A Maldição das Garotas Perdidas
Escutem, crianças. Já ouviram falar das Garotas Perdidas? Elas entram nos bosques e nunca mais saem.
Aconteceu com Daisy Gunn, que deixou sua luva vermelha cair e voltou para procurá-la enquanto o sol se punha. Nunca mais foi vista!
E Polly Hawk, com seus modos elegantes. Ela saiu desfilando pela névoa sob as árvores e se foi.
Ou a pobre Milly Suggs, que foi colher violetas. Na tarde seguinte ela voltou cambaleando, com os cabelos brancos como a neve, as costas arqueadas, a cesta de violetas transformada em pó: uma velhinha. Sua vida se foi da noite para o dia.
É a maldição do Elfo-Rei! Cuidado com ela, minhas filhas. Fiquem perto da mamãe.
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Não entre no bosque após escurecer. O aviso da mãe ecoava em sua cabeça, mas S/N o ignorou.
Sombras oscilavam fracamente no canto de seu olho, e as árvores rangiam e gemiam com o vento frio, fazendo os cabelos de sua nuca se arrepiarem em alerta. O bosque era antigo. Estendia-se por quilômetros atrás de sua casa, sombrio e secreto. Se olhasse para o seu interior, tinha a sensação de ele estar olhando de volta. Se corresse por seus caminhos estreitos, os galhos a agarravam como pequenas garras.
Ela estava se dirigindo para a parte mais sombria, onde o chão descia num buraco e o caminho era de pedras sobre um terreno pantanoso. Havia uma cerca de ferro por todo o caminho, porém, recentemente, alguém a havia derrubado.
A névoa enchia o buraco como fumaça num prato e nunca se dissipava. A umidade fazia com que todas as árvores ao redor estivessem cobertas de hera e musgo que pendiam em seus galhos como cabelos. Conforme ela descia a encosta para dentro da névoa, começava a imaginar estar ouvindo uma música fantasmagórica bem no canto de seu ouvido, como se alguém estivesse tocando algo antigo, como uma harpa.
Aquilo não era tudo o que ouvia. Em algum lugar no bosque, algo estava uivando. Mil anos atrás teria sido um lobo, agora provavelmente tratava-se de um bull terrier de alguns dos garotos que gostavam de se passar por gângsteres. Eles traziam os cães para o bosque para treiná-los, fazendo-os balançar os galhos com seus dentes e então os atiçando contra as pessoas como se fossem armas. Felizmente o guarda que patrulhava o bosque iria atrás deles e nem a notaria. Ela estava seguindo outra pessoa. Seu garoto misterioso.
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