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História I After You - 02


Escrita por: Yeul

Notas do Autor


Conseguindo manter isso, que alegria ;;
Tão fofa, socorro~

Capítulo 3 - 02


Fanfic / Fanfiction I After You - 02

Only photographs remind us of the passing of days

 

*

 

JiHoon nada disse, apenas se afastou quando achou que já era o suficiente para seu coração. Soltou o Boo aos pouquinhos de cabeça baixa, prendendo sua respiração na esperança de acabar com suas lágrimas terríveis, e sentiu as mãos do mais alto segurarem seu ombro gentilmente, como se ainda perguntasse se ele precisava de mais conforto.

 Obviamente ele precisava, mas não diria, guardaria para si junto de seu orgulho e medo idiotas.

 “Hyung, está bem?”, saiu dos lábios finos do mais alto, e o Lee nada disse, apenas deu alguns passinhos para trás, sem saber o que deveria dizer.

 “Sim”, foi o que saiu de sua boca, e ele a comprimiu assim que percebeu o quão terrível estava sua voz. Estava rouco e desafinado, o que deveria ser horrível de se ouvir.

 SeungKwan deu um passo incerto para a frente, e viu o baixinho recuar até bater as pernas na cama, sem se quer erguer o olhar do chão. Ele não parecia querer contato, mas o mais velho não poderia apenas deixá-lo daquela forma.

 JiHoon parecia tão frágil, tão fraquinho e desesperado, que parecia que um passo mais pesado que ele desse pudesse derrubá-lo facilmente. Pensou seriamente no que poderia fazer, e seus olhos desviaram para a cama, onde o celular estava ainda ligado, mostrando a galeria ainda aberta.

 Alguns segundos de silêncio, e o Boo resolveu que deveria parar de forçar algo a sair do mais velho. Talvez JiHoon fosse do tipo que dissesse com o tempo, ou talvez nunca dissesse, quem sabe? Mas ele não poderia julgar, visto que nem amigo ele era. Era apenas um curioso.

 “A janta está pronta, tá? Se quiser pode ir lá, eu vou pro meu quarto”, disse tentando ser o mais gentil possível, e o Lee apenas balançou a cabeça afirmativamente.

 O mais novo saiu em passos lentos e apenas encostou a porta, para o alívio de JiHoon, que se jogou sobre sua cama, soltando um suspiro alto e sentindo seu corpo finalmente relaxar. Aquele abraço lhe fez bem, esclareceu um pouco a sua mente e aliviou um pouco de sua dor.

 Como poderia um ato tão simples como aquele lhe passar tanta coisa?

 Deveria estar mais frágil do que pensava.

 Levou suas mãos até seu coração, sentindo-o manter o ritmo pesado e sombrio de sempre, mas agora com uma melodia fraca de fundo que talvez lhe anunciasse mudanças.

 

*

 

                O dia seguinte surgiu como um novo começo, por algum motivo. JiHoon acordou péssimo, pior do que nos outros dias, mas ainda assim se sentia levemente melhor. Fora direto para o banheiro com suas roupas preferidas em mãos – que se resumiam a um suéter grande e largo de tom rubro, que escondiam seu corpo magro, e um short curto de tom negro. Tomou um banho demoradamente quente, e olhou seu reflexo embaçado no espelho.

 Soltou um suspiro com sua aparência horrível. Seus olhos mantinham-se inchados e vermelhos, junto de olheiras escuras, e sua pele pálida que apenas ajudava a reforçar tudo de ruim que estava passando. Passou as mãos por seu cabelo, tentando ajeitá-lo de uma forma aceitável, e vestiu suas roupas devagar.

 Rumou para a cozinha, encontrando a janta ainda ali, intocada, e soltou outro suspiro. Provavelmente o Boo esperava que ele tivesse comido, e nem isso o Lee fizera. Seu estômago clamou por aquela refeição, mesmo que aquela hora do dia não fosse propícia para isso, e sem querer fazer desfeita, ele comeu.

 Conseguiu lavar a louça e guardar as sobras na geladeira, antes de sair com certa pressa para a faculdade, sabendo que por mais ruim que estivesse, ele ainda tinha uma carreira para seguir, e se quisesse agradar seus pais, tinha de passar com louvor em tudo. Não poderia se dar ao luxo de reprovar em alguma matéria.

 Para sua sorte, aquela hora do dia estava vazio o ônibus, o que fora uma das suas poucas felicidades em entrar levemente mais tarde na faculdade. Colocou seus fones de ouvido e buscou por músicas mais leves e que melhorassem seu humor, o que resultou em uma playlist apenas de girl bands fofas, e ele tentou não pensar em suas letras para não desanimar.

 Chegou para a faculdade e tentou se motivar para assistir as aulas, e conseguiu manter-se concentrado por longas horas, até o cansaço começar a bater sobre seu corpo no intervalo entre uma aula e outra. Sentiu-se tonto de sono, e soube que não conseguiria se aguentar se continuasse daquele jeito.

 Pediu licença e se retirou da sala com seu material. Perdeu a conta de quantas vezes bocejou até chegar ao banheiro, e apoiou suas mãos na pia, encarando a mesma antes de apertar o botão da torneira, e deixou a água escorrer por algum tempo. Sua mente estava nublada, e ele não conseguia pensar no que estava fazendo. Seus olhos se fecharam pesados, e só não dormiu ali pela súbita entrada de alguém, que o fez acordar e molhar seu rosto.

 Respirou pesadamente, tentando se recompor, deu um leve tapa em sua bochecha, e soube que não seria o suficiente. Talvez fosse melhor voltar para sua casa ao invés de tentar estudar.

 Aquele pensamento fez com que se xingasse mentalmente, e se afastou da pia irritado. Estava desistindo tão fácil, deveria se esforçar mais se quisesse ser alguma coisa em sua vida.

 Forçou-se a ficar acordado com pequenos beliscões, e mesmo assim ainda dormiu nos minutos finais da aula, fazendo-o acordar tarde e atônito, perdido no tempo. Levantou-se ao perceber que era o único ali, e sentiu suas bochechas corarem de vergonha. Continuava sendo extremamente patético, mesmo quando não queria e se esforçava para não ser.

