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História I gave you all - Heart-Shaped Glasses - Marilyn Manson.


Escrita por: claire_b

Notas do Autor


Rellou! Sim, sim, estou atrasada. Again. ●﹏● Quero apenas lhes dizer que esse capítulo foi insuportavelmente complicado de terminar. Estava com 0% de inspiração e lotada com afazeres da Faculdade pendentes. Tentei realmente, ao máximo, deixá-lo o maior possível para compensar a demora, mas esse foi o máximo do qual consegui chegar. E, mesmo com esse capítulo lixoso, espero que vocês fiquem satisfeitas.【ツ】
► Não se assustem com a música do Manson no capítulo. Juro juradinho que essa não é uma canção macabra e tem uma letra legal. Espero que ouçam. \o
► E, se não viram, vão ver porque a Fanfic tem capa nova! ☆.☆
► E ah, antes que eu me esqueça, queria comunicar aos desocupados de plantão que estão a enviar-me ódio via Ask de que: I really don't care.

Mesmo sendo pouco provável, espero que gostem do capítulo e perdoem-me pelos erros na ortografia. Boa leitura! ◕‿◕

Capítulo 7 - Heart-Shaped Glasses - Marilyn Manson.


Fanfic / Fanfiction I gave you all - Heart-Shaped Glasses - Marilyn Manson.

Sábado, 9 de Maio de 2015,00h:05min am. - Bristol, sudoeste da Inglaterra.

 

 

Niamh lembra-se de ter questionado o seu orientador sobre o motivo pelo qual ele não estava a levando para a sua própria casa. O apartamento perto da estação parecia ainda mais apertado e pouco ventilado quando ele estava por perto. A resposta causara-lhe uma espécie de tremor indesejável.

“Eu não levo mulheres para a minha casa, Srta. Mills.”

A frase cordial e cheia de segredos dos quais Niamh sabia que não conseguiria desvendar tão fácil, fizeram-na se encolher no banco como um filhote de gato assustado. Entretanto, o que Mills tanto treinou e suportou durante toda a sua vida, lhe ensinou a não se rebaixar sob hipótese nenhuma e para ninguém. Ela não se daria por vencida e tão menos se mostraria fraca e imponente perto da presença esmagadora do seu professor.

Durante todo o percurso até o seu pequeno esconderijo agora já descoberto, ela pode senti-lo tenso e centrado no seu assento do automóvel. As mãos firmes ao volante não o deixaram tirar os olhos do seu caminho, mas às vezes ela sentia que ele a olhava pelo canto dos olhos, sem deixar demonstrar qualquer emoção ou ressentimento. A postura sempre tão impenetrável do Prepotente Styles a desafiava no lugar mais íntimo dentro de si. Ela nunca acreditou porque filósofos eram maus compreendidos ou descartados tão facilmente por não abordarem algum tema do cotidiano da época. Todos tinham os seus segredos, ela sabia, mas também conhecia que nenhum inferno particular possa ser tão profundo a ponto de não ser possível explorá-lo.

Mills queria explorar a sensação de amargor que o seu orientador lhe mostrava ser. Ela queria vivenciar o seu próprio pesadelo e descobrir se toda a sua postura é apenas uma falsa armadura, uma auto proteção. Porque ela nunca desistiu de algo e ela sabe que o homem sentado ao seu lado esconde mais segredos do que ela possa cogitar saber. Ela apenas não sabe se conseguirá jogar um jogo justo, conhecendo-lhe os seus segredos para lhe apresentar os seus próprios. Não conhece o preço a ser pago para se obter a verdade e não sabe o que fará com a realidade quando ela estiver em suas mãos. Tudo o que Niamh sabe é que o seu professor é atraente de uma forma assustadora. Os olhos verdes que ora olham-lhe de modo frio e ora lhe mostram ser gentis e ternos. A sua boca sempre tão usada de modo perfeito para proferir palavras rudes, uma única vez se abriu para o sorriso mais lindo que ela poderia imaginar um dia ver aparecer em seu rosto. E ele tinha covinhas. O que de mais esquisito isso poderia ter? Porque ele não parece alguém assustado ou temeroso, mas ela percebe que ele tem assuntos dos quais não gosta de dizer, assim como ela também os possui. O que de mais em comum isso poderia soar?

