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História I Can Change For You - Falling Together


Escrita por: AnnaWrou

Notas do Autor


💠💠Título do capítulo: Caindo juntos.💠💠

Boa leitura <3

Capítulo 70 - Falling Together


Fanfic / Fanfiction I Can Change For You - Falling Together

 

Isso não é o que parece

Não, eu devo estar sonhando

É somente em minha mente,

E não na vida real

Não, eu devo estar sonhando!

Elise

...

Eu vagarei até o fim dos tempos

Dilacerado longe de você

Eu me afastei para enfrentar a dor

Eu fecho os olhos e te vejo

Só te vejo

Meu coração também está partido

 Eu vagarei até o fim dos tempos

Metade vivo sem você

Eu não respiro

Eu não respiro

Elijah

 

 

Então, queria te dizer que o meu passado me condena sim. Eu sou uma pessoa ruim, ou pelo menos fui, fiz coisas horríveis, não vivi como alguém decente. Muitas coisas complicam de a gente ficar juntos. O meu passado, o meu jeito, a sua família, toda essa situação, as pessoas que nos rodeiam. Nós começamos errado, amor. E por mais que eu te ame, por mais que eu anseie por cada segundo de sua presença, eu não posso fazer isso com você. Mas eu amo tanto você, Elise, mas tanto! Que não me incomodo de esperar a outra vida para amar mais ainda você. Quem sabe nela nós começaremos certo, não é?! Mas por enquanto não temos mais jeito, amor...

Nunca me esqueça, mas seja feliz...

Eu te amo muito,

 

Elijah.

 

 

 

Harry

 

- Tô em casa... – Anunciei assim que cheguei da minha fisioterapia.

Pendurei a chave ao lado da porta e total silêncio. Parecia que ninguém havia acordado ainda...

Olhei ao meu redor e caminhei até a cozinha.

Ninguém...

Estranhei. Já era quase a hora do almoço, e geralmente a minha mãe ou até mesmo a Dianna estaria cozinhando...

Mordi o lábio com receio de ter acontecido algo grave. Da última vez que cheguei em casa e tudo estava em silêncio desse jeito descobri que a baixinha estava sequestrada...

Abri a geladeira para pegar um pouco de água e enchi o copo.

Deslizei a mão pelo cabelo sentindo aquele reboliço incômodo no meu estômago, de quando você está com medo, com receio de alguma coisa...

Coloquei o copo na pia e saí para subir a escada. E ao chegar no corredor dos quartos, ouvi um choro agudo vindo de um deles.

Ergui as sobrancelhas, arregalando os olhos. Caminhei até ele e girei a maçaneta abrindo a porta.

Era a Elise.

- Baixinha? – Ela levantou o rosto e me olhou.

Seu semblante estava destruído. Desolado. Senti que ia escutar algo muito grave vir dela...

- Baixinha... por que... por que está chorando...? – Me aproximei dela sentando em sua cama.

- Harry... – Sussurrou me abraçando.

Ergui minha mão e a enfiei entre seus cabelos, eu só queria tocá-la, confortá-la...

Ela chorava baixinho em meu pescoço, enquanto eu só pedia repetidas vezes para ela ficar calma...

Eu não sei lidar com isso... eu não sei lidar com uma garota chorando...

Ainda mais sendo a minha meia-irmã...

Permanecemos assim por algum tempo, então desfiz nosso abraço...

- Me conta o que aconteceu...? – Pedi secando suas lágrimas.

- Eu estou triste porque o amor da minha vida desistiu de mim... ele desistiu... – Enruguei a testa.

- Você estava namorando?? – A questionei surpreso, eu nem sabia disso...

- Sim e eu o amo muito... – Choramingou escondendo seu rosto entre suas mãos – Ele também me ama muito, Harry...

- Calma, calma... me explica isso direito... – Alisei seus cabelos.

- Não posso... não posso... eu não posso...  – Me olhou exausta e perdida – Cadê a Dianna...?

- Não está em casa. – Respondi de imediato.

- Liga pra ela! Diz que ela já pode vir pra casa. Liga pra ela, Harry, liga! – Pediu inquieta.

