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História I Need a Doctor - Thanks For The Memories


Escrita por: Pixunga e venus89

Notas do Autor


Oieeee! Pix aqui!
Quero agradecer a todo mundo que já comentou!
Vocês me deixam super feliz! Por favor, comentem sempre, ok? Beijos <3
Desejem boa sorte pra Vênus, porque ela faz concurso hoje! Força Vênus!!!

Capítulo 14 - Thanks For The Memories


Fanfic / Fanfiction I Need a Doctor - Thanks For The Memories

Capítulo 14

Thanks For The Memories

2 de Abril de 2001

Estava morrendo de sono. Ainda estava relativamente cedo. Não eram nem sete da noite ainda. Já estava de banho tomado e o jantar só precisava ser esquentado. A sopa do dia anterior estava na geladeira e estaria tão gostosa quanto no dia em que fora feita. Era uma noite relativamente morna de primavera. A primeira noite que prometia um quente verão em breve. As últimas noites tinham sido muito frias e Harley estava se recuperando de um resfriado daqueles. As janelas estavam fechadas e podia escutar os carros buzinarem lá embaixo.

Mirou a tela de seu notebook e colocou os fones de maneira mais confortável sobre a cabeça. Se serviu com mais uma caneca de café e suspirou sentindo uma ligeira vontade de espirrar. Seu arquivo sobre o Coringa estava cada vez maior. A cada terça feira conseguia uma peça ou outra sobre o passado dele.

Desde a última fuga, precisara mudar um pouco a terapia. Ele se recusava a falar do passado. Algumas sessões eram bastante desgastantes, difíceis, sem que conseguisse tirar nada dele. Em outras ele resolvia cooperar e conversava um pouco sobre si se ela se abrisse também. Tentando recapitular a vida dele e estando tão atarefada com o tanto de trabalho que Strange lhe dera, precisou jogar sujo com ele. Precisou fazer uma pequena trapaça. No início se sentira mal com isso, mas logo se convenceu que era para o bem dele.

Na intenção de ter mais material para analisar, Harley começou a gravar suas sessões com ele, sem que ele soubesse. Colocara um gravador no bolso do jaleco, mas o som da voz dele ficara muito abafado e algumas vezes era impossível distinguir o que ele falava. Então colocou o gravador preso embaixo do divã dele. Sempre chegava bem antes do paciente 4479 na sala de terapia para prender o gravador na parte debaixo do divã com silver tape. Precisou fazer isso porque precisava analisar todo o tempo que ele esteve com Preston. Organizar tudo de forma mais cronológica possível. Estava há meses tentando aprender sobre aquele momento da vida dele, mas o Coringa falava apenas raramente sobre o passado, e nunca falava de maneira sequencial. Um dia falava sobre algo que acontecera aos seus quinze anos, depois contava outra coisa que ocorrera aos treze, cinco sessões depois, confessava algo que tinha feito aos dezessete.

E isso a desorganizara. Mas o gravador a estava ajudando. Editava as sessões, separando apenas os fragmentos do passado. Depois renomeava esses fragmentos, colocando a idade que o paciente tinha no relato. Agora estava escutando tudo de novo, organizando e deixando o mais sequencial possível. Seis meses de estudo para finalmente achar que era hora de organizar tudo e escutar tudo. Relembrar suas sessões mais antigas.

Começou escutando os próprios relatórios. Os fazia quando voltava para sua sala, depois das sessões dele. Gravara em seu próprio celular e resumia o que tinha acontecido na sessão. Então acabou relembrando o episódio do circo, como o pai o agredia e agredia a mãe dele, além de se ausentar durante muito tempo. Relembrou que a mãe dele costumava trabalhar como garçonete e fazia bicos, cantando no restaurante, que mais provavelmente era um bar simples. Depois ela precisou recorrer à prostituição. Então o pai voltou para casa, matou a mãe dele e então se matou. Tudo na frente dele, um garoto com menos de dez anos de idade.

Então chegou à tia Eunice e ao primo Steve. Sua voz estava trêmula ali. Provavelmente uma das sessões mais difíceis que tivera no Arkham. Era apenas uma residente na ocasião, mas agora ela era parte da Staff permanente do Arkham. Jeremiah cumprira com sua palavra e ela fez o mesmo, nunca delatando o que Hugo Strange fizera.