Foi apenas quando a sua porta foi aberta e ela sentiu a brisa gelada do fim da noite a alcançando, que sentiu os seus pés falharem em sua própria sustentação. Ela olhou para o seu prédio e, em seguida, intercalou olhares com o seu orientador que buscava o vestido branco no interior do veículo sem saber como poderia haver duas coisas que combinassem menos ainda do que a visão logo à sua frente. Pois lá estava ela, os pés trêmulos nos lances de escadas ouvindo os passos pesados do seu orientador logo atrás de si.

Porque, nem em mil anos, Niamh Mills poderia imaginar uma situação mais estranha e improvável do que aquela. A chave do seu apartamento entre os seus dedos incertos juntamente com a certeza de que o seu orientador a observava cautelosamente enquanto subiam os degraus. Ela poderia até mesmo imaginar a expressão de horror misturada ao prazer quando o seu quadril se levantava conforme ela avançava de dois em dois degraus. O Prepotente Styles não precisara de esforço algum para se igualar na corrida com a sua aluna, mas ela sabia que os seus olhos não passaram longe do seu corpo.

Quando os seus dedos mantiveram-se firmes na tarefa de destrancar a porta, Niamh não conseguia se sentir segura no seu próprio lugar. Ela ouviu a porta a ser novamente trancada e fechou os olhos. Estava de costas para o seu orientador, encarando as cortinas na cor verde musgo e sentindo os ombros arderem. Harry Styles a olhava da forma mais pesada como conseguia e ela o sentia dessa exata mesma forma. Porque naqueles 45 m² total do apartamento, não havia um centímetro sequer do querer de ambos que escolheria estar sozinho neste momento e todo esse novo sentimento só servia para lhes causar uma confusão mais açucarada e perturbadora.

Nenhuma das duas mentes conseguia compreender tão fielmente o motivo para a nova descoberta. Niamh não o suportava e Styles a achava insolente e petulante. Entretanto, tudo parecia mudar a própria rota quando eles se encontraram novamente sozinhos no pequeno apartamento. Havia uma singularidade impar presente naquele espaço que parecia querer mover os dois corpos para perto como se fossem ímãs imutáveis.

Mills não queria encará-lo da mesma forma como Harry Styles gostaria que ela o estivesse olhando. Como uma forma de castigar a si mesmo, o professor pensou que deveria se sentir culpado por ter agido de tal forma e por estar parado de modo patético no apartamento que não é seu, segurando o vestido principal da peça que fora roubado. Entretanto, ele não regressaria nem um passo. Porque ali, naquele momento e naquela noite, ele a queria. E ele não saberia explicar o motivo... Se fora a peça tão má apresentada ou a forma como ela o desafiava com os olhos. Se era a forma como ela sempre tentava se mostrar forte o bastante sobre ele e como fingia não perceber que ela não atuava nada bem. Se é a forma como os seus dentes são tortos da maneira mais adorável possível e que ele, provavelmente, nunca admitiria isso em voz alta. Porque há algo presente em cada célula de sua aluna que o faz querer se afundar ainda mais no abismo que Niamh Mills aparenta ser. E, para ser sincero o bastante, Styles não está nem um pouco preocupado com o preço a ser pago. Ele já foi ao inferno por bem menos e sente que pode ir além para saber o que ela o esconde. Porque, apesar dos apesares e das diferenças nítidas, eles sempre estiveram no mesmo patamar do barco.

A situação começou a irritar o professor, que se sentia insultado por ser ignorado de tal forma. Ele cogitou a possibilidade de voltar atrás, devolver o vestido sem que lhe dessem a sua falta e fingir que nada daquilo havia acontecido. Que ele, em toda a sua glória e importância, não havia se entregado tão facilmente ao seu desejo mais carnal e que a sua aluna não ficara encarando qualquer objeto idiota além de sua presença na sua pequena sala de televisão.

