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História I Can't Get Over You - Capítulo Único


Escrita por: wisheschanbaek e xiumeu

Notas do Autor


Oiiiii! Como vocês estão? Faz um tempinho já, certo? Estão comendo direitinho??? Confesso que estava com muita saudade de escrever pro cbw, mas devido uns problemas familiares eu acabei afastada por alguns meses. Essa história foi baseada na música "I can't get over you", e escrita com muito carinho pra vocês, espero que gostem! Ah, muuuito obrigada pelos +900 favs em Discagem Rápida, amo vocês! Boa leitura <3

Capítulo 1 - Capítulo Único


Baekhyun teve suas audições rejeitadas duas vezes antes de desistir de virar cantor. Bom, quase desistir. O sonho ainda estava ali, pulsando junto com as batidas de seu  coração, mas de alguma forma o medo de falhar parecia ser maior do que qualquer outra coisa.

A primeira audição que foi rejeitada não aconteceu porque o garoto cantava mal ou algo do tipo, e, sim, porque ele nem mesmo apareceu. Aparentemente, sua sorte lhe deu um pé na bunda uma semana antes, dando espaço para uma gripe lhe atingir com tanta força, que mal podia abrir os olhos durante alguns dias, tampouco cantar.

A segunda vez não foi por causa de alguma doença, Baekhyun simplesmente travou. Estava tão nervoso e com tanto medo de errar alguma nota, que estancou no lugar quando os primeiros acordes do piano soaram, segurando o microfone com força suficiente para que os nós dos dedos ficassem brancos. Ele nem ao menos respirava, apenas encarava os três jurados como se estivesse vendo a própria Morte na sua frente.

Desde então, decidiu deixar um pouco de lado as audições e as aulas de piano. Já estava com vinte e dois anos, não havia começado nem mesmo a faculdade e precisava desesperadamente de um emprego para conseguir ajudar em casa. Estava fadado ao fracasso, mas que pelo menos fosse um fracassado que conseguisse ajudar minimamente os pais no final do mês.

Procurou por um bom tempo, indo em todas as vagas que eram anunciadas nos jornais, mas falhando miseravelmente nas entrevistas. Sempre ficava nervoso demais, gaguejando demais e tremendo demais. Nenhuma das empresas aparentemente queriam contratar alguém com Parkinson e gago.

E quando as esperanças de ser alguém na vida estavam descendo pelo ralo, sua prima Yeri conseguiu lhe arrumar um emprego na agência de música que trabalhava. Não era nada muito prestigioso, apenas um emprego como ajudante de staff. Ou pessoa do cafézinho, como era chamado dentro da empresa. E por mais que não fosse algo grande, Baekhyun acabou aceitando, tinha planos de voltar a estudar e para isso precisava ter pelo menos uma estabilidade financeira para pagar o material e conseguir ajudar os pais, então o emprego daria pro gasto durante um tempo.

O dia era frio do lado de fora dos portões da empresa, mas o lado de dentro estava tão quente quanto um dia de verão, mesmo que os aquecedores estivessem desligados.

The Lost Planet estava prestes a fazer comeback, e como era a banda que mais lucrava naquele lugar, todos estavam sobrecarregados com os afazeres, andando de um lado para o outro conferindo figurino, fotos e dando um checkout na tracklist do novo álbum.  E Baekhyun estaria enganado se todo aquele estresse não acabasse atingindo o garoto do café, assim como a grosseria do diretor e de quase todo mundo que estava com a cabeça quente e precisava descontar em alguém que não tivesse o poder de descontar alguns zeros de seus salários.

— Baekhyun! O que está fazendo?! — Soojung, uma das acionistas da empresa chamou a atenção do garoto, que arrumou a postura e encarou a mulher com os olhos arregalados, as pernas já bambas pelo medo de ter feito algo errado.

— E-eu estava…

Ela esticou a mão, em um sinal claro para que não continuasse. Baekhyun se calou imediatamente, se encolhendo nas próprias roupas de frio.

— Não quero saber. O que eu quero dizer é o que você está fazendo plantado nessa mesa enquanto nossas estrelas morrem de frio dentro daquele set?

— Então eu… hm, deveria pegar… casacos? — perguntou, incerto. A mulher ergueu uma sobrancelha, encarando-o como se ele tivesse dito um absurdo.

Soojung respirou fundo, massageando as têmporas enquanto pedia aos céus que um raio acertasse o garoto em sua frente.

— Qual é o seu trabalho aqui?

— Eu sou ajudante do mana-

— Qual o seu trabalho real aqui? — perguntou de modo grosseiro.

— Garoto do café. — respondeu a contragosto, um bico involuntário se formando em seus lábios.

— Ótimo. E, como garoto do café, por que você ainda não buscou a porcaria do café para o The Lost Planet?

— Me desculpe, eu vou buscar agora mesmo. — Baekhyun falou, se curvando em um pedido de desculpas antes de sair apressado dali.

Mas não sem antes ouvir “incompetente” saindo dos lábios da mulher mais velha, seguido do eco dos sapatos de salto, anunciando que ela havia ido na direção contrária dele.
 

[...]
 

— Ugh! Essa… essa… vaca! Quem ela pensa que é pra falar com você desse jeito?

Yeri perguntou, o rosto tão vermelho de raiva quanto os cabelos recém-tingidos.

Caminhava ao lado de Baekhyun pelas ruas frias e caóticas daquela avenida bastante movimentada de Seul. Por sorte, havia uma cafeteria pequena logo na esquina, então nunca precisava ir muito longe para buscar o café e alguns petiscos com pouco açúcar e sem glúten, afinal, as estrelas precisavam cuidar do próprio corpo.

— Esquece isso. — Baekhyun murmurou, não estava com vontade de discutir aquilo outra vez.

Não era a primeira vez que era tratado mal dentro do próprio ambiente de trabalho, e enquanto precisasse daquele dinheiro, não seria a última. Por ter um cargo menor e pouco prestigiado, algumas pessoas tiravam vantagem disso para lhe tratar mal, sempre o diminuindo ou lhe dando tarefas que não era sua obrigação fazer. Nunca se abalou muito por isso, precisava daquele emprego, então aturava tudo de boca fechada. Mas não Yeri. A prima tinha o sangue quente e era extremamente explosiva em relação ao que julgava ser certo ou não.

— Não, Baekhyun! Você precisa parar de “esquecer isso” — fez aspas com os dedos — Você acha que eu não sei que eles abusam da sua boa vontade? Acha que eu não sei o bullying que aqueles imbecis fazem com você?

Baekhyun riu nasalado, Yeri também era muito exagerada em seu ponto de vista.

— Não seja exagerada.

Yeri franziu as sobrancelhas, puxando o celular do bolso e começando a andar de costas, mas de frente para Baekhyun. Outras pessoas que passavam na mesma calçada olhavam feio, mas a garota parecia não ligar para aquilo.

— Vou ler a definição de bullying pra você — ela comentou, digitando com dificuldade por conta das luvas, mas seria impossível tirá-las. O frio estava de congelar — Vejamos… Bullying é um termo utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo ou grupo de indivíduos causando dor e angústia. Preciso ler mais ou você já entendeu?

Baekhyun apertou o saquinho de papel em uma das mãos, tentando descontar seu nervosismo em algo. Aquilo não era bullying… era só a personalidade deles, ou talvez só estivessem de mau humor. E eles estavam sempre sobrecarregados com tanto trabalho, talvez fizesse parte do pacote “Garoto do café” aturar algumas coisas.

— Yeri, você sabe… são meus chefes e-

— Não termine essa frase, Byun Baekhyun! Eu te proíbo — ela suspirou, ajeitando os fios vermelhos debaixo da touca de crochê antes de se voltar para o outro. — Baekhyun, não é normal que aqueles babacas te tratem que nem um cachorro. Na verdade, nem mesmo cachorros deveriam ser tratados assim. Você sabe muito bem que isso é bullying e por saber disso não devia deixar aqueles merdinhas te tratarem mal.

