História I love the players. You love the game. - Sentimentos ocultos.

(Pov Selena)

 Acordo no sábado sem nenhuma vontade de ir correr. Então depois de tomar um longo banho e ir pra cozinha tomar o meu café, não me surpreendo por também não ver Justin com sua roupa de correr. Ele iria embora hoje. Tudo entre nós estava encerrado.
 Me sento na mesa ao lado de Jazzy e ficando na frente de Justin. Não queria sentar ao seu lado, mas parece que ter ficado em frente a ele foi pior ainda. Apesar de a nossa noite de ontem ter sido maravilhosa, eu só queria passar uma borracha naquilo e seguir em frente. Sei que se continuar pensando nas palavras doce que ele me disse e no seu corpo sobre o meu, vou acabar enlouquecendo. Eu e ele não tínhamos um futuro juntos, e só o pensamento de 'nós' era o bastante para me machucar.
– Eu ainda não acredito que você está indo embora. Não é justo, você ficou muito pouco tempo. - Jazzy choraminga de modo triste, e Justin tenta lhe dar um sorriso reconfortante.
– Eu sei, mas assim que eu tiver outro tempo livre eu volto para cá. - Nesse momento ele olhou para mim, e depressa eu desfiz o nosso contato visual, tentando pateticamente olhar para o meu copo de suco.
– E quando será isso? Daqui a oito, nove meses? Um ano?
– Eu não sei, Jazzy.
 Bebo todo o meu suco e me levanto da mesa. É o bastante para mim. Ele não voltaria tão cedo e provavelmente quando voltasse já estaríamos em outro plano de relacionamento. Me sinto uma tola, porque eu decidi dormir com ele mesmo tendo noção do que eu já sentia e eu sabia que isso não ia passar tão rápido.
– Sel, você está bem? - Jazzy me pergunta, após eu me levantar.
– Dor de cabeça. As provas me desgastaram muito. Vou pro meu quarto.
 E mesmo notando o olhar de preocupação que Justin me dá, eu afirmo os meus passos em direção ao meu quarto.

 Quase uma hora depois que eu estou enterrada em livros fictícios, ouço alguém bater na minha porta. Sei que é Justin, pois Jazzy costuma apenas entrar mesmo sem ser convidada. Eu me levanto sentindo como se um peso estivesse em minhas costas e abro a porta.
 Vejo ele todo arrumado num estado de perfeição e minha garganta se aperta.
– Jazzy vai me levar até o aeroporto. Você quer vir junto? - Suas palavras saem de seus lábios de modo doce, mas eu recuso a ficar mais tempo sequer ao seu lado. Parece que isso só me machuca ainda mais.
– Não. Mas faça uma boa viagem de volta. - Tento lhe dar um sorriso, mas pela sua expressão ele não engoliu.
 Justin me empurra de leve, apenas o suficiente para entrar em meu quarto. Ele fecha a porta atrás de si e me olha com preocupação.
– Meu doce, o que está acontecendo?
– Nada, eu estou bem.
– Você obviamente não está bem. - Sinto sua mão tocar em minha bochecha e me derreto um pouco ao seu toque. – Fala comigo, Selena.
– O que você quer que eu diga? Nosso assunto está encerrado. Ambos já conseguimos o que queríamos. Não precisa continuar sendo gentil comigo.
 Ele tira sua mão de mim e me olha de modo sério.
– Então é isso? Você acha que eu estava te tratando bem o tempo todo só para transar com você? - Não. Eu não achava isso. Mas se terminássemos tudo de um modo ruim, com raiva um do outro, talvez fosse mais fácil para esquecermos tudo o que aconteceu. – Porra Selena, eu me importo com você.
– Mesmo que não se importasse estaria tudo bem. Eu não preciso de mais complicação e drama na minha vida do que já tenho. Ambos vamos estar seguindo os nossos caminhos separadamente, então não precisamos um do outro para mais nada.
 O olhar que ele me dá parte o meu coração. Vejo dor ali. E eu sinto a sua dor, porque não queria estar falando nada disso. Queria implorar para ele não ir embora, para ele desistir desse maldito emprego e ficar comigo. Não consigo ser uma pessoa egoísta, mas nesse momento eu desejei poder ser. Egoísta a ponto de querê-lo só para mim, mesmo não sabendo ao certo a onde isso poderia nos levar. Egoísta a ponto de querer arriscar o nosso futuro juntos.
– Por que está agindo como se o que aconteceu ontem não foi importante?
– Não foi. - Respondo com a voz trêmula.
 Ele parece continuar a não acreditar em mim e me puxa pela cintura com tanta determinação que por um segundo eu perco o fôlego.
– Não quero que você me odeie por eu estar indo embora, meu doce.
 Eu olho em seus olhos castanhos e é o suficiente para que eu me apaixonasse mais um pouco. Sinto todas as minhas barras de defesa escorregarem quando eu estou em seus braços, e não consigo mais me controlar. Puxo a sua nuca para mim e o beijo, como se estivesse pedindo ali que ele não fosse embora, porque eu não queria que fosse. O beijo sai calmo, com paixão, com excitação. Nossas línguas parecem estar em perfeita sintonia, e penso que talvez é pelo fato de sentirmos a mesma coisa um pelo outro. Mas sei que é apenas uma ilusão minha.
 E quando nos separamos, eu me afasto dele apenas na distância segura o suficiente para mim. Para que o meu coração parasse de bater tão rápido em meu peito. E mesmo que as palavras cortem minha garganta, eu digo:
– Você tem um voo para pegar, não tem?
 Justin parece desistir de tentar, então apenas assente de modo sério e sai do meu quarto. Esse foi o adeus.