Steve estuprara seu 4479, e o pobre garoto, no desespero, pegou uma faca e, cego pelo momento, esfaqueou o primo até a morte. Depois tia Eunice se matou com água sanitária. O jovem garoto então foi para um abrigo onde ficou só durante uns anos, até ser adotado por Preston. Apesar da adoção, Preston nunca fora seu pai. Ele era seu chefe. Era uma relação bem clara, para os dois. Escutou todos os seus relatos e então mirou a tela do notebook. Eram mais de trinta sessões. Ficou olhando para elas e então suspirou. Pegando o notebook, o levou até uma mesinha, próxima ao sofá. Tirou os fones e foi até a cozinha, preparar seu jantar. Esquentou a sopa, pegou um pão que sobrara do café da manhã e então voltou para a sala. Apagou as luzes, colocou os fones, selecionou todos os fragmentos, os transformando em uma lista de reprodução, depois apertou o play, preparada. Enquanto comia, ficou quieta, prestando atenção nos relatos. Ele contava com tanta intensidade e com riqueza de detalhes que pensava que, se fechasse os olhos, poderia imaginar perfeitamente tudo o que ele narrava ali...

Escutou ele narrar sobre quando fora adotado, oficialmente, sobre a primeira transa, quando Helen engravidara e abortara. Ouviu ele contar sobre a primeira briga, sobre uma olimpíada de química que ele participara e conseguira uma excelente pontuação. Quando agiotas vieram e quebraram a oficina por Preston estar devendo. Quando Preston o levou para onde desmontava os carros roubados, o ensinando a fazer aquilo. Quando foram para Gotham e Preston pediu que ele ajudasse em um assalto. Preston seria o piloto de fuga. Foi a primeira vez que segurou uma arma de fogo e a sensação de poder o embriagou por completo. Com o assalto ganharam dinheiro o suficiente para pagarem os agiotas. Depois o ouviu narrar quando a esposa de Preston apareceu e ele os escutou discutirem até muito tarde. O ouviu narrar algumas das crises de alcoolismo de Preston, o ouviu narrar quando o tutor perguntou se ele era bom em algum esporte, para se candidatar a alguma universidade. Ao receber uma negativa, Preston o aconselhou a fazer a Faculdade Comunitária. Preston tinha muita fé nele...

E então, depois de muitas outras histórias, quando já era quase meia noite, chegou nas histórias mais recentes. As que ela mais queria ouvir de novo. Engoliu em seco, enrolando-se num cobertor, prestando atenção naquela voz rasgada dele. Quando ele narrara que Preston tinha apostado mais dinheiro do que deveria numa corrida de cavalos.

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24 de Maio de 1980

Estava puto. Mirou Preston, que parecia envergonhado. Ele cheirava a bebida e a vômito. Chuviscava um pouco e uma pequena neblina escondia de leve o asfalto. Eram dez horas da noite e ele ainda não tinha terminado de estudar para a próxima prova de inglês. Odiava inglês. E agora tinha mais uma preocupação em mente. Preston tinha perdido dinheiro que ainda nem tinham ganhado. Ainda se lembrava dos agiotas da última vez. Eles ameaçaram arrancar os seus dedos na próxima vez que Preston pedisse dinheiro emprestado e não pagasse.

-Que inferno, Preston. – Rosnou, furioso, mas o mais velho não se deu ao trabalho de responder – Por que faz isso com a gente? Como espera que a gente ganhe esse dinheiro, hein? Idiota. – Ralhou furioso e suspirou, dando uma pancada no volante. Virou numa esquina, numa pista mais próxima do subúrbio, quando viu um carro parado quase em cima da calçada. Um homem e uma mulher acenavam, pedindo ajuda.

-Não pare, Jack. Deve ser um golpe. – Disse Preston, sem humor – Se perdemos o carro vamos terminar de nos foder. – Lamentou ele. O Ford Cortina era o bem mais valioso de Preston, depois da casa. Jack diminuiu a velocidade e viu que a mulher era apenas uma garotinha. Ela ainda usava uniforme escolar.

-Não parece ser um golpe. – Disse encostando o carro e ignorando as reclamações de Preston. Um homem ruivo, com muitos fios brancos pincelando seus cabelos, na casa dos quarenta anos, se aproximou. Ele sorriu, parecendo aliviado.

