – disse já mudando de assunto, fugindo daquilo, como sempre. – como você está? – perguntou com seus olhos dourados escurecidos sobre mim, podia jurar que eles eram mais claros, e também podia jurar que já os vi escuros como a noite.

– okay, eu acho. Não me sinto segura, isso é fato. Mas não é como se vocês não tivessem aqui para sempre me salvar, né?! – falei cheia de ironia sem conseguir segurar minha língua.

– Samantha, Adrien não é mais um perigo. Já disse. – disse ela com convicção, mas tudo que consegui fazer foi revirar os olhos diante daquilo.

– claro que sim, você deu dinheiro pra ele se afastar? Porque para a policia você não denunciou! – respondi com raiva, eu sinceramente não sabia qual era daquele cara, e sinceramente não queria arriscar minha vida outra vez para descobrir.

– Samantha, não vamos mais falar sobre isso, por favor. – ela deslizou sua mão por minha coxa, e segurou uma de minhas mãos que estava sobre a perna, Alice sabia me calar e me desestabilizar, e as vezes eu não achava isso ruim... Seu olhar permaneceu em nossas mãos por alguns segundos, até virarem para encontrar meus olhos, nosso olhar incendiava um ao outro, e revelava todo o nervosismo e emoção reprimida.  – eu não consigo ficar longe de você, Samantha... eu... – ela respirou fundo, meu coração acelerando com cada toque e palavra dita, e ainda mais com aquela ultima palavra solta, que podia dizer tanto se fosse completada. – eu não sei... – apertou minha mão, levando ate seus lábios e dando um beijo casto sobre meus dedos. Não sabia se gritava de raiva por não ter ouvido o que queria ou por ela não me falar a verdade.

– então me fala a verdade, Alice... seja verdadeira comigo e nunca mais vai precisar ficar longe. – me inclinei em sua direção, chegando mais perto dela, sua risada sofrida me deixou ainda mais duvidas e receios.

– seria o contrário, Sam. – mordeu os lábios, nervosa, revezando o olhar entre nossas mãos e meu rosto. – tudo ficaria ainda pior... – o tom melancólico e sombrio me fizeram retrair os músculos sobre a cadeira, e senti meu coração falhar algumas batidas.

– o que você me esconde? O que você tinha com aquele cara e por que ele pegou a mim? – apertei outra vez sua mão, meu nervosismo sendo obvio pelo tremor de meus lábios.

– Sam... eu te garanto que o Adrien não te oferece mais perigo algum, okay? Mas por favor não me force a contar sobre mais nada, eu preciso de tempo, preciso saber como fazer isso... – agora era obvio o nervosismo de Alice, seus olhos transmitiam desespero e sua expressão não se distanciava muito disso.

– como pode me dar certeza da minha segurança, Alice?! – perguntei já nervosa com tudo – como pode ter certeza que ele não vai aparecer a qualquer momento?!

– Porque ele ta morto, Samantha! – Alice disse um pouco mais alto, apertando com força o punho que não entrelaçava o meu, nossos olhos não desgrudaram um do outro um só segundo, e me mantive em silencio pelo o que pareceu uma eternidade, atônita com aquilo. Como ele tinha morrido?!

– vocês o mataram?! – perguntei em pânico.

– era ele ou você, Sam. Não posso arriscar sua segurança, você tem que ficar viva e bem! – respondeu com convicção, me deixando ainda mais apavorada.

– Alice. – a chamei, cada palavra saindo pausadamente enquanto eu tentava controlar meu nervosismo. – Você. Matou. Aquele. Cara?! – tentava prender o desespero que buscava romper minha garganta.

– você não entenderia, Samantha. Você não entenderia tudo que isso envolve! – apertou ainda mais minha mão.

Eu estava cansada como sempre, de tudo aquilo, e ela não estava disposta a me dizer a verdade. E eu não estava disposta e ser submissa o suficiente para acatar tudo e acreditar que matar era a única saída, era brutal e cruel demais, e eu gostava da garota responsável por aquilo! Minha cabeça parecia prestes a explodir, e meu sistema nervoso parecia prestes a entrar em pane.

Me levantei com pressa, soltando sua mão e me virando para ir embora.

– Samantha, Não vai! – Alice levantou-se tão rápido e se colocou em minha frente que nem tive tempo de raciocinar, e parecia obvio outra vez como ela era rápida! E como isso não era humano! E como provavelmente toda a minha lembrança daquele dia era real.

– A verdade, Alice. Foi só isso que eu te pedi! – mantive meu olhar firme mesmo com sua pose imponente. – Só venha falar comigo quando estiver disposta a encarar isso de frente e ser verdadeira comigo. – me desviei dela e continuei meu caminho para fora da biblioteca.

Inventei uma desculpa qualquer para Meghan sobre como ela não conseguia admitir o que sentia nem encarar isso de frente, e como agora eu havia decidido me afastar ate Alice ter coragem para tal, tecnicamente era isso, mas eu queria que ela tivesse a decência de falar o que me escondia.

Deixei que aquele dia corresse tedioso, e estava no intervalo para a ultima aula, da qual era da senhora Bittencourt e isso envolvia me sentar ao lado de Alice, o que não ajudava no meu plano de me manter afastada, mas faria o sacrifício. Pegava alguns materiais no armário quando senti alguém se aproximar, e fechei o armário para encarar a garota loira escorada ao meu lado.

– E ai, Sam? – Sophie perguntou, os olhos azuis e o cabelo caramelo estavam impecáveis, o corpo delineado pelo uniforme esportivo me davam mais certeza de que eu era lésbica, ainda era totalmente louca por Alice, mas isso não me impedia de admitir como outras mulheres eram lindas e atraentes, mas não tinha a mínima cabeça para qualquer coisa com qualquer outra pessoa que não fosse Alice Cullen.

– oi Sophie. – respondi com um sorriso casual, sem uma animação sincera.

– vai fazer alguma coisa na quarta? Poderíamos sair, o que acha? – deu um sorriso claramente cafajeste, do qual eu reconheci de primeira, eu era novata nisso mas não era idiota, e Sophie era o próprio Gengis Khan do romance lésbico, e eu não queria ser o troféu da virgem que ela levou pra cama.

Vi Alice se aproximar enquanto eu ponderava o que responder, Edward estava ao seu lado e observou Sophie com as sobrancelhas arqueadas, enquanto Alice me encarava em um misto de decepção e ameaça, ela estava com ciúmes?!

– é, quem sabe... – respondi enquanto ela passava por mim em direção a sala. – minha aula já vai começar, te vejo por ai. – respondi em um sorriso igualmente cafajeste, e pisquei um dos olhos, me virando e revirando os olhos para Meghan, que já me esperava.

– o que? Não gostou da Sophie? – Meg perguntou, entendendo na hora.

– ela é gata e tudo mais... – respirei fundo, pensando – mas sinceramente não quero virar troféu na estante dela. – dei de ombros.

– você quem sabe, ainda acho que Alice vai voltar com o rabinho entre as pernas e declarar amor eterno por você e te apresentar pra toda a família perfeita dela... depois vocês vão adotar um gato juntas e se casar no fim do ensino médio, típico de sapatão. – ela deu de ombros. – e a Sophie é puro golpe mesmo, não cai na dela.

– Meu Deus, Meghan... você fala cada coisa... – nem consegui raciocinar enquanto entravamos na sala.

– boa sorte com a estátua de cera. – indicou levemente Alice sentada na ultima mesa, onde eu era sua dupla. Apenas bufei enquanto caminhava em sua direção.

Me sentei e decidi fazer greve de silêncio, esperava sinceramente que Alice contribuísse com isso e não tentasse conversar comigo.

– vai sair com Sophie? – ela me perguntou assim que coloquei meu caderno sobre a mesa, parecendo vulnerável e magoada, me mantive quieta por alguns segundos enquanto processava sua fala, eu deveria responder aquilo?! E minha greve de silêncio?!

– acho que isso não é da sua conta. – dei de ombros sem olhá-la, copiando mecanicamente os escritos da lousa. Eu não falaria com ela sobre aquilo, não sem saber sobre sua índole. Se ela foi capaz de matar aquele cara, eu não sabia com quem estava lidando, mas a raiva naquele momento falou tão alto que minha insolência tomou a frente.

