História I Can Be Your Eyes - Eu posso ser os seus olhos

Ele esfregou os olhos atrás do ocúlos. Por que eu não conseguia simplesmente correr até ele e o abraçar?

Eu mantive meus olhos abertos com dificuldade já que a chuva estava muito forte.

Ele jogou sua sacola no chão e seu guarda chuva também.

Ele correu até mim e pulou em cima de mim me abraçando, me fazendo ir um passo para trás. Eu o apertei em meus braços. 

- Chen... - ele estava com o tom de voz alterado, ele iria chorar de certo. Sem desfazer o abraço ele segurou meu rosto me olhando. - Você é uma alucinação... eu estou vendo coisas... - eu ri.

- Não... não está... - ele continuou acariciando meu rosto, como se ele estivesse tendo certeza absoluta que eu não fosse uma alucinação.

- Chen... - as gotas da agua da chuva começaram a se misturar com suas lágrimas que caíam sem parada. Eu acariciei seu rosto sorrindo. 

Ficamos algum tempo assim apenas para ter certeza de aquilo era mesmo real. 

Eu e Min estavamos encharcados e certamente pegariamos um resfriado depois, mas não nos importavamos, ver Min sorrindo e bem era mais importante que qualquer outra preocupação.

- Chen... - ele me bateu de leve nas costas enquanto fazia uma expressão brava - Você quebrou sua promessa... 

- Eu sei... me desculpe... mas... - eu encostei nossas testas - Agora estou aqui... e... nunca mais vou deixar nenhum de vocês - ele sorriu.

- Eu... eu chorei tanto... por que não me disse? - ele olhou para mim preocupado. Ele tirou seus ocúlos com os vidros molhados o segurando.

- Eu não queria te preocupar antes da cirurgia... queria que ficasse bem... e se isso te chateasse... - ele acariciou meu rosto.

- Tudo bem, eu entendo... mas... vamos prometer um para o outro uma coisa...

- Sim... o que é?

- Prometa que... não vai deixar de me contar algo só para "não me preocupar"

- Eu prometo... - ele sorriu - Mas você também tem que me prometer... que não vai fazer isso... de novo...  - ele riu.

- Eu prometo... nunca mais vou te preocupar... e nunca mais vou deixar de te contar algo...

- Agora... vamos falar sobre isso... - eu peguei os ocúlos de suas mãos.

- Ah... bem... muita vezes... vou precisar mudar meu ocúlos... por causa do grau... mas... eu vou enxergar... bom... quando tiver mais que cinquenta... talvez esteja usando um ocúlos fundo de garrafa... mas vou estar enxergando... - nós rimos. A chuva começou a diminuir.

- Acho que vamos pegar um resfriado - Min riu.

- Eu não me importo... se você cuidar de mim - ele me apertou mais em seu abraço colocando sua cabeça em meu ombro. Eu acariciei sua cabeça até a nuca.

- Você... ficou bravo? - ele levantou sua cabeça para me encarar. - Sabe... por mim não ter te contado...

- Claro que fiquei... e quando te vi... eu não sabia se pegava meu guarda-chuva e afundava ele na sua cara ou... se te abraçava - eu ri.

- Você fez a escolha certa em não me matar... - eu sorri e ele riu.

Com Min ainda em meu colo eu o levei até perto da loja onde estariamos protegidos da chuva.

Ainda estavamos abraçados, não tinhamos coragem nem vontade de desfazer aquele abraço. Ambos sentiam falta daquilo e estavamos tão bem daquele jeito.

- Chen... - Min falou baixinho com sua cabeça em meu ombro. - Eu amo você... por favor nunca mais me deixe sozinho... - eu sorri e selei um beijo em sua bochecha.

- Nunca mais vou deixar você sozinho... não se preocupe - eu afaguei sua cabeça e ele sorriu.

Eu também sorri. 

Min estava bem. E não tinha motivos para que eu não sorrisse com isso.

Mesmo se Min perdesse sua visão com o tempo...

Eu poderia ser seus olhos...

E sempre o amaria da mesma forma.

Nós continuamos abraçados da mesma forma durante muito tempo.

Min desceu do meu colo rindo. Ele pegou minha mão e entrelaçou nossos dedos enquanto olhavamos a chuva diminuir.

[...]

Quando a chuva se transformou em uma garoa eu peguei o guarda chuva e a sacola de Min que ainda estavam na calçada.

- Opa... - sua sacola estava encharcada e seu guarda chuva também, mas o problrma do guarda chuva podia ser resolvido facilmente, já o da sacola... todas as compras estavam molhadas. Min riu.

- Tudo bem... podemos jantar fora... - eu sorri com a idéia de ter mais um possivel encontro com Min.

[...]

Eu e Min dividimos o guarda chuva, eu o segurava acima de nossas cabeça nos protegendo da chuva que começava a engorssar, enquanto ele me encarava. Eu o olhei e desviei o olhar rindo timidamente.

- Chen... - eu olhei para ele - O que fez na China?

- Hum... nada... recebi alguns conselhos de como ser uma pessoa parecida com o meu pai... mas... eu não vou seguir esse tipo de conselho... não quero terminar na cadeia como ele...

- Esse foi o pior ensino que já ouvi na minha vida... - eu ri.

- Ainda bem que... - eu passei meu braço pelo seu pescoço chegando ao ombro. E o coloquei mais perto de mim - Eu voltei... - ele sorriu corado.

- Se você não voltasse... eu não sei o que teria feito...

- Por que? - eu olhei para ele.

- Porque... ninguém me ensinou a viver sem você... - ele sorriu e eu também.

- Você iria se acostumar... - eu bagunçei seu cabelo de forma carinhosa.

- O que? - ele fez uma expressão surpresa - Como você quer que eu crie nosso filho sozinho?

- Nosso filho? - ele arregalou os olhos olhando para mim.

- Você nem sabe sobre nosso filho? - ele fez uma expressão drámatica e eu ri. - Pobre Nam... seu pai não se importa...

- Nam? É claro que me importo com ele... - ele riu.

- Hum... estou começando a ter ciúmes do meu próprio gato... - eu ri.

- Não tem que se preocupar... ele é nosso filho... nada de incesto em casa... - ele sorriu e eu ri. 

[...]

Fomos andando e conversando sem perceber o tempo passar, até a casa de Luhan. 

Eu gostava de conversar com Min.

Principalmente quando ele sorria e ria.

Eu espero poder fazer Kim Minseok sorrir e rir todos os dias. 

Porque é isso que me faz feliz, desde dez anos atrás.

E eu realmente não me importo se um dia ele parar de enxergar completamente porque ele sempre vai poder contar comigo.

Eu sempre serei seus olhos.

[...]