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História I Can Change For You - Borderline


Escrita por: AnnaWrou

Notas do Autor


💠💠SOBRE o título do capítulo: A Síndrome de Borderline ou Transtorno de Personalidade Borderline é um transtorno caracterizado pela instabilidade contínua no humor.💠💠

Boa leitura <3

Capítulo 29 - Borderline


Fanfic / Fanfiction I Can Change For You - Borderline

 

 

O puxei para que deitasse a cabeça em meu peito e ele deitou. Ele chorava sem parar – e eu então comecei a passar as mãos em seus cabelos em uma tentativa de acalmá-lo, mas não estava funcionando.

Foi então que comecei a chorar junto com ele...

A sua dor era a minha dor.

E assim permanecemos...

 Em meio a – nossa – mesma dor.

 

 

 

 

Dianna

 

Harry ainda chorava baixinho deitado sobre o meu peito. Ele estava um pouco mais calmo – mas ainda sofria. Recomecei a mexer em seu cabelo ao notar que ele estava com sono para que ele pudesse adormecer logo...

- Obrigado por cuidar de mim... – O meu doce Harry... e não mais aquele violento de antes, sussurrou.

- Eu amo você, Harry... – Sussurrei de volta – Você não precisa me agradecer... – Acariciei o rostinho dele.

- Eu também amo você – Ele me abraçou pela cintura voltando a chorar mais.

- Não chore, amor... – Ele levantou a cabeça e me olhou.

- ...dorme abraçada comigo? – Choramingou e eu sorri de lado.

- Durmo... – O abracei aconchegantemente e dei um beijo em sua testa.

Ele pegou uma mão minha e entrelaçou nossos dedos.

Depois fechou os olhos e eu apenas sorri. Fiquei um bom tempo fazendo carinho nele até ele adormecer e logo em seguida eu simplesmente apaguei.

 

 

                                                                             [...]

 

 

 

Era tão perfeito está assim com Harry. O dia já havia amanhecido e nós continuávamos deitados no sofá na mesma posição que dormimos.

As nossas mãos continuavam entrelaçadas e ele ainda dormia encostado em meu ombro. Eu me sentia um tanto receosa – mas ao mesmo tempo – eu me sentia completamente feliz. Eu devia está um bagaço fisicamente, mas internamente – eu me sentia muito melhor.

Virei minha cabeça lentamente para olhá-lo. Ele tinha um meio sorriso lindo no rosto.

 

O que será que ele está sonhando...?

 

Sorri boba ao ver aquela cena linda e acariciei suavemente o rostinho nele. O sorriso dele aumentou com o meu toque e eu tive a plena certeza que ele me sentia... ele sabia que era eu... eu sei que sim...

Tentei me mexer o mínimo possível para não estragar aquele momento... 

Porém, por mais que eu tivesse ficado imóvel para não acordá-lo – Harry começou a se mexer...

Tive muito medo dos momentos seguintes.

- Hm... – Ele gemeu preguiçosamente acordando ao levantar o rosto vagarosamente na minha direção.

Um arrepio de medo me coçou a espinha. E as minhas mãos ficaram subitamente geladas.

Ele já tinha notado que estava abraçado a mim – ele só não havia feito nada ainda...

Lentamente escorreguei meus olhos até o rosto dele.

Ele me encarou com seus lindos olhos verdes ainda inchados por causa do sono e eu o encarei de volta, sorrindo levemente para ele.

Ele desceu o olhar lentamente para a minha boca e encarou o meu sorriso.

Então, ele subitamente saltou do sofá.

- Dian..na o... que... – Questionou visivelmente confuso. Ele certamente não se lembrava de nada. Ele nunca se lembrava de nada quando bebia.

- Harry. Eu posso explicar – Respondi calmamente entre um suspiro suave. Ele me olhava, confuso e irritado. Aqueles olhos esverdeados me encarando tão seriamente só faziam o meu coração bater ainda mais rápido.

- Eu não acredito que você se aproveitou de mim bêbado, Dianna! – Ele disse, com o maxilar trincado e as mãos fechadas de forma firme.

- Harry, não foi assim que as coisas foram! Foi você que me pediu para dormir abraçada com você!

- É MENTIRA!!! – Me encolhi por reflexo.

- Harry, eu juro, eu...

- SUAS PROMESSAS E JURAS NÃO VALEM DE NADA, DIANNA!!! – Ele gritou e girou seu corpo em direção a escada e a subiu.

Literalmente correndo.

Caí sentada no sofá e levei as mãos à cabeça.

 

Meu Deus, isso só piorou tudo...

 

Pensei, deixando uma única lágrima cair.

- Meu Deus, o que foi isso, Di!!? Eu ouvi os gritos de dentro do carro do Zayn! – Ash disse entrando em casa.

- Ash! – Corri até ela e a abracei.

- O que houve, amiga?? – Ela perguntou agitada.

- O Harry... ele... ele... – Eu não conseguia dizer nada.

 

 

 

 

Harry

 

- QUE ÓDIO!!! – Derrubei tudo que vi pela frente dentro do meu quarto.

Quando acabei, eu estava caído de joelhos no chão, chorando, sozinho...

Era estranho como o meu ódio a cada vez mais se alimentava da minha dor. Eu sentia ele crescendo e estufando todo o meu peito – mas em contrapartida – ele colidia de frente com tanto amor que eu ainda sentia.

Me confundindo e me fraquejando...

 

Eu preciso de você... eu preciso de você, Dianna... me abrace como fazia todos os dias... por favor...

 

Sinceramente, toda aquela minha dor de cotovelo me irritava!

Levantei do chão limpando todas as minhas lágrimas e fui até o banheiro para tomar um longo banho quente e relaxante. Tinha dado certo no dia anterior então talvez desse de novo.

E até que deu.

Saí do banheiro e fui trocar de roupa. Senti o meu estômago rolhar. Eu estava exaustivamente com fome. Ainda não havia comido nada desde o dia anterior.

Desci para a cozinha atrás de alguma coisa para comer e encontrei em cima da mesa o meu café – que a Dianna já havia preparado.