- Calma, calma. – Segurei seu rosto, encarando seus olhos – Eu vou ligar

Ela assentiu respirando fundo e com calma peguei meu celular no bolso da minha bermuda discando o número da Dianna rapidamente.

- Dianna?

- Oi, Harry...

- Di, vem pra casa.

- O que aconteceu?? Você está bem??

- Sim, estou. É a Elise...

- O que aconteceu com a minha irmã?!

- Ela não está bem, só vem. Vem logo.

- Mana, deu tudo errado... deu tudo errado, Dianna... – Ela choramingou alto para que a Di lhe ouvisse.

- Santo Deus, eu já estou indo!!

Encerrei a ligação e abracei-a aconchegando-a em meu corpo para que ela se sentisse protegida.

- Não chore mais, baixinha... – Supliquei-lhe. Não gosto, nem nunca gostei de vê-la chorando.

Ela se separou de mim e fungou, me olhando.

- Harry... você... você já amou...? – Senti meu coração disparando.

O chão até pareceu abrir sob a cama...

E um único, um único nome me veio à cabeça...

Dianna...

Levei minha mão até entre meus cabelos e baixei a cabeça.

- Sim... eu já... eu já amei uma pessoa... – Confessei sentindo duas lágrimas escorrendo.

- A Alisson...? – Suspirei negando com a cabeça.

- Outra pessoa... – Disse com meus olhos fechados.

- Então o que aconteceu...? – Ela parecia confusa.

Abri os olhos e a olhei.

- ...eu a perdi... – Minha voz embargou também – ...eu me perdi...

Seu choro voltou com força...

- Foi o mesmo que aconteceu comigo... – Fungou de cabeça baixa – E agora eu me sinto tão perdida... – Abracei mais o seu corpo com todo o resto de força que eu tinha.

Eu sabia exatamente o que ela estava sentindo... quer dizer, embora eu não soubesse o real motivo... eu já estive em seu lugar diversas vezes... perdido... por causa da Dianna...

Eu sabia exatamente como era sentir aquilo...

E era exatamente por isso que eu estava ali a apoiando... eu não queria que ela sofresse o que eu sofri...

- ...está mais calma...? – Perguntei e ela fez um leve carinho em minha bochecha, assentindo – Me conta o que houve...?

- ...você vai me achar uma louca sem noção... – Choramingou-me.

- Isso eu já acho... – Ela riu fraco – Não estou aqui para te julgar, baixinha... – Ajeitei alguns fios de cabelos que caíam sobre o bonito rosto dela – Estou aqui para te escutar e talvez ajudar você a achar uma solução para o seu problema...

Ela me abraçou com mais força.

- Eu... eu, eu... – Ela não conseguia me dizer, embora estivesse com seu rosto totalmente enfiado em meu pescoço – Eu...

Me afastei dela com cuidado e acariciei seu rosto a olhando nos olhos.

- Fica calma e tenta me contar... – Ela assentiu pondo sua mão sobre a minha – Respire.... – Pedi e puxei o ar fundo para que ela me acompanhasse, coisa que ela fez.

A olhei por alguns segundos enquanto ela reproduzia o mesmo ato por mais duas vezes.

- ...consegue falar agora...?

- Acho que sim...

- ...pois comece...

Ela me olhou receosa, seus olhos estavam pesados.

- ...eu... eu estou apaixonada pelo meu sequestrador.  

Pisquei os olhos algumas vezes e tentei assimilar o que ela tinha acabado de me falar.

- O que, baixinha? – Minha voz mal saiu. Mal saiu.

- Eu me apaixonei pela pessoa que me sequestrou...

Arregalei os olhos e engoli a seco.

Senti medo. Tanto medo. Medo de Ronald está realmente certo e que ela estivesse... vocês sabem... que ela realmente estivesse... louca.

- Perae, perae, me explica isso – Pedi ao brevemente fechar os olhos.

- Eu acho que... – Iniciou ela – Eu acho que me apaixonei por ele desde o primeiro momento que o vi... – Suspirei fundo massageando minhas têmporas, a minha cabeça já estava estourando com esse assunto – E mesmo ele mostrando um lado meio violento, eu...