– você não pode sair com ela, Sam! – sua expressão era um misto de desespero e mágoa, e eu não consegui me manter sem olhá-la – ela é... – manteve-se quieta por alguns segundos, com o olhar fixo em qualquer lugar, e parecia que havia saído de orbita durante aquele momento – babaca e egocêntrica! – falou em uma constatação cheia de certeza, voltando seu olhar para mim enquanto pronunciava aquilo de forma preocupada.

– você nem a conhece, Alice. – rebati, ela nem sabia quem era a garota para falar tal coisa, ou sabia? – ou conhece? – arqueei as sobrancelhas para ela, soltando a caneta de minhas mãos para cruzar os braços, talvez eu não tivesse sido a primeira “aventura lésbica” de Alice, afinal. 

– é claro que não! – revirou os olhos, irritada – mas eu conheço bem as intenções dela. Sophie não passa de uma típica cafajeste do ensino médio.

– quando me contar a verdade, Alice, eu deixo você opinar sobre minha vida e participar dela, enquanto isso pensa sobre o que você quer comigo. – desviei meu olhar do dela ao final, retomando o trabalho de copiar o quadro.

– você quem sabe, Sam. Mas Sophie não é o que você pensa. – respondeu claramente magoada, encostando na cadeira e contribuindo com meu voto de silencio pelo resto da aula. Mas Alice estava enganada, Sophie era exatamente o que eu pensava, só não sabia quem era Alice, e isso me enchia de nervosismo.

 

A aula acabou em um silencio sepulcral entre eu e Alice, e a olhei uma ultima vez antes de lhe dar as costas e sair dali, seu olhar era tão triste que quase deixei tudo aquilo de lado e me joguei em seus braços, mas se eu fizesse isso, ela sempre me teria nas mãos dela, e eu não queria isso.

Meghan e Emily já haviam saído sem me esperar, provavelmente achando que eu estaria com Alice, que ótimas amigas, só que não! Desci as escadas e me sobressaltei quando vi Alice ao meu lado, como ela havia chegado tão rápido ali?! Ela só me olhou e não disse nada, e me acompanhou enquanto ia em direção ao meu carro, apenas os Cullen e um grupo pequeno de garotas estavam no estacionamento.

Tudo foi tão rápido em seguida que nem tive tempo de raciocinar, uma bola de basquete veio rápido em minha direção, e acertaria em cheio meu rosto e me renderia um nariz e um dente quebrado se não fosse por Alice ali, sua mão rapidamente aparou a bola, segurando-a a milímetros de meu rosto. A olhei, eu estava totalmente assustada com aquilo, seus olhos estavam negros e aquilo me arrepiou ainda mais, como tudo aquilo era possível?!

– ai meu Deus, Sam! – ouvi a voz de Sophie gritar ao longe, mas ignorei aquilo totalmente absorta nos olhos dela. – eu não te acertei, né? – ela perguntou ao meu lado, nesse momento Alice apertou tão forte a bola que ela murchou em suas mãos, seus olhos saíram de mim para Sophie, para qual ela arremessou a carcaça laranjada do que foi uma bola de basquete.

Alice não disse nada, só me encarou uma última vez antes de sair dali e ir em direção ao seus irmãos, que a olhavam em puro julgamento.

– eu heim, – Sophie tirou o olhar de Alice e se voltou para mim – eu te machuquei? – perguntou preocupada – não era para te acertar, era pra ser uma brincadeira e cair só perto de você. Desculpa – pediu fazendo biquinho, o que era pra ser fofo e até seria se eu não tivesse puta com ela e agora totalmente curiosa sobre como Alice conseguiu fazer aquilo.

– ta, ta tudo bem. – tentei desviar do assunto, ainda olhando os Cullen.

– acho que a bola já era... – ela riu, enquanto jogava a carcaça de um lado para o outro em suas mãos. Desviei o olhar dos Cullen que entravam no carro e pareciam conversar entre si, e não estava tudo bem.

– me da isso. – estiquei a mão e peguei a bola furada de suas mãos, havia um rasgo enorme, e me surpreendi por não ter havido um estouro, e ainda mais por ela ter rasgado o couro com tanta facilidade. Estava tão atordoada que nem falei nada, apenas devolvi a bola para ela e fui em direção ao meu carro, ignorando qualquer coisa que ela falava, apenas dirigi até em casa e ignorei o resto das mensagens no meu celular, me trancando no quarto e fazendo muitas e muitas pesquisas...

 

Point of view, Alice Cullen

 

Afastei-me de Samantha e caminhei em direção ao carro, os olhares de julgamento no rosto de meus irmãos era obvio, e apenas os ignorei enquanto tentava reorganizar os pensamentos em minha cabeça.

– você e o Edward são iguais, tão inconseqüentes quando se trata de amor. – Rosalie revirou os olhos, escorada no carro.

– ninguém viu, Rose, ta tudo bem. – Bella tentou amenizar aquilo – quando foi comigo apenas eu vi também, e nem foi algo tão grave, foi apenas uma bola... – tentava argumentar enquanto eu me mantinha em silencio.

– claro, ninguém viu, apenas a loira metida a esportista que também é louca na Griffin. – Rosalie disse exaltada.

– baby, calma, não é como se uma bola de basquete fosse nos revelar. – Emmett disse divertido, segurando a mão da namorada, a loira suspirou e se deu por vencida.

– é só uma idiota com uma bola de basquete idiota. – vociferei enquanto entrava no meu carro, olhei para Edward enquanto saía dali.

Me distanciei dali, indo até o píer, aquele local sempre me lembraria Samantha, e no momento tudo que queria era sua companhia, mesmo que isso não fosse possível. Estar ali, lembrar dela e não tê-la comigo destruía-me por dentro, mas no momento tudo que tinha eram lembranças, eu não tinha a mínima ideia de como contaria sobre aquilo para Samantha, e se contaria, fugir e deixá-la longe de tudo isso parecia o mais sensato, mas Sam era um ímã de vampiros e no fim das contas precisava de proteção, seja qual fosse.

Horas depois decidi voltar para casa, ainda sim queria conversar com todos para tentar chegar em um consenso, se ela soubesse, não colocaria em risco apenas à mim, como toda minha família.  

Já era hora de Carlisle chegar em casa, e me sentei na mesa gigantesca da sala de jantar para que conversasse com eles, era irônico que tivéssemos uma sala de jantar com uma mesa enorme, nunca a usaríamos, não é como se cada um de nós fosse trazer um animal gigante para a janta e cada um saboreasse sua puma ou seu cervo.

Edward entrou na sala, acompanhado de Bella, Emmett e Rosalie, eu estava na cabeceira e os casais sentaram-se em minhas laterais.

– isso parece um tipo de ritual. – Emmett comentou com um sorriso besta no rosto.

– vou buscar as velas. – Bella deu corda para aquela brincadeira, e deixei escapar um sorriso.

– como pretende contar a ela, Alice? – Edward cortou, trazendo a tona o assunto que tentava evitar, mas que necessitava ser discutido.

– eu não faço ideia... – suspirei, passando a mão nos cabelos, nessa hora Carlisle e Esme entraram na sala, tomando os lugares ao lado de Bella.

– tem certeza que quer contar? – Esme perguntou, já sabendo exatamente do assunto do qual falávamos.

– ela sabe que escondo algo, na verdade acho que desconfia de todos nós, Samantha disse para eu me manter afastada até que decidisse contar a verdade... – suspirei, desviando o olhar de Esme para observar meus dedos que remexiam-se em volta um do outro.

– e você não consegue mais se manter afastada... – Carlisle concluiu, ele sabia o que cada vampiro sentia quando encontrava o amor para sua existência, era impossível se afastar, e toda sua existência estava atrelada àquela pessoa, irremediavelmente.

– mais uma humana pra nossa coleção. – Rosalie comentou, mas não parecia brava agora, apenas pensativa.

– você acha que ela nos revelaria? Que isso acarretaria em muitos riscos para nós? – Carlisle apoiou o queixo no punho enquanto me encarava.

– não, não contaria. – suspirei me preparando para a próxima coisa que diria – e em breve ela será vampira. O seu cheiro vai se tornar cada vez mais forte, até ser impossível que ela consiga ficar viva sem um vampiro tentar atacá-la pelo menos uma vez ao dia. – era algo que não queria admitir, mas que havia percebido – eu percebi que seu cheiro se torna cada dia mais forte, mesmo que minimamente, mas ainda sim, torna-se mais forte. Eu não sei a razão disso, mas acontece, eu sinto, mas aprendi a lidar com a sede... – comentei desconfortável, as expressões eram surpresas, mas nenhuma delas transmitia dúvida.