Sabia que havia sido ela por estar tudo do jeito que ela sempre fazia. Senti meus olhos encherem-se de lágrimas com um aperto nascendo em meu peito. 

Respirei fundo e caminhei até a mesa pegando apenas uma banana.

O meu orgulho não me deixou comer tudo aquilo.

A minha dor não me deixou comer tudo aquilo...

Assim que estava saindo da cozinha ouvi o celular da Dianna tocar em cima da mesa. Ele estava no lado que ela sempre sentava à mesa. Pensei em ignorar e continuar o meu caminho – mas quando vi que o número era anônimo, aquilo me aguçou a curiosidade.

Resolvi atender a ligação – porém, sem dizer nada.

 - Coisa linda? Eu quero falar com você. Me encontre amanhã ás 14h00 no mesmo local do shopping que nos encontramos. Estou com saudades, loirinha. Você sabe que precisa ir, não é? Beijos maliciosos. – Uma voz masculina que eu não conhecia disse.

- Quem é? – Perguntei. E a raiva já esquentava o meu rosto e pescoço.

- Alex Pettyfer. Quem fala? – Alex? O ex namorado dela? Senti a raiva percorrer todas as minhas veias.

- É o irmão dela. – Trinquei os dentes ao dizer.

- Ora...

Cortei-o.

- Não se preocupe. Eu darei o recado.

- Eu agradeço imensamente... – O tom sarcástico em sua voz me fez desligar instantaneamente a ligação.

Desliguei e vi Dianna descendo as escadas.

- Harry, você viu o meu... – Ela parou ao me ver segurando o seu celular e a encarando sem expressão alguma. Eu realmente não sabia o que pensar. A Dianna havia se encontrado mesmo com o seu ex namorado psicopata? Aquele que ela dizia ter tanto medo e raiva? Será que tudo o que aquela garota havia me dito era mentira?!

Eu não sabia o que pensar...

- Ah, aí está... – Ela disse ao encarar o aparelho – Alguém me ligou? – Perguntou ingenuamente.

- Amanhã o Alex quer te ver às 14h00 no MESMO LOCAL DO SHOPPING ONDE VOCÊS SE ENCONTRARAM!! – Entreguei o celular para ela lhe dando um sorriso sarcástico. Seus olhos arregalaram-se.

- A-A..Alex? – Ela ficou pálida. Muito mais branca do que já era. Parecia apavorada. Como era boa atriz...

Saí sem ao menos olhar para a cara dela – quanto mais lhe dirigir a palavra.

- Harry, eu posso explicar – Ela disse correndo até mim e eu me virei.

- NÃO ME INTERESSA!!!

- Mas, Harry...

- Vai me explicar que mentiu de novo?! É ISSO?!?

- Harry

Curvei-me um pouco sobre ela para dizer bem próximo ao seu rosto.

- A casa é toda sua, Dianna. – Saí pela porta.

 

 

 

 

Dianna

 

Corri atrás de Harry para tentar explicar tudo, mas ele simplesmente sumiu pela rua. Ele correu tão rápido que eu acabei o perdendo de vista ainda da porta de casa.

Ash desceu as escadas desesperada para ver o que de novo estava acontecendo.

Tentei lhe explicar tudo mas eu não consegui por conta do meu choro. Tentei desesperadamente ligar para Harry, mas logo a Ash me lembrou que ele não tinha mais celular nenhum.

Como eu ia encontrá-lo?!

Um calafrio percorreu o meu corpo e eu senti como se aquilo fosse um aviso. Enquanto Ash dizia algo sobre ligar para o Zayn e os meninos para ajudarem a encontrar Harry – eu, quando senti que não aguentava mais tudo o que eu estava sentindo – comecei a quebrar tudo à minha volta.

Ash me abraçou de forma súbita tentando me acalmar e eu apenas desabei em seus braços.

- A culpa é minha... – Choraminguei ao me lamentar.

- O que... o que é culpa sua, Di?!

- TUDO ISSO!!!

- Tente se acalmar, amiga. O Zayn está vindo para cá para nos ajudar a procurar ele...

- Mas ele está com ódio do Zayn, Ashley!!

- Os meninos também vão procurá-lo, Di. Se acalma... – Ela alisava meu ombro e pedia como se fosse fácil assim. Porém não a censurei... eu sabia que ela estava fazendo aquilo para que eu ficasse tranquila...

- Tudo bem, Ash, só me deixa sozinha – Sentei no sofá e fechei os olhos mordendo os lábios. Aquilo era o mais próximo que eu conseguiria chegar de ficar calma.

- Tudo bem. Eu vou esperar o Zayn lá em cima – Ela disse e eu apenas assenti com a cabeça antes de cair em desespero novamente.

 

 

                                                                           [...]

 

 

- Então, o que houve, meninas? – Zayn veio com tudo até mim no sofá.

- Ele sumiu! – Respondi com o rosto entre as mãos.

- Mas como e por que? – Ele perguntou revezando o olhar entre nós duas.

Eu apenas chorei.

- Ele discutiu com a Di de novo. – Ash respondeu respirando fundo em seguida – E aí, cadê os meninos, Zayn?

- Louis está chegando. – Ele respondeu e depois continuou – desde quando ele sumiu?

- Desde a briga – Respondi – Ele não deu notícias ainda – Voltei a chorar.

- Calma... vamos achá-lo – Zayn alisava meu ombro tentando me acalmar.

- Zayn, você não sabe onde ele poderia está? – Ash perguntou, tão angustiada quanto eu.

- Não. Mas Niall e Liam já estão caçando ele – Respondeu, no mesmo instante que Ash sentou ao seu lado no sofá com os cotovelos sobre os joelhos e o rosto entre as mãos.

- Se acalma também, mô – Ele disse e beijou o ombro dela.

 

 

                                                                              [...]

 

 

O tempo passou tão rápido. Já eram quase 16h00 da tarde e ninguém tinha notícia alguma do Harry. Estávamos todos preocupadíssimos e os meninos ainda o procuravam por todo lugar.

Cansei de ficar parada esperando.