- Ele te machucou, Elise?! – Rosnei entre os dentes e ela fez um sinal com o dedo indicando que eu não a interrompesse.

- Não, claro que não. Nunca! – Respirei aliviado – Mesmo que ele quisesse me convencer desse seu lado durão, agressivo... – Ela sorriu em lembranças – Ele não conseguiu... – Abri a boca mil vezes para dizer alguma coisa, mas calei-me – Ele dava uma de durão aqui e logo em seguida me fazia mil gentilezas... – Tentei falar de novo, mas novamente fraquejei – E aos poucos nós fomos nos aproximando, aproximando, até que... de repente... nos apaixonamos.

- Elise, baixinha... – Suspirei. Como eu ia dizer isso a ela? Como eu ia dizer que ela estava confusa, sem que ela ache que eu estou insinuando coisas?

Um sorriso irônico formou-se em seus lábios.

- Você também não acredita em mim, não é?

Engoli a seco.

- Não é isso... – O que eu ia dizer?! – É só que você pode estar confusa, baixinha... – Ela revirou os olhos novamente sorrindo, sem humor algum – Você ficou muito tempo sozinha... fora que, você sabia que em muitos casos, pessoas sequestradas se afeiçoam ao seu sequestrador? – Ela bruscamente levantou-se da cama afastando-se de mim.

- EU NÃO ME AFEIÇOEI A ELE, EU O AMO!!

- Elise, eu não quis t...

- ME DEIXA SOZINHA, ME DEIXA SOZINHA, SAI DAQUI! – Ela gritou apontando para a porta sem tirar seus olhos dos meus, respirei fundo.

- Tudo bem. Tudo bem. – Meus pés me levaram até a porta do quarto, automaticamente.

Eu não queria que ela se alterasse mais ainda.

Saí de seu quarto e ouvi ela bater à porta logo atrás de mim. Levei as mãos ao rosto e respirei fundo me encostando na porta sentindo como se um buraco tivesse sido aberto sob os meus pés. Eu não acredito que isso está acontecendo... como... como... não pode! Eu prometi para a Dianna! Eu prometi!

 

Eu não vou permitir que ela seja internada, não vou.

 

Eu te prometo, Dianna.

 

Isso é uma promessa.

 

Senti meus olhos encherem-se de lágrimas. Meu rosto ardia prendendo o choro. Eu podia sentir meus órgãos todos tremendo.

Senti meu corpo escorregar pela porta até sentar sobre o tapete azul, felpudo em frente ao seu quarto. Levei minhas mãos até entre os cabelos e abaixei a cabeça. 

Desejando que Ronald não estivesse certo sobre o que disse...

Desejando que houvesse outra saída para Elise.

 

 

 

Elijah

 

- Então quer dizer que você fez uma carta de despedida para ela? – O preso perguntou para mim como se fôssemos amigos íntimos.

Talvez eu tivesse dado a ele essa intimidade. Fazia quase um dia que eu estava trancado na mesma cela que ele, mas quando se passa um certo tempo trancado com alguém e ainda mais nesse tipo de situação, você parece se tornar íntimo da pessoa por mais que ambos não abram a boca.

Quando dei por mim, eu já estava falando e me abrindo com ele...

- Sim… – Respondi com pesar em minhas palavras.

- Mas pela sua cara parece que não queria isso – Ele só me irritou ao dizer isso.

- E o que você sabe sobre o que eu quero e o que não quero? – Caminhei em sua direção – Você nem me conhece!

- É, você tem toda razão, não te conheço – Ele, que estava sentado na cama, levantou-se e me encarou de perto – Mas essas suas lágrimas não mentem, amigo. – Foi só então que percebi que estava chorando.

Estava tão desesperado, tão preso dentro de meus próprios demônios que sequer estava notando o que estava se passando comigo. Não eram aquelas barras de ferro geladas que estavam me prendendo ali. O que estava me prendendo era o meu medo, ou o próprio sentimento de amor. As barras só separavam Elise de mim fisicamente, mas emocionalmente, foi eu que fiz isso. Ao escolher ficar longe dela...