– você teve alguma visão? – Rose perguntou.

– não, quando se trata de Samantha é muito complicado, eu não consigo guiar minhas visões para ver o momento que quero, ou se tenho visões com ela, não mostram seu rosto, e quando se trata de um futuro razoavelmente distante, eu raramente vejo, para ser sincera nunca tive uma visão com Samantha que fosse... – parei alguns segundos, tentando achar as palavras corretas e não revelar as visões constrangedoras com ela – mais relevante. – conclui.

– acho que o mais correto é mantê-la por perto, só assim poderá mantê-la segura, ache as palavras correta para contar a ela. Vamos trazê-la para perto de nós, e quando chegar a hora, você faz o que deve ser feito. – Carlisle deu o veredicto – eu nunca senti vontade de provar sangue humano, sabe disso, e essa foi a primeira vez, não sei se seria seguro que eu... – ele se calou diante daquilo, Carlisle sentia-se terrivelmente mal por ter cogitado provar sangue humano, e não sabia lidar com aquilo muito bem, e quando chegasse a hora, eu teria que transformá-la em vampira...

– talvez ela descubra, como aconteceu comigo... – Bella comentou, tentando sair daquele assunto.

– para ser sincera, acho que Samantha nem mesmo cogita a existência de... vampiros. – sorri de modo sôfrego para Bella, Sam não parecia o tipo de pessoa que acreditava muito em lendas ou coisas do tipo.

– ela viu o que aconteceu com Adrien, sabe que não somos o exemplo de normalidade. – Rosalie se inclinou sobre a mesa, cruzando os dedos das mãos e me olhando – diga que o que ela viu foi verdade, mostre o que somos... ela já te ama, Alice. Seja sincera e a terá. – falou com uma convicção invejável.

– ela é vegetariana... – eu ri de modo sôfrego, desviando daquele assunto constrangedor.

– olha só, já tem algo em comum com nós. – Bella riu, e observei Edward colocar a mão na testa de forma pensativa, enquanto todos permaneciam em silencio a encarando.

– Bella – Rosalie chamou – para os humanos, vegetariano é não comer carne, nenhum bicho. – falou como se fosse obvio, revirando os olhos.

– puta merda, é mesmo... – ela estalou a língua, voltando seus olhos para mim – é... então boa sorte contando para a vegetariana que você só se alimenta de animais, e nada alem disso.

– quando tudo estiver bem, chame-a para nos visitar. – Esme comentou com um sorriso fraternal, o que melhorou consideravelmente meu humor.

Concordei com a cabeça, e ela e Carlisle saíram da sala, deixando-nos os cinco novamente.

– Sophie vai fazer de tudo para ter Samantha, Alice. – Edward batucou os dedos na mesa – mas não acho que ela representa grande ameaça.

– concorrência logo cedo? – Rosalie comentou – hmm parece que a garota é mesmo puro feromônio. – seu sorriso sacana despontou nos lábios, e quis socá-la.

– vocês tem um ímã para garotas que querem matar e que são disputadas demais, heim. – Emmett comentou rindo, e de repente meu problema tinha se dissipado do ar pesado, e aos poucos a solução parecia mais perto, enquanto minha família não se opunha a ideia. E para ser sincera, não é como se eles tivessem escolha, no fim das contas, eu escolheria Samantha e sua segurança acima de tudo, e isso envolvia abandonar tudo e fugir com ela se fosse preciso, e eles sabiam disso.

 Na terça, ela me ignorou irredutivelmente, e eu respeitei seu espaço, a olhando de longe e analisando-a, Edward me contava alguns dos pensamentos das pessoas que a cercavam, e na maioria eu só sentia vontade de socar cada um deles, sem muita paciência para adolescentes com hormônio à flor da pele, não resisti em ir visitá-la de noite, e levei os livros que ela havia comprado antes de todo aquele acontecimento horrível com Adrien, sentei ao seu lado na cama, acariciando seu rosto, sentia meu interior doer de uma forma desconhecida, e tudo que queria era tê-la comigo, deixei um beijo em sua testa antes de sair de lá.

Na quarta-feira haveria uma festa, já que a aula de quinta havia sido cancelada por conta da dedetização da escola, e Samantha havia marcado presença na festa da tal Sophie, como Edward havia avisado ao ler os pensamentos de Meghan, as vezes, a forma que Edward quebrava a privacidade alheia não era tão ruim.

E era óbvio que eu estaria nessa festa, quer Samantha queira ou não, ela veria minha cara.

 

Point of view, Samantha Griffin.

               

                Virei a noite de segunda-feira fazendo pesquisas relacionadas a super-velocidade e uma possível super-força. Entrei em todos os sites sérios possíveis, mas nada daquilo parecia fazer o mínimo sentido, aquilo parecia impossível e humanamente improvável, totalmente contrario a ciência. Lendas de super-heróis, vampiros e demônios me renderam mais de 5 horas de leitura, para que eu não concluísse nada no fim e ainda risse da minha capacidade de ler inutilidades. Talvez eu apenas estivesse ficando louca e Alice era totalmente comum.

Minha greve de silencio deu certo na terça-feira, mas para ser sincera, ficar longe de Alice estava me corroendo e eu só queria correr para os braços dela. A quarta-feira começou bizarra quando acordei e os livros que havia comprado naquele sábado assustador estavam sobre minha mesa de canto, o quarto exibia um cheiro doce, e reconheci imediatamente o perfume de Alice, ela havia estado ali? Como? E como sabia dos livros? Minhas duvidas aumentaram ainda mais naquele dia, mas obviamente engoli tudo a seco e tentei tirar minhas próprias conclusões enquanto levava o dia em uma ansiedade duvidosa disfarçada com a desculpa da festa mais tarde, era na casa de Sophie e sabia que Alice iria querer me matar no exato momento que descobrisse que eu iria, mas saber que ela estava com ciúmes aumentava meu ego de maneira estratosférica, e eu estava gostando disso.

                Disse aos meus pais que iria estudar na casa de Meghan, mesmo que não tivesse aula no dia seguinte, eles não permitiriam que eu dormisse fora em um dia de semana. Peguei minhas roupas e enfiei na mochila, dirigindo até a casa de Meg, que outra vez havia colocado sonífero no chá de sua avó, eu deveria opinar sobre isso? Acho que sim, mas iria? Com certeza não.

– e aí, sapatão? – falou enquanto abria a porta para mim, revirei os olhos com aquilo e a segui até seu quarto.

– não sei com qual roupa eu vou. – suspirei enquanto me jogava na cama. – na verdade o único motivo de ir nessa festa é ver Alice morrendo de ciúmes.

– que saco, vocês duas tão me estressando com isso já. A Alice baba em você, e você rasteja por ela, e ficam ai adiando o irremediável. – falou enquanto revirava o guarda-roupa, Meghan estava totalmente certa, mas eu não daria o braço a torcer.

– não gosto de covardia, e ela ta sendo covarde e me escondendo coisas. – comentei, pensando alto demais.

– o que acha que ela está escondendo? – arqueou as sobrancelhas para mim enquanto jogava algumas roupas ao meu lado na cama.

– se ela ta escondendo eu não sei, né. – crispei os lábios para ela – eu sei que todos nós temos segredos mas... Alice parece esconder coisas demais. – me sentei na cama para olhar as roupas.

– então descubra. Ou espere, ela vai correr e te contar quando pensar que te perdeu. – disse esticando uma blusa para olhá-la. – deixa eu ver o que você trouxe, minhas causas não vão caber nas suas pernas de meio metro. – riu enquanto eu revirava os olhos e jogava a bolsa para ela.

Acho que virei o manequim da Meg, deixando que ela me vestisse como bem entendesse e apenas opinando coisas mínimas. Estava com uma blusa preta de gola alta, uma colada com estampa quadriculada em perto e vermelho, a meia calça suficientemente grossa para aquecer minhas pernas porem suficientemente fina para me deixar sexy, e por ultimo o coturno preto. Eu estava parecendo uma versão emo e lésbica da Sabrina Spellman, mas ainda sim estava gata pra caralho.

Meg me maquiou de forma leve, deixando meus lábios mais marcados em um tom bordo, enquanto deixava meu cabelo propositalmente rebelde.