- Zayn! Vamos procurá-lo! – Levantei do sofá às pressas sendo seguida por eles dois. Zayn pegou a chave do seu carro do bolso e saímos de lá o mais rápido que conseguimos.

Ash veio no banco de trás comigo e nossas mãos se apertavam forte uma na outra. Eu olhava para todos os lados daquela cidade o procurando e Zayn ultrapassava em todos os sinais vermelhos como se não tivesse mais ninguém na rua – só a gente.

Enquanto os meus olhos – aflitos – passavam por toda a Londres – os meus pensamentos eram os piores possíveis.

Tive medo que algo de horrível tivesse acontecido com ele.

Harry saiu a pé, atordoado, e é impulsivamente inconsequente.

Em um relâmpago de lembranças – lembrei da última coisa que Harry havia me dito antes de sair de casa.

 

A casa é toda sua, Dianna... A casa é toda sua, Dianna... A casa é toda sua, Dianna...

 

Aquelas palavras começaram a ecoar na minha cabeça.

 

- Ele... não... vai... voltar... – Balbuciei baixinho fazendo Ash olhar para mim.

- Você falou alguma coisa, amiga? – Perguntou.

- Ele não vai voltar!!! – Angustiei-me e Ash e Zayn me olharam abismados.

- O que? Por que diz isso?? – Ela perguntou eufórica.

- Antes de ir embora ele disse ‘’a casa é toda sua, Dianna’’! – Informei-os aflita.

- E para onde ele iria, meu Deus?! – Ash perguntou com desespero.

- Para algum hotel. Vamos procurá-lo em cada hotel dessa cidade, pessoal – Zayn disse e eu apenas balancei a cabeça positivamente, Ash fez o mesmo. Zayn levou seu celular até o ouvido e informou aos meninos qual seria o plano.

- Meu Deus, ele pode está com fome... com frio... – Me martirizei levando as mãos à cabeça.

- Calma, amiga, não vamos pensar assim – Ash disse chorando junto comigo.

- Vocês estão me deixando nervoso... – Zayn disse ao começar a se angustiar também.

Já estava escuro e nada, nada, nada do Harry! Já havíamos procurado no máximo de hotéis possíveis e nada. Até em todos os hospitais nós o procuramos. Mas graça a Deus ele não estava em nenhum deles. Apenas naqueles momentos eu agradeci imensamente por ele ainda está desaparecido. Mas só havia um lugar onde não tínhamos ido por eu me recusar a procurá-lo...

No IML.

Eu não conseguia fazer isso – nem deixei que ninguém fizesse...

Já estávamos rodando a cidade há mais de quatro horas e eu só sabia chorar e olhar pela janela. Sentia Ash acariciar a minha mão de forma carinhosa – e ela as vezes me olhava rápido para checar se estava tudo bem comigo – por eu estar tão calada, sem me mexer, apenas com uma expressão sofrida.

- E aí, Liam, alguma notícia? – Zayn perguntou falando no celular com ele pela vigésima vez na noite. Ele estava no viva-voz conosco.

- Sim. Soubemos notícias dele agorinha.

- FALA, LIAM, FALA, PELO AMOR DE DEUS!!!! – Gritei desesperada. Ash e Zayn arregalaram os olhos para mim abismados. Acho que por nunca terem me visto naquele estado. Na verdade, acho que eu nunca fiquei naquele estado...

- Ligamos para a tia Anne e Harry ligou para ela de algum telefone público avisando que estava bem e que iria sumir apenas por alguns dias. Que ela não se preocupasse com ele. Ela foi a única pessoa que ele avisou, pessoal.

Queria poder dizer que respirei aliviada, mas eu não respirei.

- Você pode perguntar para ela qual era o número desse telefone público, Liam? Nós podemos rastreá-lo e saber pelo menos em que bairro ele está.

Como era bom ter uma pessoa calma e lúcida dentro daquele carro. Ash e eu não estávamos mais raciocinando – devido a tamanha angustia – então nós nunca que iríamos pensar em uma coisa dessa!

- Eu posso perguntar sim.

- Faça isso, Liam, e me ligue.

- Ok.

Zayn desligou e olhou para nós duas.

Nós estávamos parados em um estacionamento de um supermercado.

- Pelo menos ele deu notícias, né – Zayn disse calmamente ainda nos olhando.

- Mesmo assim, Zayn. Ele está sofrendo. Sumir por dias!? – Disse já voltando a me desesperar.

- Ao menos não aconteceu nada com ele, Di – Ash, já mais calma disse.

- MAS PODE ACONTECER!! – Esbravejei e os dois ficaram apenas calados, de cabeça baixa.

 

 

Meu Deus, eu vou enlouquecer durante esses dias...

 

 

 

                                                              Um tempo depois...

                      

 

 

Harry

 

Sumi por vinte e oito dias. E só ‘’resolvi’’ voltar para casa por que a minha mãe disse que chegaria de viagem em algumas horas.

O mês já havia passado e a vinda deles para Londres por fim chegou.

E o que eu fiz nesses vinte e oito dias?

Absolutamente nada.

Eu só bebi e me embriaguei.

Eu revezava as minhas dormidas entre as mesas de bares e a minha cama no hotel bem afastado onde eu estava hospedado.

Emagreci seis quilos por não – ter vontade, nem conseguir – comer direito.

Eu estava definhando por causa daquela garota...

Eu estava definhando por causa daquela maldita...

- Obrigado por ter se hospedado em nosso hotel, senhor. Volte sempre – A atendente disse assim que terminei de encerrar a minha conta no hotel. Dei um sorrisinho forçado para ela e saí do hotel para pegar um táxi.

A partir dali começaria o segundo round do apocalipse que estava sendo a minha vida.

Eu iria voltar para casa.

Eu iria voltar para perto dela.

- Parkside, Merton – Disse ao taxista assim que sentei no banco.

- Sim, senhor.

No caminho de volta para casa, as lembranças com Dianna começaram a vir à tona angustiando-me e até me causando vertigem. E o pior de tudo isso é que eu não tinha bebida nenhuma para impedir as lembranças de virem.