 

*

 

                Chegou em sua casa mais tarde que o normal, e assim que deu seu primeiro passo para dentro, ouviu algumas risadas. Seus olhos se voltaram para a cozinha, onde a voz estridente do Boo se fazia presente, junto de uma mais suave e baixa, que JiHoon supôs que fosse de algum amigo do mesmo, e resolveu ir para seu quarto.

 Trocou suas roupas rapidamente, e sentiu seu estômago reclamar de fome. Suas bochechas coraram, e sentiu que precisava comer algo. Abriu a porta timidamente, e seguiu devagar para a cozinha, e colocou apenas sua cabeça para dentro, vendo apenas as costas de SeungKwan, o que o aliviou.

 Adentrou em mesma velocidade, e o mais novo se virou surpreso, abrindo um sorriso logo em seguida.

 “Hyung! Já voltou? Como foi a aula hoje?”, perguntou atencioso, tentando mostrar seu interesse na vida do mais velho. JiHoon piscou algumas vezes estático, seu cérebro lento devido ao sono, e assentiu, antes de se dirigir para a panela de arroz com um prato em mãos.

 “Boa”, respondeu simples, já que ele mal havia assistido elas direito. SeungKwan manteve o sorriso, até seu amigo voltar.

 “Kwanie, acho que acabou sabonete no seu banheiro”, comentou o rapaz recém chegado, e ele parou ao ver o pequeno de cabelos escuros quase na ponta dos pés para pegar misturas das panelas. “Oh, esse é seu colega de quarto?”, perguntou curioso, apontando com o indicador para ele.

 O Lee se virou na hora, e sua boca se abriu em surpresa ao reconhecer aquele rosto.

 O mesmo rapaz que havia visto na papelaria no dia anterior, e só de lembrar-se do que sentiu apenas em vê-lo com o namorado fez seu estômago embrulhar e ele se sentir inútil novamente. Mas mesmo assim assentiu, tentando manter-se neutro e educado.

 “Eu sou JeongHan”, apresentou-se com um sorriso doce nos lábios, aproximando-se e estendendo o braço para ele. JiHoon olhou sua mão branca, e deixou o prato que segurava sobre o fogão, para apertar a mão alheia.

 “JiHoon”, respondeu formalmente, fazendo uma leve reverência e soltando a mão alheia.

 JeongHan analisou-o por alguns segundos de cenho franzido, e o Lee temeu ser reconhecido e que o mesmo tivesse a impressão errada dele, mas ao invés disso ele apenas alargou o sorriso e se aproximou do Boo, abraçando-o com carinho pelo pescoço.

 “Espero que essa criança mimada não lhe dê muito trabalho”, disse o mais alto dali, apertando a bochecha do mais novo com a mão livre, e o baixinho apenas assentiu, voltando sua atenção para o seu prato.

 “Aigoo hyung! Eu não dou trabalho! Não é, JiHoon hyung?”, perguntou SeungKwan levemente ofendido, mas ainda assim retribuindo o abraço com um sorriso.

 O Lee parou onde estava, lembrando-se do dia anterior, e pressionou seus lábios, um contra o outro com força, antes de assentir timidamente, ouvindo a risada do mais alto dali ecoar.

 “Ele hesitou, você andou aprontando já Boo?”, questionou JeongHan dando-lhe um leve tapa no ombro antes de se afastar.

 “Aish, eu só–”, o mais novo fez um bico, cruzando os braços e se calando antes que pudesse deixar algo escapar de sua boca. “Esqueça”, murmurou bufando, sentando-se na cadeira levemente irritadiço.

 JiHoon fingiu não ouvir e sentou-se também, e o Yoon se apoiou na bancada, abrindo as panelas curioso, embora não estivesse com fome alguma. Ele cantarolava baixinho enquanto o baixinho comia e o Boo olhava nervosamente dele para o Lee, esperando não ter dito nada que pudesse incomodá-lo. JeongHan bufou entediado após alguns minutos, e cruzou os braços.

 “Aigoo, que clima horrível, vamos mudar a conversa”, anunciou o mais velho, desencostando-se da bancada e levando suas mãos para os ombros do mais baixo dentre eles.

 Primeiramente o baixinho se assustou, retesando seu corpo, porém logo relaxou ao sentir a leve massagem que o mais velho fazia – mesmo que aquela intimidade o incomodasse um pouco, já que nem o conhecia – mas sentia que o mesmo tinha apenas boas intenções.

 “Hyung, você vai mesmo pra festa sem me levar?”, começou o Boo pondo os cotovelos na mesa e lançando um olhar desafiador para o mais alto.

 “Bebê, você sabe que menores de idade não podem”, respondeu o Yoon em um tom suave, em provocação, abrindo um sorriso travesso nos lábios e soltando os ombros de JiHoon para apertar novamente a bochecha farta do outro. “Se pudesse não seria balada, seria festa infantil”, completou, vendo o mais novo bufar e revirar os olhos, afastando-se dele ofendido.

 O Lee apenas ouvia a conversa e continuava a comer, desejando terminar o mais rápido possível para que pudesse fugir daquela conversa, sem sucesso algum. Logo JeongHan se lembrou dele e continuou sua massagem estranha, quase como se estivesse tentando mimá-lo.

 “Mas JiHoonie pode ir, por que não?”, chamou o Yoon, balançando seus ombros levemente como se fosse uma criança, e o baixinho estremeceu com a forma como ele chamou seu nome.

 JiHoonie era uma dar formas preferidas que ele usava, e só de pensar nisso ele mordeu seu lábio inferior, balançando sua cabeça em negação.

 “Oh, Han hyung, acho que o JiHoon hyung não gosta desse tipo de coisa”, alertou o Boo, gesticulando para ele, e vendo o Lee assentir, tímido, parecendo encolher onde estava.

 “Como? Todos adoram uma festa! Não seja desses JiHoonie, vai ser divertido!”, JeongHan falou tentando soar animado, deslizando suas mãos delicadas para os pulsos finos do menor, balançando-os com uma intimidade estranha, porém que o Lee aceitava.

 Só não aceitava aquele ‘ie’ ao final de seu nome, pois sempre que ele pronunciava, era outra voz que surgia em sua mente. Deixou-se ser movido, esperando ficar neutro o suficiente para que o Yoon se enjoasse dele e o deixasse em paz, o que não aconteceu.