– puta merda! Você ta muito gata! – Meg exclamou, se afastando de mim para conferir seu trabalho.

– obrigada, eu sei. – disse convencida enquanto ria, ajudei ela a se arrumar também, mas Meghan era um mulherão, qualquer coisa a deixavam sexy e gostosa demais, e ela optou por uma calça justa e uma blusa vermelha, com uma jaqueta de couro por cima... e lá estava ela toda sexy fazendo o mínimo!

– Vamos no meu carro que hoje você vai beber até esquecer aquela escultura de cera! – comentou enquanto íamos em direção ao seu carro.

– não quero ficar bêbada. – choraminguei enquanto colocava o cinto – por favor não me deixa beber demais, Meg! – pedi segurando seu pulso.

– garota, relaxa e curte a festa. O fim dela é lucro. – riu de forma canalha enquanto dava partida no carro e saía dali.

Quando chegamos na casa, percebi sendo no mesmo bairro da primeira festa que fomos, a que eu dancei pra Alice e fui drogada, mas ignorei aquilo. As casas daquele bairro eram razoavelmente iguais e caras, e representavam a nata minúscula da burguesia de Prince Rupert, naquele momento me perguntei onde Alice morava, e se era por ali, mas todos diziam que era uma casa bem afastada e no meio da floresta, e aparentemente ninguém nunca havia ido lá.

Entrei de braços dados com Meghan, e uma Sophie muito contente e também muito bêbada veio me receber, tentando me beijar mas desviei levemente o rosto fazendo seus lábios pegarem em minha bochecha.

– oi gata. – ela sorriu, dando um gole na bebida – fiquem a vontade, já já encontro você. – piscou para mim e nos deu as costas, se enfiando no meio da multidão.

– okay, já sabemos que você vai estar bem ocupada de noite. – Meghan riu e eu lhe dei uma cotovelada na costela balançando a cabeça negativamente. Eu não queria a Sophie! – vamos pegar bebida, sapatão.  – disse me arrastando para dentro daquela casa apinhada de gente.

 

A música estava alta e eu já estava no terceiro copo de bebida, dessa vez ela era rosa, as anteriores haviam sido azul e roxa. Sophie se aproximou e escorou ao meu lado na bancada da cozinha, e nesse momento já pensava em mil maneiras de me esquivar dela. Meghan inventava um jogo doido de virar varias doses de tequila de uma vez, e eu observava as vítimas dela saírem cambaleando dali, mas extremamente felizes.

– quer dançar comigo? – Sophie perguntou, fazendo-me tirar os olhos dos copos de dose para olhá-la.

– hãm... – tentei pensar, olhando o copo em minhas mãos – acabei de servir esse copo, e acho que ainda não to bêbada o suficiente para isso. – me desviei, voltando a olhar aquele jogo bizarro.

– e um beijo, quer? – ouvi Sophie rir de forma cafajeste, e pagaria na mesma moeda se meus olhos não tivessem parado no meio do caminho para olhá-la. No portal há alguns metros de mim, ela escorava-se em sua perfeição desumana, Alice estava impecável e quase empurrei Sophie para longe de mim e corri para ela, mas me mantive firme enquanto sustentava seu olhar. Esta usava um vestido colado ao corpo, na cor carmim e uma jaqueta de couro preta por cima, tão perfeita que sentia meu corpo pulsar de uma forma estranha e vergonhosa.

Dirigiu um olhar de puro desdém para Sophie, que agradeci por não estar olhando ou elas provavelmente começariam uma briga, não que eu achasse que Sophie tinha a mínima chance contra Alice. Seus olhos amarelos voltaram para mim, estreitos e minuciosos, como se tentassem desvendar cada parte de meu ser. Ela lambeu os lábios de forma lasciva, deslizando o olhar por meu corpo, e deu um sorriso igualmente pervertido enquanto se manteve parada ali, me olhando.

Ignorei totalmente Sophie e fui para o lado de Meghan, eu só queria tirar Alice da minha cabeça ou acabaria a perdoando e ela me enganaria outra vez. E obvio que como a garota inconseqüente de 17 anos que me permiti ser nessa noite, não pensei sobre as conseqüências de beber tanto antes de pedir para Meghan para participar daquele jogo que consistia em tomar muita tequila e chacoalhar a cabeça, e claro que fiz tudo isso olhando diretamente para Alice.

E essa foi a ultima lembrança nítida que tive daquela noite...  

 

Point of view, Alice Cullen

 

                Era óbvio que eu sabia a real necessidade de ir naquela festa, e irredutivelmente era Samantha. Eu apenas sabia que precisava estar ali para protegê-la e evitar qualquer mal que pudesse atingi-la. E quando a vi ali, ao lado de Sophie, não consegui controlar o ciúmes que cresceu dentro de mim e quase corroeu meu ego, se Sam não tivesse fixado o olhar em mim totalmente desejoso e entregue, ela era minha, todo seu corpo e seu coração diziam isso.

Mantive meu olhar no seu por um bom tempo, até descer por todo seu corpo... ela estava perfeita. A roupa colocada ao seu corpo não ajudava muito em segurar os pensamentos libidinosos em minha cabeça e senti vontade de rasgar aquela blusa toda e beijar todo seu corpo. Meu olhar foi para a figura ao seu lado, era quase cômico que eu sentisse ciúmes de uma humana tão ordinária, e levando em conta o fato de Sam ter se esquivado dela duas vezes desde que as observo aqui, Sophie realmente não era uma ameaça, não resisti rir com isso.

Voltei a olhar Sam, e não consegui disfarçar quando estreitei os olhos e deslizei o olhar por todo seu corpo, lambendo os lábios em seguida em puro desejo, eu a queria... muito!

Retesei todos os meus músculos quando Samantha correu para o lado de Meghan e pediu para participar daquele jogo suicida. Adolescentes eram tão inconseqüentes. Seus olhos não desgrudaram um só segundo de mim enquanto ela levava as costas da mão a boca e lambia o sal, e aquilo foi tão obsceno que senti meu interior esquentar e o meio de minhas pernas contrair-se no nada, seu olhar ainda permanecia no meu enquanto ela virava os 3 shots de tequila seguidamente, sem nem mesmo respirar, e quando sugou a fatia de limão e a sugou, sem fazer nenhuma expressão desgostosa e sorrir lasciva ao me olhar, antes de Meg pegar sua cabeça e a rodar de um lado para o outro. Eu não era especialista em tequila, mas acho que aquele ritual não estava certo.

Samantha gargalhou alto, e levantou já pulando no ritmo da musica, puxando Meghan para a pista de dança e começando a rebolar, me tirando totalmente do controle de mim.

– droga, Samantha! Você sempre dança na frente da escultura de mármore e ela sempre fica querendo me matar. – Meghan sussurrou me olhando pelo canto dos olhos, sorri brevemente com aquilo, Meg morria de medo de mim, e me aproveitei disso enquanto me aproximava das duas. – Puta merda, Samantha. Ela ta vindo quebrar minha cara! – se desesperou soltando a cintura de Sam e me olhou, eu já estava a um passo das duas.

– pode me dar a honra? – perguntei à Meg indicando Sam, que me olhava com a sobrancelha arqueada.

– fica a vontade, vou beber mais. – ela falou basicamente correndo dali, e ri enquanto aproximava meu corpo de Sam e olhava seus olhos já com as pálpebras baixa, o cheiro de álcool exalava junto com seu cheiro hipnotizante.

– vai dançar comigo? – sorri de canto, e Sam deu de ombros enquanto virava as costas para mim e colava seu corpo no meu, e se eu tivesse um coração ele havia parado agora enquanto ela rebolava a bunda contra meu quadril.

– isso não anula o fato de que eu to muito puta com você! – sussurrou me olhando por cima do ombro, para depois virar-se para mim, jogando os braços em volta de meu pescoço e chegando os lábios muito próximos do meu, envolvi os braços em sua cintura e juntei nossos corpos em um baque, fazendo-a gemer baixinho, meu corpo pareceu entrar em ebulição naquele momento e tudo que queria era os seus lábios e seu corpo nu colados ao meu.

