As árvores farfalharam com a brisa leve. Entre elas havia o brilho de um metal afiado, como se alguém empunhasse uma arma. Sussurros explodiram.
Os outros ainda estavam lá, ouvindo e observando. E também estava Faolan. Os olhos da loba não saíam de S/N . A lanterna balançou, lançando sombras para todos os lados, em especial pelo rosto de Taehyung.
— Nunca se perguntou por que os contos de fada são tão sangrentos? — ele questionou. — Porque são o registro de uma batalha. Acontece há séculos. Elfos contra humanos, humanos contra Elfos.
— Não — disse S/N. — São apenas histórias que minha avó conta. Élficos não são reais.
— Elfos — ele corrigiu. — Não Élficos ou Elvos.
Ela balançou a mão, como se estivesse mandando as palavras para longe.
— Não. Isso não pode ser verdade.
— Sim, pode. Compartilhamos o mundo com vocês... até vocês nos expulsarem. Acredite, S/N, milhares de anos atrás vocês nos amavam. Éramos príncipes e princesas das florestas — ele disse. — Então tudo mudou. De repente, havia muito mais humanos e não tantos Elfos. Vocês ficaram com medo de nós. Não obedecíamos às regras. Dançávamos ao luar e nos escondíamos nos bosques. Tínhamos poderes.
— Sim — ela respondeu, apegando-se a algo que sabia ser verdade. — Podem fazer as pessoas esquecerem vocês.
— Como isso. — Por um momento ele pareceu pensativo, e o som das abelhas fluiu ao seu redor. Era como ver um gato ronronando... o barulho estava lá, mas não dava para saber como era produzido. E, de alguma forma, faz uma pessoa relaxar. — Chamamos de encanto. Usamos para alterar a frequência da mente de vocês, então vocês esquecem.
— Não eu.
Ele acenou concordando.
— Sim. Você é especial.
— E como vocês foram expulsos do mundo? — ela perguntou. — São mais poderosos do que nós.
Ele torceu o nariz e, sem pensar, esfregou a cicatriz na palma da mão, adquirida na briga com Suga .
— Você conhece nossa fraqueza.
— Ferro?
— Sim. Machuca demais, S/N. Queima como gelo, derrete nossos ossos, faz nossos dentes doerem e cega nossos olhos. É terrível, faz até nossos cabelos doerem. E desvia nossos pensamentos, de modo que não conseguimos encantar vocês e fazê-los esquecerem de nós. Nem conseguimos pensar direito... imagine a pior dor de cabeça de sua vida, e ter que fazer uma prova de matemática.
Bem no fundo do bolso, seus dedos tocaram o colar quebrado de Min hee e o apertaram ligeiramente.
— Você não é um conto de fada — ela falou lentamente.
Ele concordou com a cabeça.
— Há muito tempo vocês nos tiraram de sua história e nos transformaram em contos de fada. É bom para nós a maior parte do tempo. Vemos vocês, e vocês não nos veem. E mesmo tendo nos tirado o mundo... — ele esticou a mão mostrando a floresta em volta — ... quinhentos anos atrás, roubamos uma parte dele de volta e a fizemos nossa.
— Não é possível roubar terra.
— É possível quando se têm instrumentos poderosos. Eles podem pegar uma floresta e levá-la para outra dimensão. E esconder portais na névoa, em seu mundo, assim podemos ir até vocês, mas vocês não podem chegar até nós.
— E o que isso tem a ver comigo?
De repente, ele olhava para todos os lados, exceto para si. Chutou uma pedra.
— Agora as coisas mudaram.
— Como? — ela perguntou.
Ele olhou por cima dos ombros dela como se estivesse, repentinamente, fascinado pelas árvores.
— Queremos nosso mundo de volta.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.