-Desculpe, desculpe... E obrigado por pararem. – Disse ele e Jack sorriu, enquanto Preston escondia o rosto com sua toca – Meu carro enguiçou. Estava voltando do colégio da minha filha. Teve uma apresentação hoje, sabe? – O homem parecia muito sem jeito. Se a guria não tivesse usando uniforme, não teria acreditado nele.

-Quer que eu dê uma olhada no seu carro?

-Você entende de carros? – Perguntou o velho.

-Sim. Trabalho numa oficina. – Disse calmamente e o velho sorriu tranquilizado.

-Mas que sorte a nossa. – Jack tirou a chave da ignição e saiu do carro. Se espreguiçou e recebeu um olhar cheio de censura de Preston, mas o ignorou. Seguiu o homem, tranquilamente, em direção a um porsche preto.

-Pode abrir o capô? – Perguntou e o homem concordou.

-Qual o seu nome, garoto?

-Jack. Jack Napier.

-Prazer. Sou Hubert Gainsborough. – Disse o homem e Jack apertou a mão dele. Olhou tudo ali e pediu para que Hubert tentasse dar ignição. Ouviu o homem obedecer e o motor potente do carro o impressionou.

-Dá pra consertar? – Perguntou uma voz feminina.

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Harley deu um pause na gravação, segurando seu pote de sopa vazio. Engoliu em seco e respirou fundo, sentindo-se estranha. A primeira vez que escutou o Coringa falar o que ele estava prestes a falar naquela gravação lhe causou um certo desconforto. Já era a médica dele há meses. Meses recebendo flertes. Meses recendo sorrisos e olhares devoradores e indiscretos. Gostava da atenção e tinha noção que ele estava interessado nela. Que tinha sentimentos por ela. Por mais que ele não soubesse exatamente como demonstrar. Ou ao menos era o que pensara até aquele momento. Quando ele lhe descreveu Jeannie pela primeira vez...

Respirando fundo e sentindo algo estranho no fundo do estômago, Harley se levantou e serviu-se de mais café, apesar disso não ser exatamente uma boa ideia. Já estava tarde e precisaria levantar cedo para o dia seguinte. Mas se serviu assim mesmo e voltou a se sentar no sofá. Passou uma manta pelas costas, cruzou as pernas, pegou os fones de ouvidos e os colocou. Olhou para a tela do notebook e engoliu em seco. Depois apertou o botão de reproduzir. Pode ouvi-lo suspirar e soltar um som longo de satisfação.

“Sabe, Harley... As pessoas que dizem que não é possível se apaixonar à primeira vista não sabem o que estão falando. Pois no momento em que eu olhei aquela menina. No momento em que eu verdadeiramente olhei para ela, senti uma grande mistura de coisas confusas e inéditas que até hoje não consigo e nem quero entender. É difícil descrevê-la. Acredito que é como tentar descrever Deus.”

“Nossa. Não acha meio exagerada essa comparação?”

“Não. Acho que não. Uma vez, quando eu era muito novo e minha mãe me levou para a igreja, eu perguntei para o pastor como era a face de Deus. E ele falou que Deus era perfeição. Que Deus era um nascer do sol, ou pôr do sol. Era um campo florido na primavera, era o cantar dos pássaros. Era o primeiro choro de uma criança muito desejada aos ouvidos da mãe. Não é algo que se descreva. E eu acho que Jeannie era assim. Tentar descrevê-la seria difícil, quase impossível. E se eu tentasse, falharia em fazer uma descrição à sua altura. Seria quase ofendê-la. Mas eu não sou o tipo de homem que se importa em ofender as pessoas.”

Fez-se algum silêncio na gravação e Harley deu mais um gole em seu café.

“Mister Jay?” Escutou-se chamar e ouviu mais um suspiro dele.