 “Han hyung por favor!”, pediu  SeungKwan desesperado, esperando que JiHoon não ficasse irritado ou algo do tipo – não queria presenciar o mesmo do dia anterior.

 “Vamos, vamos! Vai ter bebidas, pessoas, quem sabe alguns caras legais?”, arriscou o Yoon, balançando as mãos alheias e depois subindo sua mão para a bochecha do outro, beliscando rapidamente.

 Para a surpresa do Boo, JiHoon riu do mais velho, e afastou seu pulso em seguida.

 “Oh, o menino sabe rir? Acho que estou avançando, não é mesmo Boonie?”, questionou com as mãos na cintura, e SeungKwan apenas riu nervosamente, sem saber o que dizer. “Isso quer dizer um sim JiHoonie?

 O Lee sentiu seu coração se apertar, e pensou no que faria. Ele definitivamente odiava festas – não chegava a odiar, ele nunca participou de uma – mas achava que era estúpido ficar em um local apertado, com muitas pessoas se esfregando umas nas outras, e bebendo até não se lembrarem do dia anterior. Estava seriamente pensando em negar, quando sentiu a mão de SeungKwan sobre a sua, apertando gentilmente.

 “Hyung, eu sei que você provavelmente não gosta, mas, eu acho que você precisa de um pouco de diversão, sabe?”, sugeriu o Boo cautelosamente, e JeongHan assentiu, embora não soubesse do que os dois estavam falando. “Acho que precisa deixar o que te assombra de lado e se divertir lá”, completou, passando o polegar por sua mão branquinha.

 JiHoon assentiu, embora ainda estivesse cogitando a possibilidade, mas pareceu ser o suficiente para o Yoon, que bateu as mãos animados e se sentou sobre a mesa animado.

 “Eu vou te apresentar a todos! Você definitivamente vai se divertir JiHoonie!”, sua voz saíra mais alta que o normal, e o Boo bateu em suas costas, por ele pular daquela forma sobre a mesa e por poder entortá-la com seu peso, o que causou risos no mais velho.

 O Lee apenas sentiu o gosto amargo de seu nome sendo pronunciado novamente daquela forma, e balançou a cabeça em concordância. Talvez tentar coisas novas fosse bom para ele.

 

*

 

                JiHoon saíra a passos largos assim que terminou de comer e lavou seu prato, sem fazer questão de dar um adeus apropriado para o Yoon, e indo direto para seu quarto, onde se trancou, e esperava poder fazer suas lições e estudos. JeongHan o analisou caminhando, sua postura, seu jeito de se mover, sua expressão de desconforto, e soltou um suspiro, antes de se sentar na cadeira antes ocupada por este, apoiando seu cotovelo na mesa e o queixo em sua mão.

 “O que houve com ele?”, perguntou curioso, ainda analisando a porta.

 “Eu não sei?”, respondeu o Boo incerto do que ele estava falando, e viu o Yoon dirigir o olhar para si, lendo-o por inteiro.

 “Alguma coisa terrível aconteceu com ele”, continuou o mais velho, voltando a encarar a porta, com um certo pesar em sua voz e em um tom mais baixo, quase como se contasse um segredo. “Sua aparência está terrível, como se não dormisse há dias”.

O mais novo assentiu, concordando, e soltou um suspiro, pensando no ocorrido da noite anterior. JeongHan continuou pensativo, tentando analisar tudo que havia captado do Lee em tão pouco tempo, sentindo uma espécie de empatia pelo mesmo.

Será que nós podemos fazer algo?”, perguntou Boo cauteloso, mordendo o lábio inferior quando o Yoon pendeu a cabeça para o lado, sem entender. “Sabe, ajudar de alguma forma, eu não sei”, murmurou fazendo um bico.

Entendo que quer ajudar, mas, você sabe qual o problema dele?”, questionou o mais velho, vendo-o arregalar os olhos antes de balançar a cabeça em negação. “Se você não sabe, é difícil ajudar, sabe?

Ma-mas eu posso supor”, corrigiu-se rapidamente aos gaguejos, gesticulando com suas mãos, e JeongHan franziu o cenho. “Eu vi algo ontem que... Acho que mexeu com ele, talvez seja aquilo”.

O que exatamente você viu Boo?”, perguntou curioso, curvando-se sobre a mesa.

Fotos”, respondeu simples, antes de ver que o mesmo não entendia. “Eu vi as fotos do celular dele”, o Yoon abriu a boca surpreso, e sorriu travesso, querendo saber mais, já segurando em sua mão para que não fugisse, e o mais novo se viu obrigado a contar.

 

*

 

                JiHoon conseguiu se concentrar um pouco em seus estudos. Leu alguns textos referenciais e respondeu um pequeno questionário que lhe fora passado, e após três longas horas, ele lia mais um pouco, sentindo seus olhos pesarem. Não queria dormir, porém sua mente e corpo tinham vontades diferentes aos seus desejos, e por mais que não quisesse, percebeu que não conseguiria manter-se acordado por muito tempo.

 As palavras embaralhavam em sua mente, e perdiam o foco. Sua mão que segurava a caneta por vezes riscou a folha sem seu consentimento, e ele desistiu, fechando a caneta e guardando-a devidamente, levemente preguiçoso, deixando o estojo sobre a escrivaninha junto dos livros.

 Forçou-se a levantar, segurando na cadeira, e praticamente se arrastou para sua cama. Pensou em trocar de roupa, mas desistiu, e acabou cedendo para o sono. Pela primeira vez dormiu rapidamente, sem pensar em nada, cansado demais para sequer refletir um pouco sobre o seu dia.

 

*

 

                Acordou após algumas boas horas, sentindo seu corpo pesado e ainda não satisfeito por completo. Ergueu-se após perceber que não conseguiria dormir tão fácil, e sentindo sua barriga pedir por comida. Percebeu que dormiu de tênis, e se xingou mentalmente, enquanto seguia para a cozinha, a passos lentos e preguiçosos.