Ele estava prestes a dizer algo, qualquer palavra torturante do qual ele sabia bem proferir, apenas para acabar com o silêncio cortante e incômodo. Entretanto, Mills pareceu pensar mais rápido quando se virou em sua direção. Se houvesse algum espectador, ele não poderia dizer que não ouve choque quando ambos os olhares se cruzaram. O do professor se prolongou mais até que percebeu para onde a sua aluna olhava: O vestido. A primeira vez em que a razão foi dissolvida para fora do corpo do Prepotente Styles ele também não se esqueceria tão facilmente.

— Eu devo vesti-lo agora? — A pergunta soou mais submissa do que ela jamais escolheria soar. Ela queria poder dizer que o vestido só estava ali porque ela deveria descobrir qual era a sensação que Lolita, em sua vida literária, tinha ao vestir algo que despertasse a atenção de Humbert. Porém, ao olhar para o seu orientador nada confiável, ela sabia que as opiniões iam bem mais além.

— Obviamente. — Não havia ironia ou ordem presente no seu tom de voz, mas Niamh conseguiu se odiar quando se encontrou caminhando em sua direção. O braço que carregava o vestido lhe foi estendido, mas ela não o olhou nos olhos. No seu quarto ela poderia pensar sozinha e por quanto tempo ela quisesse. Qualquer desculpa serviria, até mesmo se o zíper cooperasse em não fechar completamente.

Tudo o que o professor Styles tinha para fazer era se sentar e esperar. Tinha a leve impressão sobre a inversão dos papéis, mas resolveu não dar muito protagonismo a isto. Ele conferiu as horas em seu relógio de pulso, assustando-se com a forma como as horas correram desde o momento em que viera buscá-la para levá-la ao deprimente ensaio da peça. Estava novamente na pequena e terrivelmente quente sala do apartamento de sua aluna e a sua estante de livros parecia encará-lo de modo sério e inapropriado. Ele não caminharia até lá novamente e tentaria desvendá-la de alguma forma. Ele nem ao menos sabia se ela tinha qualquer outra pessoa além de sua tia em Liverpool. Talvez primos ou algum tio?! Ele não poderia adivinhar.

O espelho que ocupava a porta do meio do guarda roupas de Niamh, lhe dava o seu reflexo perfeito naquele momento. O vestido lhe caíra impressionavelmente bem e qualquer estilista ou consultor de moda poderia dizer que fora feito sob medida e específico para ela. O tecido macio e refinado na cor branca possuía um contraste admirável contra a sua pele também clara. Em alguns momentos, eles pareciam ser apenas um só. A seda e o veludo. O comprimento do vestido lhe era proporcional. Ela não se lembrava da altura aparente da protagonista da peça, mas isso não era tão importante naquele momento. Pois, quando olhou para si mesma refletida no espelho comprido, ela soube que o vestido não poderia se adequar tão bem a nenhum outro corpo que não fosse o seu.

Harry Styles odiava esperar. E isso não se deve ao fato de que apressou até mesmo a sua mãe para nascer, mas sim ao seu próprio temperamento controlador. Facilmente irritável, o professor não conseguia compreender porque assistira os minutos passarem sem se levantar do sofá a fim de procurá-la. Ele já trocara de posição algumas vezes, as pernas se mexiam com frequência e o cabelo aparentava estar mais bagunçado do que o normal. Coçou a própria nuca tentando descobrir o que de tão errado havia naquela relação que não fora nem começada. Ele possuía provas para serem avaliadas e precisava elaborar o seu exame da semana seguinte, mas por alguma razão via-se incapaz de abandonar o apartamento ridículo da sua aluna. Levantou-se do sofá com a desculpa de averiguar se o seu automóvel continuava estacionado no mesmo local. Bristol, ele sabia, poderia ser muito perigosa, às vezes. Não que ele estivesse realmente preocupado com os danos de uma perda desse tipo, mas a brisa que alcançou o seu rosto assim que abriu a janela, o tranquilizou. Ele abaixou o seu olhar para a rua e conseguiu identificar o seu carro preto no exato lugar onde o havia deixado. Não havia quaisquer outros veículos parados por perto e pelas calçadas não se encontrava ninguém andando perdido. Styles pensou estar em um momento embaraçoso ao extremo. Poucas e raras são às vezes em que ele não sabe o que fazer consigo mesmo e este é um desses momentos. Quando ela retornara até o sofá, sentira que fez a escolha errada. Ela pode estar tão confusa quanto ele e, da forma mais cavalheira possível, ele deveria tomar o primeiro passo.