Baekhyun deu de ombros, encarando as pontas dos sapatos enquanto chutava algumas pedrinhas no chão. Não queria ver o olhar de pena de sua prima, portanto permaneceu de cabeça baixa. Recebeu aquele olhar muitas vezes e, por mais que estivesse se “acostumado”, a ferida doía ao ser pressionada.

— Tudo bem, mas eu preciso desse emprego, Yeri. Você sabe. Não posso arruinar tudo dessa vez.

A mão enluvada da prima foi de encontro com seu ombro, dessa vez ela não olhava para seus olhos.

— Eu sei, Baek, você não vai estragar, mas eu não posso permitir que aqueles babacas do The Lost Planet te tratem igual merda, ninguém mexe com a minha família.

Ela apertou seu ombro gentilmente, como um lembrete de que ela estava e continuaria ali. Yeri fechou a mão em punho, colocando na frente do rosto de Baekhyun.

— Vamos almoçar juntos hoje? — convidou, exibindo seu melhor olhar pidão juntamente com um aegyo que fazia uma multidão de homens se curvar diante dela.

Mas não é como se Yeri gostasse de homens.

Baekhyun sorriu minimamente, fechando sua mão em punho apenas para dar um soquinho na da prima. Uma forma de cumprimentos que sempre foi utilizada por eles.

— No mesmo lugar de sempre. — a garota emendou.

— Fechado.
 

[...]
 

Baekhyun tinha dois títulos — que ele mesmo se deu —, “garoto mais azarado do mundo” e “garoto mais desastrado do mundo”. E a junção dos dois somado à uma multidão de maquiadores, fotógrafos e figurinistas era igual a algo ruim prestes a acontecer.

Yeri recebeu uma ligação de última hora, portanto não pôde ajudá-lo a levar o café para o The Lost Planet, sobrando para apenas um Baekhyun dar conta de levar as caixinhas de papelão com café e o saquinho com doces.

E ele estava indo bem, segurando o saquinho na boca e os isopores com café nas duas mãos enquanto desviava com cuidado de todos que passavam por si. Ninguém lhe ofereceu ajuda, mas não é como se o cargo que exercia o fizesse deixar de ser invisível.

Podia ver o cenário montado para as fotos ao longe, onde Jongin, Sehun e Yifan descansavam em suas respectivas cadeiras. Todos exibindo semblantes cansados e irritados.

Baekhyun engoliu em seco antes de voltar a se aproximar, se sentindo uma formiguinha no meio de toda aquela gente. A voz alta do CEO contribuía para o garoto se sentir ainda mais acanhado.

— Eu não quero saber se ele está escrevendo a merda da música do milênio! Ele tem um contrato a seguir e um comeback prestes a ser lançado e nós nem terminamos as fotos!

Ao se esgueirar entre dois maquiadores, Baekhyun pôde vislumbrar a figura alta e imponente do CEO, que brigava com Soojung pelo motivo que sempre deixava todos estressados na empresa: Park Chanyeol.

Chanyeol era o vocalista e a base da banda The Lost Planet, já que além de ser o vocalista principal, também é o compositor de pelo menos 80% das músicas que são lançadas não só na banda, mas por todos os artistas e grupos da empresa.

Baekhyun achava o cara incrível, mesmo que nunca tivesse tido um contato direto com o Park, já que ele passava quase todo o tempo em seu estúdio, rodeado de café fresco e instrumentos.

E mesmo sendo o garoto do café, o Byun nunca serviu o cantor diretamente.

— E-eu sei, senhor, mas Chanyeol se recusa a sair do estúdio. — Soojung falou baixo, se curvando na frente de seu superior.

— E eu me recuso a perder mais tempo. Mande-o vir fazer as fotos agora. — o CEO falou furioso, dando as costas para a mulher.

Todos em volta ficaram em silêncio, observando Soojung e esperando alguma reação dela. A mulher ergueu o rosto, ajeitando o cabelo curto atrás da orelha e empinando o nariz, seu olhar de superioridade voltando a alcançá-la tão rápido quanto sumiu diante da humilhação.

— Voltem ao trabalho, incompetentes — ditou, passando os olhos pelas pessoas e pousando-os em Baekhyun. — Até que enfim! Vá servir as nossas estrelas!

Baekhyun assentiu com a cabeça, logo se aproximando dos cantores que estavam sentados no canto do estúdio, todos alheios ao que acontecia por estarem focados em seus celulares. Baekhyun tentou equilibrar os copos e o saco de papel durante o caminho até o cenário, ocupado demais para reparar no equipamento de fumaça no chão e acabando por tropeçar e cair, derrubando tudo o que segurava.

Houve um minuto de silêncio antes do lugar explodir em risadas. Baekhyun corou até os fios de cabelo, observando o estrago que havia feito com os cafés cheios de frescura de seus chefes, mas que agora estavam espalhados sobre o piso, assim como os bolinhos. Apoiou as mãos no chão apenas para se abaixar novamente, curvando-se como um pedido mudo de desculpas.

Uma risada histérica e debochada chamou sua atenção, assim como o som de flashes soando logo acima de sua cabeça. Não era preciso erguer os olhos para saber que se tratava de Zitao, um dos membros da banda The Lost Planet.

— Tsc, o que esperar do idiota do Byun, não é mesmo? — retrucou. Baekhyun se encolheu, buscando apoio nas próprias pernas para tentar se levantar — Olha a bagunça que esse incompetente fez… eu devia te obrigar a limpar esse chão com a sua língua, seu imundo.

Suas pernas estavam doloridas e tremiam pelo impacto repentino, mas Baekhyun não hesitou em continuar se curvando como um pedido de desculpas. As risadas estavam mais baixas, mas não havia dúvidas que todos os outros funcionários assistiam a cena com divertimento.

— Me desculpe, senhor Huang. — pediu, com a voz baixa e embargada.

Zitao soltou mais uma risada escandalosa carregada de deboche.

— Você devia pedir desculpas para a sua mãe, por ser tão estúpido assim.

— Tao… — a voz de Sehun se fez presente.

— O quê? Eu estou só colocando esse merdinha no lugar dele.

— Deixa ele, Sehun — Jongin segurou em um dos ombros do loiro, tentando o afastar.

Baekhyun permanecia de cabeça baixa, com a visão desfocada por conta das lágrimas acumuladas de vergonha e das palavras maldosas de Zitao, mas mesmo assim não se permitiria derramar uma sequer.

— De qualquer forma, eu quero esse piso brilhando até eu voltar aqui. Acho que você não é tão inútil ao ponto de não conseguir limpar um chão, não é?

Baekhyun balançou a cabeça em concordância, se virando para ir pegar um pano e os produtos de limpeza necessários para limpar a bagunça que havia feito, quando Zitao, não satisfeito, decidiu o empurrar, fazendo com que acabasse caindo no chão novamente.

Mais risadas.

Baekhyun já não conseguiu mais conter as lágrimas de dor e humilhação. Se não precisasse tanto estar naquele emprego, talvez estivesse vivendo melhor em outro lugar, longe de todas aquelas pessoas horríveis. Enxugou as bochechas molhadas com a manga da camiseta antes do som de algo caindo soar, fazendo todos na sala entrarem em um silêncio assustador outra vez, dando espaço para uma voz rouca e alta ecoar pelas paredes.

— Mas que merda é essa acontecendo aqui?!

Baekhyun ergueu os olhos quase imediatamente, vendo um corpo alto e esguio parado no hall de entrada, encarando toda a situação com ódio nos olhos.

Chanyeol. Exatamente da forma que se lembrava; alto, com os cabelos platinados desarrumados debaixo do boné e com aquela pose de dono do mundo que fazia as pessoas acreditarem que ele realmente era. Baekhyun inclusive.

Podia contar nos dedos de uma mão quantas vezes havia visto o vocalista da banda, mas em nenhuma das vezes ele parecia tão assustador quanto naquele momento. Havia um aparelho de som caído próximo aos seus pés, mas ele pareceu não se importar, os olhos estavam ocupados fuzilando a postura despreocupada de Zitao e o resto da banda, que se encontrava logo atrás dele.