 Constou que já era tarde, visto o céu noturno pela janela da cozinha, e ele havia perdido o dia dormindo. Soltou um gemido de reprovação, e abriu a geladeira, procurando por algo para saciar sua fome. Descobriu um pouco dos restos do almoço, e decidiu que seria aquilo mesmo.

 Uma dor de cabeça incomoda começou a lhe incomodar após alguns minutos, o que o fez levar a mão à têmpora e passagear devagar, esperando passar a dor. Aliviou por alguns instantes, mas ela permaneceu ali, dando leves pontadas em seu cérebro de tempos em tempos, o que não o deixou comer em paz.

 Lavou seu prato e os outros acumulados ali, sentindo que precisava ajudar mais o Boo, como uma pequena divida devido ao seu ato ridículo da noite anterior – ele nunca se perdoaria por chorar na frente de um desconhecido, e tomou nota para tornar-se mais forte, para que aquilo não se repetisse.

 Assustou-se quando ouviu alguns passos, e virou-se para ver que era o Yoon, que vestia uma camisa larga, que mostrava parcialmente seu peito e estava usando um short extremamente curto.

 “Te assustei?”, perguntou em um tom suave, e o mais novo negou com a cabeça, voltando sua atenção para a louça.

 JeongHan o analisou de cima a baixo, cruzando os braços sobre o peito, e mordendo o lábio inferior, com o que SeungKwan dissera em sua mente, não podendo conter sua curiosidade, mas ainda assim sentindo aquela empatia estranha pelo mais novo.

 “Se importa se eu dormir aqui?”, continuou cauteloso, apoiando-se na bancada ao lado do mais baixo, vendo-o negar com a cabeça, e sorriu gentil. “Juro que não ronco”, completou, e JiHoon abriu um sorriso mínimo com a piada.

Ficaram em silêncio por algum tempo, com o Yoon encarando seus pés, enquanto o Lee terminava de lavar tudo e deixava no secador.

Não posso voltar para casa hoje”, comentou JeongHan, chamando a atenção do baixinho, que ergueu o olhar em sua direção. “Não que eu não possa, eu só não quero, entende?

 JiHoon pendeu a cabeça para o lado, pensativo, e assentiu, vendo-o sorrir para si.

 “Meus pais vão me encher o saco por causa do meu namorado de novo”, reclamou ele, fazendo um bico, e desviando o olhar para a mesa. “Eles não gostam do Cheollie, não sei porque”, continuou, balançando os ombros inquieto. “Algo sobre ele ser má influencia”, riu, vendo o Lee lhe encarar sem entender, de uma forma fofa, que o fez querer apertar suas bochechas. “Mal sabem eles que sou eu a má influência”, completou, abrindo um sorriso travesso.

 O mais baixo assentiu, e por algum motivo comparou seu relacionamento passado com o dele – visto que tinham algo quase em comum – e parou antes que se aprofundasse demais em seus devaneios.

 “Me desculpe, acho que estou te incomodando, né?”, perguntou ele, se desencostando e dando a volta pelo pequeno, e o mesmo negou com a cabeça, tentando ser gentil.

 “Eu não me importo”, mentiu, pois no fundo sentia uma pontada de inveja.

 “Entendo, SeungKwanie não gosta quando eu fico reclamando, ele fala que sou um sortudo por ao menos aceitarem que sou gay”, riu forçadamente, vendo o outro lhe encarar curioso, como se esperasse que ele lhe contasse mais. “Na verdade eles disseram que já sabiam, então foi tudo mais fácil, só falta aceitarem o Cheol”, manteve o sorriso, e o mais baixo assentiu.

 “SeungKwan disse que se mudou por causa disso”, comentou JiHoon, lembrando-se da pequena conversa que teve com o mais novo há dois dias.

 “Sim, foi trágico aquele dia sabe? Tive que ajudá-lo muito a se adaptar nessa casa, e dormi por muito tempo com ele, por isso o chamo de meu bebê”, explicou o Yoon, sorrindo largamente ao se lembrar. “É triste, mas foi bom pra ele”, comentou, levando o indicador aos lábios e pressionando ali. “Ele antes andava todo sério, duro, com medo de tudo e recluso, agora, olhe para ele”, gesticulou, e o Lee assentiu, tentando imaginar como seria aquele garoto antes de toda a alegria que ele esbanjava.

 “Ele é muito forte”, comentou o baixinho em um sussurro, imaginando o quão difícil deveria ser para um adolescente de sua idade mudar-se daquela forma.

 “E você JiHoonie?”, perguntou o Yoon curioso, e notou como ele se retesou ao ouvir aquele apelido.

 “Eu me mudei pra estudar”, explicou simplista, querendo evitar aquela conversa, recuando alguns passos.

 “Entendo, no interior não tem faculdade boa?”, questionou, tentando manter a conversa, vendo-o negar com a cabeça. “Seus pais não se incomodaram? Não ficaram com medo?

 “Eles ficaram no começo, mas depois falaram que seria bom pra mim, uma mudança de ares me faria bem”, continuou o mais novo, e logo arregalou seus olhos ao perceber que falou demais.

 “Sempre faz”, disse JeongHan aparentemente alheio a sua última frase, que fez o coração do mais novo disparar em tensão.

 Ficaram em silêncio por alguns segundos, e o mais baixo viu ali sua chance de fugir para o quarto e impedir uma conversa desconfortante com o outro, porém não conseguiu.

 “JiHoonie, você já namorou?”, perguntou vagamente o Yoon, fingindo falsa inocência, vendo-o arregalar os olhos, delatando-se. Bingo, pensou, enquanto o menor encarava o chão, parecendo perdido.

 “Uma vez”, murmurou com a voz fraca, sentindo as lágrimas começarem a acumular em seus olhos só de pensar. Seus lábios tremeram, e estava prestes a chorar, quando o mais alto o abraçou ternamente.

 “Hey”, disse suave, apertando-o gentilmente em seus braços, encostando a cabeça alheia em seu peito, quase como se o mesmo fosse uma criança.

 JeongHan lhe passava alguma espécie de sentimento estranho de proteção e quase materno, que o fez se agarrar as suas roupas sem pensar, e deixando que lágrimas silenciosas escorressem de seus olhos.

 Droga, quantas vezes já havia chorado só naqueles três dias? Como ainda poderia ter lágrimas a serem derramadas dentro de si?