Mesmo depois de tantos dias longe dela – parecia que o meu amor só estava ainda maior.  

Esquece essa garota, Harry. Esquece! — Pensei enquanto balançava a cabeça.

O taxista parou em frente à minha casa, eu o paguei e desci.

Como eu queria estar bêbado agora, pensei. Quem sabe assim minha cabeça girasse por outro motivo que não seja aquela garota...

Assim que desci do táxi, vi da janela da sala mesmo, Ronald e Elise no sofá. Respirei fundo e me preparei para entrar e cumprimentar todos. Eu ainda não tinha visto a minha mãe e nem a Dianna...

- Olá a todos... – Calmamente disse assim que entrei.

- HARRY!! – Elise correu em minha direção e pulou em meu pescoço. Retribuí o seu abraço e vi Ronald vindo até nós.

- Harry, garoto, a quanto tempo! – Sorri de lado para ele e apertei em sua mão sendo puxado por ele para um abraço em seguida.

- Onde está a minha mãe? – Perguntei assim que nos separamos.

- Está no banho. – Ronald respondeu e eu então assenti com a cabeça.

 Olhei para Elise e nós dois abrimos os braços um para o outro na mesma hora. Nos abraçamos novamente e caímos sentados no sofá.

- Que saudade eu estava de você, baixinha! – Baguncei o cabelo dela. Dando o meu primeiro sorriso sincero depois de tanto tempo.

- Já disse que sou mais alta que você – Ela resmungou ajeitando o cabelo e eu ri suavemente. Ela tinha razão. Ela é bem alta.

- Como é tudo lá na Rússia? – Perguntei a olhando.

- Um.saco – Ela balbuciou entediada e eu ri.

 Ainda bem que eu a tinha de volta. Ela sempre soube como me fazer rir...

- Como sobreviveu sem mim? – Ela perguntou e arqueou a sobrancelha.

- Foi difícil, mas eu consegui – Fiz careta e ela me cutucou na barriga me arrancando algumas risadas.

 - ANNE? AMOR, DESÇA, HARRY CHEGOU! – Ronald gritou do fim da escada.

- Vocês chegaram que horas? – Perguntei a Elise. Ela me olhou confusa e deu de ombros apenas. Ri balançando a cabeça negativamente. 

Fechei os olhos e respirei fundo inalando aquele perfume inconfundível para mim.

Olhei para trás e a vi.

Levantei do sofá involuntariamente.

Dianna me encarou e começou a andar rapidamente em minha direção. A sua expressão estava fechada e seus punhos fechados demonstravam toda a sua ira.

- VOCÊ É UM IDIOTA INCONSEQUENTE, HARRY EDWARD STYLES!!

Ela me deu um tapa no rosto que me fez cambalear para o lado. Seu tapa foi tão forte que estalou e jogou a minha cabeça para o lado bagunçando alguns fios de cabelo.

O que mais me doeu não fora o tapa – mas a sua atitude em fazer isso – e ver quanto sofrimento eu a havia causado.

Eu não tive reação alguma. Eu apenas fiquei olhando para ela, parado.

- COMO VOCÊ PÔDE SUMIR DESSE JEITO, SEU IDIOTA ESTÚPIDO!!? – Ela ia me dar outro tapa, mas Ronald segurou o braço dela.

- NUNCA MAIS FAÇA ISSO, DIANNA! – Ronald gritou ainda a segurando.

Todos estavam tão chocados que nem piscavam seus olhos. Ela se afastou de mim e me olhou.

Seu rosto estava molhado pelas lágrimas e o seu olhar para mim estava extremamente magoado.

- Era só isso que eu queria fazer – Ela disse com a voz embargada e subiu as escadas rapidamente.

Tive que me sentar no sofá para não cair. Abaixei a cabeça e levei as mãos ao rosto tentando não chorar na frente deles.

Mas estava difícil.

- Elise, por favor, traga uma água para o meu filho... – Minha mãe pediu eufórica ao sentar do meu lado no sofá e me acalentar em seus braços.

Foi difícil me segurar depois disso.

Então eu chorei.

Eu não conseguia mais segurar aquilo tudo dentro de mim. Abracei forte minha mãe e deitei em seu colo enfiando meu rosto em sua barriga.

- O que houve, meu amor? O que houve para Di agir assim? – Ela perguntava também quase chorando enquanto afagava as minhas costas.

- Eu não sei... eu não sei... – Choraminguei também tentando entender o porquê da Dianna ter feito aquilo. Ela parecia descontrolada.

- Tome água, meu querido – Ela disse e eu empurrei o copo com a mão.

- N-não, e-eu nãoque-quero, mã..e – Eu já soluçava ao chorar.

- Leve, meu bem – Minha mãe disse a Elise que saiu nos deixando a sós.

Ronald também não estava mais na sala.

Provavelmente estava com a Dianna...

Minha mãe ficou me olhando mais um pouco e disse calmamente:

- Me dê um abraço...

Ela disse e eu apenas a abracei. Era onde eu queria estar... em seus braços... com ela me confortando... – mesmo que fosse culpa minha tudo aquilo...

- Amor, por favor, não fique assim... fale comigo... – Ela pedia e seu olhar triste me doía.

- Eu tô bem, mãe... eu não vou mais chorar... – Respirei fundo parando completamente e limpando minhas lágrimas em seguida.

Ela sorriu mais animada e beijou a minha bochecha.

- Você quer um chazinho quente para tentar dormir um pouco?

- Não, mãe... eu só quero um remédio para dormir... você tem? – Perguntei e ela assentiu.

- Vou pegar para você... – Ela disse e eu assenti subindo as escadas lentamente.

Eu sentia o meu peito dilacerado. Um misto de fúria, tristeza, ódio – amor – doía todo o meu corpo. Desde que recebi aquele tapa da Dianna, eu não parava de chorar.

Fui para o banheiro tomar um banho quente. Me olhei no espelho e vi a marca do tapa. Tive vontade de chorar mais ainda ao lembrar de tudo. Mas suspirei fundo e não chorei.

Retirei minhas roupas e entrei no box ligando o chuveiro.