— Ora ora, olha quem resolveu sair da toca. Fazer fotossíntese de vez em quando faz bem, Channie — Zitao murmurou divertido, com um sorriso brincando nos lábios.

Os olhos do platinado vagaram pelo salão até esbarrarem com os de Baekhyun, que de primeira desviou  o olhar, envergonhado pela situação em que se encontrava. Tentou se levantar com as pernas trêmulas, mas viu pelo canto dos olhos Chanyeol correndo em sua direção e lhe estendendo a mão.

— Você está bem? — perguntou baixinho, assim que o menor se aceitou sua mão para se levantar.

O Byun concordou com a cabeça antes de virar o rosto para o lado oposto de Chanyeol e focar a visão em qualquer outra coisa que fosse. O mais baixo pensou que o cantor se afastaria após ter o ajudado a se levantar, mas ficou surpreso quando mesmo depois de estar de pé, o Park ainda continuasse segurando a sua mão.

— Qual é o seu problema? — questionou a Zitao, que encarava as próprias unhas.

— Problema? Eu só estou ensinando esse imbecil o lugar dele. Não vai ficar bravo só por isso, não é, Chanyeol-ah? Ele precisa aprender o lugar dele nessa empresa.

Chanyeol rangeu os dentes, uma veia saltando em seu pescoço pela raiva.

— E você precisa aprender o seu. Não existem motivos para tratar alguém dessa forma. É ridículo, é nojento e principalmente, desumano. Se você não consegue ter respeito nem pelo próximo, imagina consigo mesmo — praticamente cuspiu as palavras — E se você gosta tanto de colocar as pessoas em patamares, volte a ir para o seu. Eu sou praticamente a porra do dono dessa empresa, sem mim essa merda não funcionaria nem uma semana já que eu componho e sou o líder da banda mais famosa. E você, o que é aqui dentro além de um cara babaca que pratica bullying com os funcionários!?

Zitao mordeu o lábio, revirando os olhos e se forçando a olhar ao redor, vendo que todo mundo prestava atenção na conversa. Ele não era nem louco em tentar rebater Chanyeol naquele nível de raiva que ele se encontrava, portanto apenas deu de ombros, forçando uma expressão desinteressada.

— Ótimo. — Chanyeol continuou. — Espero que o recado esteja dado para todos os funcionários dessa empresa. Bullying é crime, e eu não permito isso na minha empresa, entenderam? Qualquer brincadeirinha idiota que for feita com o Byun novamente vai tirar o emprego de alguém, e eu não vou nem pensar pra pôr a pessoa pra fora. Agora voltem ao trabalho, temos um comeback pra fazer.

Baekhyun observou, meio desconcertado a multidão de pessoas sumir pouco a pouco, e ele teria dado um jeito de sumir dali também se a mão do cantor ainda não estivesse segurando a sua. Estava nervoso, era a primeira vez que ficava tão perto de seu chefe e, de certa forma, se sentia invasivo por isso.  

— Byun, não é? — Chanyeol perguntou quando os últimos funcionários saíam da sala, destruindo toda a pose autoritária de segundos atrás e adquirindo uma que deixava Baekhyun ainda mais desconcertado, principalmente com o tom preocupado que estava usando. — Você tá bem? Se machucou?

Baekhyun negou com a cabeça, se sentindo extremamente infantil por não conseguir responder.

— Me desculpe por isso — pediu, soltando a mão que segurava a do Byun e a passando pelo rosto. — Eu não… eu não tinha ideia. Isso acontece com frequência? Ah! — bateu a mão no próprio rosto. — Mas que belo chefe eu sou, não sei nem quando os meus funcionários estão sofrendo bullying dentro dessa empresa.

Chanyeol esfregava o rosto com pesar, e Baekhyun podia ver pelos ombros tensos em como ele estava cansado, se sentindo culpado logo em seguida. Chanyeol tinha tantas preocupações para lidar e ele ainda tinha que criar mais uma.

— Me perdoe por isso. Por favor, tire o resto do dia de folga. É o mínimo que eu posso fazer por hora.

Assentiu com a cabeça algumas vezes, encabulado demais para dizer qualquer coisa que fosse. Chanyeol deu um sorriso mínimo antes de se virar ao ouvir alguém chamando seu nome, e Baekhyun, aproveitando o momento sozinho, tratou de sair correndo dali, o rosto ardendo de vergonha e o coração acelerado, como se estivesse prestes a explodir.
 

[...]

 

— Eu vou quebrar a cara daquele panda falsificado! — Yeri rosnou do outro lado da linha telefônica. — É sério, Baekhyn. Eu vou torcer aquele pescoço e depois arrancar aquele cabelo ridículo fio por fio, ah se eu…

— Yeri — Baekhyun repreendeu. — Não foi nada demais, sério. E a culpa foi minha, eu que caí.

— A culpa é daqueles babacas nojentos. Eu vou matar todos assim que chegar, você vai ver só.

Baekhyun revirou os olhos pelo exagero, embora tivesse um pequeno receio de que Yeri realmente tentasse matar todo o The Lost Planet. No dia anterior, acabou ficando o resto da tarde deitado na cama com gelo nas pernas por ter realmente se machucado durante as duas quedas, o que quase fez Yeri surtar e querer invadir a residência luxuosa de Zitao sedenta por sangue chinês. Por sorte, Baekhyun e Saeron, a namorada de sua prima, conseguiram acalmar um pouco a fera e fazê-la desistir da ideia de massacrar todos os integrantes.

Ou quase todos.

Baekhyun não conseguia parar de pensar em Chanyeol e sua gentileza desde o dia anterior, quando o mais alto o defendeu de uma forma que parecia que ambos já se conheciam. Yeri também havia ficado surpresa, embora tivesse soltado um “ele não fez mais que do que a obrigação”. E, foi pensando nisso que acordou um pouco mais cedo no dia seguinte, disposto a comprar um copo de café e bolinhos para seu chefe, principalmente sabendo que ele deveria ter dormido na sala de produção de novo.

— Ok, sua assassina sanguinária, agora escolhe: complemento com chantilly e canela, puro o café com leite?

— Puro. Chanyeol parece ser o tipo de cara que gosta de coisas mais simples e naturais.

— Oh, verdade. E os bolinhos?

— Bolinhos? Não acha que tá exagerando?

— Ele me ajudou e me defendeu na frente de todo mundo, é o mínimo que eu posso fazer.

Yeri bufou do outro lado da linha, ao mesmo tempo que a voz de Seulgi surgia no fundo da ligação gritando um “Cadê a minha calcinha nova?”. Baekhyun corou e riu, esperando Yeri responder enquanto fazia o pedido para a balconista e escolhia os bolinhos confeitados com o formato de cachorrinhos que estavam na vitrine.

A relação da prima era complicada, embora assumisse o namoro, parecia que ninguém se importava em prestar atenção no que ela dizia. Talvez achando que aquilo era só uma fase, embora elas já morassem juntas há 6 meses e estivessem prestes a noivar.

— Está ok você querer agradecer o Chanyeol pelo que ele fez, mas, Baekhyun, você não precisa endeusar o cara. Ele só foi legal e as pessoas são legais o tempo todo. Me promete que você não vai agir como se a sua vida pertencesse a ele por isso, certo?

Baekhyun suspirou, o lábio inferior tremendo por conta do frio.

— Não vou. Eu só quero agradecer por ele ter sido legal, relaxa.

— Tudo bem, te vejo no inferno, ops, empresa então.

Baekhyun riu, acabando por concordar antes de finalizar a ligação.
 

[...]
 

Baekhyun nunca havia estado naquela parte da empresa, a parte abandonada, no caso. Era um andar antes do telhado, as portas eram todas lacradas e as poucas abertas serviam de depósito para os produtos de limpeza e materiais de escritório.