“A primeira coisa que notei nela foram os olhos, claro.” Disse ele calmamente e Harley soltou um muxoxo, jogando a cabeça para trás “Muitos românticos comparam os olhos de suas musas com joias. Comparam olhos verdes com esmeraldas, olhos azuis com safiras, olhos dourados com ouro. Mas a maioria desses homens nunca colocaram os olhos em esmeraldas, safiras ou ouro de verdade. Não falo desse ouro bobo que as pessoas usam para pintar ou folhear joias. Falo de ouro, ouro mesmo. Como as barras de ouro no fundo de um banco federal. Poucas pessoas colocaram os olhos sobre esse tipo de ouro. Eu já. Eu já vi rubis, esmeraldas, safiras, barras de ouro, diamantes de diversas cores, Harley. Mas nunca vi nada como os olhos dela. Brilhantes de um jeito diferente, único. Pareciam ter vida própria, mesmo ali, no escuro. Eu sempre amei o som de um motor potente. Adorava carros. Mas nem mesmo o som daquele motor conseguiu fazer com que o meu olhar se desprendesse daqueles olhos azuis.” Ele fez uma pausa e Harley apertou a caneca de café, sentindo algo estranho em seu estômago “Nunca vi algo tão brilhoso, puro e profundo para usar como comparação com aqueles olhos. Então direi que eram azuis. Mas não um azul normal. Não o azul de uma manhã sem nuvens, não o azul de um cartão postal das praias do Caribe. Mas um azul cintilante poderoso que afogava aqueles que o encaravam demais. Então depois de me afogar, eu olhei para os lábios.” Harley o escutou suspirar e mais uma vez um momento de silêncio se passou, como se ele procurasse palavras dentro de si mesmo para descrever os lábios dela “Róseos, quase rubros. Não de um jeito vulgar, como as mulheres usam. Não era tinta, não era maquiagem. Nada contra maquiagem, é claro. Olhe pra mim, afinal. Hihihi...” Ele deu uma risadinha e ela pode imaginá-lo deitado no divã, com as mãos entrelaçadas sobre a barriga, jogando a cabeça para trás para rir “Mas era ao natural. Nem escuros demais e nem claros demais. Muito bem desenhados, muito bem posicionados. O lábio superior era carnudo, bem desenhado, arredondado. O lábio inferior era mais carnudo ainda, também bem desenhado, também arredondado, dando-lhe o efeito de parecer estar pedindo um beijo a alguém, caso os mantivesse juntos. Mas no momento em que eu passeei meus olhos por eles, aqueles lábios carnudos me deram a graça de um sorriso. Um sorriso enfeitado por dentes perfeitamente enfileirados. Um sorriso perfeito. O delírio de um fotógrafo ou de um dentista.” Ele se permitiu mais um momento de silêncio e Harley conseguiu se lembrar do choque que sentiu quando ouviu ele falar aquelas coisas pela primeira vez. Sabia o que tinha sentido na ocasião, sabia o que sentira quando escutou o fragmento para cortá-lo e separá-lo do resto da sessão. E sabia o que estava sentindo naquele momento também. Era ciúmes. Puro ciúme. Não era algo que deveria sentir por um paciente, principalmente por aquele paciente. Fechou os olhos, voltando a ouvir a voz dele e soltou um suspiro, sofrendo sozinha. Lamentando por ter deixado as coisas chegarem a aquele patamar “O rosto dela tinha formato de coração, emoldurado por uma cascata de ondulações douradas. Não dourado como ouro. Mas um tom claro, suave. Do mesmo tom, das pontas à raiz. Cabelos longos, harmoniosos, que pousavam sobre ombros delicados. Uma pele brilhante e bem cuidada, sem maquiagem. Toda aquela perfeição que só a juventude pode proporcionar.” Ele fez silêncio e Harley conseguiu imaginar uma versão crescida daquela garotinha da foto. Ela só pode ser filha dele... O Coringa teve uma filha com uma mulher chamada Jeannie Gainsborough. Ele ainda não era o Coringa na época, no entanto... Essa mulher conheceu o verdadeiro homem por trás do louco.

“Quantos anos vocês tinham?” Se escutou perguntar, interrompendo o silêncio. Escutou um suspiro da parte do paciente.

“Eu deveria ter uns dezesseis. Ela, uns quatorze.” Respondeu ele e Harley suspirou. Eles eram tão jovens...