Eu que a separei para sempre de mim...

É verdade que eu não perguntei se ela queria isso, mas Elise não entende e não vê a situação como eu vejo. Era preciso fazer isso. Era preciso escrever aquela carta! Na verdade, eu preciso me forçar a acreditar que era preciso.

- Claro que eu não queria isso, cara – Agora foi a minha vez de me sentar na cama – Eu amo aquela garota – Levei minhas mãos a face.

- Sei como é. Está querendo proteger ela? – Ele me perguntou.

- Sim – Assenti – Na verdade tudo o que faço é para proteger ela de mim. Infelizmente eu sou um perigo para a vida dela.

Dessa vez não relevei me abrir para ele, simplesmente as palavras já estavam saltando de minha boca contando o que sinto.

- E quanto ao mal que fará ficar longe dela? – Ele interrogou.

- Será menos que o mal que eu faria estando perto dela. Deixando ela em perigo – Eu realmente acreditava nisso. Alex sempre estaria por perto... ela se tornaria apenas mais uma vitima dele para conseguir me atingir...

- Então tudo bem – Disse ele se deitando.

- Sabe, você nunca se apaixona na vida. Daí aparece uma pessoa que se torna tudo para você. Você não só tem a sensação de que ela é o seu amor… como que tudo que você viveu antes dela não era vida. É difícil até de me lembrar de coisas que eu fiz antes de conhecer Elise. Coisas que eu fazia todo dia. E agora essa ideia de viver o todo dia, de respirar, só tem valor se for com ela. É quase como se ela me desse a vida – Funguei – Acho que só me resta… – Antes de eu completar a frase, ele me interrompeu:

- Você tem que se matar – Completou.

-… isso… – Fiquei surpreso por ele ter entendido.

- Foi isso que eu senti, também, quando matei a minha mulher. Foi eu que a matei, mas o que eu senti posteriormente foi que eu estava me matando e tinha me matado naquele dia. Hoje eu não me importo de estar aqui na cadeia ou em qualquer lugar – Ele se levantou e foi até as barras – Todo canto que eu for vai ser um lugar sem ela. Então não faz muita diferença. Você vai entender o que eu estou falando quando passar mais um tempo aqui... – Ele voltou a deitar-se no seu colchão.

Mal sabia ele que eu já entendia… infelizmente já estava com essa ruim sensação...

Passado alguns minutos em silêncio, ele já estava dormindo. Que inveja eu senti... eu nunca mais iria conseguir fazer isso...

 

Provavelmente ela já leu tudo... tudo o que escrevi...

 

Eu só conseguia pensar nas lágrimas que ela estaria derrubando ao ler a carta. Essa seria a minha maior cruz. Eu estava fazendo ela chorar. E por mais que eu tentasse me enganar com a ideia de que estava fazendo isso porque era preciso, isso me doía, me doía muito...

Pelos cantos eu caminhava a passos cuidadosos para não acordar o outro preso, que ainda nem sabia o nome. Mas tudo o que eu mais queria não era estar livre, mas sim estar enxugando as lágrimas dela. Na verdade, era de nem ter feito ela chorar.

Mas era melhor ela chorar agora do que se machucar e chorar depois. Ou passar uma vida chorando, infeliz.

Ela precisava entender que eu fiz o que fiz para que ela pudesse alcançar a felicidade. Ter uma vida. Coisa que não irei ter trancado aqui.

Pelo menos, um de nós dois merecia ser feliz. E na balança da vida, Elise ganhava com toda certeza, ela merecia. E mesmo que eu pudesse ser feliz, renunciaria sem pensar duas vezes para que ela fosse feliz. E era isso que eu estava fazendo...

 

                                  ~Flashback ON~

 

Aqueles dias estavam passando rápido demais. Muito mais do eu previra. Muito mais do que eu queria. Alex só pretendia manter Elise presa por mais alguns dias. Ele tinha pressa em seus planos. Ele tinha pressa para ter a Dianna...