Também servia de escritório para Chanyeol nas horas vagas.

Baekhyun mordeu o lábio inferior, segurando com força o copo de isopor e a embalagem com os bolinhos. A vontade de sair correndo era grande, mas a dívida que ele sentia que estava mantendo com Chanyeol era maior. O mínimo que ele podia fazer era pedir desculpas, portanto não mediu esforços ao bater na porta bem de leve e recuar um passo para trás, com aquela agitação desconfortável no estômago.

A porta foi aberta com um rangido antes dos olhos do Byun pousarem na figura bagunçada que era Chanyeol pela manhã; moletom, chinelos, carinha amassada e um resquício de baba seca no queixo, indicando que, sim, ele realmente passava as noites no estúdio. E para a infelicidade do Byun, o cara era extremamente fofinho pela manhã.

— S-senhor Park! — Baekhyun falou, elevando o tom de voz sem querer e sentindo as bochechas corarem. Se curvou em uma reverência enquanto estendia o café e os bolinhos para o mais alto — Por favor, aceite isso como um agradecimento por ontem.

Chanyeol, que mal estava raciocinando direito, balançou a cabeça, pegando com cuidado as embalagens das mãos do Byun.

— Baekhyun? Não precisa se curvar, eu fico sem graça — Chanyeol riu, tocando o ombro de Baekhyun como um pedido mudo para que ele se levantasse. — Hmm, isso está com um cheiro bom, mas sabe, não precisava gastar seu tempo e dinheiro comigo. Sobre ontem… aquilo foi o mínimo que eu poderia fazer, Zitao e Yifan dão dor de cabeça pra todo mundo, mas agressão é algo muito mais grave.

Baekhyun balançou a cabeça, o coração acelerado e o cérebro aparentemente lento demais para pensar em algo para falar.

— Espero que tenha feito queixa na polícia. Por mais que ele seja do The Lost Planet, não gosto da ideia de ter esse tipo de pessoa no grupo. O tipo que fica cega pela fama, no caso.

— Não, não fiz — o Byun falou baixinho, o olhar descendo até seus pés. — Não quero dar prejuízo para o grupo.

Chanyeol ficou quieto, analisando a estatura baixa e o cabelo escuro cobrindo a testa e os olhos de Baekhyun. Era um garoto tímido, reservado e, de alguma forma, Chanyeol sentia que já havia visto aquele garoto antes. Bem antes.

— Não se preocupe com isso. Bom, de qualquer maneira… quer entrar?

Chanyeol abriu um pouco o espaço, revelando parcialmente o cômodo abafado e pequeno em que trabalhava.

Baekhyun mudou o peso do corpo entre os pés, ponderando se aceitaria ou não. Era uma decisão complicada, estava com medo de atrapalhar o maior em seu trabalho e principalmente de ser um incômodo, embora estivesse óbvio para ele que Chanyeol havia o convidado apenas por educação.

— Eu vou ficar muito chateado se você recusar — o Park apelou, dando um sorriso de lado quando viu o Byun inflar as bochechas.

— Tudo bem, mas precisa ser rápido.

Chanyeol sorriu, assentindo com a cabeça antes de abrir mais a porta, dando espaço para que Baekhyun entrasse, coisa que ele fez lentamente.

Só de pisar dentro daquele lugar, Baekhyun já sentiu-se diferente. Os sentidos aguçaram e a vontade de tocar em todos aqueles instrumentos espalhados pelo chão era grande, mesmo que ele não soubesse tocar nenhum. O estúdio era um cômodo retangular apertado, havia uma poltrona de um lado da sala e vários equipamentos do outro. Alguns instrumentos ficavam suspensos na parede para liberar o acesso até a porta, mas a aura artística estava lá, mesmo com a bagunça. Baekhyun sentia-se até mais criativo por estar num lugar como aquele.

— Desculpa a bagunça, sempre fica assim em época de comeback — o maior justificou-se, começando a recolher outros copos de isopor que estavam espalhados pela mesa com os equipamentos.

— Não, tudo bem — o mais baixo disse, erguendo os dedos para tocar no violão suspenso em uma das paredes. Era de madeira clara, as cordas escuras e com uma assinatura quase irreconhecível. — Quem assinou? — perguntou, curioso.

— Ah, isso é uma velharia — Chanyeol falou, soltando um riso soprado. — Era do meu pai, e ele mesmo assinou. Pode parecer loucura assinar o próprio violão, mas meu pai acreditava que quando fosse famoso, isso daria muito dinheiro.

Baekhyun assentiu com a cabeça, tocando com a ponta dos dedos a assinatura feita com caneta permanente.

— E ele é famoso? — perguntou, observando Chanyeol pigarrear ao seu lado.

— Não. Ele… não conseguiu viver até ganhar a fama.

Baekhyun arregalou os olhos, se martirizando mentalmente de quão estúpido havia sido, embora não tivesse como saber de uma coisa dessas.

— Sinto muito.

Falou, esperando que sua sinceridade não deixasse o clima ainda pior. Chanyeol parecia neutro e indiferente, como se não sentisse mais a dor da perda. Ou talvez já tivesse se acostumado com ela.  

E, contrariando tudo o que o Byun achou que o mais alto poderia fazer, Chanyeol sorriu.

— Tudo bem. Não tinha como você saber, não é mesmo?

Falou, dando as costas para o mais baixo e indo até a cadeira com estofado que ficava próxima do equipamento de música que havia ali.

— Quer ouvir a faixa principal do nosso próximo álbum?

Baekhyun assentiu com a cabeça, com um sorriso nos lábios que foi retribuído pelo rapper, que logo se apressou em ligar os equipamentos e procurar pela faixa em uma das pastas.

Meio sem jeito, se sentou no sofá com os ombros curvados e o olhar nos próprios sapatos. Ouviu os cliques do mouse antes da melodia começar a tocar, era algo que passava uma sensação sombria, gótica e talvez até um pouco medieval.

A voz grossa de Chanyeol reverberou logo em seguida, fazendo os pelos do Byun se eriçarem.

 

“Sufocando seu pescoço

O ódio incontável, ressentimento e miséria

Nesta noite tranquila, pacificamente, você tenta enterrar-se

Ninguém agarra sua mão

Eles se afastam

Seus pensamentos e palavras que todos distorcem

Por causa disso, você também chorou.”

 

Os versos são intercalados entre Chanyeol e Jongin, embora a voz dos outros membros invada a sintonia vez ou outra.

O Park assiste a reação de Baekhyun como uma criança; olhos atentos, dedos entrelaçados e um nervosismo claramente presente. E, embora Baekhyun estivesse nervoso sentindo o olhar do outro sobre si, conseguiu sentir a música.

Cada palavra, refrão e principalmente cantadas na voz de Chanyeol, fazia uma adrenalina indescritível passar por suas veias, juntamente com os poros arrepiados. Aquela música era como um tapa na cara, embora tivesse vontade de colocar no replay.

Era simplesmente incrível.

Quando os últimos acordes da guitarra soaram, Chanyeol calmamente pausou a música e se virou para o Byun, que ainda estava de boca aberta sentado no sofá.

— Hmm… e então, o que achou?

Baekhyun ergueu as sobrancelhas.

— Isso foi incrível — falou, soltando a respiração que nem notou que havia prendido logo em seguida — Eu nunca ouvi nada tão verdadeiro, poético, maravilhoso e… uau! Estou sem palavras.

Chanyeol corou, curvando os lábios em um sorriso.

— Obrigado. Espero que as fãs também gostem.

— Elas vão amar, tenho certeza — falou, retribuindo o sorriso do outro enquanto observava os traços suaves de seu rosto, até o barulho de uma batida na porta soar, tirando-o do transe.

— Yeol-ah! — era a voz de Jongin. — Você precisa terminar as fotos para o ensaio! Sabe como o CEO fica quando deixamos isso pra última hora.

Chanyeol revirou os olhos, se levantando da cadeira e sendo acompanhado por Baekhyun, que meio sem jeito, colocou as mãos nos bolsos e forçou uma pose tranquila.

