História I like me better when I'm with you - taekook - Quarto

Não sei por quanto tempo ficamos abraçados, mas nos separamos quando ouvimos um pigarrear.

Olhamos em direção ao som, e vi uma mulher, que não parecia ser tão velha, cabelos longos e pretos, com um sorriso fraco, mas que mesmo assim, eu conseguia perceber os dentinhos de coelho. Sem dúvidas, era a mãe de Jungkook.

— Boa tarde, Senhora Jeon. — cumprimentei-a, me curvando, torcendo para minha cara de choro não estar tão evidente.

— Boa tarde, querido. E senhora não, eu nem sou tão velha assim. — sorriu. — Me chame de Sunhee. Você deve ser o Taehyung, certo? — ela deve ter percebido minha cara de supresa por ela saber disso, então logo acrescentou: — Jungkook fala de você o tempo todo.

Olhei para o Jungkook na esperança de poder vê-lo envergonhado, mas apesar das bochechas estarem um pouco vermelhas, ele seguia sorrindo tranquilo. Enquanto eu, com certeza estava corado.

— Espero que ele fale coisas boas. — comentei, tentando esconder meu constrangimento.

— Ele só diz o quanto você é lindo e fala sobre todas as suas qualidades. — dessa vez ele ficou um pouco mais vermelho, e logo trocou um olhar cúmplice com ela.

— Certo, vou deixar vocês em paz. Se quiser algo, Taehyung, é só pedir ao Jungkook. — me lançou um sorriso carinhoso, e logo se direcionou para Jungkook. — Estou saindo para ir ao shopping com umas amigas e seu pai está trabalhando. — ele apenas assentiu. Ela deixou um beijo em nossas testas e logo saiu pela porta.

Ficamos em silencio e aproveitei para dar uma olhada na casa. Era grande, mas com certeza uma casa onde todo mundo se via sempre.

— Desculpe pela minha mãe. — disse, me fazendo franzir a testa. — Sei que você fica envergonhado facilmente. — abri a boca para protestar, mas era verdade.

Suspirei. — Tudo bem. Sua mãe parece ser legal. — eu disse.

— Sim, ela é. — sorriu.

Ele ficou me analisando por um tempo e provavelmente percebeu que a cara inchada de segurar o choro ainda estava presente, apesar dele conseguir me fazer esquecer os problemas.

— Vamos para o meu quarto. — disse, já me puxando pela mão em direção ao andar de cima. — Seria um dos lugares que eu te levaria em um dos encontros. — acho que eu paralisei um pouco, porque ele me olhou rindo. — Não para isso que você está pensando, seu pervertido. Mas se você quiser eu quero. — sorriu sugestivo. Balancei a cabeça, envergonhado.

— Eu queria te trazer aqui porque, sem dúvidas, é um dos meus lugares favoritos. — dito isso, ele abriu a porta do quarto.

A princípio, parecia ser um quarto normal de um adolescente, mas dava para perceber um toque de Jungkook em cada cantinho do lugar. 

O quarto tinha três paredes brancas e uma preta. Havia um estante cheia de livros, de todos os tipos. Pôsteres na parede, alguns até de Harry Potter. Uma mesinha de estudos com um notebook em cima, que estava aberto em uma página sobre algo de astronomia. Tinha outras duas portas, que provavelmente seriam banheiro e closet. E por fim, reparei em sua cama de casal enorme, que tinha uma colcha linda, com um universo de estampa.

— Você é realmente apaixonado por astronomia. — comentei, escutei ele rir.

— Você nem reparou no principal. — disse, me puxando para sua cama, nos fazendo deitar lado a lado.

E só aí que eu vi. O teto do quarto tinha uma galáxia pintada. Era perfeito. Era tão Jungkook.

— Isso é tão você. — murmurei, com um sorriso grande no rosto.

Jungkook sempre me surpreendia.

— Eu tinha na minha outra casa, e assim que vim para cá, foi a primeira coisa que pedi para ser feita. — me virei de lado para olhá-lo, ele se mantinha olhando para o teto. — É bom, deitar, esperar o sono vir, olhando para uma parte do universo. — murmurou, se virando de lado também, nos fazendo ficar com os rostos bem próximos.

Engoli a seco.

— Isso é lindo, coelinho. — falei, baixinho, enquanto passava meus olhos por todo seu rosto, que não tinha nenhum defeito.

— Realmente é. — não sabia se ele ainda estava falando do teto, porque me olhava com tanta intensidade.

Respirei fundo quando ele levou sua mão até meu rosto e fez um carinho na minha bochecha.

— Quer me contar porque você estava chorando? — perguntou num sussurro.

Fechei os olhos, apreciando seu carinho.

— Meu pai contratou uma mulher para transar comigo, acho que ela estava disposta a fazer isso comigo até a força. — murmurei.

O carinho cessou e abri os olhos para olhá-lo. Ele me encarava com um semblante que demonstrava incredulidade e raiva.

— Eu vou matar o seu pai. Como ele tem coragem de fazer isso com seu próprio filho? — dava para perceber a raiva em cada palavra proferida.

Suspirei. — Eu pensei a mesma coisa. — falei, com o olhar perdido em qualquer lugar. — Isso ultrapassou todos os limites. Ele pagaria alguém para me estuprar. — senti as lágrimas se formarem nos meus olhos. — Isso é desumano. Eu não consigo aguentar mais. — finalmente as lágrimas, que eu tanto estava segurando, começaram a descer pelo meu rosto.

Jungkook limpou algumas das lágrimas com o polegar, e me puxou para deitar em seu peito, afagando meu cabelo.

— Eu estou pensando seriamente em nunca mais te deixar sair daqui. Eu quero te proteger desse monstro. Você não merece passar por isso. — falou baixinho, continuando com o carinho.

Me aconcheguei mais no peito dele. Jungkook me fazia tão bem.

— Obrigado. — murmurei.

— Pelo o quê? — perguntou.

— Por tudo. Acho que sem você eu não conseguiria enfrentar tudo isso. — continuei dizendo no mesmo tom.

— Você conseguiria porque você é forte. Estou apenas te dando apoio.

— Obrigado por me dar apoio. — falei abafado por estar com meu rosto no peito dele, sentindo seu cheirinho pelo qual eu já estava viciado.

— De nada, Tae. — murmurou.

Ficamos em silêncio por um tempo, apenas aconchegados um no outro. Eu continuei sentindo o cheirinho dele e ele continuou fazendo carinho no meu cabelo.

Em algum minuto desse momento bom, o sono chegou e eu estava quase adormecendo.

— Eu gosto muito de você, tigrinho. — ouvi-o dizer baixinho.

Sorri fraco, já de olhos fechados.

— Eu também gosto muito de você, coelinho. — murmurei e adormeci.