História I Like Me Better - Camren - Chinelo teleguiado

P.O.V  Lauren

Estava bom para ser verdade, estava tudo tão bom e do nada tudo muda, tinha que ser a Veronica por ter chegado bem na hora. Como assim não ouvimos o barulho da porta? Também, estávamos tão entretidas naquela bolha que cada vez mais ficava quente que esquecemos do mundo lá fora. Deveríamos termos tomado cuidado, era obvio que a Vero iria chegar em qualquer momento já que são raras as vezes que ela dormia com a Lucy. Agora o clima ficou totalmente tensão, a bolha que nos envolvia se explodiu drasticamente. Me afastei da latina já que eu estava no meio de suas pernas, sentia a minha boca formigando pelo beijo trocado, minhas mãos suavam pelo o que poderia vir, Vero me olhava como se fosse me matar. Camila deu um salto saindo da bancada, seus olhos arregalados e as bochechas pegando fogo, ser pega no flagra é a pior coisa do mundo, você não sabe como agir e não tem como se enfiar em algum lugar para tirar essa vergonha. Lucy está ao lado na namorada, segurando a mão firmemente, seus olhos percorrendo entre mim e a Camila que está toda sem jeito ao meu lado. É agora que eu morro?

Vero está com as narinas infladas, parecia que ia soltar fogo pelo nariz e pela boca. Sua expressão de raiva, seus olhos me metralhavam mas ao mesmo tempo buscava por respostas quando olhava para a mãe. Será que eu deveria correr? Antes de raciocinar em qualquer coisa, Vero avançou como um furacão, nem deu tempo de eu reagir, ela me atingiu com tudo em um soco forte no meu estomago. Me curvei para frente, apoiando apenas uma mão no joelho e a outra em minha barriga que queimava. Lucy rapidamente puxou a namorada para trás.

- P-puta merda – Puxei o ar com força.

- Veronica! – Camila se pronunciou para repreender a filha.

- Essa coisa branquela – Apontou com o queixo para mim – Estava te usando.

- Deixe de besteira – Camila balançou a cabeça – Vamos conversar filha...

- Conversar sobre o que? – Vero riu debochada – Sobre a senhora que estava sendo engolida pela boca da tinta branca?

- Querida...

- Eu não acredito que enquanto eu estava fora, vocês estavam aqui – Vero fez cara de nojo – Nessa bancada aos beijos.

- Vero – Lucy segurou firme no braço da namorada – Se acalma.

- Não tenho que me acalmar coisa nenhuma – Vero puxou o braço – Eu te avisei mama, desde o inicio, a Lauren não presta.

- Hija, para com isso – Camila ralhou – Você está fazendo drama atoa.

- Você sempre esteve sozinha, porque agora isso? – Vero cuspiu as palavras.

- Deixe sua mãe em paz – Me intrometi – Ela faz o que bem quiser da vida dela.

- Então aquele dia você não estava mesmo brincando, vocês transaram – Vero acusou – Bem que a Lauren disse sobre a minha mãe não ter reclamado dos seus dedos.

Eu já ia abrir a boca para negar freneticamente quando a Vero avançou novamente, tentei ainda dar um passo para trás mas ela foi rápida, atingiu mais uma vez o meu estomago com o seu punho. Ela aproveitou que eu me curvei e meteu uma joelhada pegando em cheio o meu nariz, levei rapidamente as mãos até o local, sentia o sangue quente escorrer. Camila soltou um berro alto, fazendo a filha se encolher e a Lucy puxar a namorada contra ela. A latina se aproximou de mim, tirou minhas mãos do meu nariz e analisou o local atingido, ela negou com a cabeça e foi até o armário, tirando de lá um kit de primeiros socorros. Camila me empurrou até que eu estivesse sentada na cadeira, ela se ajoelhou na minha frente e vasculhou a maleta.

- Eu não acredito que agrediu a Lauren – Camila resmungou, pegando um algodão e álcool.

- Estou desapontada com você – Lucy balançou a cabeça – Que tipo de namorada você é? Está bancando a louca.

- E-eu... – Vero abaixou a cabeça.

- A muito tempo eu não me relacionava com ninguém, porque o meu foco só era você – Camila murmurou concentrada em molhar o algodão – Eu acho que mereço curtir a vida de alguma forma, não é mesmo hija? Enquanto você está ai feliz com a Lucy, tendo um relacionamento e eu sozinha em casa.

- Me desculpa mama – Vero pediu com um pingo de voz – Estou tão acostumada com você sozinha, que não aguento ver alguém te tocando ou sei lá.

- Você agiu errado – Camila disse de forma dura, gemi quando ela pressionou o algodão em meu nariz – Onde já se viu bater na Lauren? Ela não estava fazendo nada demais, apenas um beijo, um beijo não mata ninguém.

- Por favor mama, me perdoa, eu sou uma idiota.

Camila suspirou e ficou em silencio, gemi mais uma vez quando o álcool entrou em contato com o nariz, aquilo ardia bastante mas sabia que era o certo a se fazer. A latina puxou a minha cabeça para trás, para que o sangue não escorresse mais e assim ela o estancou perfeitamente. Ela se levantou, guardou as coisas de volta no armário e parou ao meu lado. Lucy está de braços cruzados, olhando para a namorada e esperando por alguma reação. Vero fungou baixinho e levantou a cabeça mostrando os seus olhos marejados e avermelhados. Me encosto na bancada sem saber o que fazer, não estava irritada com ela, mas não aprovava sua atitude.