No entanto, eu já sofria por antecedência. Por medo de abrir meus olhos e ter de aguentar a sensação de saber que não teria mais Elise. Meu coração se apertava, e inconscientemente apertei mais ainda meus braços em torno da loirinha adormecida ao meu lado na cama.

Depois de muito relutar, eu fiquei mais uma noite para dormir com ela. Relutei por Alex e não por mim. Por mim... eu passaria todo o tempo do mundo com ela... mas se Alex me visse dormindo ali – coisa que quase aconteceu quando ele outra noite chegou de surpresa no galpão, a sorte foi que consegui sair da casa pelo telhado aberto, quer dizer, pelo buraco que fiz no teto pra ela – por que se ele me visse ali... eu estaria morto e muito provavelmente ela também...

Abri os olhos e a primeira coisa que vi foi a face adormecida dela. Queria gravar aquela imagem para sempre. Era a imagem mais linda desse mundo...

Toquei levemente sua face, e ela abriu aqueles olhos lindos para mim.

- Oi, linda... – Sussurrei bobamente e dei um leve beijo em sua têmpora.

- Amor! – Ela me encheu de beijos pelo rosto, quase desesperada.

- Elise, Elise, calma. Amor! – Ela riu escondendo o rosto em meu peito

- É muito amor, desculpa.

- Estamos nos arriscando muito... – Murmurei contra seus cabelos, sentindo o leve aroma de morango que vinha daquela região.

- Eu sei disso, mas é tão bom... – Sorri sobre sua cabeça, sentindo o carinho dela em meu rosto – Amor... – Ela inclinou a cabeça para me olhar.

- O que foi? – A olhei de cima.

- Eu ainda não te dei um beijo de bom dia...

Nossos olhares se encontraram, da mesma forma que nossos lábios segundos depois. Se havia algo que eu nunca esqueceria era a sensação dos lábios dela...

Era como entrar em uma casa aquecida com lareira, onde todos estavam sentados em volta, contando histórias sobre a vida enquanto saboreavam o mais delicioso chocolate quente do mundo. Era como encontrar um lar. Nossos lábios se encaixavam de um modo perfeito – como se fossem duas peças de um quebra-cabeça – e nossos corpos colados como se fossem um só...

Eu poderia passar a vida inteira enrolado em seus braços, sentindo o calor que emanava de seu corpo sarado, decorando cada curva milimetricamente desenhada... mas nós tínhamos um prazo de existência, e ele estava esgotando. Era como uma ampulheta que soltava seus últimos grãos de areia a cada beijo, abraço e carinho que trocávamos...

Nos separamos quando ouvimos um barulho do lado de fora da casa.

Será que era o Alex??

Saltei da cama me afastando dela e caçando os meus sapatos.

- Fred, volta aqui! – Ela sussurrou-me baixo.

- Calma! – Sussurrei de volta, tropeçando em tudo pela frente.

- Fred!

- Calma, garota!

- Amor, foi só um pombo!

A olhei confuso.

- Um pombo?

Ela assentiu sorrindo.

Olhei para o teto e o mesmo estava no alto da casa, fazendo barulho.

Rolei os olhos caindo sentado na cama, sentindo-a rapidamente se inclinar sobre mim.

- Agora eu vou te beijar muito – Sorri de canto, a olhando.  

Ela colou seus lábios nos meus... seus movimentos eram leves e sua boca parecia um lindo e leve pedaço de seda...

Ela tem um jeito tão único e carinhoso de beijar... eu nunca achei que fosse tão gostoso beijar alguém que se ama...

Eu a queria de todas as formas humanas possíveis...

Nossas bocas trabalhavam como ímãs desesperados por contato...

- Amor, eu... – Ela parou o beijo com um selinho – Eu te amo... não posso mais guardar isso.

Tudo havia parado ao meu redor. Eu estava estático com suas palavras. Meu coração parecia um compressor...

Ela queria me matar, eu sei que sim. Primeiro ela me beija e agora diz isso?

Eu nunca pude descrever muito bem as sensações que fervilhavam o meu corpo quando eu estava com ela, no entanto, ouvir isso, e pela primeira vez, jamais conseguiria descrever isso...

