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História I Must Be Dreaming - Capítulo VI - Armadilha.


Escrita por: P_Imperatrix

Capítulo 7 - Capítulo VI - Armadilha.


"Efetivamente às vezes pareço alegre e afável;

Converso também com os outros de modo bastante razoável;

E a impressão é de que, só Deus sabe como, me sinto bem.

No entanto, a alma permanece no seu sono mortal, e o coração sangra por mil feridas abertas."

Hugo Wolf.

 

– Agora me conte, - disse ele colocando uma xícara fumegante de chá na frente dela e indo para o outro lado do balcão, o loiro apoiou os cotovelos no mármore e a cabeça em cima das mãos enquanto a olhava inquisidoramente, não era um pedido, ela notou. – o que afinal aconteceu com você?

A primeira reação dela foi mentir.

– N-não sei... Acho que foi algo que comi na f-festa...

Ele endireitou a coluna, apoiou as palmas das mãos no balcão e olhou para ela com desconfiança. Hinata tentou tomar um gole do chá, mas o cheiro que deveria lhe apetecer lhe dava ânsias.

– Engraçado, porque eu posso jurar que vi você ler aquele seu livro durante a festa inteira, sem comer ou beber nada, nem o bolo dattebayo. - Ela engoliu em seco. – mas a expressão dele suavizou. – Eu sei que estou sendo intrometido’ttebayo, nós mal nos conhecemos, mas – ele fez uma pausa – eu estou realmente preocupado com você dattebayo... – ele aproximou o próprio rosto do dela, talvez para melhor enxergá-la na escuridão da cozinha onde a única fonte de lua era a do poste lá fora que se infiltrava por entre as cortinas.

Mesmo assim ela nada respondeu, era como se sua voz tivesse sido trancada para sempre em sua garganta.

Mas Naruto não estava disposto a desistir dela.

– Aquele nome que você me chamou, Neji, ele é o seu primo não é? – ela sentiu a náusea voltar com tanta força ao ouvir o nome do primo que teve que segurar a respiração para não vomitar. Naruto percebendo o movimento correu para ajudá-la. – Hinata-chan? Você está bem? Fala comigo’ttebayo!

Mas ela não atendeu, acabara de desmaiar nos braços do loiro.

Naruto olhou para o rosto pálido da garota, xingando-se internamente pela participação em seu desmaio enquanto observava as linhas de seu rosto bonito suavizarem até parecer que ela dormia calmamente, ele desejou que assim fosse.

Com um pouco de dificuldade, ele a suspendeu decidido a carregá-la até a cama, mas não desistira de conseguir o motivo para o comportamento dela, iria esperar a hora certa.

oOo

Hinata acordou na manhã seguinte em sua cama rezando para que os acontecimentos da noite anterior tivessem sido só um sonho, um sonho realmente ruim, mas não fora, e ela sabia disso.

Tratou de desviar de todos os olhares que Naruto lhe lançava ao longo do dia e tomou cuidado para não ficar sozinha com ele, até mesmo fora ler na varanda pela manhã e não na sala como de costume onde ele a essa hora costumava estar jogando vídeo-game.

Os dias se passaram desse modo e ele nada tentou, na verdade ela ficou surpresa em notar que ele não estava de forma nenhuma agindo diferente com ela, como se nada tivesse acontecido. Tanto que no dia da consulta com sua psicóloga, ela nem ao menos achou estranho que ele fosse quem a levaria em vez de Minato, a quantidade de ansiedade diante disso fora a de simplesmente por estar perto dele.

Dele e daquele calor vital que ele emanava que parecia bloquear o miasma que vinha dela corrompendo as pessoas ao redor e do qual ele parecia ser imune. Ele a fazia se sentir tão bem que os dias que fugira da presença dele tinham sido mais sombrios do que de costume.