 “Me desculpe hyung eu só–”, murmurou com a voz embargada, e recebeu uma carícia em seu cabelo, fazendo-o soluçar e apertar com mais força sua camisa, afundando mais seu rosto ali.

 “Shh, shh, não se preocupe JiHoonie”, sussurrou o mais velho, passando seus dedos devagar, mantendo uma expressão serena no rosto, tentando transmitir conforto do jeito que sua mãe fazia consigo quando estava triste. “Não importa o que aconteceu, nós vamos cuidar de você agora, tá?”, afirmou em um sussurro delicado, deslizando uma mão por suas costas, sentindo-o tão magro por baixo do suéter.

 JiHoon assentiu, sentindo-se tremer e internamente agradecido pelos dois que mal o conheciam, mas pareciam se importar mais com ele do que seus pais já se importaram em sua vida toda. Aquele pensamento o fez chorar mais, e finalmente abraçou o Yoon com força, surpreendendo o maior, que sorriu com o ato.

 “Tudo vai ficar bem agora”, sussurrou JeongHan novamente, sentindo sua camisa molhar cada vez mais, mas não se importando nem um pouquinho.

 JeongHan tinha um cheiro docinho, de uma mistura de frutas vermelhas com algo ainda mais delicado, um perfume diferente que impregnou as narinas do mais novo, e o confortavam de uma forma inexplicável. Agradeceu aos céus por aquilo, e sentiu-se extremamente grato por aquele ato de carinho.

 JiHoon abriu um sorriso durante o choro, sentindo que talvez ele conseguisse melhorar.

 

*

 

                JeongHan o fez dormir bem de uma forma inexplicável. Fora a primeira vez que fora embalado por um estranho, e aquilo lhe trouxe uma saudade terrível, que logo passou, enquanto sentia seu cabelo sendo bagunçado suavemente pelo mais velho. Ele era tão gentil, que o Lee fez anotações para comprar algo em agradecimento por aquilo.

 Deveria parecer um bebê, e se arrependeria daquilo no dia seguinte, porém naquele instante, ele só quis aquilo. Um afeto que sentiu falta.

 “Você parece uma criancinha”, comentou o Yoon em um sussurro, sem a intenção de ofendê-lo, visto que o mesmo amava crianças.

 JiHoon nada respondeu, apenas fechou os olhos, e sentiu a coberta ser arrumada sobre seu corpo, como se o mais velho arrumasse-a milimétricamente para que não passasse frio, ou que deixasse alguma parte de seu corpo pequeno de fora. Seu coração se esquentou, e ele teve lembranças do Kwon fazendo aquilo também, mas, de alguma forma, pela primeira vez, ele não quis chorar por causa disso.

 Ocorreu uma saudade, entretanto ele ainda mantinha-se feliz. Algo estranho de se pensar.

 Acabou adormecendo minutos depois com o mais velho lhe afagando as costas, cuidando dele como se fosse um filho seu.

 

*

 

                Acordou com o som do alarme. A voz de Taeyang soava mais suave do que nunca, e pela primeira vez em séculos ele se levantou completamente bem. Seus olhos ardiam um pouco, mas conforme ia se acostumando com a escuridão, aquilo passou, e encaminhou-se para o banheiro, onde tomou um banho relaxante. Cantarolou alguns trechos da música de seu despertador sem perceber, e assim que abriu a porta vestindo sua roupa daquele dia – uma camisa jeans com a parte superior azul e a inferior branca, e uma calça jeans escura – que eram as mais normais até então, vendo o Yoon parado, apoiado no sofá, com o cabelo preso em um coque alto.

 “Bom dia JiHoonie!”, sorriu ele, e o Lee sorriu de volta, e fez uma reverência para o mesmo. “Você vai pra faculdade né? Eu vou com você”, disse antes de entrar no banheiro segurando roupas novas, e o baixinho assentiu, antes de se dirigir para a cozinha.

 SeungKwan estava parado no meio da cozinha, parecendo sonolento e com seu corpo tombando para os lados. O mais velho sorriu com o ato, e o conduziu gentilmente pela mão até uma cadeira, antes de preparar o café para eles. O Boo desabou sobre a mesa, e adormeceu até o café estar pronto e o Yoon adentrar secando seu cabelo com a toalha.

 “Vejo que ele dormiu de novo”, disse JeongHan rindo, e se aproximou para bagunçar o cabelo do mais novo e balançar seus ombros.

 JiHoon nada disse, apenas assentiu, e retirou a manteiga da geladeira, deixando-a sobre a mesa, e o mais alto ao ver o ato, se sentou, totalmente confortável em apenas ser servido. O baixinho colocou as torradas sobre a mesa também, e em seguida pegou as xícaras para os três.

 “Vamos Boo, você tem que acordar”, chamou JeongHan, balançando seu ombro novamente enquanto mordia uma torrada com a outra mão. “O café está cheirando muito bem”.

 “Você me acordou uma hora antes hyung”, reclamou SeungKwan, se remexendo e se forçando a sentar direito. “Eu quero morrer”, anunciou com a voz grossa, fazendo o Yoon rir.

 “Temos que tomar café da manhã juntos!”, disse animado, erguendo o braço do Boo e de JiHoon para o alto, e os balançando. “Como uma família!”, completou sorrindo largo, e o baixinho sentiu seu coração se aquecer.

 Aquela palavra soou muito bem aos seus ouvidos, e por algum motivo ele sorriu.

 “Viu? JiHoonie gosta”, falou apontando para o mais baixo que assentiu timidamente, e SeungKwan o encarou com os olhos arregalados.

 “Você está concordando com ele de me acordar mais cedo hyung?!”, perguntou descrente, levando as mãos a cintura, achando-se ofendido e traído ao mesmo tempo. “Como ousa fazer isso comigo depois de eu comer sua comida e tomar seu café?”, acusou, apontando dramaticamente para ele com o indicador.

 JeongHan começou a rir compulsivamente, jogando sua cabeça para trás e sentindo seu rosto esquentar. O Lee arregalou os olhos sem entender, achando que havia ofendido de alguma forma o Boo, e fez várias reverências, o que fez os outros dois rirem mais, se possível.