— Desculpe, mas eu… — Chanyeol começou, e Baekhyun apenas balançou a cabeça em concordância. Sabia que o rapper tinha muito mais o que fazer — Eu odeio fotos, mas sei que preciso aparecer no álbum. Então… te vejo depois?

— Claro. — Baekhyun concordou, sorrindo amarelo embora não tivesse planos de voltar ali.
 

[...]

 

— Ele é bem… bonitinho.

Baekhyun se sobressaltou.

— Quem? — perguntou para a loira, com os olhos arregalados.

Yeri deu um sorriso maldoso, apontando para a tela do computador. Baekhyun, meio desconfiado se aproximou da cadeira em que ela estava sentada, se deparando com nada mais, nada menos que a imagem de Park Chanyeol ali. Provavelmente do ensaio para o próximo álbum, considerando todo aquele cenário de casa antiga e candelabros espalhados pelo teto, mas aquilo era o de menos comparado ao choque que Baekhyun levou ao reparar direito na foto.

Vermelho. Vermelho sangue, vermelho forte. Essa era a cor do cabelo do rapper.

— Sabe o mais engraçado? — Yeri comentou ao fundo, puxando a agenda e anotando algo na última página. — Ele me procurou no dia que ia pintar, pedindo algum conselho sobre a cor. Aí eu lembrei que você sempre diz que Chanyeol fica bem de vermelho, aí falei pra ele.

Baekhyun arregalou os olhos, definitivamente surpreso e até mesmo um pouco assustado.

— Você citou meu nome!? — o Byun perguntou, os dedos começando a suar.

— Sim.

Baekhyun tossiu, de repente achando a madeira da mesa muito chamativa. O coração batendo descompassado no peito.

— E o que ele disse? — perguntou baixinho, virando o rosto levemente apenas para poder enxergar a expressão de Yeri.

A garota sorriu, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.

— Acho que ele gostou ainda mais da ideia quando eu disse que você a teve.
 

[...]

 

Evitar Kris, Zitao e Jongin havia se tornado seu passatempo. Por sorte, eles sempre andavam em bando e Baekhyun sempre arrumava um corredor para se enfiar antes que acabassem notando sua presença.

A parte difícil era evitar Chanyeol.

Com o passar do tempo, o ruivo passou a “trombar” com Baekhyun em todo lugar, fosse na cafeteria na esquina da empresa ou até mesmo no banheiro. Era, basicamente, impossível se esconder do Park dentro daquele lugar e isso era assustador. Não por ter medo ou se sentir perseguido, mas quando estava perto do mais alto, seu corpo sempre o traía. Mãos tremendo e suando, gagueira, pernas de gelatina e o coração desenfreado no peito indicavam aquilo que ele mais temia; um índice altíssimo de ocitocina no corpo.

E os pequenos encontros que faziam, por mais curtos que fossem, mostravam como tinham sempre assunto e coisas em comum, como o tipo de café, séries e livros que gostavam. Era agradável, e fazia com que Baekhyun se sentisse preenchido com algo que há muito tempo não sentia, além da curiosidade de ambas as partes, para se descobrirem cada vez mais.

Baekhyun quase caiu da cadeira quando sentiu o celular vibrando no bolso, e quase caiu mesmo quando viu uma notificação de mensagem de Park Chanyeol ali.

Arregalou os olhos, todos os sintomas da ocitocina vindo de uma vez só, enquanto inclinava o corpo para trás, tentando chamar a atenção de Yeri que, naquele momento estava apenas algumas cadeiras de distância.

— Psiu! Ye-Yeri! — chamou alto, soando como um desesperado.

A loira se virou calmamente, franzindo as sobrancelhas ao ver o estado em que o primo se encontrava.

— O que aconteceu? — ela perguntou baixo, olhando para os lados apenas para confirmar que ninguém prestava atenção na conversa dos dois.

— Chanyeol.

A garota deu um meio sorriso antes de levantar da cadeira e caminhar graciosamente até a mesa do Byun. Yeri pousou ambas as mãos no encosto da cadeira, se inclinando para ver o celular nas mãos do primo.

— Você passou meu número pra ele!? — perguntou, caótico. Não tinha como se manter calmo, era Park Chanyeol lhe mandando uma mensagem antes do meio dia.

— Talvez. Ele te mandou mensagem?

Em resposta, o moreno apenas estendeu o aparelho para a prima, que rapidamente tomou-o de suas mãos para ver a mensagem, soltando uma risadinha logo em seguida.

— Ele tá tãããão na sua! — ela cantarolou, empurrando o celular contra o rosto de Baekhyun. — Olha isso! Ele todo envergonhado te chamando pra um encontro.

Baekhyun engasgou, puxando o celular de forma desesperada das mãos de Yeri para ver se aquilo era mesmo verdade. Pfff, até parece que Park Chanyeol, o grande rapper Park Chanyeol iria chamar logo ele para um encontro.
 

Park Chan Yeol diz:

Oi, Baek, tudo bem?

Hoje tá uma correria por causa do comeback amanhã, mas queria te ver antes de começarmos a promover o álbum.

Quer vir no meu escritório pra gente almoçar e matar o tempo?

 

— Não sei onde ele tá envergonhado e “na minha” — falou, fazendo aspas com os dedos na última parte.

— Ele tá claramente envergonhado e na sua, Baekhyun.

Baekhyun riu, nervoso.

— Você tá bem louca.

Yeri revirou os olhos, pousando ambas as mãos nos ombros de Baekhyun e se abaixando para que ficasse da mesma altura que ele, já que estava sentado.

— Você precisa parar de se sentir inferior às pessoas. Se olha no espelho, garoto, você é lindo, inteligente, fofinho — apertou suas bochechas, rindo assim que Baekhyun bateu em suas mãos. — E o Chanyeol reparou nisso tudo, por isso ele gosta de você.

Baekhyun sentiu o rosto esquentar e teve que se segurar para não tampá-lo com as mãos. Maldita ocitocina. Maldito Park Chanyeol.

— Agora que eu já te falei o óbvio, você pode dar o próximo passo e aceitar o encontro. Vocês tem muito em comum, e eu acho que o Chanyeol amaria ouvir a sua voz. Ele sabe que já tentou ser trainee?

Baekhyun negou rapidamente.

— Não quero que ele saiba. Eu fracassei, isso é uma vergonha.

O aperto em seu ombro foi gratificante e Yeri balançou a cabeça. Podia se interferir na vida de Baekhyun até certo ponto, dar uma forcinha, mas nunca demais. Ele era adulto, devia tomar suas próprias decisões, por mais que ela não concordasse.

— Tudo bem, não vou te forçar a falar algo que não queira. Só… dá uma chance e sai com ele, tá legal? Acho que vão se divertir.

Baekhyun assentiu com a cabeça, sentindo o calor das mãos da outra abandonarem seus ombros antes dela voltar para sua mesa. Tentou voltar ao trabalho, mas a mensagem de Chanyeol voltava para sua mente o tempo inteiro. Estava inquieto, queria responder mas tinha tanto medo de se jogar de cabeça naquilo e acabar percebendo que tinha entendido errado, ou que o Park não o quisesse.

Suspirou, apoiando o aparelho na mesa e o encarando. Era um modelo antigo, com alguns riscos na película e ralados nas laterais, mas ainda sim era seu, e era isso que importava. Ficou encarando o celular, perdido nos próprios pensamentos até resolver responder a mensagem. Tinha que arriscar, pelo menos uma vez na vida.

Então desbloqueou o aparelho e mandou sua resposta.
 

[...]
 

Havia marcado às quatro horas, um encontro com Chanyeol no telhado da empresa.

Por mais que estivesse hesitante com o local, o Park garantiu que seria bom, inclusive que levaria chocolate quente para se esquentarem do clima gélido do lado de fora da empresa.