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24 de Maio de 1980

Jack tinha rebocado o carro dos Gainsborough até a oficina. Pai e filha estavam na cozinha, se aquecendo. Por conta da garoa fina, estavam ligeiramente molhados, então Preston lhes arrumara umas toalhas, além de fazer um pouco de chá quente. Jack estava olhando o carro e já tinha entendido o que tinha acontecido. Uma mangueira do motor tinha rasgado e arrebentado. Precisariam encomendar a peça.

-Senhor Gainsborough. – Disse limpando as mãos com uma flanela e indo em direção à cozinha. Preston tinha ido tomar um banho e os dois visitantes estavam se aquecendo nas cadeiras, tentando se secar – Não vai dar pra ficar pronto ainda hoje. Amanhã eu vou encomendar a peça, mas acho que em cinco dias no máximo, seu carro vai estar novo em folha.

-Ótimo... Ótimo. Poderia me emprestar um telefone? Preciso pedir um táxi. – Resmungou o ruivo. Jack o guiou até o aparelho e então voltou para a cozinha, muito ciente de que o homem nem se preocupara em perguntar quanto custaria o conserto.

A menina loira estava sentada à mesa e olhava suas tarefas de química.

-Isso parece muito complicado. – Disse ela calmamente.

-Bem, é um pouco. – Confessou ele se sentando ao lado da menina – Mas é minha matéria favorita.

-Eu gosto de inglês e literatura. – Disse a loira – Mas não vou mal nas matérias de matemática e física. – Ela colocou uma mexa de cabelo atrás da orelha e lhe lançou um sorriso tímido – Como é mesmo o seu nome?

-Jack. Eu me chamo Jack. – Respondeu calmamente a olhando com curiosidade. Ela era uma menina muito bonita, mesmo sendo mais nova. Ele sempre se interessara por meninas mais velhas, mas aquela ali chamou sua atenção – Você é Jeannie, não é? Um nome bem diferente.

Ela sorriu um pouco sem jeito.

-Você acha? – Perguntou ela. Ele concordou, com um dar de ombros – Quantos anos você tem, Jack?

-Dezesseis.

-Eu tenho catorze. – Disse ela, calmamente. Ele deu de ombros – O que pretende fazer quando terminar a escola? – Perguntou ela e ele deu de ombros novamente.

-Eu gostaria de voltar para Gotham. Eu sou de lá. – Explicou ele e ela o olhou com curiosidade – É uma cidade com muitas oportunidades.

-Dizem que é uma cidade bastante perigosa.

-Talvez. Mas eu gosto do perigo. E você? – Perguntou ele e ela sorriu.

-Acho que o maior perigo que eu poderia correr ficou muito para trás. E eu sei bem me defender sozinha. Então... – Ela deu de ombros e ele arqueou as sobrancelhas.

-O que uma princesinha como você poderia saber sobre perigo? – Ela o olhou com divertimento – A coisa mais perigosa que você deve ter passado na vida foi ficar na rua até tarde, com o carro quebrado.

-Você não poderia imaginar o quanto está enganado. – Riu ela olhando novamente sua tarefa de química – E, de certa forma, muito correto.

-Como assim? – Perguntou franzindo o cenho e a menina sorriu se levantando e tirando a toalha para jogá-la em cima dele – Hei! – Tirou a toalha da cabeça e ela deu uma risadinha travessa. Jogou a toalha no chão e andou na direção dela. Ela recuou, com aquele mesmo sorriso no rosto, até que suas costas tocassem a parede. Ambos olharam para a porta, por onde o senhor Gainsborough poderia passar a qualquer momento. Depois os dois se entreolharam e se esgueiraram para a oficina. Estava para roubar um beijo da loira, quando ela passou por debaixo de seu braço e negou com a cabeça.

-Não pode fazer isso. – Ralhou ela.

-Por que não? Você quer. – Pontuou.

-Sim. Mas como vou saber se fui só mais um beijo ou se você vai me chamar pra sair de novo?

-De novo? Nunca te chamei pra sair. – Pontuou ele e ela sorriu.

-Então vamos começar por aí. – Ela segurou sua mão e tirou um lápis de olho do bolso da blusa do uniforme – Esse é meu telefone. E esse... – Ela continuou escrevendo na palma de sua mão – é meu endereço. – Ela sorriu e lhe deu uma piscadela e ele mirou o endereço. Ficava no setor de mansões da cidade e ele não se surpreendeu – Vou te ver de novo algum dia?