 “Ele estava brincando JiHoonie!”, disse o Yoon, dando um leve tapinha em suas costas, e o mesmo abriu a boca em surpresa. “Está mentindo para a criança, pare com isso Boonie!”, ordenou falsamente, dando um leve tapa no ombro do mais novo dali.

SeungKwan riu mais um pouco, e pediu desculpas formalmente, até JiHoon rir, e eles terminaram de comer em uma harmonia incrível que o baixinho nunca sentira antes. Era diferente de quando comia com ele, mas era tão bom quanto.

 Novamente percebeu que conseguiu pensar nele sem ficar triste, e se animou, achando que teria um bom dia por causa dos dois.

 

*

 

                Eles saíram juntos, com JeongHan caminhando ao seu lado, por vezes se curvando para vê-lo melhor enquanto jogava conversa fora. O Yoon contou quase tudo sobre sua vida, e o Lee se esforçava o máximo possível para decorar e não perder nada, sentindo como se ele já fosse um amigo antigo.

 O maior também lhe ensinou um outro caminho, levemente mais comprido, mas que podia-se pegar um ônibus mais vazio e rápido que parava no mesmo ponto que o que ele estava acostumado, o que o fez abrir a boca surpreso. JeongHan riu de sua cara, e o puxou pelo ombro para a faculdade.

 “Onde é a sua aula?”, perguntou o Yoon enquanto chamava o elevador, virando-se para ele com sua mala pendurada no ombro.

 “Sexto andar”, respondeu o baixinho, tirando o papelzinho de sua mochila azul de bolinhas brancas.

 “Oh, no mesmo andar que o Joshua!”, falou animado, e o menor assentiu, lembrando-se que o rapaz citado era amigo do Yoon. “Faz direito, né? Acho que ele é seu sunbae então”, concluiu sorrindo, e entrou no elevador, segurando a porta para o mesmo. “Eu vou para o segundo, nos vemos no final das aulas?”, perguntou, enquanto apertava os botões respectivos aos seus andares.

 JiHoon o encarou por alguns instantes, e abriu um sorriso largo, sabendo que naquele dia ele não ficaria sozinho, e assentiu, fazendo JeongHan sorrir para ele também.

 

*

 

                Talvez por estar se sentindo melhor, as aulas passaram rápidas e tranquilas. Não teve sono, e conseguiu anotar tudo com precisão, até dos slides que passavam rápidos, e ele sorriu satisfeito ao se levantar para o intervalo. Saiu da sala animado, com a mochila pendendo em seu ombro, e assim que chegou ao térreo já avistou o Yoon.

 Com seu namorado, o que o fez recuar alguns passos.

 Sentiu aquela sensação estranha novamente, e se perguntou se realmente deveria ir até lá, se podia ficar apenas ali ou simplesmente fugir.

 Como estava sendo imaturo.

 Zangou-se consigo mesmo e se pôs a caminhar, até parar ao lado de JeongHan, abraçando sua mochila timidamente.

 “Desculpe a demora hyung”, disse tímido, chamando a atenção do rapaz de cabelos longos, que se virou com um sorriso, soltando a mão de seu namorado no mesmo instante.

 “JiHoonie!”, falou ele feliz, dando-lhe um abraço quentinho e o soltando em seguida. “Cheollie, esse é o JiHoonie, de quem eu falei”, apresentou, virando-se em direção ao namorado, gesticulando para ele.

 “Opa, prazer baixinho”, sorriu largamente, estendendo a mão. “SeungCheol”, disse confiante, dando uma leve piscadela para ele.

 Por mais que o Lee não tenha gostado do apelido, ele apertou sua mão por educação e fez uma breve reverência e o maior riu. Eles ficaram em silêncio por alguns instantes, enquanto JeongHan digitava em seu celular, e o mais baixo aproveitou para dar uma olhada em volta.

 “Eles já estão vindo”, comentou o Yoon, e logo ergueu o olhar para o mais novo. “JiHoonie, aproveita e me passa o seu número”, pediu, balançando seu celular.

 O mesmo assentiu e ditou, logo sentindo uma vibração em seu bolso, constando que havia chego a mensagem dele. Puxou o aparelho do bolso, e abriu a caixa de mensagens, e parou por ali. Havia apenas duas conversas ali, e ele engoliu a seco enquanto via a anterior.

 Para sua sorte, alguém chegou, anunciando aos quatro cantos do mundo, e ele rapidamente guardou o eletrônico, agradecendo por conseguir se controlar naquele instante.

 “Desculpa!”, pediu o rapaz de cabelo róseo levemente alaranjado, fazendo uma reverência exagerada para o Yoon, que sorriu.

 Outro garoto se aproximou, e cumprimentou a todos, parecendo cansado.

 “Desculpa hyungs!”, pediu também, imitando o que chegou antes, embora fosse deveras maior que este e seu cabelo fosse loiro.

 “JiHoonie, estes são JiSoo e JunHui”, apresentou JeongHan, apontando para cada um para que o menor relacionasse o nome a pessoa, e o baixinho se curvou, se apresentando formalmente para eles, e ouvindo os outros rirem, mas não de deboche, mas sim por acharem-no extremamente fofo ao fazer aquilo. “Vamos logo que o Wonu está perdendo a paciência na lanchonete”, disse levemente apressado, já tomando a mão de SeungCheol novamente.

  Joshua logo se enroscou no braço livre do Yoon, e o trio saiu andando à frente, deixando o Wen junto do Lee. O mais baixou olhou timidamente para o outro, e analisou seu cabelo que tinha um tom bonito.

 “Você cursa o que?”, perguntou Jun repentinamente, ignorando o olhar que ele lançava em seu cabelo.

 “Direito”, respondeu prontamente, e o outro assentiu, deixando sua boca abrir como se processasse a informação.

 “Dança”, disse o mais alto, e os olhos do mais novo se arregalaram. Era o mesmo curso que ele sonhava em fazer. “Que reação foi essa?”, perguntou tímido, rindo nervoso e desviando o olhar.

 “Ah, desculpe, não quis ofender, é só que... É bem peculiar”, corrigiu-se o baixinho, vendo-o assentir, e se martirizando por dentro por ainda estar pensando nele.