Não em palavras...

Então eu quase chorei. Faltou pouco...

Mordi o lábio inferior tentando conter as lágrimas que queriam escorrer...

Eu realmente estava sendo amado por alguém...

E não era um ser humano qualquer... era ela. A minha Elise...

Quando foi que Deus me perdoou por tudo que fiz de ruim? Quando foi que eu mereci ser tão bem amado... e ainda por cima, pela pessoa que eu também amo?

- Elise... – Ela acariciou meu rosto encostando sua cabeça na lateral da minha e recostando sua mão na minha sobre meu peito – ...por que disse isso, linda...? – Sussurrei próximo de seu ouvido.

- Porque eu sinto... – Sorri olhando nossas mãos agora entrelaçadas – E também por que quem sabe amanhã não estaremos mais juntos, amor... – Lágrimas escorriam pelos seus olhos. Ela também tinha esse medo. Ela também tinha...

- Não importa o que aconteça... não importa... as coisas não irão mudar entre nós dois... – Sussurrei contra seus cabelos e ela apertou suas mãos em punhos contra minha blusa – Nós sempre estaremos juntos...

- Você me promete...? – Sua voz saiu tão frágil. Eu podia sentir sua dor e a insegurança.

- Eu prometo... – Seus lábios logo se apossaram dos meus. Esse era nosso último beijo, eu podia sentir.

No fundo ele continha um desespero que os outros não carregavam. Automaticamente consenti a passagem de sua língua pelos meus lábios e devolvi o beijo com o mesmo amor que recebia. Que apesar de doce, tinha o gosto salgado das lágrimas que escorriam dos nossos olhos.

 

~Flashback OFF~

 

 

Eu nunca fui bom com promessas, meu amor... nunca... Me perdoa...

 

E foi então que algo me atravessou me fazendo ficar mais angustiado do que já estava.

E se ela não tivesse entendido? E se ela interpretasse tudo errado? E se ela não entendeu que eu a amo? Que estou fazendo isso por ela? E se ela tentasse se...? Deus! Não, isso não podia acontecer!

Corri até as barras e as segurei tão forte com um desejo intenso de poder parti-las com minhas próprias mãos e correr até sua casa. Para dizer que a amava! Para impedi-la de fazer qualquer besteira!

Ou quem sabe só para sequestrá-la de novo e dessa vezpor nós dois. Sem mais motivos. Só para ficarmos juntos. Juntos.

Ou quem sabe, só quem sabe, esse sequestro tivesse o nome de casamento...

 

 

 

Elise

 

Assim que Harry saiu do meu quarto, me encolhi sobre a minha cama.

Doía cada mínima parte do meu corpo...

 

~Flashback ON~

 

- Alguém aqui pediu um sanduíche de camarão com cream cheese? – Olhei para trás sorrindo.

Se aproximando lentamente, vinha Fred, com um leve sorriso. Saí do sofá que estava e corri para abraçá-lo. Senti meu corpo ser erguido alguns centímetros do chão e depositei milhões de beijos em seu rosto. Milhões...

Lágrimas escorriam por meus olhos, que ele secou-as rapidamente com beijos e sorrindo fraco. Não sei por que, mas eu sempre chorava quando o via de novo. De tanta felicidade... por tanto medo de que não voltasse... ou quem sabe fosse só fome...

Eu nunca iria saber...

- Que beijo mais gostoso... – Disse carinhoso, enquanto eu beijava incessantemente a sua bochecha.

- Eu posso te dar mais, muito mais – Escorreguei minha boca para a sua lhe dando infinitos selinhos.

- Primeiro você vai comer – Senti dois braços me afastando, bom, tentando...

- Amor!

- Elise...

- Fred! – Quase bati o pé no chão.

- Vai comer, mimada! – Provocou-me.

- Mas e os nossos beijos? – Cruzei os braços.

- Depois. Só depois. – Ele me pegou pelo cotovelo me levando até a mini-cozinha – Primeiro come e depois você pode me beijar o quanto quiser. – Sorri travessa.

- O quanto eu quiser?