Respirou fundo, não deveria ser difícil encontrar o quarto da sua aluna naquele apartamento. Ou o banheiro. Onde diabos ela estaria? E se havia fugido por alguma escada de emergência? Ele se sentiria o mais tolo anti herói de todos os clássicos que lera durante a adolescência. Assim que pisou em um estreito corredor, ele encontrou a porta do banheiro aberta, uma cozinha e outra porta fechada. Não havia qualquer outro lugar para onde ela poderia ir se fosse apenas uma humana normal e mortal. Ele pensou que deveria bater à porta e perguntar se estava tudo bem, mas isso seria algo gentil demais para a sua capacidade de se auto controlar. O professor não pensou quando abriu a porta com um silêncio e rapidez súbitos, mas pareceu se paralisar perante a sua visão.

Niamh Mills não se parecia com ela. Ou se parecia, mas gostaria que não. Ou quem a olhava de volta, era apenas alguma outra mulher mais atraente e mais bonita. Ela não saberia dizer por que, mas ao dizer para si mesma que era totalmente incapaz de ser a somente aluna de mestrado Niamh Mills perto do seu professor, ela sabia que estava certa. Ele a fazia agir de modo incomum e imoral. E, até aquele momento, ela sabia que ele estaria lhe esperando sentado no seu sofá bege cru. Ele não poderia ir para nenhum outro lugar. Entretanto, o que os seus ouvidos não ouviram, fizeram os seus olhos se arregalarem com a sua nova visão obtida. Porque, se antes ela não se parecia consigo mesma, agora ela tinha certeza de que se tornara outra pessoa. A forma como o seu orientador se portara logo atrás de si e a olhara da forma mais intensa como achou um dia ser possível tornou isso óbvio. Ele a achava bonita e isso a fazia se sentir como se fosse. E, naquele instante, isso pareceu lhe bastar.

Harry Styles sentiu que, finalmente, ela se parecia consigo mesma. Clássica, ardente, o pecado vivo vestido de branco. Ela nunca fora assustada ou demonstrou possuir um espírito virginal, mas nenhuma calça jeans lhe cairia tão bem quanto a roupa da qual ela usava naquele momento. E tudo parecia se tornar menos indecoroso quando ele percebia que ela também se sentia dessa forma. E, por alguns instantes, ele cogitou a ação de não devolver o vestido para o seu antigo lugar, para que ele ocupasse apenas um espaço no cabideiro no guarda roupas de sua aluna.

Niamh Mills teve um sobressalto quando sentiu um hálito quente e desconhecido alcançar um ponto sensível logo abaixo de sua orelha esquerda. Ela ergueu o ombro para tentar reprimir um indesejado arrepio, mas isso não fez com que o seu professor se afastasse. Ela encontrou o seu olhar no reflexo do espelho e por mais que a sua imagem mostrada se projetasse tão próxima de si, ela ainda não podia sentir completamente o seu corpo atrás. O professor encarava os olhos curiosos de sua aluna, prestando atenção na forma como as suas pupilas se dilatavam enquanto ela esperava pelos seus próximos passos. Ele não fora totalmente brutal ao empurrar o seu cabelo para o lado oposto, obtendo o espaço suficiente do pescoço liso e claro que desejara. O seu próximo ato foi utilizar o olfato apurado para capturar a essência real da Srta. Mills. Ele pensou que uma empresa de cosméticos poderia se especializar em uma linha própria apenas com aquele cheiro. Porque o seu cheiro era o mais próximo do inferno que ele poderia estar. A combinação de notas frutais e florais, como bergamota e mandarina, juntamente com um cheiro característico amadeirado e doce. Nada poderia ser mais confuso e bom do que a sua fragrância. Ele tocou de leve com o seu nariz a pele suave de sua aluna, sentindo-a se enrijecer conforme o contato entre os dois corpos tornara-se mais necessário. Ele não pode ver, mas Niamh Mills fechou os olhos.