Antes que eu pudesse beijá-la, ela empurrou meus ombros e se afastou, rebolando aquele quadril maravilhoso enquanto andava para longe de mim, continuei observando-a durante toda a festa, as vezes próxima aos meus irmãos, e as vezes cuidando para que ela não se metesse em brigas ou fosse drogada outra vez, e agradeci a tudo que era mais sagrado todas as vezes que ela deu um fora em qualquer garota que se aproximava dela, o que ajudava muito em meu ego e principalmente em eu me manter afastada de brigas, faltava um milímetro para eu quebrar a cara de Sophie, mas eu não me rebaixaria àquele nível.

Sabia que era hora de eu me aproximar quando Sophie, Stella e Meghan se reuniam em volta dela, Samantha estava escorada em Meghan, e Sophie e Stella competiam para ver quem conseguiria levá-la para casa, quanto a Stella eu sabia que não faria nada para obrigar Sam a fazer o que não queria, mas Sophie não era o exemplo de caráter em quesito de garotas, e ainda ficava angustiada como tantas pessoas a exaltavam, sendo que ela era uma babaca.

Sam balançava a cabeça e negava, se mantendo pendurada no pescoço de Meghan. Me aproximei, eu as intimidava, mesmo que não quisesse isso. Sophie e Stella se calaram e encolheram brevemente os ombros quando eu cheguei perto.

– eu posso levá-la, Meghan. – comentei, e nenhuma das duas se atreveu a falar nada quando as encarei, não precisou de mais de um segundo dos meus olhos sobre cada uma delas para que desistissem de qualquer frase que pretendiam.

– não sei se é uma boa ideia... – comentou olhando para Sam – o que acha? – sussurrou para ela, que emitiu um “uhum” enquanto balançava a cabeça afirmativamente. – certo, você vai com a Alice, então.

Tratei de direcionar minhas visões para cada alternativa que tínhamos, os pais de Sam ainda estavam acordados, e não podiam vê-la naquela condição ou com certeza ela estava bem encrencada. A única alternativa que restava era minha casa, Carlisle e Esme estavam caçando hoje a noite, e meus irmãos haviam acabado de sair com o mesmo objetivo, provavelmente retornariam quando o sol estivesse nascendo, isso dava tempo suficiente para que eu cuidasse de Sam e a levasse para casa antes que seus pais acordassem no dia seguinte. Os pais de Sam tinham uma preocupação genuína e admirável com ela, e era bonito de ser ver... se ao menos eles soubessem que a filha é um ímã de assassinos sanguinários, a trancariam em um calabouço.

– certo, vamos ao meu carro. – comentei enquanto auxiliava Meghan com Samantha, que logo enlaçou meu pescoço e respirou profundamente ali.

– eu to com muita raiva, mas você tem o melhor cheiro e o melhor abraço do mundo... – Sam sussurrou com a voz embolada, e queria poder responder que o cheiro dela era mil vezes melhor que o meu e do que qualquer ser existente na Terra, mas apenas sorri – e outras coisas também – ela soluçou – mas não posso falar agora. – sussurrou enquanto ria baixinho e afundava o rosto na curva do meu pescoço.

A acomodei no banco do passageiro, e me virei para falar com Meghan.

– ela vai estar em casa antes do nascer do sol, em segurança. – sorri, utilizando todo o poder que vampiros tinham sobre os humanos para que ela ficasse inconscientemente intimidada demais para relutar, e apenas concordasse.

Dirigi até minha casa, a perfeição e a pratica de tanto tempo dirigindo permitiam que a não houvesse quase nenhum risco enquanto a velocidade máxima era atingida.

– pra onde estamos indo? – Sam perguntou quando acordou da terceira soneca no carro, tudo por conta da bebida.

– pra minha casa, você precisa descansar, e seus pais ainda estão acordados. – comentei enquanto fazia a curva para entrar na estrada que levava até meu lar.

– como sabe? Acho que eles já estão dormindo... eu não posso ficar na sua casa, seus pais vão me ver e... vai ser complicado. – ela tentou argumentar com aquela voz embolada, mas só deixava tudo ainda mais fofo.

– eles estão acordados, pode ter certeza. E não tem ninguém em minha casa. – comentei já vendo as enormes janelas de vidro de onde morava.

Estacionei o carro e dei a volta para abrir a porta para ela, que cambaleou para fora, tropeçando nos próprios pés, e eu a peguei antes que pudesse cair de cara no chão.

– que cavalheira. – Sam riu enquanto se apoiava em mim – acho que bebi demais... não quero fazer isso nunca mais. – soluçou enquanto tentava manter a cabeça reta. – wow! Essa é sua casa?! É linda. – comentou enquanto passávamos pela porta, e foi onde larguei meus sapatos.

A ajudei a chegar no andar de cima, e a levei até meu quarto, retirando minha jaqueta e jogando em qualquer canto, a colocando sentada em uma das poltronas dali enquanto separava uma roupa para que ela vestisse, Sam era mais baixa que eu, e peguei uma camisola que eu tinha, minúscula para mim, mas que serviria perfeitamente nela. E minhas roupas de dormir não tinham nenhum objetivo alem de me deixar confortável, já que “dormir” era uma coisa que desconhecia há décadas.

– você precisa tomar um banho, vem. – eu peguei sua mão e a levei cambaleando até o banheiro do quarto, que era enorme, composto por um Box de vidro com ducha e uma banheira, além de uma bancada gigantesca para a pia e o vaso sem nenhuma utilidade para nós.

Tentei dar privacidade para ela, mas assim que me afastei brevemente e a deixei encostada no Box, ela desequilibrou enquanto tentava tirar o sapato, e antes mesmo que pudesse cair eu já a segurava e auxiliava a tirar aquela roupa. Meu instinto gritava enquanto eu via cada parte de seu corpo ser descoberta, ajudei a tirar aqueles coturnos, e depois dirigi minhas mãos até sua blusa, meu corpo fervilhava enquanto eu puxava aquele tecido de seu corpo, sua pele alva sendo exposta para mim, o sangue corria por suas veias em um ruído chamativo e tentador, e seu cheiro exalava por seus poros descobertos, deixei o tecido no chão e mordi meu próprio lábio segurando cada extinto meu que implorava por tantas coisas que eu estava a beira da insanidade. O sutiã de renda preta me fez questionar até onde eu era capaz de me segurar, sua pele era tão branca que podia enxergar suas veias por sob ela, e me peguei pensando sobre a tonalidade que adquiriria ao ser sugada. Curvei-me para retirar sua saia, as mãos de Samantha sobre meus ombros procurando apoio enquanto o tecido deslizava por suas pernas e ela levantava os pés para que eu a desnudasse.

Nada era dito, e podia ouvir sua respiração entrecortada enquanto meus dedos deslizavam por sua pele, entrelacei meus dedos na meia-calça e levantei os olhos para ela, suas orbes cinzentas estavam em mim enquanto eu descia o tecido por sua coxa, seu cheiro se tornava mais forte conforme suas bochechas se tornavam rubras e todo seu corpo adquiria uma tonalidade vermelha, seu fluxo sanguíneo aumentando e seus vasos sanguíneos dilatando, tornando meu autocontrole ainda mais difícil.

Me abaixei ainda mais enquanto passava a meia-calça por seus pés, minha visão foi praquela calcinha minúscula de renda, e não suportei o peso de meu corpo quando meus joelhos foram ao chão, meu instinto pedia tantas coisas que não conseguia administrar, levantei meus olhos para ela enquanto subia minhas mãos pelas laterais de suas pernas, segurando forte sua cintura. Não controlei meus próprios movimentos e meus lábios quando aproximei minha boca de seu ventre, depositando um beijo ali, tão leve que meus lábios quase não tocaram sua pele, porem Samantha não estava disposta a ajudar em meu equilíbrio quando segurou os cabelos de minha nuca em me pressionou contra sua pele, e deslizei meus lábios até seu baixo ventre, minha boca fazia caminhos sinuosos por aquela área, ora sugando ora deslizando os lábios e língua, chegando perigosamente perto da renda de sua calcinha, e conseguia me controlar o suficiente para não arrancar de vez aquele pano minúsculo e tomá-la para mim, me afastei rapidamente quando sua garganta começou a emitir gemidos que se tornariam mais freqüentes em breve, e seria impossível me controlar e parar.

Tranquei minha respiração, tentando não sentir seu cheiro, seus olhos estavam atentos sobre mim e sua respiração era ofegante, Sam cruzou os braços sob os seios, a timidez tomando conta dela, eu estava sentada no chão a sua frente, segurando o chão sob mim como se ele fosse me impedir de pular nela.