Baekhyun estava ansioso. Havia adiantado boa parte do trabalho e trocado seu horário de almoço para conseguir escapar até o telhado do edifício, além de não desgrudar os olhos do relógio, ansioso demais para não perder nem um segundo.

Assim que deu a hora, não perdeu tempo pegando sua jaqueta e a sacola com muffins que havia comprado na cafeteria de sempre. O estômago dava nós conforme andava sorrateiramente pela empresa, e o sentimento gostoso de adrenalina vagava solto por seu corpo.

Havia pouca movimentação nos corredores, então foi fácil chegar até o elevador sem ser visto, brincando com o zíper da jaqueta enquanto esperava que ele chegasse até o seu andar.

Não podia estar mais ansioso para se encontrar com Chanyeol, seguiria o conselho de Yeri e tentaria ter mais coragem perto dele. Quem sabe podia arriscar algum toque ou até mesmo pegar em sua mão. Se a prima estivesse certa, não via problemas em abrir uma brecha para deixar seus sentimentos se aflorarem.

E foi pensando nisso que mal reparou nas risadas que vinham do fundo do corredor, mas quando percebeu era tarde demais para se esquivar para algum corredor vazio, já havia sido visto. Kris, Zitao, Jongin e Sehun caminhavam como reis na direção em sua direção, com o queixo erguido e os olhos fixos na presa indefesa que Baekhyun demonstrava ser.

Byun resolveu ignorar, não queria qualquer tipo de confusão, apenas usar o elevador e ter um resto de expediente tranquilo, mas se sentiu diminuído diante dos rostos imponentes dos homens á sua volta.

— Olha só — Zitao provocou. — Se não é o nosso garoto do café.

Sehun franziu os lábios, claramente incomodado, porém não disse nada.

Baekhyun manteve a cabeça baixa, conferindo o andar em que o elevador estava no visor, mas parecia longe demais de onde ele estava. Teria que aturar os músicos mais tempo do que queria.

— Não vai falar com a gente? — Kris provocou, parando em frente ao corpo encolhido de Baekhyun e se abaixando para tentar ver o rosto do mais baixo. — A gente levou uma bronca e tanto por sua causa, sabia? Chanyeol ficou louco depois daquilo. Gritou com todo mundo como se nós tivéssemos feito alguma coisa errada, mas a única pessoa que tinha feito algo foi você. Injusto, não acha?

Baekhyun não respondeu. Kris estava perigosamente perto, e era bem mais alto, além de estarem em um número maior de pessoas também. Sentiu o nó no estômago se intensificar e se transformando de algo bom para algo ruim.

— Eu tô falando com você, moleque — Kris voltou a falar, agarrando o maxilar do Byun com uma mão enquanto o forçava a olhar para seu rosto. — Você não tá com vantagem agora, não tem priminha e não tem Chanyeol pra te proteger, então acho bom você ser bem bonzinho e responder quando te perguntarem as coisas, sim?

Baekhyun assentiu com a cabeça, embora sentisse as mãos formigarem para empurrar o mais alto. As palavras de Yeri voltando com tudo em sua mente. Coragem. Precisava ter coragem, ou aquilo não acabaria nunca. Seria sempre o saco de pancadas de pessoas em uma colocação mais alta na empresa, além de se sentir inferior e se comparar com todas as pessoas. Aquilo era ruim e lhe fazia mal. Estava na hora de mudar.

Ergueu os olhos para o chinês e não pensou duas vezes antes de socá-lo no olho direito com uma força que nem ao menos sabia que tinha.

Tudo o que aconteceu depois era um borrão em sua mente, exatamente como em cenas de filmes; Kris caiu, e o barulho pareceu assustadoramente alto em seus ouvidos, mas não demorou para que ele se levantasse de novo, com os olhos fervendo em ódio e adrenalina antes de partir com o primeiro soco pra cima de Baekhyun.

Foi tão forte que mal conseguiu se equilibrar, acabando por cair no chão quando o segundo soco veio. E o terceiro. E o quarto. Haviam gritos, mas não sabiam se eram seus ou de Kris. Ou talvez de algum dos outros homens que estavam ali assistindo a cena.

Parecia que seu cérebro não projetava mais nada do que estava acontecendo, não havia mais adrenalina e seus ouvidos zuniam além da visão embaçada e a dor insuportável no rosto. Fechou os olhos com força, sentindo uma bochecha queimando enquanto tentava controlar os sentidos para perceber o que estava acontecendo.

Quando abriu os olhos novamente, teve um vislumbre de Kris, gritando e chorando enquanto era segurado por Zitao e Jongin. Rolou os olhos e reconheceu o homem de cabelos logo em seguida. Seria engraçado se não fosse irônica a forma que Chanyeol sempre aparecia para te salvar, como um cavaleiro de armadura.

Mas dessa vez não era tão mocinho assim.
 

[...]

 

— Ele está lá fora — Yeri falou calmamente. Baekhyun ignorou-a. — Você sabe que uma hora ou outra vai ter que conversar com ele.

Baekhyun suspirou, sentindo o cantinho da boca arder por conta do machucado.

— Não quero que ele me veja nesse estado.

Yeri assentiu, por mais que discordasse. O primo havia passado por muito no dia anterior, após a sequência de socos de Kris, foi levado ao hospital e obrigado por Chanyeol, Yeri, Sehun e Jongin a prestar queixa na polícia. Dessa vez não recusou já que tinha consciência de que aquilo era crime e merecia uma punição.

Mas após ver o estado em que estava — o rosto inchado, além de arroxeados em volta dos olhos e no maxilar — preferiu esperar para falar com Chanyeol. A verdade é que estava com vergonha da situação toda e principalmente porque aquela briga havia se tornado uma repercussão tão grande que havia até mesmo virado notícia dos principais jornais coreanos. Além de que, Kris e Zitao haviam sido expulsos da banda The Lost Planet, adiando ainda mais o tão esperado comeback para fãs.

De acordo com o doutor que lhe atendeu, receberia alta no dia seguinte e então ficaria um tempo em casa de atestado, até lá pensaria em algo para dizer a Chanyeol.

Duas batidas na porta foram ouvidas antes de Yeri sair para falar com a enfermeira, voltando instantes depois com uma expressão chocada.

— Tem visita pra você.

— Se for o Chanyeol…

— Não. — ela falou, um tanto perplexa. — Não é ele.

Baekhyun estava prestes a questionar quem era quando a porta se abriu, revelando duas figuras que entraram silenciosamente e que o menor só foi reconhecer que eram Sehun e Jongin após tirarem os chapéus e os óculos escuros, provavelmente para não reconhecerem seus rostos.

— É… oi, Baekhyun — Sehun cumprimentou envergonhado.

— Olá. — Jongin acompanhou.

Havia uma tensão palpável no ar, tanto da parte de Baekhyun como dos músicos. Era uma surpresa que eles tivessem ido ao hospital ver logo o garoto que foi a causa da expulsão de dois membros de sua banda.

— Podemos falar um momento com ele? — Sehun perguntou para Yeri, que ainda parecia meio atordoada pela visita inesperada.

— Você quer que eu fique? — ela perguntou, dessa vez direcionando o olhar para o primo.

— Tá tudo bem. Aproveita pra ir comer alguma coisa.

A mulher assentiu antes de se curvar e sair pela porta, deixando o quarto tenso e silencioso para trás. Sehun pigarreou, empurrando o namorado de uma forma nem um pouco discreta para a frente.

— É-é… bom, Baek, nós viemos aqui para nos desculpar pelo que houve ontem com você e o Kris. Nós devíamos ter tomado uma atitude antes de… você sabe, vocês se baterem. — Jongin falou.

— Sim, nós poderíamos ter feito diferente. Desculpe — Sehun se lamentou, se curvando juntamente com o moreno para deixarem claro que aquele pedido era sincero.

Baekhyun estava meio atordoado com aquilo, não era algo que imaginava que aconteceria. Sehun sempre fora legal consigo, e por mais que Jongin sempre ignorasse a sua existência, sabia que era por ciúmes de sua amizade com o loiro, se é que a relação de ambos pudesse ser descrita dessa forma.