Os olhos fechados não foram propositais, mas necessários. Não foram para servir de escape das sensações que a proximidade do corpo do seu orientador a causava, e nem para fingir para si mesma o quão moral aquilo era. O tom negro presente nos seus olhos foi a forma como ela encontrou naquele momento para colocar Kieran em um lugar de sua mente que ela não poderia alcançar naquele momento. Não porque ela não queria tê-lo por perto, mas sim porque não seria justo desejá-lo naquele momento. Ela torceu para que ele não estivesse assistindo a algum filme favorito seu, ou ouvindo alguma música dos Queen apenas porque ela doaria alguns exemplares de livros seus menos queridos para ouvir uma versão acústica de Somebody to Love. Ou até mesmo que ele não estivesse pensando em ir a uma livraria e comprar uma edição com uma dedicatória já pronta só porque Niamh gosta de lê-las e tentar adivinhar porque o livro está à venda. Quando sentiu as próprias costas sendo tocadas por algo firme, ela logo soube que o tórax era apenas o início do precipício. Porque, embora nunca tenha gostado ou admirado as ações corruptas e libidinosas, Mills sabia que com Kieran fora de seus pensamentos e habitando algum outro local seguro, ela poderia se render a ele. Ao seu Prepotente professor e ao seu diploma que parecia caminhar sobre passos lentos.

Harry Styles não queria dizer uma única palavra por receio de soar rude ou inconveniente. Ele não queria dizer o quão bem ela cheira ou a forma como o vestido acentuou-lhe o corpo. Ele também não lhe diria que não perdera nem um detalhe. Seja da sua postura em reflexo, a forma como ela parecia se dividir entre estar aqui com ele ou em outro lugar ou o modo como se mostrava inquieta e apreensiva. O seu olhar caiu diretamente sobre os seus lábios e o formato que eles possuíam. Eles estavam em um vermelho natural vivo, como se ela os tivesse mordido por muitas vezes antes que ele chegasse ao quarto. Eram bem desenhados e fartos, prestes a embarcar em uma discussão bem argumentada caso ele quisesse. Entretanto, a olhando dos dois ângulos, a imagem refletida e a real, o professor sabia que havia algo do qual queria mais do que qualquer outra coisa naquele momento que estava fora do seu alcance. Ele poderia tomá-la para si, mas ele não a beijaria. E ele praguejou internamente toda a sua fúria por ter lhe prometido isso. E, em seguida, se culpou por subestimar a si mesmo e ao seu autocontrole. Harry Styles não faria nada que Niamh Mills não lhe pedisse com fervor e desejo.

Ela virou o seu corpo para que ficasse frente a frente com ele sem qualquer pedido ou ordem para tal feito. Isso o surpreendeu. Mills não tinha medo do que lhe aconteceria ou do que ele lhe proporia. Ela estava confiante em si e isso o motivou, entretanto o que ele faria com ela, o professor gostaria que ela assistisse.

O seu braço direito a envolveu pela cintura, fazendo-a se virar novamente para a posição antiga. Niamh não pareceu querer contestar, mas o olhou desconfiada. Ela tinha a sensação de que ele queria lhe mostrar como era estar nas mãos de alguém, totalmente e completamente, se rendendo sem nem ao menos perceber apenas porque não tem qualquer outra escolha. Talvez fosse dessa mesma exata forma que Lolita se sentia perto de H.H. O cheiro a envolvendo por completo, atingindo o seu sistema nervoso, as suas células e transformando a sua mente. Ela percebeu que o seu orientador poderia ter quem ele quisesse caso ele se ocupasse em depositar beijos doces na nuca, como ele estava fazendo com ela agora.

Harry Styles queria beijá-la ferozmente. Não poupá-la da surpresa ou da vergonha, ganhá-la para si em apenas um ato totalmente carnal. Ela fechou os olhos quando ele passou a própria língua suavemente pelo seu osso exposto da clavícula. Ele era acentuado em sua pele, realçando a pequena corrente que ela possuía envolta ao seu pescoço. Não havia qualquer pingente ocupando o colar e isso o chateou. Ele nunca poderia descobri-la pelos detalhes.