Devo ter ficado uns dez minutos só sentindo a água quente cair pelo o meu corpo – que incrivelmente – estava me relaxando...

Depois que me senti um pouco melhor – isso dez minutos depois – desliguei o chuveiro e saí do box. Fiz o que tinha que fazer e voltei para o quarto para colocar uma roupa.

Me vesti e assim que virei para me deitar na cama, encontrei um bilhete sobre a minha cabeceira. Meu coração chegou a disparar só de imaginar que poderia ser da Dianna. Peguei o papel que estava dobrado tão cuidadosamente – que só por isso – já deduzi que realmente era dela. Vi que tinha algo escrito na parte de cima e rolei os olhos lendo.

 

Por favor leia.

 

 Tive certeza de que era dela por causa da sua letra. Desdobrei o papel e li o que tinha escrito.

 

Me perdoe por tudo.

Dianna.

 

 

Fechei os olhos e inspirei o cheiro dela que estava impregnado naquela folha. O meu coração ficou feliz com aquele bilhete... porém outra parte de mim ficou ainda mais irritada...

Passei os dedos pela caligrafia tão formal – porém linda – dela. Meus olhos se tornaram molhados e eu então mordi os lábios para não começar a chorar de novo.

Me direcionei para a gaveta do criado mudo para guardar aquele papel e vi que a minha mãe já havia deixado o remédio para dormir também na cabeceira.

Agradeci mentalmente a Dianna não ter escrito nada demais naquele bilhete... imaginei se a minha mãe tivesse lido e descoberto sobre ‘’a gente’’...

Abri a gaveta rapidamente e enfiei o papel lá dentro. Depois a fechei e saí do quarto.

Desci as escadas e estava tudo escuro. A única luz que iluminava o ambiente era a da televisão que a Elise estava assistindo e ela não era nada forte.

Olhei ao redor e segui para o sofá.

- Onde estão os outros? – Perguntei me sentando ao lado dela.

- Meu pai e Anne já foram se deitar, a Ashley disse que ia passar uns dias na casa do Zayn e a Dianna não saiu do quarto desde que subiu. – Ela respondeu sem me olhar.

- Entendi... – Suspirei abaixando a cabeça.

- Vamos assistir algum filme? – Ela perguntou com aquele tom e eu apenas forcei um sorriso assentindo com a cabeça.

‘’Aquele tom’’ de quando a pessoa quer te agradar por que sabe que você não está bem.

- Você escolhe – Ela me entregou o controle.

Sorri de lado.

- Pode escolher... eu confio no seu gosto – Disse e ela riu dando um soco de leve no meu ombro.

- Ok, então. – Ela se ajeitou no sofá e começou a trocar os canais incessantemente. Bocejei e olhei para o relógio da televisão. Eram 22h00 – Pode ser esse? – Ela perguntou e eu assenti sem nem prestar atenção em qual filme ela havia escolhido.

Me ajeitei melhor no sofá entre algumas almofadas.

- Quer deitar no meu colo? – Ela perguntou.

Assenti e deitei.

Ela ficou fazendo carinho no meu cabelo durante o filme inteiro – confesso que quase dormi – mas eu não estava conseguindo...

- Uau, que filme da hora – Ela disse assim que o filme terminou. Nós havíamos assistido o filme A Origem.

- Gostei também. – Disse ainda deitado no colo dela e ela me olhou.

- Quer assistir outro?! – Ri da euforia dela.

- Pode ser. Estou sem sono mesmo – Dei de ombros e ela vibrou.

Dessa vez ela havia escolhido Jogos vorazes: Em chamas.

Ela novamente fez cafuné em mim – porém dessa vez não consegui resistir ao sono – e acabei dormindo.

- Harry... Harry... – Ouvi uma voz bem ao longe, mas não conseguia abrir meus olhos. Eu estava com muito sono. – Harry, o filme terminou... – Completou a voz.

- Hm? – Tentei me levantar do colo dela, mas o meu corpo não se mexia.

Então senti dedos na minha nuca e com um carinho ela perguntou:

- Você não vai para o seu quarto? – Neguei com a cabeça. – Vai dormir aqui no sofá? – Assenti preguiçosamente. Ela riu. – Tudo bem. Eu já vou subir. Boa noite.

- Boa noite, baixinha – Balbuciei.

Ela se aproximou de mim devagar e beijou a minha bochecha. Pude sentir seus lábios roçando nos meus antes de chegar em minha bochecha. Assustei-me momentaneamente, mas eu estava com tanto sono que nem relevei isso. Assim que ela girou para subir as escadas, eu virei para o outro lado apagando.

 

 

                                                                               [...]

 

 

 

Senti um arrepio subir lentamente pelo meu pescoço. Abri os olhos com a respiração pesada e olhei incrédulo para Dianna que estava ao meu lado meio inclinada sobre mim.

 

Ela me beijou?

 

Me perguntei rapidamente e a olhei de novo.

- Ei... – Ela calmamente disse – Porque você dormiu aqui? – Perguntou e eu continuei a olhando. Calado. – Tudo bem... eu entendo que não queira falar comigo – Ela tentou sair mas eu a segurei pelo braço.

- Não. Fica. 

Ela me olhou surpresa e com a boca um pouco entreaberta.

- Está bem... – Ela sentou calmamente no sofá ao meu lado e eu fiquei apenas encarando o chão pensando em como começar...

Ficamos calados por um bom tempo.

- Nós precisamos conversar – Eu disse, tentando ser o mais frio e indiferente possível.

Tentando controlar meu coração que estava batendo desesperadamente. Afinal ela estava do meu lado! Meu Deus, como eu queria beijá-la dando-lhe um beijo de bom dia... Mas as coisas entre nós – que já estavam ruins – mudaram de uma forma tão brusca que nem nós mesmo seríamos capazes de compreender. Estávamos magoados um com o outro. Fartos. Cansados de tudo...

- Eu sei disso... – O tom suave dela me acalmava profundamente. Eu quase me esqueci da raiva e mágoa que estava sentindo.

- Me perdoa. – Eu disse e ela me olhou confusa. – Me perdoa por ter sumido todos esses dias. – Eu disse e ela já estava chorando.