De qualquer forma, era satisfatório ver que eles se arrependeram e estavam mudando os pensamentos para se tornarem pessoas melhores, por mais que sua visão e confiança sobre eles nunca mais fosse a mesma.

— Tudo bem, eu aceito as desculpas.

Jongin e Sehun sorriram, se permitindo soltar o fôlego que estavam prendendo. A atmosfera do quarto foi se amenizando, como se toda tensão evaporasse pela janela.

— E então, como está o rosto? — Sehun perguntou, acomodando-se em uma das poltronas de visita do hospital e logo sendo seguido pelo namorado, que fez o mesmo com o móvel ao lado.

— Bem dolorido, mas eu podia estar pior, certo? — respondeu calmamente. — Kris é o dobro do meu tamanho, se ele quisesse podia ter me quebrado no meio como se eu fosse um palitinho.

— Nós sabemos que isso não é verdade, você deu um soco e tanto nele — Jongin piscou para o outro, lhe dando um meio sorriso.

Baekhyun ruborizou, abaixando a cabeça e sorrindo pelo elogio.

— Obrigado — agradeceu, apertando o tecido do lençol sobre seu corpo logo em seguida — O Chanyeol…

Começou a falar meio envergonhado. Não queria ver o Park, mas não podia deixar de pensar em como ele estava ou como estava lidando com toda a pressão da mídia e da empresa em cima de si. Não queria passar a imagem de um garoto bobinho com sentimentos pelo chefe, mas não podia evitar corar e desviar o olhar ao citar o nome de Chanyeol. Ainda mais naquele momento que estava começando a aceitar internamente que talvez toda aquela ocitocina borbulhante em seu estômago podia significar algo a mais.

— Como ele… érr… como ele está? — perguntou, bochechas quentes e o rosto esquentando enquanto olhava para a janela, desviando o olhar dos dois homens em sua frente.

Ouviu Jongin pigarrear para esconder uma risadinha, o que tornou tudo ainda mais vergonhoso para si.

— O Yeol? Ah, ele está bem. Em partes  — Sehun falou.

Em partes. Aquilo agitou o interior de Baekhyun de alguma forma. Segurou os lençóis com força, sentindo o coração acelerar em preocupação, será que de alguma forma havia prejudicado Chanyeol?

— Em partes? — o Byun repetiu.

— É. Parece que ele está gostando de um carinha e tá com medo dele nunca mais querer olhar na cara dele. Eu falei que é besteira, mas aquele orelhudo nunca me escuta, de qualquer maneira.

O coração de Baekhyun falhou uma batida. Chanyeol estava gostando de alguém esse tempo todo. Talvez estivesse atrapalhando aquele romance desde o começo.

— Sério? — murchou, sentindo o peito arder e o olho machucado lacrimejar. — Eu… eu nem sei o que dizer. Diga pra ele que eu desejo toda felicidade do mundo com a pessoa, espero que eles deem certo.

Baekhyun arriscou olhar na direção de Sehun, vendo sua expressão desacreditada no rosto e Jongin prendendo o riso. Talvez fosse mais ridículo do que achava, mas manteve-se calado, se segurando para não chorar.

— Você tá brincando né? — Sehun perguntou retoricamente. — Bem que o Yeol falou como você era lerdo.

— Huh? — Baekhyun perguntou.

— Eu tô falando de você, Baek. Você é o carinha que o Chanyeol gosta, meu Deus!

Jongin explodiu em uma risada alta e escandalosa, sendo acompanhado por Sehun, que ria da mesma forma. Baekhyun encarou o casal por alguns segundos, sentindo seu corpo ficar mais leve no mesmo momento que absorveu o verdadeiro significado da frase.

Chanyeol gostava dele.

Park Chanyeol gostava dele. Mal pôde prender o riso ao repetir a frase mentalmente, sentindo todo aquele peso que antes doía em seu peito flutuar para fora, sendo substituída por uma felicidade que há tempos não sentia. E então riu, de forma descontraída e completamente apaixonada.

Park Chanyeol gostava de Byun Baekhyun, e Byun Baekhyun gostava de Park Chanyeol.
 

(...)

 

Dois dias depois, o inchaço do rosto tinha diminuído com a ajuda do gelo e das pomadas que passava. Ainda estava dolorido em alguns pontos, porém estava bem melhor. Havia saído de casa algumas poucas vezes, e os pequenos arroxeados ficavam quase invisíveis debaixo de algumas camadas de maquiagem.

Baekhyun podia dizer que quase se sentia melhor. Quase. Ainda havia algo que precisava fazer, e aquilo seria naquela noite, mais especificamente em algumas horas. Havia passado o dia inteiro reunindo o máximo de coragem que podia, mas ao ver a roupa passada em cima da cama sentiu-se vacilar por instantes.

Iria mesmo fazer aquilo? E se tivesse entendido errado?

Grunhiu, passando as mãos pelos cabelos enquanto andava em círculos ao redor da cama. Sentia que aquele conjunto de roupas ia lhe devorar em qualquer instante.

— Baek? — pulou de susto ao ouvir a voz da mãe, seguida de a batida na porta. — Posso entrar, filho?

— Pode sim, mãe.

Falou, tentando soar o mais tranquilamente possível, mas na verdade estava uma pilha de nervos.

A senhora Byun entrou no quarto cuidadosamente, olhando da cama para o filho que estava parado a alguns metros dela. Franziu as sobrancelhas, olhando para Baekhyun de forma repreendedora.

— Você ainda não está pronto? Sehun já vai chegar.

Baekhyun mordeu o lábio.

— Eu tô com medo, mãe — admitiu. — E se eu entendi errado? E se o Chanyeol não quiser mais me ver?

A mãe suspirou, sentando-se na beirada do colchão e chamando o filho para fazer o mesmo.

— Então esse Chanyeol é o homem mais idiota do mundo — levou uma das mãos até o ombro de Baekhyun, acariciando levemente. — Filho, você gosta desse rapaz?

Baekhyun assentiu com a cabeça.

— Então não tem porquê ter medo. Se esse rapaz gosta de você tanto quanto parece que ele gosta, vai dar tudo certo. Mas pra isso acontecer, você precisa arriscar, e sem medo — ela sorriu minimamente. — Em todos esses anos eu vi você se manter na linha, Baekhyun, trabalhando em um lugar horrível com pessoas ruins, mas eu te digo que você não precisa mais disso, meu amor. Eu quero que a partir de hoje você arrisque e viva sua vida da melhor forma possível.

Baekhyun sentia as lágrimas prestes a cair, e não pôde segurá-las quando a mãe abriu os braços, oferecendo um abraço amoroso. Rapidamente passou seus braços ao redor do corpo pequeno, enterrando o rosto no ombro da mulher que mais amava no mundo e despejando ali suas lágrimas e o sentimento de liberdade que agora sentia.

O abraço durou poucos segundos, pois logo a senhora Byun tratou de mandar o filho ir se trocar enquanto saía do quarto. Baekhyun encarou as roupas mais um pouco antes de decidir colocá-las rapidamente, já que Sehun poderia estar chegando em qualquer instante.

Cobriu todos os roxos do rosto com maquiagem antes de checar se a roupa estava boa no espelho pelo menos umas cinco vezes. No dia da visita de Sehun e Jongin no hospital, o loiro havia feito uma proposta para si a pedido de Chanyeol, que consistia basicamente em ir assistir o show que o mais alto faria em um pequeno bar afastado da cidade.

Baekhyun estranhou o fato de não ser um show patrocinado pela empresa e tampouco ser em um estádio grande, mas estava tão eufórico com o sentimento novo que nem ao menos se importou de aceitar, ansioso para ver Chanyeol de novo.

Tremia em expectativa e nervosismo, e tudo pareceu ficar ainda mais intenso quando ouviu uma buzina na rua, confirmando que era Sehun, Jongin e Yeri apenas esperando por ele na frente de sua casa.