Seus lábios iam em direção ao seu rosto, movendo-se preguiçosamente até alcançarem o seu maxilar. Ele pode sentir o corpo da sua aluna tremer sobre os seus braços ainda fortemente agarrados a ela, e mesmo sendo consumido pelo desejo, ele não a beijou. Não a beijou porque talvez ela não quisesse ser beijada por ele, ou apenas porque ele tinha medo de beijá-la e depois não conseguir deixá-la ir embora. Porque apesar de ter o seu corpo colado junto ao seu, ele não a possuía de todas as formas. Não ainda.

O seu braço afrouxou-se ao redor da cintura de sua aluna, erguendo a mão para manter o cabelo castanho afastado do seu próprio rosto. Ele tateou a lateral do seu corpo magro, tentando em vão encontrar o maldito fecho do vestido. Por sua vez, Niamh entendeu perfeitamente o gesto. Ela se afastou pela distância de um pequeno passo e levou os cabelos para frente, tirando-os de onde o seu orientador havia preferido colocá-los. A sua nuca e uma pequena, mas tentadora, parcela de suas costas foi revelada.  Ele encarou o fecho traseiro do vestido, que era feito por um zíper comprido que terminava na altura da sua região lombar. A forma como o vestido se alongava e se descontraía para além da cintura, não o impediu de imaginar com certa clareza o que havia por detrás de todos aqueles panos.

As suas mãos tatearam o tecido com cuidado, os dedos agarrando o zíper para puxá-lo até o fim sem qualquer pressa. Ele admirou a pele que fora ficando cada vez mais à mostra, a cor pérola acetinada presente em cada célula da pele de sua aluna. Ele lhe beijou a nuca, prolongando o beijo até a escápula para depois repetir todo o trajeto. Mills, por sua vez, tentou ignorar o fato de que aquele era realmente o seu corpo e que ele estava a traindo terrivelmente. Por pior que fosse admitir, ela não conseguiria impedir que o seu orientador continuasse com as carícias em sua pele, e a forma como o seu sistema nervoso o respondia, fazia-o ter também esse conhecimento. Não havia nada do qual ela poderia fazer naquele momento. Nenhuma força de vontade para correr ou negar-se retirar o vestido. Nenhuma razão sequer para que ela o fizesse. Porque, além de desejar saber até onde o seu professor seria audacioso em ir, Mills também queria saber sobre os seus limites. As três cores que indicam o perigo. Ela já não estava mais no verde, mas também não chegara ao nível do vermelho. Ambos estavam no intermédio entre as duas cores, no amarelo. Quando há o desejo profundo se espalhando como brasa.

O vestido caiu aos pés de Niamh e ela o olhou um tanto quanto espantada. Somente naquele momento ela soube o que vestia: Um pequeno conjunto de lingerie azul turquesa. Talvez fosse proposital, Styles pensou. Por qual outra razão ela usaria um conjunto de sua cor favorita? Entretanto, ela não parecia ter conhecimento sobre isso e nada passava de uma coincidência terrível para ele que se obrigou a fechar os olhos enquanto tentava acalmar a própria respiração. Porque Niamh Mills era, definitivamente, o seu inferno. Ele assinaria uma clausura se ela lhe pedisse, se desapegando de todos os seus bens, com destino para a rendição do pecado que o corpo de sua orientada mostrava-se ser. Ele pagaria juros sobre as prestações e não se importaria com a ruína que ela lhe traria. Porque, apesar de está-la apenas olhando, encarando o olhar ansioso da Srta. Mills, o professor Styles sabia que também não havia qualquer opção para ele. Estava arruinado, completamente. Ela poderia ter colocado alguma câmera para gravá-lo nesse momento e ter alguma prova sobre o assédio para mostrar à Coordenação da Universidade, mas para ser sincero consigo mesmo, ele não dava à mínima.

Mills encarou o seu reflexo, agora seminu, no espelho. Ele ainda a olhava como costuma fazer em momentos rápidos; como se observasse alguma pintura rara ou tentasse compreender a obra mais confusa já feita. Novamente, o seu corpo aproximou-se do seu. Ela podia senti-lo atrás de si, rígido e exigente, mas não teve coragem o suficiente para abaixar o seu olhar sobre ele. Talvez ela apenas não queria admitir para si mesma que ele também podia senti-la, totalmente e completamente. À sua mercê e dos seus jogos. Porque ela já não era mais a Niamh Mills do apartamento 2B, a ex-garçonete e protegida do velho Adrian ou a pessoa que separava todos os meses utensílios e roupas para doações. Ela não se parecia nada consigo mesma. Ela era a Lolita mais suja que Nabokov jamais conseguiu começar a escrever e parecia adorar a forma como o seu orientador parecia disposto a correr esse risco por ela.