Ela colocou o capacete que ele havia lhe entregado obedeceu ao comando dele abraçando-o por trás o som do motor acariciou seus ouvidos e logo eles estavam correndo, ela fechou os olhos, mas para sua surpresa não desejou que Naruto fizesse o mesmo e eles acabassem morrendo numa batida sanguinolenta digna de Tarantino, como normalmente fazia quando estava daquele mesmo modo com Kiba, por algum motivo, Hinata não achava justo levar o loiro com ela.

oOo

Ela ainda não acreditava que tinha concordado em parar com Naruto para tomar um sorvete. Tinha sido muito idiota para não perceber que ele provavelmente esteve tramando aquilo desde o começo, fingindo estar tudo bem.

– Sabe, - começou ele tomando uma generosa colherada do sundey com cobertura tripla de caramelo que ele pedira – quando eu tinha uns oito ou nove anos e a gente morava nesse lado da cidade, meu pai costumava trazer eu e Ino aqui eu nunca provei um sundey com cobertura tripla de caramelo mais gostoso. Mas aí a gente se mudou e quando eu voltei pra ver, tinham vendido a sorveteria antiga e aberto essa... – ele fez uma cara irritada e olhou com ressentimento para o soverte – Odeio o sorvete daqui dattebayo!

Mas do jeito que ele comia, parecia gostar muito, fora primeira vez que Hinata teve vontade de rir em dias, mas o riso foi sufocado pelo aperto de apreensão em seu estômago.

Um silêncio pesado se instalou entre os dois e Hinata não estava disposta a fazer na da para rompê-lo, mas Naruto sim, o loiro respirou fundo e buscou o olhar dela que abaixou o rosto como se o olhar dele fosse ofuscante, e talvez para ela fosse.

– Hinata-chan... – ele tentou, deixando o sorvete totalmente de lado, vendo que não tinha resposta, ele levantou o rosto dela cuidadosamente – Me desculpe por ter sido tão assustador naquela noite – ela podia sentir o próprio rosto se tingindo de vermelho – é só que... Eu fiquei realmente preocupado com você passando mal daquele jeito, eu pensei em avisar a minha mãe, mas achei que você não quisesse que mais ninguém ficasse sabendo do que aconteceu dattebayo...

– O-obrigada... – agradeceu ela sinceramente, mas com os olhos baixos.

Ela pode enxergar um fragmento do sorriso dele com sua visão lateral.

– Sabia que você é mesmo gata?

Ah, tinha isso também, ele não perdia uma chance de flertar com ela o que normalmente fazia com que a mesma desejasse que a concentração de sangue que vinha para seu rosto atacasse seu cérebro concertando o que havia de errado com ele ou a matando de uma vez.

oOo

Depois do dia no café, no qual todos na casa dos Uzumaki se surpreenderam com a volta de uma Hinata menos estranha do que costume - era como se a nuvenzinha negra que parecia estar sempre chovendo em cima dos cabelos lisos da moça, tivesse dando espaço para um raiozinho de sol, um bem pequeno, mas lá estava ele – o filho mais velho de Kushina e sua afilhada passaram as ser vistos juntos quase sempre o que gerava piadinhas e olhares maliciosos de Ino, mas essa atitude nunca ficava de graça, Naruto tinha suas pequenas vinganças perante a irmã.

Hinata não precisou desviar os olhos de sua leitura para saber que era ele quem tinha se sentado ao lado dela no sofá, o calor que vinha dele o anunciava não importava o quão felinamente ele se portasse. Mesmo porque ele nunca era silencioso.

– Lendo o que? – ela ouviu o chiado da latinha de refrigerante dele sendo aberta.

– Um livro. – mas ele viu ela esconder um sorriso e dava pra ver que ela tinha parado de ler já que seus olhos não mais se moviam.

– Não diga’ttebayo... Qual livro? - Ela virou a capa do livro parque ele lesse o título. – Edgar Allan Poe? Que tipo de livro tem um nome desses?

Ela riu fracamente.

– O n-nome do livro é “Histórias Fantásticas”, N-naruto-kun, Allan Poe é o a-autor.