 Algum tempo depois quando Jazzy aparece no meu quarto, ela está sozinha. Já deve ter levado Justin no aeroporto e voltado, acredito eu. Ela se senta ao meu lado na cama e tira o livro que eu estava lendo de minhas mãos.
– Vocês dormiram juntos, não foi? - As suas palavras me pegam de surpresa, e arregalo um pouco os meus olhos. Jazzy não parece estar com raiva, apenas curiosa, mas não sei o que responder.
– O que Justin te disse?
– Ele não me disse nada, mas nem precisou. Não sou idiota, eu vi o modo como vocês estavam nessa manhã.
 Abaixo minha cabeça sem saber muito bem por onde começar.
– Me desculpe, Jazzy. As coisas meio que foram fluindo, entende? Sei que você pediu para que ficássemos longe um do outro, mas foi impossível.
 Ela deita sua cabeça no meu colo, então estamos olhando uma para outra.
– Te pedi para ficar longe dele porque sei o quão fácil você se apaixona, e pedi para ele ficar longe de você porque nunca vi meu irmão ter mais do que um caso de uma noite. - Ela suspira. – Mas não estou com raiva, se é isso que está pensando. Só estou surpresa pelo fato de você ter feito Justin se importar tanto com você. No caminho do aeroporto ele estava tão avoado e quando eu citei o seu nome ele ficou sem fala.
– Ele queria ficar comigo, eu acho. - Digo, me sentindo mais aliviada por estar finalmente falando sobre isso com Jazzy. Não precisava esconder mais nada. – Pelo menos foi o que ele disse. Mas depois recebeu aquela ligação sobre o trabalho, então meio que soubemos que o que tínhamos iria acabar. Não que não soubéssemos antes, mas naquele momento ficou mais real. Isso me deixou triste, porque eu gosto do Justin, até demais, e não queria que ele fosse embora. Mas também não pediria para que ficasse.
 Jazzy abre um pequeno sorriso triste em seu rosto.
– Você se apaixonou por ele, não é? Sei disso, porque amar alguém é colocar as necessidades da pessoa acima das suas, e foi exatamente isso o que você fez. - Assinto em silêncio, porque ela estava certa. – Ah Sel, eu tenho certeza de que ele também gosta de você.
– Acho que não o suficiente. - Minha voz começa a ficar trêmula de novo, e eu respiro fundo. Não quero chorar na frente da Jazzy. – Mas está tudo bem. Não era pra ser.
– Talvez ainda aconteça. Ele pode cair na real e ver a mulher que está perdendo a qualquer momento.
 Dou um pequeno sorriso para ela e assinto, mesmo sabendo que ela está errada. Se não fosse para ele ir, ele não iria.
– Você está mesmo bem com isso?
– Achei que não ficaria, mas estou. Meu irmão ficou sem fala por causa de uma mulher pela primeira vez na vida e essa mulher foi você. - Ela ri um pouco. – Estou mais do que bem. - Ela se levanta do meu colo e me dá um beijo no rosto. – Só me prometa que não vai ficar trancada no quarto se remoendo por ele, ok? Isso não é justo com ele e nem consigo mesma.
– Tudo bem. - Respondo, antes de ela sair do meu quarto.
 Eu pego o meu celular e vejo as últimas mensagens que Justin e eu tínhamos mandado um para o outro quando eu ainda estava na universidade. Poderia pensar que isso seria apenas uma paixonite de verão e que logo passaria, mas ao ler suas mensagens mais antigas e relembrar os nossos momentos juntos meu coração volta a bater num ritmo acelerado, então tenho a certeza mais assustadora de todas.
 Ele não seria apenas uma paixonite de verão.