- Mama – Vero se arrastou até a latina e a agarrou em seus braços – Por favor, me desculpa? Eu fui muito infantil com vocês duas, sou uma péssima filha, agi com a cabeça quente. Estava surpresa com o que tinha visto, é...tão complicado ver você com alguém.

- Tudo ficara bem se você pedir desculpas para a Lauren – Camila cruzou os braços.

- Laur, Laur – Vero me chamou de forma manhosa – Me perdoa? Eu realmente agi sem pensar, fui uma ogra com você que não mereceu meus socos. Pode me bater, me sentirei melhor se você devolver os socos.

- Está tudo bem – Sorri tentando tranquiliza-la – Não vou te bater, só peço que não faça mais isso e que apoie a sua mãe.

- Me perdoa mama? – Vero suplicou.

- Está tudo bem – Camila a puxou para seus braços e beijou sua testa – E eu lá consigo ficar de mal de você?

- Eu te amo muitão mama, você é a mulher mais gostosa desse mundo – Vero começou a lotar o rosto da mãe de beijos.

- Eu te amo, meu bebê – Camila apertou as bochechas da filha.

- Acho que está tudo resolvido – Lucy sorriu e puxou a namorada para abraça-la.

- Você estão namorando?

- Não.

Neguei rapidamente, Camila me olhou por alguns segundos mas não entendi o seu olhar, logo ela voltava sua atenção para a Vero que estava sendo mimada pela Lucy. Me atrevi a ir até a geladeira, peguei uma garrafa de agua e um copo para enche-lo, tomei de uma vez aquela agua para me recuperar do momento. Achava que o meu coração iria sair pela boca, Camila se aproximou cautelosamente de mim e tocou em meu ombro, sorri levemente para ela. A latina suspirou e ficou na ponta dos pés, entrei em desespero achando que iria me beijar, mas ela apenas pressionou seus lábios em minha bochecha, voltei a suspirar aliviada. Se eu estava com medo da Vero? Não era bem um medo de ser atingida por um soco e sim de que uma cadeira voasse em minha cara.

- Estamos nos conhecendo – Camila respondeu a pergunta da filha.

- Ok – Vero fez uma pequena careta – Isso é tão estranho.

- Você logo se acostuma, meu amor – Lucy salpicou várias vezes nos lábios da namorada.

- Vamos parar com esse assunto – Camila rolou os olhos – Lauren veio aqui me ajudar a compor a musica.

- E conseguiram? – Lucy perguntou animada.

- Uma parte está feita – Sorri orgulhosa – Falta apenas concluir.

- Lolo, sinto que vamos conseguir logo e vamos arrasar – Camila entrelaçou seu braço ao meu.

- Não Camz, quem vai arrasar vai ser você – Bato levemente o dedo em seu nariz – Porque é você quem vai cantar.

- Mas você me ajudou a compor, então você também vai arrasar.

- Eu vou para o quarto com a Lu – Vero avisou – Boa noite para vocês e me desculpe mais uma vez.

Fui surpreendida quando a Vero veio até mim e me abraçou rapidamente, aquilo me fez sorrir mesmo estando com o nariz ardendo levemente, ela beijou a testa da mãe e puxou a Lu para o andar de cima. Balancei a cabeça, essa garota não tem jeito mesmo. Sabe, depois que o clima tenso passou, eu comecei a rir pelo que aconteceu, isso deve ser guardado apenas como uma lembrança divertida. Camila me olhou sem entender mas quando viu minha expressão risonha, começou a rir também, provavelmente estava pensando como eu.

- Como você está? – Camila perguntou um tempo depois de ter cessado a risada.

- Está tudo bem – Coloco minhas mãos no bolso do short.

- Mesmo? – Camila se aproximou até parar em minha frente – Eu posso conversar com ela, caso se sinta desconfortável.

- Está tudo bem mesmo – Me aposso de sua cintura – Não se preocupe, poderia ser pior.

- Lolo! – Camila me olhou indignada – Você levou dois socos e uma joelhada.

- Isso não é nada, já pensou se ela resolve jogar a cadeira em minha cabeça? – Faço careta só de imaginar – Isso que é o pior.

- Você é tão boba – Camila entrelaçou seus braços em meu pescoço – Não sei como consegue levar tudo numa boa e ainda fazer piadas.

- Sei ser séria em certos momentos, mas isso não me atingiu – Aproximei meu rosto do seu.

- Nem quero imaginar você séria e brava – Camila encostou seus lábios aos meus, movimentei no mesmo ritmo ao seu começando um beijo suave e lento, apenas utilizando dos nossos lábios.

- Já deixo avisado que não quero pegação – Vero apareceu do nada na cozinha – Se não a cadeira vai voar.

- Ah sua sapequinha – Camila riu – Ouvir a conversa dos outros é feio, sabia?

- Minha mama não me deu educação – Vero brincou.

- Sinta o poder do meu chinelo teleguiado – Camila se abaixou para pegar o chinelo e arremessou com tudo, atingiu em cheio a testa da garota – Head Shot!

- Ouch, mama!