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História I Believe In You - Décimo quarto capítulo


Escrita por: Derby_

Capítulo 14 - Décimo quarto capítulo


[Yuk]

 

Quando chegamos no bar, todos me olharam com desconfiança. Cumprimentei a todos e me sentei, mas senti que não era bem vinda naquela mesa. Por alguns minutos eu fiquei ali, enquanto ouvia a conversa de todos, e eles evitavam me olhar. Conversavam comigo superficialmente, mas eu via em todos os olhares que ninguém ali acreditava em mim. Peguei minha bolsa e me levantei da mesa discretamente, sendo seguida por Kuroda.

- Onde você vai?

- Pra casa.

- Mas... porque? Não... está gostando?

- Não sou bem vinda aqui.

- De onde tirou isso?

- Da forma como seus amigos falam comigo.

- Deixa disso.

- Eu vou embora.

Ele segurou minha mão, me fazendo olhar pra ele.

- Eu vou com você.

- Não. Fica com seus amigos. É aniversário do Mosa amanhã e... bem... comemorem. Comemore por mim. Eu não ia fazer diferença mesmo, eu não bebo.

- Não diz isso...

- Fique. Por favor. Divirta-se com seus amigos. Eu vou pra casa e... sei lá... vejo um filme com a Chill.

Me virei e saí, sem esperar resposta dele. Eu não queria me sentir uma intrusa na vida dele, muito menos atrapalhar os planos dele com os amigos. Eu não tinha esse direito. Os amigos dele continuariam na vida dele... enquanto eu sairia em menos de um mês. Me lembrar de que teria que voltar à minha vida normal dentro de poucos dias me fez sentir um vazio que eu só havia experimentado quando soube da morte de Cheng. E uma dor igual. Senti lágrimas se formando em meus olhos, e pisquei rápido tentando espantá-las. Foi em vão. Uma lágrima morna escorreu por meu rosto, logo sendo neutralizada pelo vento frio que fazia no lado de fora do bar. Caminhei alguns quarteirões enquanto procurava um taxi, mas acabei me conformando que teria que seguir a mais de meia hora de caminhada a pé. Não que eu não estivesse acostumada com grandes trajetos, mas um salto alto nesse momento me atrapalhava em muito.

- Droga. Droga Yuk. Droga. Você não tinha nada que se apaixonar. Nada. Você não tem esse direito. Você não merece um cara como ele. Você não merece um cara bom.

Continuei caminhando por um tempo, e logo vi um carro parar no meio fio ao meu lado.

- Entra.

A voz dele me fez sentir um conforto que eu precisava como nunca. Sorri ligeiramente, enquanto abria a porta do carro e entrava.

- O que aconteceu?

- Você foi embora.

- E seus amigos? Porque não ficou com eles?

- Eu não ia ficar bem lá. Você sabe.

- Me desculpe.

- Pelo que?

- Por estragar a sua noite.

- Ei... – ele pegou minha mão com uma das mãos que tinha tirado do volante do carro – você não estragou nada. Nós vamos resolver esse mal entendido. Mas... eu quero te pedir uma coisa.

- O que?

- Quero que me conte tudo o que eu não sei sobre você. Eu não quero mais ser surpreendido por coisas que os policiais vem me dizer a seu respeito.

- Você não vai querer saber.

- Sim, eu quero.

- Certo. Vamos pra casa. Acho que... você tem o direito de saber o tipo de pessoa que está dormindo com você.

Baixei a cabeça, sabendo que depois que contasse tudo a ele, com certeza teria que pegar minhas coisas e voltar para Bangkok. Ele jamais aceitaria uma pessoa como eu na vida dele. E na realidade, ele nem merecia uma pessoa como eu na vida dele. Por mais que agora eu tivesse uma vida normal, por mais que agora eu tentasse deixar tudo o que vivi no passado e ter uma vida tranquila... nada poderia mudar o que eu fiz, e as pessoas com quem me envolvi ao longo do tempo. Ele dirigiu quieto durante o trajeto, e em menos de dez minutos estávamos em casa. Chill nos recebeu com festa, enquanto eu fui até o quarto, guardar as botas que havia tirado, juntamente com o casaco. Coloquei um pijama confortável, e voltei para a sala, enquanto o via voltar da cozinha com uma garrafa de vinho e duas taças em suas mãos.

- Vinho?

- Eu... não sei...

- Talvez isso faça você se sentir mais à vontade pra me contar as coisas que pretende.

Pensei por alguns segundos, enquanto olhava para a taça nas mãos dele, preenchida até a metade com o líquido tinto e aparentemente saboroso.

- Certo... acho que um gole não vai me fazer mal.

Me sentei no pequeno sofá, enquanto a cachorrinha se acomodava aos meus pés. Enquanto isso, esperava Kuroda voltar do quarto, agora vestindo uma calça mais confortável do que aquela que ele vestia anteriormente, e uma camiseta fina de mangas longas, que logo foram puxadas até seu cotovelo, deixando à mostra suas tatuagens. Lindas tatuagens. Ele se entou ao meu lado, me sorrindo sincero. Eu me perguntei mentalmente se merecia uma pessoa boa como ele na minha vida, mesmo que por pouco tempo. Relembrando tudo o que eu havia feito, cheguei à conclusão de que não.

- Certo. Yuk. Nos conhecemos de uma maneira estranha, com você fugindo de mim, sem eu saber porque. Agora eu sei que era por medo do seu passado. Medo de pessoas do seu passado. Mas eu nunca soube o que te atormentava tanto. Eu só quero que você confie em mim, da mesma forma que eu confiei em você. Só quero que me conte as coisas que te atormentam. Eu só quero... poder entender o que acontece na sua vida, porque Xiao te persegue, e porque todas essas passagens pela polícia.

Tomei um gole do vinho. Há muito tempo não sentia o gosto do álcool em minha boca. Isso me remeteu a anos antes. Me fez reavivar na memória tudo o que eu havia deixado para trás. Bebidas. Cigarros. Drogas. Tudo o que envolve o submundo onde eu vivia, onde eu aprendi a ser o que eu era, e que agora eu fazia questão de tentar esquecer e deixar para trás.

- Tudo bem. Eu vou te contar. E entendo se... quiser que eu vá embora da sua casa e da sua vida hoje mesmo.

- Eu não vou te pedir isso.

- Não tenha tanta certeza antes de ouvir o que eu tenho pra te dizer.



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