– desculpa... eu... hm... – ela gaguejou, nervosa e tímida. Me levantei rapidamente, e ela recuou um passo, surpresa com a velocidade, sorri para ela e me aproximei, tocando sua mão e descruzando seus braços.

– não tem o que se desculpar, vamos tomar um banho? – sorri de forma leve, tentando deixá-la mais confortável, afinal, ambas tínhamos feito aquilo.

– você vai comigo? – ela fez biquinho, como uma criança mimada, mas bêbada, e tive que rir com aquilo.

– não vou não... – falei enquanto a empurrava delicadamente para debaixo do chuveiro e o ligava, ela tremeu mesmo com a água quente.

– ah não, vem comigo! – Sam bateu o pé enquanto a água caía sobre seus cabelos negros, o olhar sobre mim, eu ri e neguei com a cabeça, mas ela foi mais rápida e eu desatenta quando suas mãos envolveram minha cintura e me puxaram para baixo do chuveiro, nossos corpos se chocaram e a água morna me molhou por completo enquanto ela gargalhava, ela estava brava comigo, mas ali, sob efeito de álcool, Sam era apenas ela, e apenas minha. Estreitei os olhos para ela, de maneira ameaçadora, e ela me deu língua, totalmente alheia à minha expressão. Se dessa maneira eu não a intimidava, talvez conseguisse de outra forma.

Retirei delicadamente suas mãos de minha cintura, e me afastei brevemente, curvando levemente meu corpo para frente enquanto colocava minhas mãos para trás e descia o zíper do vestido, deixando que ele deslizasse por meu corpo sob o olhar atento de Samantha, que ficou boquiaberta quando deixei o mesmo ali e voltei para perto dela, a lingerie branca que eu usava começava a ficar transparente, a renda já era fina, mas com a água se tornava quase um papel.

Estiquei minhas mãos e despejei um pouco de sabonete nas mesmas, levando ao corpo de Samantha, espalhando por seus braços e costas, sua respiração era tão falha que ecoava pelo banheiro.

– você não pode fazer isso comigo... – sussurrou enquanto eu deslizava minhas mãos por sua clavícula, levantei meu olhar para seu rosto, ela era mais baixa que eu de forma que seu rosto ficava da altura de meu pescoço (eu já era baixa, mas Sam era 10 centímetros menor que eu), e dessa forma seus olhos estavam fixos em meu sutiã, ou o que ele havia virado por conta da transparência causada pela água, a vi lamber os lábios e juntei ainda mais nossos corpos.

– o que exatamente eu fiz? – questionei com a sobrancelha arqueada enquanto segurava seu queixo em minhas mãos e levantava seu rosto para mim, suas pupilas estavam dilatadas, e seu corpo parecia ainda mais quente.

– me tentar dessa forma... eu quero você... muito – sua mão subiu por minha cintura, e envolveu meu seio em uma surpresa agradável e tentadora demais, fechei os olhos, surpresa, não segurando o gemido que escapou de meus lábios. – e você também me quer. – as pontas de seus dedos circularam por sobre a renda o bico de meu seio, e meu corpo tremeu, alavancando para frente enquanto eu cravava as unhas em suas costas.

– Sam... – gemi, tentando alertá-la, mas o resultado foi o contrário, já que ela apertou os dedos envolta de meu mamilo, e eu a empurrei contra a parede, segurando suas mãos e as colocando contra sua cabeça. – eu quero você, Sam, muito. Mas quero você sóbria, e quero que tenha certeza disso. Mas não me tenta, meu autocontrole também tem limite. – pedi, mas já estava quase impossível com seu corpo molhado roçando no meu.

– vou me controlar... e amanha saiba que eu vou continuar com muita raiva de você, até que me conte a verdade. – ela revirou os olhos, e soltei suas mãos – posso te beijar? – pediu de forma fofa, e não tive outra reação que não fosse enlaçar sua cintura e a beijar lentamente, controlando minhas mãos para que não andassem tanto por seu corpo, e ela mantinha os dedos em meu cabelo, em carinhos suaves.

– vamos terminar esse banho? – sorri separando nossos lábios, e desci os olhos por seu corpo, mas parei ao perceber algo que ainda não havia avistado antes, em sua pele alva, sobre os ossos da costela, havia uma pequena tatuagem, feitas em letras que imitavam as antigas maquinas de escrever com os dizeres “Born Together”  abaixo da mesma havia algo como uma imitação de batimentos cardíacos que viravam uma linha reta ao fim, e abaixo “Die Alone”. Deslizei meus dedos até lá, contornando as palavras, pensativa sobre aqueles dizeres... em uma tradução literal seria como “nascidas juntas” e “morrer sozinha”. – o que é isso? – questionei, e ela abaixou o olhar para o local

– todos nós temos segredos. – ela mordeu o lábio inferior, nervosa. – e por favor, não me pergunte mais sobre isso. Você vai saber, um dia. Mas não se preocupe, isso não coloca sua vida em risco. – levantou as sobrancelhas, cheia de ironia, mostrando que ainda estava brava por tudo que aconteceu e que eu não contei a ela.

– vamos sair dessa água ou você vai resfriar. – beijei levemente seus lábios, decidida a ignorar aquela tatuagem, por enquanto. Provavelmente me corroeria de curiosidade até descobrir algo, mas eu não morreria por isso, nem por nada. Peguei a toalha no armário dali, e enrolei em seu corpo – vista isso. – entreguei a camisola para ela enquanto saía do banheiro quase correndo quando ela abriu o sutiã e começou a retirá-lo.

Enxuguei-me e vesti uma roupa mais apresentável, uma calça preta e uma blusa roxa, logo logo teria que sair para levar Samantha em casa, e não vestiria um pijama mesmo que fosse para enganá-la sobre “dormir”. Ela saiu do banheiro, e quase voei sobre ela tamanha era minha vontade de tomá-la para mim, a seda vermelha delineou perfeitamente seu corpo, indo até o meio de suas coxas onde rendas finas davam o acabamento final, assim como em seu busto, onde o pequeno decote rendado exibia o começo do vale de seus seios medianos e perfeitos.

– está frio aqui... – ela abraçou os próprios braços, tentando se aquecer. Lembrei-me na hora do aquecedor, e como não sentíamos frio ou éramos afetados por temperatura alguma, nunca o usávamos.

– deite e se aqueça, vou ligar o aquecedor. – comentei enquanto saía do quarto e ligava o mesmo, descendo as escadas e pegando um copo de água para levar para ela. Não demorou mais que cinco minutos para que eu retornasse ao quarto, e quando me aproximei da cama a encontrei já dormindo, o álcool finalmente chegando ao seu estagio do relaxamento muscular e sono.

Sam murmurou palavras ininteligíveis, enquanto se remexia na cama como se procurasse por algo, me aproximei da mesma me reclinando levemente sobre ela, suas mãos correram pelo edredom e encontraram as minhas, e ela a segurou, finalmente parando de se revirar nos lençóis. Tentei me afastar, mas houve outro murmúrio, e me sentei ao seu lado, me escorando nos travesseiros da cabeceira da cama, Sam se arrastou ainda dormindo, e passou um dos braços por minha cintura, enquanto repousava a cabeça sobre meu abdômen, e entrou em um sono ainda mais profundo, sua respiração tranqüila e a expressão angelical.

Duas horas depois eu continuava ali, hipnotizada por ela, não fui capaz de me mover ou me afastar, e deixei que ela dormisse tranquilamente. O sol estava perto de nascer, e logo todos chegariam, os pais de Sam já dormiam profundamente e era a hora perfeita para levá-la em casa.

A carreguei até o carro sem dificuldade alguma. Dei partida no porshe e deslizei o mesmo pela estrada quando senti uma de suas mãos deslizar por minha coxa, buscando a minha, e logo entrelacei nossos dedos, e assim fui até que chegássemos em sua casa, onde estacionei razoavelmente distante para que seus pais não desconfiassem caso acordassem, embora soubesse que isso não aconteceria.

Entrei por sua janela sem dificuldade alguma, aquela tranca era um perigo. Tranquei a porta de seu quarto e a acomodei sobre sua cama, Circe aconchegou-se ao seu lado e dormiu, ia me afastar quando sua mão segurou meu pulso, e me virei para olhá-la, seus olhos em fendas.

