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História Hurricane - Simples de Coração


Escrita por: LoboDaEstepe

Notas do Autor


Oláaaa, eu estive muito ocupada, pessoal. Desculpa, mesmo!
Decidi dividir o final em duas partes pq ia ficar muito grande
Tem música nas notas finais e seria importantíssimo se vocês ouvissem!
Boa leitura! :DDD

Capítulo 25 - Simples de Coração


Fanfic / Fanfiction Hurricane - Simples de Coração

Fim de jogo. Sem prorrogações, sem penalidades. Pude ver o sorriso de cada torcedor ao meu lado antes que o senhor alegretense me abraçasse e beijasse o topo de minha cabeça. Como se eu fosse o motivo de tudo aquilo ter acontecido, deixo que meus olhos fiquem marejados, transbordem. Não sei se estou feliz ou triste, porque paralelo ao meu sentimento, o momento também não parece real. Por que aquele tanto de coisas havia acontecido comigo? Por que essa é a minha vida e não a vida de Cathy, por exemplo? Por que eu sou eu e não ela? Tudo sempre soa como um labirinto composto por peças de dominó, como se com um mínimo ato, tudo desabasse. Caso isso já tenha acontecido comigo, estou certa de que cada pecinha migrou de um plano imaginário e agora uma parede desaba em meu estômago.

Estou a ponto de sentar-me na arquibancada e começar a chorar em posição fetal até que minha mãe apareça, acenda a luz e diga que tudo já está bem, que não passou de um pesadelo. Talvez tenha sido isso, quando eu acordei aos prantos, no meio da noite fria europeia, anos antes. Por algum motivo, eu nunca lembrei o que havia sonhado, sequer uma cena. Minha mãe também não estava lá, pra variar. Mats estava, rindo da minha cara assustada, falando que eu parecia uma garotinha. Não consigo entender o fato de que eu preciso dele por perto o tempo inteiro, não devia ser assim. Afinal, o amor é respirar?

Levanto a cabeça na hora em que uma brisa fria balança meus cabelos e me faz enxergar o que está acontecendo lá embaixo.

- Boa tarde. - Mats fala em português. - I want to ask you something - dirige-se a um segurança que estava na linha de meu acento - Can you understand? - pergunta após o homem sussurrar um "não falo inglês". - That girl! - aponta. - Her name is Iris. ÍRIS! Í-R-I-S! That. Yeah. - o segurança finalmente entende o que ele queria. Eu não.

A essa altura a torcida inteira estava olhando-me intrigada, os telões alternavam a imagem entre Hummels e eu.

- O que você quer? - não sei como reagir, então apenas questiono.

- YOU! - responde, o microfone fazendo sua voz ecoar dentro do estádio.

Começo a descer as escadas, acompanhada pelo segurança e mais alguns olhares curiosos dos torcedores. Sempre tive problemas quanto a minha autoestima, evitei encarar o telão enquanto caminhava, pelo medo de cair e pela certeza de que meu rosto estava prestes a se tornar algo parecido com um tomate.

- Essa garota! - Mats fala em inglês. É certo que as pessoas assistindo o jogo na TV não conseguiam entender direito o que estava acontecendo. Talvez a tradução pobre de um narrador também confuso. Contudo, os torcedores dentro do estádio - brasileiros, argentinos e alemães - eram todos cidadãos de classe média, com noção o bastante da língua inglesa para traduzir o que estava sendo dito.

- Essa garota. - repete, em português. - Essa guria. - a esta altura já estou frente a frente com ele, no centro do gramado.

- Mats... - tento falar, mas sou repreendida por um barulho enorme da torcida, antes concentrada e quieta. Definitivamente, naquele momento eu entendi o que as arquibancadas representam para um time.

- Essa garota é a garota mais legal que eu já conheci. - me encara - E é estranho porque às vezes eu tenho a impressão de que a conheço há mais de cem anos, mas às vezes parece que eu nem sei quem ela é. - sorrio. A torcida permanece em silêncio. - Isso, meus amigos, é uma coisa fantástica.

Ao fundo, ouço alguns acordes começarem a tocar.

Volta pra casa
Me traz na bagagem
Tua viagem sou eu

Novas paisagens
Destino, passagem
Tua tatuagem sou eu



- Você sabe que é amor quando desperdiça uma chance e a vida te dá outra. - meu rosto está cada vez mais quente e só percebo as lágrimas quando Mats leva sua mão até meu rosto e as limpa. - Você me fez acreditar em muitas coisas, Íris. Só não me fez acreditar em papai noel porque todos sabemos o quanto feriados como esse são a pior face do capitalismo. - prossegue, o tom descontraído.

Casa vazia, luzes acesas
Só pra dar a impressão
Cores e vozes, conversas animadas
É só a televisão


- Eu sei que errei, e acho que você se sente da mesma forma. Me desculpe pelas coisas que fiz. Desculpe por todas as coisas que ainda vou fazer, apenas não sei lidar... - ele ri por dois segundos e vejo seus olhos marejados - Eu não sei o que fiz pra merecer você, e ao mesmo tempo penso que a distância foi o preço que pagamos porque ninguém é feliz o tempo inteiro.