Mills achou estar em desvantagem, mas somente teve a certeza quando uma das alças do seu sutiã fora abaixada. Ele estava, ainda, totalmente vestido e ela prestes a ficar completamente despida. Algo não estava certo e esse pequeno pensando a fez virar-se no próprio corpo, ficando novamente frente a frente com o seu orientador. As suas sobrancelhas se juntaram e uma interrogação se formou em sua expressão, o que ela estava fazendo, afinal? Ele não precisou perguntar a si mesmo novamente ou proferir a frase em voz alta, pois quando os dedos atrevidos da Srta. Mills foram em direção aos botões de sua camisa, ele soube o que ela pretendia, embora não soubesse ao certo se estaria preparado para isso. Pois, se aquele momento no quarto de sua orientada não fora planejado, ter a sua camisa no chão era menos ainda. Porque mostrar o seu corpo para Niamh Mills era algo além do sentido em si. Era uma brecha para que ela o conhecesse de uma forma que poucas pessoas se atreveram ou conseguiram. Era permitir que ela se afundasse junto a ele em um abismo de notícias e contos não compartilhados, mas tão bem guardados. Era a chance que ela tinha de se sobressair sobre ele mesmo, conhecendo-o pelos seus desejos marcados permanentemente na pele, as lembranças de dias passados e dos seus conhecimentos adquiridos ao longo dos mesmos. Ele não estava preparado, nem um pouco. Não estava disposto a ser descoberto e desmascarado, e tão menos deixar que a sua aluna tivesse alguma vantagem sobre ele. Porque apesar de tê-la daquela forma para si naquele momento, ele não a conhecia. E a cada vez que ele tentava se aproximar de alguma pista de afirmação, mais longe ele sempre parecia estar. Perdido no abismo que Niamh Mills se mostrou ser.

A sua mão travou os dedos de Niamh acima do seu primeiro botão. Ela o olhou por um momento, até se esquivar para a esquerda e tentar compreender o sentido real do seu gesto. O que era aquilo? Ela poderia sofrer a vergonha por estar seminua à sua frente, mas não poderia fazê-lo se sentir da mesma forma? Não, ele era bem mais esperto e, obviamente, escondia alguma coisa. Oh! Grande surpresa, ela pensou. Logo ele, o sem coração e instigante professor.

Ela estreitou os seus olhos em sua direção, erguendo a alça caída do seu sutiã logo em seguida. Ele percebeu: Ela estava fazendo aquilo novamente; o desafiando. Entretanto, o desafio daquele momento não pareceu lhe agradar nem um pouco. Ele queria senti-la sobre o seu corpo e saborear a sua pele, senti-la se derreter por sua causa e depois implorar por mais um pouco de atenção. Ele não estava blefando, mas a Srta. Mills parecia nunca parar de querer jogar.

Ambos ouviram um toque irritante de telefone, ou era um despertador? Eles olharam em volta do quarto, tentando encontrar a origem do som. Ele não estava pronto para deixá-la sair de perto de si, mas quando ela atravessou o pequeno quarto com apenas alguns passos, ele não pode impedi-la.

Mills pegou o seu celular em mãos e notou uma chamada perdida de Maisie. Eram quase duas horas da manhã e ela não ligaria caso não fosse urgente porque sabe o quão preocupada Mills costuma ser. Ela respirou fundo, retornando a ligação. Sem mexer nem um passo, Harry Styles a encarava. Aquilo não poderia ser sério e ele não estava com disposição para brincadeiras sem fundamentos. A ligação durou cinco, seis e quase sete toques, quando Mills desligou. Fora apenas um engano? Ela conhecia as manias de Cook e ela nunca lhe mostrou ser do tipo de pessoa que possui hábitos estranhos enquanto dorme, como fazer ligações ou andar sozinha pelos corredores, mas era uma possibilidade, mesmo que distante. Não demorou muito para que o aviso de mensagem apitasse, indicando o recebimento de uma nova.