– fica aqui... – pediu com a voz rouca por conta do sono. – por favor. – não consegui negar com sua voz manhosa e aquela carinha de sono.

Deitei-me ao seu lado, com as costas apoiadas nos travesseiros da cabeceira, ela abraçou meu corpo e repousou a cabeça sobre meu peito.

– me promete que vai ta aqui amanhã quando eu acordar? – ela levantou o rosto para me olhar, ela era perfeita.

– você vai acordar sóbria e muito brava comigo, não acho que vá querer me ver... – sorri de canto, um pouco melancólica com aquilo.

– então seu dever é me acalmar... – ela cobriu a boca para bocejar – e me contar a verdade. – se apoiou em um dos cotovelos para olhar em meus olhos – e ai eu serei totalmente sua. – ela beijou tão rapidamente meus lábios que nem tive tempo de aprofundar aquele beijo. Repousou outra vez a cabeça sobre meu peito e eu deslizei uma das mãos para acariciar seu cabelo – canta pra mim, sua voz é perfeita e tenho certeza que você sabe cantar como um anjo... – pediu manhosa, e eu apenas sorri enquanto começava a cantar baixinho “Can’t take my eyes off you” – falei que você cantava como um anjo.

E logo sua respiração era calma e sua expressão serena, e Samantha dormiu, ela era o verdadeiro anjo ali, e eu era o próprio demônio que matava e bebia sangue. 

Me permiti pensar em como contar para Sam, e o que contar, deveria dizer de uma vez que era uma assassina bebedora de sangue, e vê-la fugir de mim com uma dor excruciante que viria mais cedo ou mais tarde, ou talvez tentasse argumentar com ela sobre minha dieta, mas ela era vegetariana e talvez me odiasse ainda mais. Aquela tarefa parecia impossível...

 

Point of view, Samantha Griffin.

 

Abri os olhos com lentidão, puxando o travesseiro para meu rosto com rapidez quando a claridade queimou meus olhos. O cheiro do pano adentrou meu nariz, e eu rapidamente me lembrei do perfume de Alice... era o cheiro dela. Observei pela fresta do travesseiro, concluindo que já estava em meu quarto, e busquei em minha memória lembranças da noite anterior. Tudo parecia um borrão escuro e embaralhado.

                Lembrava-me de beber demais, de cambalear apoiada em Meghan enquanto Stella e Sophie tentavam me convencer a dormir com uma das duas, e me lembro de braços esguios e frios em volta de mim, os olhos de ouro fixos em mim e o sorriso perfeito dançando nos lábios deliciosos. ALICE! PORRA!

Flashes de eu sendo colocada em seu carro, entrando em sua casa, a água fria em meu corpo enquanto ela me segurava de baixo do chuveiro e dos beijos quentes que trocávamos, assim como minhas mãos em seu corpo e seu pedido para que eu não a tentasse tanto. E por ultimo, lembrava-me de estar deitada ao seu lado, abraçada a ela, sua mão acariciando meus cabelos e sua voz de veludo ecoando em uma melodia suave e perfeita, enquanto eu mergulhava em um sono profundo, ainda bêbada, mas algumas partes eram um borrão escuro e eram essas partes que me apavoravam.

“como vim parar aqui?” me perguntei enquanto tirava o travesseiro do meu rosto, afastando as cobertas para olhar minhas roupas. A camisola vermelha de cetim e renda com certeza não era minha, e o cheiro doce e inebriante de Alice estava impregnado nela, assim como em meus travesseiros e no ar. Com certeza era dela... ela esteve ali? Por que eu estava com a roupa dela?! Será que nós......?

 – PORRA! – praguejei enquanto colocava as mãos em meu rosto, não acredito que eu tinha perdido a virgindade, bêbada e não me lembrava de nada, pelo menos não estava dolorida, e pelo menos era com quem eu gostava, mesmo que eu estivesse muito puta com ela. Me odiei por beber tanto.

– bela palavra para se começar o dia. – a voz suave fez minha coluna arrepiar por inteiro, certo, pelo menos ela tinha sido educada e romântica e esperou o dia seguinte para ir embora. Meu corpo sentou-se involuntariamente para encarar o detentor daquela voz, e ela estava ali, de frente para a janela, os braços cruzados sob os seios e o olhar atento sobre mim.

Passei as mãos pelo cabelo com pressa, tentando ficar mais apresentável, nervosa com aqueles olhos dourados em mim. Alice, como sempre, impecável. A calça preta delineava perfeitamente seu corpo e a camisa roxa de seda davam-lhe um ar sério e maduro.

– a gente... hm... você sabe. – perguntei sem conter meu nervosismo, eu era um misto de emoções e não sabia ao certo como reagir.

– é claro que não! Jamais faria isso sem você estar totalmente sóbria e consciente de suas atitudes. – respondeu parecendo ofendida com minha pergunta, e desviou os olhos para a janela.

– o que você está fazendo aqui? – foi a próxima coisa que escapou de meus lábios, eu ainda estava brava com ela por conta de todos os segredos, mas queria pular nela e a abraçar, porem mantive a pose de brava para ver se ela contaria algo, não seria mais feita de gato e sapato (nunca entendi a lógica desse ditado).

– cuidando de você. – falou em sua dicção perfeita, sem me olhar.

– como eu vim parar aqui? – puxei a coberta para tampar meu corpo quase desnudo com aquela camisola minúscula.

– eu te trouxe ontem, falei para seus pais que você tinha bebido demais e que tinha que cuidar de você. – respondeu normalmente, levantando a sobrancelha para me olhar.

– VOCÊ O QUE?! – gritei, Alice tinha acabado com minha vida.

– estou brincando – riu de canto, desviando o olhar outra vez para encarar o céu nublado lá fora. – te trouxe antes de seus pais acordarem, te levei na minha casa antes porque ainda estavam acordados quando você estava totalmente bêbada, cuidei de você e depois você estava aqui, dormindo. – ainda manteve o olhar longe, como se pensasse em algo complexo demais.

– como você

– atenta o telefone, Stella vai te ligar para saber onde está – ela me interrompeu, e deu um sorriso presunçoso ao fim da frase, e antes  que eu pudesse dizer algo, o celular começa a tocar sobre a mesa de cabeceira.

“Alo?” digo automaticamente, ainda chocada com o fato de Alice acertar.

“Sam? Onde você esta? Esta bem? Vi você saindo com Alice ontem e fiquei preocupada.” Stella disse do outro lado da linha, e vi Alice rir nasalado e revirar os olhos, como se tivesse ouvindo aquela conversa, mas não estava alto o suficiente para isso.

“sim, estou com ela. Estou bem, obrigada pela preocupação.” Respondi, analisando cada reação de Alice em minha frente, seus olhos se voltaram para mim no exato momento que falei que estava com ela, lambendo os lábios em um sorriso convencido, revirei os olhos para ela.

“ah... certo, que bom que está com ela.” Respondeu em uma ironia palpável. “então tchau” e simplesmente desligou na minha cara.

– como sabia que ela ia me ligar? Como me trouxe sem arrombar a casa? – perguntei rápido, totalmente curiosa com tudo.

– intuição... – respondeu vagamente, fugindo de mais um assunto. – e você estava com a chave de casa no seu bolso, de novo.

– como você sabia da ligação, Alice? – questionei outra vez, esperando uma resposta plausível, mas nem eu mesma sabia qual podia ser uma resposta para aquilo.

Ela não me respondeu, e aquilo foi o que faltava para que eu surtasse. Alice nunca me respondia direito, mas me ignorar era demais! Eu estava cansada daquilo, da incerteza, das suas fugas, de esperar por uma atitude que Alice não tinha. Eu queria ser dela, mas parecia que Alice gostava de complicar tudo.

– olha só, eu vou tomar banho, e espero que você já tenha sumido daqui quando eu sair desse banheiro, porque eu sinceramente cansei desses segredos – engoli em seco me levantando da cama e ficando de costas para ela – cansei de você não lutar por mim. – falei dando passos rápidos até o banheiro batendo a porta com força.

                A água morna acalmou meus nervos agitados, enquanto lutava contra as lagrimas que escorriam por meu rosto, “eu havia expulsado Alice?!” Não lavei os cabelos, pois ainda estavam cheirosos e levemente úmidos, provavelmente pelo banho da madrugada , escovei os dentes, retirando o gosto horrível de álcool em minha garganta e me envolvi na toalha antes de sair do banheiro.