- Bebê, não peça desculpas... – Ela disse e foi a minha vez de começar a chorar – Sou eu que tenho que te pedir perdão pelo que eu fiz. Aquele tapa doeu muito em mim, Harry. Muito...

- Eu sei... eu sei... – Repeti baixinho entre lágrimas.

Ali, pela primeira vez – depois de tudo – nós estávamos sendo nós mesmos. Harry & Dianna. O Harry que só é Harry com a Dianna... e a Dianna que só é Dianna com Harry...

Ela limpou suas lágrimas e olhou para mim.

Havia dor em seu rosto. Seus olhos não eram mais os mesmos – não havia brilho, nem vida.

Ela não disse mais nada. Apenas levou sua mão a lateral do meu rosto – acariciando com o polegar a minha bochecha na qual ela havia batido. Fechei os olhos, sentindo seu toque, e os abri ao sentir um beijo dela no local.

Ficamos nos olhando não sei por quantos segundos... mas ouvimos um pigarro e rapidamente nos afastamos.

- Oi. – Era Elise. Engolimos a seco.

- Oi, baixinha – Levantei do sofá indo para longe da Dianna. Que permaneceu no sofá, estática. – Bom dia! – Disse e Elise sorriu de lado.

- Bom dia. – Beijou a minha bochecha. – Vocês já tomaram café? – Perguntou dirigindo-se a nós dois.

- Ah, não, nos dois estávamos... estávamos... err... a gente estava, é... – Me enrolei todo! Fiquei bem nervoso mesmo.

- Nós estávamos conversando, mana. Fazendo as pazes... – Dianna ‘’me salvou’’ respondendo calmamente ainda do sofá.

- Hum! Então vamos que eu estou faminta! – Elise disse já me puxando pelo braço para a cozinha.

Assim que chegamos a cozinha, engatei logo uma conversa qualquer com ela para que aquele momento que ela tinha visto a pouco fosse completamente esquecido.

- Então, o que vamos fazer hoje? – Perguntei já descascando uma banana.

- Você vai me ensinar a andar de skate. – Ela me intimou e eu entortei a boca.

- Desde quando se interessa por isso? – Indaguei confuso.

- Desde quando comprei um skate lá na Rússia. – Ri.

- Essa eu quero ver – Mordi a banana olhando-a desafiadoramente.

- Verá, Styles – Ela sorriu superiormente. – Cadê a Dianna? – Perguntou olhando ao redor de relance.

- E-eu que sei – Me apressei em jogar a casca da banana no lixo. Eu tinha realmente que ser mais discreto quando alguém tocasse no nome dela...

- Dianna!! – Ela quase gritou a chamando.

- Já estou indo! – Ela respondeu, ainda da sala. Respirei fundo já me preparando para vê-la outra vez.

Mas não... eu não iria vê-la outra vez.

- Tô indo me arrumar, baixinha. Não esqueça o seu capacete! – Zoeei bagunçando os cabelos dela. Assim como a irmã, ela odeia isso.

Cruzei com a Dianna na porta da cozinha e nos olhamos profundamente. Suspiramos por igual e desviamos um do outro desajeitadamente.

- O que quer, chatinha? – Ouvi a Dianna perguntar e sorri de lado ao me preparar para subir as escadas.

 

 

 

 

Dianna

 

- Primeiramente te fazer uma pergunta – Gelei subitamente com a possibilidade de ser sobre o que ela tinha visto no sofá – Segundamente te pedir que me ajude! – Ela completou e eu respirei fundo.

- Manda – Sentei na cadeira.

- Como o Harry se comportou durante todo esse tempo que eu estive fora? – Gelei novamente. Eu acho até que fiquei pálida.

- Como assim, Elise?

- Ele ficou com alguém? Está apaixonado? Namorando? Está disponível? Conta tudo, Dianna! – Ela perguntou eufórica e ao mesmo tempo visivelmente receosa.

Meu Deus do céu e agora? Onde eu havia me metido!

- Elise, eu não sei de nada – Menti. Era o melhor no momento.

- Claro que sabe, Dianna. Você ficou aqui morando com ele todo esse tempo!

- Sim, mas eu não sei das coisas dele... você sabe que nós dois não nos damos bem. Ele não me suporta – E era bem verdade isso... de novo...

- Mas o nosso pai disse que estava tudo bem entre vocês – Suspirei fundo.

- Estamos na mesma, mana, na mesma... – Levantei da cadeira abruptamente. – Você quer café? – Perguntei nervosamente me dirigindo ao fogão.

- Dianna. Eu acabei de tomar – Ela disse e continuou – Você e Harry estão estranhos. Avoados, inquietos.

- Impressão – Desconversei quase quebrando o copo de vidro – Então, o que queria me pedir ajuda?!

- Eu quero que me ajude a conquistar o Harry!!

Ali, depois de ouvir isso, não houve mais o que fazer. Acabei quebrando o copo de vidro.

- O que?! Ai meu Deus, o copo! – Me agachei rapidamente para juntar tudo.

- Di, por favor, mana! Você sabe que eu sou apaixonada por ele desde a primeira vez que o vi! Me ajuda!!

- Mas, Elise, eu...

- Se ele não está namorando, não está apaixonado por ninguém e está livre desimpedido, não há problema algum nisso!

- Mas vocês são irmãos, Elise! – Hipocrisia, eu sei, mas eu tinha que arranjar justificativas para o meu ciúme...

- Meio-irmãos, Dianna. Graças a Deus não rola o sangue dele aqui – Ela disse apontando para o seu corpo e eu apenas voltei meu olhar para os cacos de vidro no chão, limpando-o. – Então?!

- Mana. Eu não sei como posso te ajudar com isso – E eu realmente não sabia.

Afinal, se eu tivesse a certeza que, se eu abrisse mão da minha felicidade com ele – que já parecia estar totalmente perdida – se eu tivesse a certeza que fazendo isso a minha irmã fosse ser feliz com ele, eu faria. Eu nem pensaria duas vezes em abrir mão da minha felicidade em troca da dela. 