“Eu não posso atendê-la agora, estou no St. Michael’s. Você pode vir para cá? Como, agora. O meu pai... Tem algo de errado com ele.”

Ambas sabiam que sempre houve algo de errado com o pai de Maisie, principalmente quando a doença fora diagnosticada. Porém, a confissão assustou Mills. Ela nunca fora de falar sobre a enfermidade do seu pai e sempre a encarava como ‘uma vitória a cada dia’, então quando ela lhe escreveu sobre haver algo errado, Niamh sabia que era realmente sério. Ela não poderia deixá-la sozinha, não quando o seu pai é o parente mais próximo que Maisie sempre teve.

Mills recolheu rapidamente a roupa que vestira para ir ao teatro, vestindo-a com uma habilidade assustadora. O professor, até aquele momento atônito, resolveu se pronunciar. 

— Onde você pensa que está indo? — Mills ignorou o tom rude e exigente do seu orientador, terminando de vestir o seu casaco por cima do restante das roupas.

— É a Maisie... Você pode me levar ao hospital? Por favor? — Ela tentou, os olhos esperançosos sobre a carona em sua direção. Dificilmente algum táxi chegaria ali em dez minutos e, mais do que isso, seria punir Cook inutilmente. Caso ele concordasse em levá-la, ela chegaria lá em quinze minutos.

— O que? — Ele não queria que ela repetisse, mas não poderia confiar no que ela dizia. Niamh percebeu a sua expressão, como quem desacredita que outra pessoa poderia deixar uma naquele estado e ir embora. Infelizmente, ela não poderia ajudá-lo com isso. Não agora.

— É o pai da minha amiga, ele está muito doente. Não há qualquer possibilidade de eu conseguir um táxi nos próximos minutos, eu só estou pedindo uma carona. — O seu pedido não era nada insano ou inconveniente. Embora não soubesse onde o seu professor morava, Mills sabia que ele deveria seguir em direção ao hospital para qualquer bairro que fosse seguir. Não havia nada além no sentido oposto, que é ocupado apenas pelo parque industrial.

— Não. — A resposta veio simples, clara e bruta. Foi soprada, mas doeu-lhe. A pequena palavra irritou intensamente Mills, que nem sob última hipótese, voltaria a pedir qualquer coisa para o seu orientador repugnante. Ela sentiu nojo de si mesma, por ter deixado-o tocá-la sem qualquer barreira. Sentiu um asco crescente no fundo de sua garganta, que aumentava a cada segundo que continuava a olhar para o seu rosto irritado.

Ela o estava deixando na mão, literalmente. Entretanto, ela não viu o que poderia ser mais importante do que correr até a sua melhor amiga. Mills não pensou quando saiu apressada do quarto, sem se preocupar em fechar a porta principal do seu apartamento em seguida. Os lances de escada foram apenas borrões para os seus olhos e, assim que alcançou a calçada, ela olhou ainda para os dois lados, torcendo para que algum taxista generoso estivesse voltando para o Ponto naquele momento. Não havia ninguém, nada além da iluminação fraca e as fumaças escuras dos bueiros de rua. Ela respirou fundo, sabendo que levaria quase trinta minutos de caminhada até o hospital. Mills torceu para que os pneus do veículo do seu orientador furassem a caminho de sua casa e que ele passasse pelo incômodo do vento cortante daquela hora da madrugada que provinha do clima bipolar de Bristol.

Ela apressou os próprios passos, sem querer deixar a sua amiga esperando por muito mais tempo do que o necessário. Ela só queria estar por perto, e era exatamente isso o que iria fazer, sabendo que quando retornasse ao seu apartamento pela próxima manhã, não encontraria nada além do que a sua mobília ultrapassada e o apartamento completamente vazio. 


Notas Finais


❣ Deixem-me saber o que acharam da nova capa e do novo capítulo. Eu não tenho muito mais o que dizer, então espero que a minha demora tenha sido perdoada!
Um beijo grande e obrigada por tudo! ᶫᵒᵛᵉ ᵧₒᵤ


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