                Meus ossos congelaram ao ver Alice ainda ali, como uma estatua de mármore puro, na mesma posição em que estava antes. Tentei disfarçar, assumindo uma postura séria e alheia a ela enquanto ia até a cômoda.

– eu falei para você ir embora. – soltei enquanto mexia nas gavetas, tentando ser firme nas palavras.

– não vou te deixar sozinha. – a olhei através do espelho, seus olhos queimavam sobre mim.

– oras, por que não? Já fez isso tantas vezes. – respondi com sarcasmo, enquanto passava o hidratante por meu corpo, deslizando a mão por meu pescoço, seus olhos acompanhando cada movimento meu, e encontraram os meus em uma angustia palpável, e desviei os meus rapidamente.

– Samantha, eu sinto muito – Alice se calou instantaneamente quando desfiz o nó da toalha, deixando que o pano caísse no chão, a observei pelo espelho, sua boca aberta e a expressão perplexa – você poderia se trocar no banheiro?! – pediu piscando repetidamente.

– eu avisei para sair daqui. – dei de ombros enquanto vestia uma cueca boxer e uma blusa de alças finas, o aquecedor estava divino naquele dia, e eu passaria o dia inteiro em baixo das cobertas.

– e seu eu não sair? – perguntou próxima ao meu ouvido, sem eu ao menos perceber que ela havia chegado tão perto, meu corpo arrepiado com a sua proximidade.

– ai você vai ser obrigada a me ver vestida assim. – apontei para meu corpo – e realmente só ver, por que eu to muito puta com você! – joguei as palavras em cima dela, fechando a gaveta com raiva e desviando dela para me jogar na cama, mas antes que isso acontecesse, sua mão envolveu meu pulso com rapidez e a puxou para si, meu corpo se chocou com o dela, nossos lábios próximos em uma provocação silenciosa, só era possível ouvir minha respiração ofegante.

Seus lábios tomaram os meus, e eu não resisti ao seu gosto doce e viciante, aprofundando imediatamente aquele beijo, colocando minhas mãos em sua nuca e a puxando mais para mim, ela envolveu minha cintura enquanto sua língua deslizava sobre a minha de maneira feroz. Alice apertou minha bunda e me impulsionou para cima, me fazendo enrolar as pernas em sua cintura, ela me suspendeu no ar e logo a senti me colocar sobre a cama, afastando os travesseiros com a mão enquanto me acomodava no centro do colchão. Tive que puxar seus cabelos para que ela se afastasse de minha boca, meus pulmões já ardiam em busca de ar, seus olhos se fixaram nos meus, estavam em um dourado escuro, as pupilas dilatadas denunciavam todo seu desejo. A puxei novamente para outro beijo, ainda mais necessitado e lascivo que o anterior, seus lábios gelados deixavam tudo ainda mais excitante, o contraste de seu corpo frio com a calidez do meu pareciam dilatar cada poro meu e tornar tudo ainda mais sensível. Eu a queria, muito!

Comecei a desfazer os botões de sua blusa social, e deslizei minhas mãos por dentro da mesma, sentindo suas curvas perfeitas, deslizei minhas unhas por suas costas, e a ouvi gemer contra meus lábios, e aquele era o som mais delicioso do mundo. Apertei minhas pernas em volta de sua cintura, e a girei na cama, ficando por cima de seu corpo, sorri lasciva olhando sua expressão em um misto de surpresa e malícia, e desci o olhar por seu busto, afastando a camisa de seda para olhá-la melhor, a cintura fina e os seios medianos perfeitamente emoldurados no sutiã preto. Ela me puxou para outro beijo sedento, mas abandonei seus lábios para descer minha boca por seu pescoço, beijando e mordendo ali, arrancando mais gemidos dela, deixei que minha língua deslizasse ate o vale de seus seios, e meus lábios beijassem a parte exposta daqueles seios perfeitos, levei minha mão para o fecho do mesmo, mas as posições foram rapidamente invertidas, e Alice estava por cima outra vez.

Nem tive tempo de pensar antes de senti-la beijando meu pescoço com uma perfeição impossível de resistir, eu me contorcia sob seu corpo, buscando mais e mais contato, senti suas mãos subirem por minha cintura e levarem minha blusa ate meus seios. Suas mãos frias deslizavam por meu corpo me causando arrepios instantâneos, apertando minha pele algumas vezes durante o percurso, senti seus dentes deslizarem por minha pele, enquanto suas mãos me firmavam contra ela, gemi quando ela mordeu levemente a área, e no instante seguinte não entendi mais nada, e me sentei na cama para olhá-la.

Alice estava colada na parede, com as mãos cravadas na mesma como se buscasse se segurar, os olhos estavam escuros como a noite e me olhavam em puro desespero, ela parecia em pânico, e eu mais ainda, me levantei e fui até ela.

– o que foi isso? como veio parar aqui tão rápido?! – questionei tocando seu rosto, mas ela desviou e se afastou de mim enquanto abotoava a camisa e andava de um lado para o outro em pânico. – ALICE?! – gritei para chamar sua atenção, o que funcionou já que ela finalmente parou e olhou para mim.

– está vendo? É por isso que não podemos ficar tão próximas e tão sozinhas! Eu não sei o quanto consigo me controlar perto de você! Algumas vezes isso parece impossível! – sua expressão exibia uma dor excruciante e um desespero tangível, e só queria conseguir entender tudo aquilo. 

– me fala o que ta acontecendo? O que você tanto esconde? – questionei já perdendo a paciência.

– você nunca percebeu, Samantha?! Nunca percebeu como sou estranha?! Como somos estranhos?! – foi a vez dela me questionar, e parecia se referir a toda sua família agora, me mantive calada tentando absorver aquilo – como eu nunca me alimento, ou como sou sempre fria, nunca saio no sol, sou rápida, e como você viu naquele dia, forte também... sim, Sam, cada parte daquele dia foi real, tudo foi real. A briga, eu atravessando a parede, jogando Adrien da janela... e ele quase matando você. – a ultima frase saiu com tanta dificuldade que sabia que ainda doía nela falar aquilo, e eu ainda tentava processar o que ela estava querendo dizer, se antes eu queria a verdade, agora parecia ainda mais distante de entender.  – o que você acha que eu sou, Samantha?! – seus olhos negros fitaram os meus, desesperados e melancólicos.

Mantive-me em silencio no que pareceram horas, mas tudo não passavam de segundos torturosos enquanto tentava pensar em algo, alguma hipótese plausível para aquelas coisas.

– ah meu Deus! – exclamei surpresa no que parecia ser a coisa mais racional naquele momento – fizeram algo com você? O governo? O exercito te usou para experiências genéticas?! – questionei desesperada, aquilo era a coisa mais provável a meu ver, mas pelo visto eu estava sendo ridícula já que Alice me olhava totalmente desentendida e decepcionada; para mim Stranger Things fazia mais sentido que The Umbrella Academy.

– por deuses, Samantha! Pessoas que são vitimas disso ficam deformadas ou sei lá, se é que isso existe mesmo. – ela balançou a cabeça incrédula. – vai ser mais difícil do que eu pensava... – sussurrou passando a mão pelos cabelos curtos.

– me fala a verdade! – quase gritei, apavorada.

– eu to tentando, Samantha! – devolveu em mesmo tom, a expressão ainda transmitia desespero e dor.

– você é da Terra? – perguntei já me sentindo idiota,  Superman era um alienígena, né? Recebi outro olhar incrédulo dela, os cenhos franzidos e a boca levemente aberta, e Alice voltou a andar de um lado para o outro no quarto, sibilando coisas para si mesma. – eu não sei, Alice! Sei que humana não é! – desandei a falar, atropelando as palavras – Sei lá, uma mutação genética, uma superheroína por causa de radiotividade, uma...

– VAMPIRA! – ela gritou mais alto que eu, parando em minha frente, os olhos negros em mim, a palavra parecia totalmente sem sentido no meu cérebro, que dava loopings dentro de minha caixa craniana enquanto eu me mantinha estática – um demônio bebedor de sangue! É isso que sou! Uma vampira!  


Notas Finais


e foi isso, ja ja vem capitulo novo repleto de mais descobertas...
E essa tatuagem heim, e sera que a Sam vai acreditar nessa historia de Vampira?
ja ja respondo os comentarios anteriores
comentem muitooo, amo vcs, até mais...


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