- Na verdade quanto eu aguentar... – Falou fazendo um carinho em meu cabelo.

Soltei um risinho.

Puxei-o para mais perto de mim e lhe roubei um beijo.

Ele sorriu em minha boca.

- Garota – Falou parando de me beijar por um instante.

Grudei minhas mãos em seu rosto intensificando ainda mais aquele beijo...

Suas mãos arrodearam minha cintura entregando-se novamente ao beijo... elas corriam levemente por minhas laterais enquanto nos beijávamos... eu podia sentir seus dedos gélidos em minha pele quente que incendiava por ele... meu corpo parecia formigar por ele...

- Amor, amor... – Murmurou em meus lábios – Elise!

- O que?

 

~Flashback OFF~

 

 

Pude escutar o barulho de um carro entrando na garagem de casa me tirando daquele momento. Corri imediatamente para a janela de meu quarto, que dava para a frente da garagem de casa, para ver se era a minha irmã. E eu estava certa, era ela mesmo. Meu coração acelerou mais do que já estava acelerado. Sentia cada gota de suor descer por minha testa. Era um suor frio e aflito. Por alguns segundos fiquei apenas parada ali, olhando para baixo, para o carro do meu pai.

Ela desceu do carro correndo, deixando a porta da garagem bater ao passar por ela.

- Mana!! – Ouvi ela dizer subindo a escada.

Então resolvi mover-me em direção a ela. Abri a porta com tanta vontade que a mesma chocou-se contra a parede fazendo um barulho estrondoso. Minha irmã entrou em meu quarto, com um olhar confuso e assustado, me abraçando.

- O que aconteceu? O que aconteceu? – Ela perguntou-me, e sua calma poderia ter me confortado, se eu não estivesse tão desesperada. Ou talvez eu soubesse que ela só queria me passar uma calma que não existia...

- Acabou... acabou... acabou... – Repetia sobre seu ombro.

- O que acabou, Elise?

Foi então que, com as mãos tremendo e suando, estiquei meu braço lentamente em direção da cama e peguei a carta.

- Isso é dele? – Perguntou-me cautelosa.

Assenti chorando.

- Eu posso ler...?

- Não. É minha. É minha, é minha, só minha... – Levei o papel sobre meu peito, abraçando-o enquanto dizia.

- Tudo bem, tudo bem, eu não vou ler... – Ela tentou acalmar-me.

Afastei o papel de mim e comecei a ler novamente.

Conforme eu ia lendo, em cada palavra havia uma mistura de rosas e espinhos. Eu conseguia, sem precisar fechar os olhos, escutar Fred me falando tudo aquilo...

Havia momentos em que eu sorria por saber que tudo aquilo estava nele. Já em outros, me desesperava… era uma carta de despedida.

E do meio para o final da carta, eu já não conseguia mais ler sem desespero... as minhas mãos tremiam e meus olhos estavam embaçados do choro...

Eu já sabia o que ele me diria... eu já havia lido...

Deus, meu coração estava doendo tanto que eu já não sabia mais se devia terminar de ler. Ao meu lado, Di estava a chorar também. Ela não estava lendo o que eu lia, e nem faria menção do que estava sendo dito, mas ela conseguia sentir a minha dor...

Que era grande. Enorme. O ar já estava sendo difícil de se puxar e eu já nem sabia mais se eu queria... talvez fosse realmente bom eu morrer ali e logo... eu preferia morrer do que ficar longe dele...

Sem nem notar, caí no chão de joelhos. As minhas pernas tão fracas, não conseguiam me manter em pé, lendo aquela carta. Di tentou me segurar, mas quando ela me tocou, eu já estava no chão.

Ela não dizia uma só palavra, apenas ficava olhando para mim e chorando. E eu olhando para aquele glomerado de palavras que formavam as frases mais lindas e difíceis de ler da minha vida...

Cada letra escrita a punho era a descrição de como ele era e o que estava sentindo...