 3 Semanas Depois

 Estou vendo tevê com Jazzy, quando Justin aparece. Ele está todo arrumado de terno e gravata e sua beleza na televisão reflete quase toda a beleza que ele tem na vida real. A entrevistadora do programa sorri quando ele se senta numa cadeira ao lado dela, e ao começar a fazer as perguntas percebo que ela está inusitadamente dando em cima dele. Mas quem não daria? Ele era um dos mais novos arquitetos de Nova York que já projetou mais de quatro edifícios. Além de ser extremamente charmoso, gentil e inteligente. Me sentia tola pois mesmo estando vê-lo apenas na tela da televisão ainda me sentia do mesmo jeito de antes.
 Ainda não tínhamos nos falado desde que ele foi embora e eu estava tentando levar isso numa boa, mas na realidade, morria de vontade de mandar ao menos uma mensagem para ele. Jazzy falava com ele, todavia. Toda semana eles conversavam no telefone, mas ele também nunca perguntava de mim. Mas para ser sincera, ele havia ligado ontem a noite e convidado Jazzy e eu para uma celebração que dariam a ele por toda essa sua 'fama' sobre os edifícios que já construiu e os que estão em desenvolvimento. Eu não iria e Jazzy já estava ciente disso, mas não disse a ele pois na cabeça dela, eu ainda podia mudar de ideia e ir. O voo estava marcado para hoje e sairia em uma hora. Mas eu ainda continuava com a minha decisão. Vê-lo em tão pouco tempo seria demais. E o que eu diria? O que faria? Não estava totalmente recuperada para simplesmente chegar e fingir que nada aconteceu entre nós. Agir como se fôssemos conhecidos partiria ainda mais o meu coração.
 De repente, volto o meu foco na televisão quando a apresentadora faz uma pergunta que deixa um nó em minha garganta.
– Então, vamos a um assunto que todos estão morrendo de vontade de saber: Há alguma garota que fisgou o coração de Justin Bieber?
 O sorriso envergonhado que ele dá faz meu coração parar de bater por um instante.
– Há uma em especial.
– Oh. - É impossível que eu não note a rápida expressão de desesperança que aparece no rosto da entrevistadora, mas ela rapidamente volta ao seu foco. – Conte-nos sobre isso.
– Bom, a única coisa que eu posso dizer é que estarei  esperando-a hoje a noite na minha festa.
 A apresentadora dá uma risadinha e volta com outras perguntas. Jazzy desliga a televisão, pega a sua pequena mala e me olha por um instante.
– Sabe, ele pode estar falando de você.
– Ele pode estar falando de qualquer uma. - Respondo, não querendo me alimentar com falsas esperanças. Me levanto do sofá também e saímos juntas de casa. Eu iria para o cinema enquanto ela iria para o aeroporto, seguiríamos caminhos separados.  
– Tem certeza que não quer ir? - Jazzy me pergunta uma última vez. – A festa vai ser legal e você pode ficar o tempo todo comigo se não quiser conversar com ele.
– Tenho certeza. - Respondo. – Mas vá e se divirta por mim.
– Está brincando? Eu vou envergonhar aqueles riquinhos que estarão lá, me embebedando pra valer. - Sorrio, porque em outras circunstâncias eu faria a mesma coisa. Uma das razões de eu e Jazzy nos entendermos tão bem é pelo fato de que apesar de sonharmos com grandeza éramos muito simples. – Até amanha, então.
– Até.
 Nos abraçamos e com uma última olhada ela atravessa a rua e sai andando.

 (Pov Justin)

 Jazzy havia me mandado uma mensagem dizendo que daqui a três horas ela estaria aqui em Nova York. Penso que ela pode estar indo para o aeroporto pois o tempo estimado de voo é de um pouco menos de três horas até aqui. Mesmo por mensagem, pergunto a ela se Selena está vindo junto e ela me responde que não.
 Então largo o meu celular em cima da cama e não consigo evitar não ficar entristecido. Esperava que ela viesse, tinha esperanças. Iria tentar acertar as coisas, pois ter ficado essas três semanas sem manter nenhum contato com ela foi a pior coisa do mundo. E agora ela não me daria nem a chance de vê-la de novo. Eu queria dizer a ela que eu não sou como os outros caras e que o assunto entre nós não era apenas sexo. Na verdade, nunca se tratou apenas disso. A tensão sempre esteve lá, assim como os sentimentos. No começo era algo além da minha compreensão, porque nunca experimentei algo assim antes, nunca estive no plano em que me encontro. Deus, eu só queria que ela soubesse que ela virou o meu mundo de cabeça pra baixo e que eu não consigo mais ficar um dia sequer longe dela. A mensagem que Jazzy me mandou me machucou, porque eu queria acreditar que Selena ainda me queria, mas ela se mostrava tão distante que realmente não tenho mais certeza.
 Pensando no quão patético eu estou sendo, decido esfriar minha cabeça um pouco. Ligo o meu chuveiro do banheiro e após me despir entro na água fria sem realmente me importar com a temperatura. Não sei por quanto tempo fico debaixo da água, mas quando saio faltam apenas duas horas para a minha festa começar no grande salão F.S de Nova York. Eu me arrumo com um traje social e coloco uma gravata vermelha. Depois de arrumar o meu cabelo, pego o meu telefone e quase caio pra trás quando vejo mais de dez ligações perdidas. Todas vindas de Jazzy. Retorno para ela imediatamente, já esperando que ela tenha perdido o seu voo, conhecendo-a do jeito que conheço.
 Ela atende logo no segundo toque.
– Por favor me diga que você já está dentro do avião.
 Ouço o seu choro do outro lado da linha. Um choro dolorido e agoniante. Meu coração se aperta, e sinto meu mundo desabar com as palavras que ela me solta a seguir:
– Selena foi atropelada e está no hospital. Acho que a situação é ruim, Justin.