 “Você é mesmo de direito pra usar essas palavras diferentes”, riu o mais alto, e o Lee sentiu suas bochechas esquentarem de vergonha.

 Não disseram mais nada durante todo o caminho, e JiHoon agradeceu por isso. JeongHan por vezes olhava para trás e mandavam se apressarem, e o baixinho se via apertando o passo para acompanhar aquele trio um tanto quanto diferentes, se assim podia-se dizer.

 Diferentes mas, eu gosto disso, pensou o mais novo dali, com as mãos no bolso agora, abrindo um sorriso largo. Era a primeira vez que fazia amigos.

 Ao mesmo tempo um pensamento lhe ocorreu, que o fez estremecer da cabeça aos pés, e o incomodou pelo resto do dia.

 

*

 

                De uma forma estranha, sua vida estava entrando em novos eixos. Não aqueles pré-estabelecidos antes devido a sua relação com ele, mas novos e totalmente inexplorados por ele. Estava fazendo amigos, e aquilo estava mexendo mais com ele do que poderia imaginar. Estava sorrindo verdadeiramente, e não estava entendendo nada.

 Eles de fato eram engraçados por si só, mas juntos se tornavam algo maior, que fazia o coração do Lee se aquecer e pensar que, pela primeira vez, ele gostaria de fazer parte daquilo.

 De rir daquela forma.

 Suas bochechas doíam enquanto ele comia uma banana split e a dividia com Joshua. Sim, ele dividia, algo que não fazia desde que ele se fora, e nunca havia feito com estranhos. Porém, aquelas pessoas não eram estranhas para ele, mesmo que conhecesse há poucos minutos, ele sentiu como se se conhecessem há anos, e aquilo o deixava com um sentimento suave e quentinho no peito.

 Eles falavam sobre coisas aleatórias e vez ou outra JunHui se exaltava, junto de JiSoo, o que os faziam desafinar e JeongHan rir até chorar. WonWoo – o estranho que haviam encontrado ali – quase não falou, mas tinha a simpatia de JiHoon por simplesmente ceder o seu lugar a janela para ele.

 O Lee os encarava fascinados, balançando suas pernas abaixo da mesa, enquanto tentava conter seu sorriso da piada que SeungCheol tentava contar, mas não dava certo. Ele ria tanto sozinho que não conseguia falar, e os outros acabavam irritando-o ao ponto de desistir, e insistiam depois para que ele continuasse, repetindo o processo de maneira boba, mas que ainda lhe faziam rir.

 Se soubesse que ter amigos era algo tão legal assim, teria feito alguns antes, e não apenas um.

 Aquele pensamento o fez desviar os olhos para seu doce, e logo o garfo de JiSoo bateu no prato, e de novo, e de novo, até achar o restante da banana e levar aos lábios. Ele sorriu travesso para o baixinho, que apenas empurrou o restante, alegando que já havia comido o suficiente.

 O sorriso do Hong alargou, e ele pegou o prato em mãos para poder comer o resto da calda, e o Lee ficou encarando-o, achando graça de sua forma desesperada de comer, quando JeongHan bateu a mão na mesa, chamando a atenção de todos.

 “Pessoal, amanhã é o grande dia”, anunciou o Yoon, erguendo a mão para que todos prestassem atenção em si, e JiHoon o fitou curioso, pegando o copo de suco e levando aos lábios, mas sem beber.

 “Festa!”, disse JunHui animado, e logo fez um toque rápido com JiSoo que estava do outro lado da mesa.

 “A semana passou tão rápido que quase esqueci”, comentou SeungCheol, puxando a mão de JeongHan para depositar um beijo, que fez o rapaz sorrir.

 “E vamos ter o JiHoonie lá pela primeira vez, não é querido?”, perguntou o Yoon, lançando um olhar para o baixinho.

 O mais novo dali assentiu, sentindo suas bochechas corarem com todos aqueles olhares direcionados a ele. Joshua sorriu, e deu um leve tapinha de consolo para ele.

 “Nós vamos assegurar que se divirta JiHoon-ah”, disse o Choi, erguendo o polegar da mão livre e sorrindo largo.

 JiHoon assentiu, embora tenha se incomodado com o que ele dissera. Será que todos sabiam sobre ele? Ou era apenas impressão sua? JeongHan não deveria sair contando sobre ele chorar a toa, deveria?

 Não, estava se preocupando demais. Balançou sua cabeça para retirar aqueles pensamentos de sua mente, e sorriu também, ouvindo a conversa aumentar de volume. Eles falavam sobre a festa, sobre suas expectativas, e o Wen anunciava que não sairia solteiro dali, o que fez todos rirem de sua convicção.

 O Lee avisou que iria ao banheiro, e se levantou, caminhando devagar, abrindo a porta do banheiro com um sorriso nos lábios, e logo ouviu a porta se abrir, e viu quem era pelo reflexo no espelho.

 “Está se divertindo JiHoonie?”, perguntou JeongHan enquanto se aproximava da pia.

 “Sim”, respondeu feliz antes de entrar em um dos boxes dali.

 “Que bom, estava com medo de que não se acostumasse a eles ou algo do tipo”, disse o Yoon enquanto checava seu rosto no espelho, e começou a arrumar seu cabelo. “Mas você parece estar bem, então fico aliviado”, completou, molhando sua mão para ajeitar seu cabelo que estava levemente rebelde naquele dia.

 “Não se preocupe hyung”, falou ao sair do box e se dirigir a pia, lavando a mão. “Os hyungs são legais”, comentou em seguida, vendo o sorriso do maior se alargar.

 “SeungKwan vai ficar feliz em saber disso”, disse animado, virando-se para a porta e o esperando.

 “Hyung... Você não contou a eles sobre ontem, contou?”, perguntou o baixinho inseguro, unindo suas mãos a frente do corpo.

 “Não, claro que não JiHoonie”, sorriu gentil, levando uma mão até seu cabelo, e ajeitando a franja alheia.

 O mais baixo sorriu aliviado, e sentiu a mão do maior lhe conduzir pelas costas até a porta. Saíram do banheiro e foram a passos largos até a mesa, onde o Yoon reparou que JunHui não estava mais.