Não perdeu tempo em descer as escadas correndo, deixando um beijo na bochecha da mãe enquanto ia na direção do carro preto e tratava de se enfiar no banco de trás, dividindo espaço com Yeri e sua namorada.

— Olha só — a prima cumprimentou. — Parece que você resolveu se arrumar hoje, Baekkie.

Ela brincou, apertando uma de suas bochechas.

— Está lindo.

— Obrigado — agradeceu, meio sem jeito. Estendeu a mão logo em seguida para Seulgi, que o cumprimentou com um sorriso bonito.

— Pisa nesse acelerador, Sehun — Yeri mandou, dando duas batidas no banco do motorista. — Não quero perder ainda mais o show.

O loiro revirou os olhos, ajeitando o retrovisor antes de começar a manobrar o carro.

— A gente chega lá em dez minutos — ele respondeu seriamente.

— Amor. — Jongin avisou, encarando Sehun com uma sobrancelha erguida.

— Tá bom, uns quinze minutos.

Jongin sorriu, se inclinando para deixar um selar no maxilar do namorado enquanto ele dirigia, aparentemente concentrado em chegar no tempo em que havia dito.
 

(...)
 

Havia um pequeno estabelecimento em uma viela da cidade, entre uma padaria e um prédio comercial que era facilmente ignorado por quem passava pela rua, embora houvesse uma pequena multidão na frente das portas de entrada. Era ali que haviam levado Baekhyun.

O rapaz olhava confuso do pequeno bar para Sehun e Jongin, que tinham sorrisos de canto nos lábios assim como Yeri e Seulgi.

— Vai — Yeri falou, dando uma risadinha cúmplice com Seulgi.

— Entra lá — dessa vez foi Sehun, trocando sorrisos com Jongin.

— Tá, mas… sozinho? — Baekhyun perguntou.

Já sentia suas pernas moles e as borboletas em seu estômago só de pensar em entrar naquele lugar e ver Chanyeol sem ninguém ao seu lado. Não queria passar por aquilo sozinho.

— Nós já vamos entrar, mas você precisa ir primeiro — Yeri disse calmamente, parando na frente de Baekhyun e ajeitando o colarinho da camisa que usava. — Espera a gente o mais perto do palco possível, ok? Nós já vamos.

Baekhyun engoliu em seco e assentiu a cabeça logo em seguida. Embora estivesse um pouco embaraçado, acabou respirando fundo antes de reunir toda sua coragem para entrar no estabelecimento.

Havia uma pequena multidão e muitos flashes e lanternas perto do palco. E não era pra menos. Ali, em um banquinho com um violão nas mão estava Park Chanyeol e seu cabelo vermelho, interagindo com todas as meninas que tentavam chamar sua atenção. E ele estava mais bonito do que jamais estivera, principalmente quando seus olhos brilharam ao constar a presença de Baekhyun no salão.

Instantaneamente o Byun parou, envergonhado demais para dar mais um passo que fosse na direção do palco. Percebendo isso, Chanyeol se levantou e alcançou o microfone.

— Boa noite, senhoras e senhores. Me desculpem por fazer vocês esperarem tanto tempo, mas eu tinha que esperar alguém importante chegar — Chanyeol sorriu para Baekhyun, que apenas tensionou os joelhos, sentindo o rosto esquentar de vergonha. — Sabe, no começo do mês eu conheci uma pessoa. Um rapaz. E ele era pequeno e fofinho, além de ser muito inseguro consigo mesmo. E eu simplesmente não consegui parar de pensar e de escrever músicas pensando nesse garoto desde que ele apareceu na minha vida. E consegui menos ainda parar de inventar motivos idiotas só pra ver ele. Na verdade, eu ainda não consigo. Me desculpe por ser um idiota apaixonado, Byun Baekhyun.

No momento em que Chanyeol citou o nome do mais baixo, todos os olhares caíram sobre ele, juntamente com os flashes incessantes das fotos que faziam seus olhos doerem. Mas aquilo foi o suficiente para fazer os olhos pequenos lacrimejarem. Park Chanyeol estava apaixonado por ele. E não somente isso, ele havia admitido aquilo na frente de todo mundo.

— E, se vocês gostaram do meu cabelo nessa cor, também deviam agradecer a ele — Chanyeol riu de forma nervosa, e Baekhyun pôde ver o quanto o mais alto estava nervoso ao admitir seus sentimentos na frente de todo mundo — Além disso, eu preparei uma coisa especial pra ele. Espero que goste, Baekhyun.

Chanyeol abandonou o microfone apenas para alcançar o violão, iniciando as primeiras notas que logo ecoaram pela caixa de som em que o instrumento estava ligado. As fãs, assim que

Baekhyun quis rir e chorar ao mesmo tempo ao ver o cara que gostava ali, cantando uma música para ele na frente de todo mundo. A voz de Chanyeol era grossa e amendoada, no contraste correto, e fazia a música ficar perfeita no violão acompanhada por ela.

 

“Eu amo o jeito que Você ama como ninguém

Não tem nada a ver com qualquer coisa que eu faço

Mais uma vez Você me perdoa

Então esse momento eu escolho estar aqui com você

Segure-me

Puxe-me um pouquinho mais perto

Eu não quero perder este momento

Seu amor me cobriu

E agora eu não consigo esquecer Você

Eu não consigo te esquecer

Eu não consigo te esquecer

Eu simplesmente não consigo te esquecer”

 

Mas nenhuma daquelas sensações se comparava ao desespero e o frio na barriga que lhe tomaram quando o mais alto desceu do palco. Olhos fixos, mãos inquietas. Baekhyun queria muito sair correndo, mas suas pernas pareciam pregadas no chão de madeira do lugar.

 

“Mesmo através dos bons e os maus momentos

Você continua o mesmo

Assim, a minha música permanecerá”

 

Todos os celulares estavam apontados para os dois naquele momento, porém ambas as mentes se desligavam de onde estavam e se estavam sozinhos ou não. Tudo o que importava para Baekhyun era que Chanyeol estava ali, da mesma forma que tudo o que importava para Chanyeol é que Baekhyun prestasse atenção na letra da música que estava cantando.

Quando estava próximo o suficiente do mais baixo, Chanyeol parou de tocar, sorrindo sem graça enquanto segurava o microfone com as duas mãos. Quando havia ficado tão tímido? A paixão devia fazer isso com as pessoas.

— Byun Baekhyun — ele disse, a voz grossa reverberando pelo microfone e eriçando todos os seus pelinhos das costas. — Eu sei que sou só um rapper que tem hábitos estranhos de se trancar dentro de quartos pequenos para compor, mas se você deixar e quiser, eu poderia ser seu namorado — o mais alto respirou fundo, afastando o microfone de perto dos lábios enquanto continuava perdido no olhar do outro. — Você aceita namorar comigo?

— Sim — ele disse baixo, quase inaudível — Sim!

E, aproveitando o momento de atordoamento do Park com suas palavras, se jogou sobre ele, passando os braços em torno de seu pescoço e finalmente se rendendo a tentação de tocar aqueles lábios com os seus.

Baekhyun sentiu uma explosão de sensações dentro do peito, uma mistura de euforia e nervosismo que contrastavam com o calor dos lábios cheinhos sobre os seus, o beijo calmo acontecendo sem pressa, como se esquecessem o lugar onde estavam e a plateia que observava. Beijar Chanyeol era como se apaixonar pela primeira vez ou até mesmo provar de seu doce favorito; aquela sensação única que te faz querer mais.

O acústico da música cessou, dando lugar a uma salva de palmas e gritinhos animados que o menor reconheceu serem da prima e de Jongin. Mas não é como se aquilo importasse, naquele momento eram apenas ele e o Park, compartilhando um beijo repleto de carinho.

Se sentiu em seu devido lugar pela primeira vez na vida, sem preocupações e medos. Somente ele e Chanyeol, compartilhando o gosto do amor.

 


Notas Finais


espero que tenham gostado!
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