Mas eu não sabia como fazer isso... eu não tinha como saber disso... eu mesma não sabia como havia conseguido fazer Harry gostar de mim um dia... imagina como fazer ele se apaixonar por ela...?!

- Primeiramente vem com a gente ao parque agora!

- Ao parque?

- Sim!! Eu pedi que ele me ensinasse a andar de skate!

- E desde quando você se interessa por isso? – Indaguei confusa.

- Desde quando é mais uma coisa para me fazer ficar perto dele! – Ela disse e eu suspirei.

- Então está fazendo isso para ficar mais perto dele e assim tentar conquistá-lo? – Calmamente perguntei, tentando realmente entender aquilo.

- Sim! Ainda mais depois de ontem

Estranhei.

- Como assim "ainda mais depois de ontem"?

- Eu quase beijei ele ontem à noite!

Arregalei os olhos e senti meu coração falhar.

- O... que? – Sussurrei quase sem voz.

- Sim. No sofá. Antes de dormir. – Ela disse e me deu um meio sorriso. – Eu preciso aproveitar isso. Eu estive tão perto, mana.

- E... o q-que ele fez...? – Mesmo em choque consegui perguntar.

- Nada. – Respondeu sem ânimo algum – Ele estava praticamente dormindo – Respirei aliviada.

- Entendi – Me virei para a pia e comecei a lavar a louça.

- Dianna, solta isso e vai se arrumar! – Ela disse e eu neguei.

- Não posso, mana. Tenho que ficar para ajudar Anne com a casa.

- Aff, ela sobrevive – Ela resmungou e eu a olhei séria. – Tá, desculpa. Eu sei que tenho que tratar melhor a minha futura sogra. Ok. Vamos só eu e ele – Ela levantou e saiu da cozinha.

Senti meu corpo perder a firmeza. Meu coração parar e lágrimas formarem-se em meus olhos.

Aquilo era pior que um pesadelo.

A minha irmã, também apaixonada – pelo mesmo homem que eu amo.

E pior – exigindo a minha ajuda para conquistá-lo...

As coisas poderiam ficar piores que isso?

 

 

 

 

 

Harry

 

- Hey, já estou pronto! – Disse batendo na porta do quarto da Elise.

- Dois minutinhos. – Ela respondeu.

- Te espero lá embaixo então – Disse e desci as escadas.

Eu estava com muita sede... afinal tinha feito alguns exercícios no meu quarto antes do banho – mas não queria ir na cozinha. Eu não queria mesmo. Eu sabia que a Dianna estava lá e não queria topar com ela já para evitar... coisas...

Coisas...!

Porém, resolvi ir mesmo assim.

Entrei na cozinha sem olhar para ela. O chão se fez muito interessante para mim naquele momento. Mas rapidamente a olhei de canto de olho e ela estava linda lavando a louça altamente concentrada.

Mas notei que a sua expressão estava fechada.

Eu a conheço muito bem para saber que algo a incomodava – e era muito...

Peguei um copo no armário e bebi minha água com toda calma do mundo – sob o olhar analítico dela. Quando acabei, coloquei o copo na pia e fiquei encarando-a da mesma maneira.

 

Como ela consegue ser tão, tão linda assim?

 

- O que foi? – Resolvi perguntar de uma vez. O olhar dela estava me incomodando muito. Não era aquele olhar de amor que ela costumava me dá... era um olhar reprovativo.

- Nada – Ela respondeu secamente e voltou a lavar a louça.

Levei minha mão a torneira e a fechei.

- Me fala , Dianna. – A encarei sério.

- Você... você quase beijou a minha irmã? – Ela perguntou tão baixo, tão baixo, que eu quase não consegui ouvir, mas ouvi.

Enruguei a testa.

- O que?

- Você quase bei...

- Eu entendi a pergunta, Dianna, só não estou entendendo o seu interesse nisso. – A cortei rispidamente.

Sua expressão se fechou tão subitamente que me deu até um frio na barriga.

- Ela é minha irmã, Harry. – Ela quase rosnou.

Me aproximei dela e sussurrei bem próximo ao seu rosto.

- E daí?

- Você não vai brincar com ela, Styles! – Ri sem humor.

- Primeiro, foi ela que quase me beijou. Segundo, eu não estou querendo brincar com ninguém aqui. E terceiro – Olhei para a torneira e a abri – Encontre o seu lugar, Dianna, que a você eu não devo mais satisfações nenhuma! – Sorri sem mostrar os dentes para ela e saí da cozinha.

Meus olhos marejaram rapidamente, mas controlei as lágrimas dessa vez. Fiquei me perguntando se havia sido rude demais com ela. Mas olhei para Elise – que já havia descido – e ela logo fez questão de fazer alguma brincadeira, dispersando toda a minha atenção dos meus pensamentos.

- Pronto para cair, Harry Styles? – Ela sorriu ao dizer.

Eu sinceramente me senti extremamente agradecido por ter Elise ali naquele momento. Com ela sim eu me dava bem, com ela sim eu conseguia me distrair.

Me distrair da Dianna.

- O que você disse mesmo sobre cair, aprendiz? – Provoquei e ela riu.

- Tenho certeza que vou cair muito, mas você também vai – Ela disse e eu torci a cara.

- Vamos apostar? – Perguntei e ela assentiu – O que quer apostar? – Ela sorriu maliciosamente. Estranhei.

- Depois pensamos nisso, agora vamos! – Ela pegou no meu braço com a sua mão livre e me puxou para o carro.

- Um skate rosa? Eu nunca imaginaria isso – Zoeei ao olhar o skate na mão dela. Ela fazia a linha mais roqueira alternativa e por isso estranhei.

- Culpa do meu pai. Só pode ser daltônico. Eu disse roxo ele trouxe rosa – Caí na risada.

Entramos no carro e fomos para o parque mais próximo de casa conversando muita, muita besteira.

 

                                                                              [...]

 

 

- Pronto. Aqui está perfeito – Disse assim que achei um lugar adequado para as aulas.

- Mas aqui tem muita gente, Harry, e se eu cair? Todo mundo vai ver – Ri.