Havia momentos que eu entendia o porquê de tudo aquilo... entendia o amor que ele sentia por mim. Isso porque eu também sentia esse amor por ele. Mas em outros momentos, eu não conseguia entender. Como alguém que ama tanto uma pessoa consegue desistir dela assim? Será que ele não pensava que eu sofreria mais sem ele? Será que ele não entendia que viver assim faria com que tudo fosse em vão? Que ficarmos longe, por mais que fosse para a minha segurança, seria como matar algo tão bonito que nasceu só para nós? Como ele pode deixar acabar a coisa mais bonita que aconteceu nas nossas vidas?

Foi então que a carta terminou...

E a sensação foi de que um buraco abriu sob meus pés me fazendo descer em queda livre ao chão...

As palavras dele realmente encravaram estacas em meu peito tão fortes que eu nunca iria conseguir tirar...

Eu só conseguia olhar para aquelas letras e pedir a Deus que não fossem reais... mas quando olhava para Di, sabia que era verdade, que aquilo estava acontecendo...

- Você se abriu, meu amor... você se abriu... – Murmurei baixinho. Sorrindo e chorando. Um choro que só ia aumentando.

 “Elijah” era o nome que estava anotado no canto da folha...

Aquilo não podia ser possível, podia? Olhei para Di e ela estava com uma expressão confusa ao me perguntar o que estava havendo.

Ele se abriu!

Era isso que estava acontecendo!

- Elise, me deixa ver isso! – Disse preocupada tentando pegar o papel de mim.

No segundo seguinte eu soltei o grito mais forte que meus pulmões conseguiriam soltar. Meus próprios ouvidos ficaram zumbindo com tamanho som.

- NÃO, ISSO É MEU, SÓ MEU!!

Meu pai entrou às pressas pela porta. Não cheguei nem a olhá-lo, ou como estava a sua expressão, eu apenas estava literalmente jogada ao chão em um mar de lágrimas querendo realmente morrer. O homem que eu amava tinha desistido de mim. Tinha desistido!

- Mas o que está acontecendo?! – Meu pai veio até mim e me sacudiu com força como se isso pudesse me melhorar.

- Calma, pai! Ela está passando mal! – Disse a minha irmã, intervindo.

- O que aconteceu?! – Ele perguntou.

Ela ficou calada.

Notei que Anne e Harry estavam parados na entrada do quarto, me olhando, angustiados. Sussurrei um ‘‘me ajuda’’ para Harry.

Logo uma expressão de choro assumiu seu lindo rosto.

‘‘Me desculpa...’’ – Sussurrou-me de volta.

Mesmo depois de ter aberto o meu coração, todas as minhas dores para ele... mesmo depois de tudo que o disse, em seus olhos eu vi o quanto ele acreditava que eu estava louca...

Nesse momento eu fui sugada para longe... era quase como se tivesse me assistindo do alto. No entanto minhas asas não eram de plumas brancas, mas sim pesadas e dolorosas com espinhos.

- O-que-está-acontecendo-aqui?! – Meu pai repetiu pausadamente.

Mesmo com minha irmã calada, isso só fez aumentar as suspeitas dele. Ele olhou bem para mim e viu a carta em minhas mãos. Nem forças para segurá-la com mais firmeza eu tive. Ele a arrancou de meus braços e foi então que ele a leu.

Sequer consegui ver a expressão dele. Olhei para a Dianna com meus olhos esbugalhados. Agora só ela poderia me ajudar. Ela revezava seu olhar entre ele e a carta. Ele me olhou, e prontamente me levantou do chão e me jogou em cima da cama indo em direção a porta.

- Dianna, arrume sua irmã. – Ela apenas me abraçava alisando os meus cabelos – Eu vou levá-la para o hospital agora mesmo. – Fechei os olhos enquanto sentia a mão dela acariciar meu ombro. Abri lentamente os olhos e pude ver meu pai parando na porta para me olhar.

- Pai! – Minha irmã proferiu aterrorizada.

- Não adianta, Dianna! – Ele novamente me olhou – Você vai ser internada, mocinha. – E saiu do quarto sem dizer mais nada.

 


Notas Finais


Capítulo simples e pequeno, porém, MUITO importante e abrirá portas para todas as bombas que virão pela frente! Me digam o que acharam e até o próximo ❤️


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