– Ai credo! Eu já li esse livro – ela o olhou surpresa – é horrível, e não faça essa cara’ttebayo! Já não basta o resto do mundo com essa palhaçada de que eu sou burro.

– N-não acho que você seja, - disse ela com sinceridade – m-mas porque disse que o livro é horrível?

– Porque é ué! Você não fica assustada com essas histórias cabeludas? Tem aquela do macaco... urgh – ele fez uma de suas caretas hilárias antes de tomar um gole da bebida.

– Na v-verdade, eu gosto bastante delas.

– Realmente Hinata-chan, você é um caso perdido de estranhisse... – ele colocou a latinha em cima da mesinha de centro e se aproximou dela, de forma que a única coisa que separava seus rostos era o livro que ela segurava como um escudo – Mas eu meio que acho isso kawai... – disse ele tirando o livro da frente dela gentilmente e com aquele sorriso que valia por mil sóis.

– N-n-naruto-kun...

– Hm? – perguntou ele mais perto, tanto que podia ver os nuances mais escuros e mais claros de seu olhos acinzentados e contar as pequeninas sardas que cobriam o nariz da moça.

– N-nós não...

– Shiii... – ele colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha dela e aproximou mais seus rostos, os lábios dele estavam tão próximos que ela quase podia senti-los – Posso beijar você’ttebayo? – ele pediu um sussurro.

Os lábios dela se moveram num “pode” mudo, e então. O livro caiu esquecido no sofá, mas mãos dela agarraram o rosto dele e o corpo de Naruto se inclinou em direção do dela.

Os seios dela presos por um corpete justo, se movimentavam em direção ao peito dele graças a sua respiração ofegante. Fora diferente de tudo que Hinata já provara, era diferente de deixar ser beijada pelos lábios famintos de Neji, ou se entregar ao calor fugaz do beijo de Kiba, ela se sentia como se tivesse mordendo um pedaço generoso de felicidade pura. Mas a sensação de euforia que lhe descia pela garganta dando-lhe esperança de conquistar com aquele beijo tudo o que faltava a ela morria quando Hinata notava que a felicidade parecia não encontrar o caminho certo dentro de seu corpo, era como se a coisa realmente não funcionasse nela, se sentia presa numa armadilha, seu próprio corpo ou o que quer que seja que havia de errado nela a impedia de alcançar o objeto de sua deficiência.

Então quando os lábios dele deixaram os seus a dor foi tão grande, a certeza de que nada bom nunca iria acontecer com ela era tão arrebatadora que seu coração parecia estar sendo esmagado por uma pedra de chumbo.

– Hey... O que houve dattebayo? – perguntou ele retribuindo o abraço forte e necessitado que ela lhe dava enquanto acariciava os cabelos negros –Eu fiz alguma coisa de errado?

Mas ele logo notou que não receberia mais nenhuma resposta dela pelas próximas horas e não insistiu, já tinha se acostumado com aquele comportamento silencioso vindo da dona daqueles olhos brancos que ostentavam tanta dor.

“Estou vivendo em uma época
Cujo nome não sei
E apesar do medo me manter seguindo em frente
Meu coração ainda bate tão lentamente

Meu corpo é uma jaula que me impede

De dançar com aquele que amo

Mas minha mente possui a chave”

 

My Body is a Cage – Peter Gabriel

 


Notas Finais


N/A: Impressionante como sempre que eu termino uma cap dessa fic eu sempre acho que tem alguma coisa faltando ao mesmo tempo em que sei que se escrevesse mais alguma coisa seria apressar a história, e por falar em apressar a história, o que acharam? Corri demais? Eu não acho que tenha – mas vocês têm a total liberdade para discordarem de mim, que fique bem claro – acho que se adiasse mais um pouco a relação dos dois ia ficar meio como enrolação ou sei lá.

De qualquer forma espero que tenham gostado.

Agora só mais um dou dois capítulos para o fim. Eu sempre disse que essa fic seria curta.

Kissu no Kokoro


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