 “Ué? Onde foi o Junie?”, perguntou JeongHan, voltando a se sentar.

 “Ah, Hoshi-ah veio buscá-lo”, respondeu JiSoo sorrindo, apontando com o polegar para a saída.

 JiHoon se sentou na janela novamente, e rapidamente olhou pela mesma, vendo a silhueta alta do Wen na calçada, parado, com o celular em mãos. Parecia esperar alguém, e o baixinho até viu alguém se aproximar, mas fora chamado por JeongHan, o que o fez desviar os olhos no instante em que veria aquele suposto Hoshi.

 “A festa é às oito, que horas quer que eu te busque JiHoonie?”, perguntou o Yoon enquanto mexia no celular, com o Choi olhando por cima de seu ombro, curioso.

 “Hm, não sei”, respondeu o baixinho, não sabendo como aquilo funcionava.

 “Quanto tempo você demora para se arrumar?”, questionou Joshua curioso, tomando de seu cappuccino.

 “Meia hora?”, arriscou, incerto, mas sabia que era mais do que o necessário.

 “Nossa, rápido igual o Wonu”, comentou o Yoon, e o Lee olhou para o Jeon, que assentiu para ele e ergueu um polegar. “Certo, que tal eu passar oito horas então?

 “Mas a festa não começa às oito?”, perguntou JiHoon sem entender.

 “Ninguém chega no horário para festas JiHoon-ah, é regra”, respondeu o Choi, com o queixo agora apoiado no ombro do Yoon. “Com quem está conversando?”, perguntou baixinho para seu namorado que riu.

 “SeungKwanie”, respondeu, antes de mudar a tela para os alarmes. “Certo, vamos no carro de JiSoonie, e você Cheollie?

 JiHoon ficou alheio a conversa, após fazer uma nota mental de estar pronto às oito horas do dia seguinte. Voltou sua atenção para a janela, mas já não havia ninguém ali, o que o desanimou por alguns instantes, antes de Joshua começar a falar sobre sua aula, o que o interessou, visto que o mesmo estava dois semestres a sua frente.

 Passou o resto da tarde discutindo sobre o curso com o Hong enquanto exploravam aquela rua, entrando em todas as lojas possíveis apenas para enrolar, e o Lee sentindo-se feliz apenas por estar ali.

 

*

 

                Voltou para casa sozinho, visto que naquele dia JeongHan dormiria na casa de JiSoo para o dia seguinte – ele não entendeu sua lógica, e o namorado também não – e ninguém mais morava para o mesmo lado que ele. Embora tenha sido triste ter de voltar sozinho, ele ainda mantinha-se animado para aquela tal de ‘festa’ que ele nunca experimentou antes.

 Era estranho pensar que seu gosto havia mudado tanto em tão pouco tempo. Há um mês atrás ele se recusaria a ir em uma. Agora, mal podia esperar pelo dia seguinte.

 Abriu a porta animado, se deparando com SeungKwan que estava deitado no sofá, com o caderno sobre o rosto, e a televisão ligada. Um gemido arrastado saiam dele, o que fez o Lee sorrir, e trancar a porta, antes de se aproximar com a mochila em mãos.

 “Boa noite”, disse em um tom mais alegre que o normal, o que fez o Boo se levantar no susto com os olhos arregalados.

 “JiHoon hyung! Aish! Eu não sabia que tinha voltado!”, falou levemente desesperado, fazendo o baixinho rir mais de sua expressão.

 SeungKwan o fitou surpreso, achando estranho aquele comportamento – estava acostumado a vê-lo sério – e sorriu para ele, sentindo-se bem porque sabia que estava ajudando, de alguma forma.

 “Estou indo fazer o jantar”, avisou o Lee se afastando, pretendendo ir ao seu quarto primeiro para deixar sua mochila.

 “A-ah, deixa que eu faço hyung! Você deve estar cansado!”, pediu o mais novo se levantando e deixando o caderno de lado.

 JiHoon pensou em negar, mas o Boo já havia se encaminhado para a cozinha confiante, e ele apenas manteve o sorriso, sabendo que não conseguiria argumentar com o mesmo. Foi para o seu quarto cantarolando uma música aleatória, e deixou sua mochila sobre a cadeira, antes de trocar suas vestes para um pijama, e ir ao banheiro.

 Checou sua aparência no espelho que de fato, estava deveras melhor do que no dia anterior. Suas olheiras haviam diminuído consideravelmente, e ele achou que com um pouco de maquiagem elas sumiriam por completo, e sua pele estava levemente menos pálida, com um tom a mais de rosa em suas bochechas.

 Ele quase não se reconheceu, mas de uma forma boa. Sorriu para seu reflexo no espelho sentindo-se melhor, era quase como se seu fantasma tivesse ido embora.

 Aquele pensamento lhe ocorreu novamente, e ele sentiu-se murchar por dentro.

 “Hyung, a janta está quase pronta!”, avisou o Boo com um grito, tirando-o de seus devaneios.

 Não havia como ele cursar na mesma faculdade, certo? Nem no mesmo bairro. Provavelmente não.

 Tinha de parar de pensar tão negativamente.

 Forçou-se a sorrir, saindo do banheiro e indo em direção ao mais novo.

 

*

 

                Fora dormir de barriga cheia. Olhou rapidamente para sua mochila, lembrando-se que não havia estudado, e que se arrependeria depois, mas, estava se sentindo tão cansado, que se permitiu deixar para depois, afinal, teria um grande dia no dia seguinte.

 Abriu um sorriso com o pensamento, enquanto tirava seus tênis e se jogava sobre a cama macia. Rolou até poder fitar o teto devidamente, e puxou as cobertas, voltando sua atenção para as luzes dos carros que passavam.

 Como aquelas luzes eram passageiras, ele esperava que aquele novo sentimento não fosse. Conseguiu até manter uma conversa agradável com SeungKwan, onde prometera ajuda-lo em suas lições a partir do dia seguinte, e o viu agradecê-lo com os olhos brilhando.

 Realmente ter amigos era algo incrível.

 Pela terceira vez adormeceu sem se quer lembrar-se dele.

 

*

 

Oh nothing stays the same from yesteryears


Notas Finais


Obrigada a todos que leram~


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