- É por isso mesmo que eu escolhi esse lugar – Disse rindo e ela me deu soco no braço.

- Irritante. Anda, vai, como é que usa esse treco? – Ela gesticulou e eu primeiramente, coloquei o skate dela no chão.

Subi nele e fiz algumas manobras. Ela me olhava de boca aberta.

- Acha que sabe fazer isso? – Zoeei e ela revirou os olhos.

- Muito engraçado. Anda. – Ri e ajudei ela a subir no skate. - Harry e se eu cair?! – Ela perguntou me agarrando pelo pescoço tentando equilibrar-se.

- Eu estou aqui e vou te segurar, relaxa, agora tenta ficar em pé sozinha.

- NÃO, HARRY, NÃO!! – Ela me enforcou mais ainda.

- Tá bem, tá bem! – Ela soltou mais o meu pescoço e eu enfim pude respirar.

- Não há outra forma de andar de skate sem estar em cima dele? – Ela perguntou e eu gargalhei.

- O que? Sua maluca não tem como. Anda, tenta se equilibrar – Pedi e ela assentiu.

Ela se tremeu toda sem conseguir. Se agarrou em mim novamente e eu apenas ria.

 

É, vai ser difícil isso aqui...

 

- Vamos fazer assim então. Você vai andando e eu vou te segurando pela cintura, tudo bem? Até você conseguir sozinha? – Sugeri e ela assentiu. – Ótimo. Vamos... dá impulso com o pé – Ela deu e saiu andando comigo a segurando pela cintura.

- Harry! Não me larga!! – Ela disse em pânico.

- Eu já larguei. Você tá andando sozinha – Disse e ela me olhou rapidamente. Deu um grito de pânico e caiu de bunda no chão.

Não me aguentei em pé. Eu gargalhei tanto que tive que sentar no chão.

- CALADO, HARRY EDWARD STYLES! – Ela gritou e eu não conseguia parar de rir. – Anda, me ajuda!! – Ela pediu com a cara bem emburrada.

- Tudo bem – Disse, ainda rindo da cara dela.

Eu estendi minha mão a ela que se levantou rapidamente.

- Machucou? – Perguntei procurando machucados nela. Ela sorriu e negou. – Tem certeza, baixinha? – Ela apenas me encarou fixamente enquanto eu checava se estava tudo ok.

Olhei para os olhos dela e ela ainda me encarava tentadoramente.

A Elise é linda, sério, ela é bem linda. E claro, que eu sempre soube disso – deve ser de família esse lance da beleza... – mas eu nunca me senti atraído por ela. Nunca. Eu sempre a vi apenas como minha irmã mais nova mesmo.

Muito diferente da irmã dela...

- Er... vamos tomar um sorvete? Para compensar o tombo? – Sugeri fugindo daquele momento.

- Vamos! – Ela concordou e pegou o seu skate do chão.

Eu ainda ri baixinho ao olhar para ela novamente e lembrar da cena, mas logo recebi um soco forte em meu ombro – vindo dela.

Comprei dois sorvetes para ela e uma água para mim, depois fomos para o carro para voltarmos para casa. Eu ainda sugeri continuar com as aulas, mas ela disse que nunca mais subiria em cima de um skate. O caminho até em casa foi em silencio, afinal, eu estava perdido em meus pensamentos. Sobre a Elise estar agindo estranho comigo... sobre eu e Dianna...

Sobre tudo.

- Chegaram. Onde você estava, filha? – Perguntou Ronald assim que entramos na sala.

- Andando de skate com o Harry – Ela respondeu e Ronald enrugou a testa rindo de lado.

- E deu certo isso? – Ela negou com a cabeça fazendo todos rirem. Menos eu e Dianna, que também estava no sofá com a minha mãe e Ronald.

Dianna sequer me olhou – embora eu estivesse babando por ela sem conseguir tirar meus olhos de sua direção.

- Por que não levaram a Dianna, filha? – Ronald perguntou a Elise e eu e Dianna nos encaramos por alguns segundos nesse momento.

- Eu que não quis, pai – Ela respondeu firmemente desviando o olhar de mim.

- Bom, eu vou tomar um banho. – Elise disse – Obrigada, Harry! – Completou e me deu um beijo estalado na bochecha.

Olhei para a Dianna que desviou o olhar da gente virando o rosto para o outro lado para não ver.

- Bom... – Fiquei sem saber o que fazer – Eu... vou tomar um banho também. Com licença... – Retirei-me subindo as escadas rapidamente.

Entrei no banheiro, me despi e liguei o chuveiro na torneira esquerda. Tudo o que eu estava precisando – ali – era de um banho frio – dessa vez. Senti um pequeno calafrio quando uma corrente de ar invadiu o box. Trinquei os dentes de frio e apressei aquele banho.

Caminhei até o guarda-roupas e peguei uma cueca box, uma bermuda folgada e uma regata. Vesti tudo e me joguei em cima da cama já mexendo no meu celular.

Não demorou muito e então, abruptamente, a porta do quarto se abriu.

- Harry, precisamos falar agora mesmo sobre o que está rolando entre você e a minha irmã.

Sequer arrisquei virar-me para olhá-la. Suspirei, mordendo meus lábios.

- Eu adoraria fazer isso agora – Respondi sarcasticamente ainda mexendo em meu celular.

- Sem piadinhas, Harry Styles!

Cruzei os braços a encarando e me encostei na parede atrás da cama.

- Isso tudo é ciúme, Dianna? – Eu estava me divertindo.

- Não, Harry! Isso tudo é cuidado!! – Firmemente disse quase me peitando.

- Você tem certeza que quer conversar mesmo sobre isso? – Indaguei venenoso, ainda com um sorriso sarcástico em meu rosto.

- E por que eu não teria? – Retrucou, arqueando uma sobrancelha.

- Porque você pode não gostar do que eu vou te dizer.


Notas Finais


Olá, amores!
Me digam o que acharam do capítulo e até o próximo ❤️

Caso ninguém se lembre dela:

Elise:

https://www.flickr.com/photos/134807720@N05/23163127191/in/dateposted-public/


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