Já perdemos muito tempo
Brincando de perfeição
Esquecemos o que somos:
Simples de coração


- Existe um milhão de outras coisas que eu poderia falar aqui, mas eu não quero que ninguém saiba. - Mats não tira o olhar de mim em nenhum momento - É sobre como você não mostra os dentes quando ri, e como isso soou intimidador até o momento em que eu te conheci de verdade e descobri que você é a pessoa mais engraçada do mundo! É sobre como você deixa subentendido num olhar o quão equivocado eu fui em algum momento... - fecha os olhos por um segundo e vejo uma lágrima escorrer assim que se abrem - É sobre como você sempre vai fazer falta. Você! Não adianta deixar nenhum dos seus cds comigo. Não adiantou quando nós ficamos tanto tempo distantes... Era a sua ausência, tudo o que eu senti continuava lá, e a cada novo instante, a cada novo jogo, as minhas prioridades foram se tornando outras, e você foi se isolando cada vez mais... Mas isso não quer dizer, de forma alguma, que tenha te esquecido! Eu poderia esquecer todas as outras coisas... Eu faria questão de esquecer todas as outras coisas só pra lembrar de cada momento nosso.

              Volta voando

Vinda do alto

Derrete o chumbo do céu

Antes que eu saia pela tangente

No giro do carrossel.

Nesse momento o estádio ficou mais silencioso que nunca. A música seguiu tocando e cada palavra parecia fazer o sentido que toda a vida insisti em procurar. Mais da metade do mundo estava me assistindo agora, esperando uma resposta. Dez segundos foram suficientes para que eu pensasse em tudo que eu não parei pra pensar que vivi.

Na infância, os finais de semana no inverno da serra gaúcha, torcendo para que os adultos se distraíssem um instante e nós pudéssemos finalmente saber a graça de um gole de vinho. "eca!", foi a minha primeira reação. Infelizmente, a primeira bebida alcoólica da minha vida fora um vinho branco que estava aberto há dias, de uma safra terrivelmente recente e uma adega de qualidade incrivelmente baixa.

Na adolescência, o frio de Dortmund. Sozinha, dentro de meus próprios pensamentos, me autodeclarando um lobo da estepe que substituiu Mozart por Pink Floyd. Afinal, os tempos mudam. Mats batendo à porta, dizendo as horas, me levando ao show do pior cover dos Scorpions, deitado no sofá de couro da enorme e sempre bagunçada sala de estar, dizendo que teria de ir para Munique...

Então, a pior fase: Início da vida adulta. Tentando sobreviver com migalhas, sequer um dia sem pensar nesses momentos, assistindo o dia amanhecer sozinha e me envolvendo em mais relacionamentos frustrados que o comum para minha idade.

- Me perdoa, Íris?

Falta uma volta
Ponteiros parados
Tudo dança em torno de ti

Volta voando
Fim da viagem
Bem vinda à vida real


- Aham. - sussurro ao microfone. Mesmo que eu não houvesse perdoado, eu ainda o diria, por não saber ao certo o quanto o momento estava me influenciando.

- Eu já sabia! - responde antes de me abraçar e entregar-me sua medalha. A esta altura, toda a arquibancada estava encarando o telão, a maioria, emocionada. Queria que eles pudessem estar com eu estava, para justificar ao menos metade de suas lágrimas.

Já perdemos muito tempo
Brincando de perfeição
Agora é bola pra frente
Agora é bola no chão


Moça, você não é obrigada a abrir mão dos seus sonhos por alguém. A gente sempre coloca quem mais ama em primeiro lugar. Algumas vezes, você é tudo o que tem e isso te basta! Mas para outros de nós, existe uma voz clamando uma independência que só vem quando alguém chega com a dose certa de uma droga que todos vamos provar. É isso que nos torna livres o suficiente para se entregar a quem faz falta quando vai embora.

Já brincamos muito tempo
Até perder a direção
Na santa paz de Deus
No mais perfeito caos


Notas Finais


https://www.youtube.com/watch?v=eimNo9v8eik
ansiosos pra saber o final da história? Falta só um!
Gente, muito obrigada por tudo! Depois de Último Romance (https://spiritfanfics.com/historia/fanfiction-anne-hathaway-ultimo-romance-6134692), eu vou dar um tempo em histórias com categorias, uma porquê desde o meu cadastro no site, meus gostos mudaram e atualmente as séries/filmes/bandas que eu curto não têm categoria e não têm público. Outra porque me falta a criatividade que eu tinha na época de Hurricane e Meu Amigo Mário, por exemplo. Porém, vocês ainda me verão - e espero que me acompanhem - nas originais!
Então, é isso! Leitoras fantasmas, eu as invoco!
Nos vemos abaixo, hehe


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