-Se eu tiver sorte. – Disse com um sorriso. Ela olhou para a porta e se virou para o espelho pequeno que Preston tinha pregado na parede. Depois começou a retocar os olhos. Segundos depois o pai dela apareceu.

-O táxi deve chegar a qualquer momento. – Murmurou ele – Jeannie. Pra que se maquiar pra dormir?

-Porque estava manchado. Por causa da chuva. Estou corrigindo.

-Pra que? Pra aparecer pro motorista do taxi? – O pai dela deu uma risada e a filha fez uma careta para ele. Jack suspirou e o homem ruivo se virou para encará-lo – Escute. Eu estou sem trocados aqui. O carro vai ficar aqui, de qualquer maneira. Mas... Não me sentirei confortável se não recompensá-lo por toda a ajuda. Se não fosse por vocês, talvez eu ainda estivesse na rua. – O senhor Gainsborough soltou um suspiro, tirou um cartão do bolso e uma caneta, dessas caras, metálicas, que custavam uma fortuna – Esse é meu endereço. Passe lá amanhã e eu irei recompensá-lo por toda essa situação. – O homem lhe estendeu o cartão e Jack o pegou com a mão que Jeannie não tinha rabiscado – Passe lá depois do seu expediente. Pode ser a noite. Se eu não estiver em casa, algum funcionário estará e lhe dará a recompensa, está bem?

Jack concordou com um aceno de cabeça e Gainsborough lhe ofereceu a mão para apertar a dele. Sorriu e a apertou de volta.

-Não precisa...

-Mas eu faço questão. Cuide bem do porshe. Eu gosto muito desse carro. – Riu Gainsborough e logo depois o táxi chegou. Jack os observou partir e Jeannie se virou para lhe oferecer um sorriso gentil. Ele gostou daquele sorriso. Já recebera sorrisos cruéis, maliciosos, travessos e sedutores. Mas sorrisos gentis... Aqueles eram mais raros...

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Harley se espreguiçou, sentindo as costas doerem de leve. Estava tarde. Fechou o notebook e se embrulhou melhor na manta. Sua caneca de café estava vazia e sua mente estava fervilhando. Obviamente já tinha procurado pelo nome Gainsborough, assim como Jack Napier. Mas nunca havia encontrado um registro que fosse. Não em Gotham City.

Com um muxoxo, resolveu que iria insistir com ele. Queria saber mais sobre aquela mulher...

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3 de Abril de 2001 – Asilo Arkham, 2h33

Somente quando Crane estava mais uma vez preso que o Dr. Arkham pareceu tomar coragem para perguntar.

-O que eles queriam com ele? Aqueles homens que o ajudaram a fugir. A Dra. Quinzel disse algo sobre ninjas. – Ele parecia até mesmo um tanto constrangido de perguntar aquilo. O vigilante mirava o Espantalho sentindo-se atormentado com a aliança que ele tinha feito com a Liga das Sombras. Tudo aquilo tinha sido uma terrível dor de cabeça. O soro do medo do Espantalho unido com os assassinos da Liga das Sombras.... Toda aquela confusão em Vlatava, com tantos supercriminosos trabalhando juntos... Acabou precisando da ajuda do vigilante Arqueiro Verde, um rapaz habilidoso com o arco, mas um pouco impulsivo.

Mas agora parecia que o pesadelo tinha chegado ao fim..., com exceção de uma coisinha...

-Queriam o veneno dele, para concluir um golpe de Estado, mas não deu certo. O rei sobreviveu e o antídoto que preparamos funcionou bem. Mas houveram compradores do soro. Não conseguimos rastrear todos. – Murmurou se virando para outra cela, uma cela mais ao fundo do corredor. Jeremiah Arkham suspirou ficando ao seu lado e encarando a cela – Como ele está?

-O Palhaço? Mais sério do que o costume. Ele não voltou o mesmo desde a última vez que você o trouxe pra cá.

-Como assim?

-Ele está causando menos confusão e está passando mais tempo na própria cela do que na solitária. Eu acho que a terapia da Doutora Quinzel está fazendo efeito... Seja lá o que for que esteja está fazendo.

Um incômodo lhe apertou o estômago e o herói se voltou para o diretor.

-Você não sabe o que ela está fazendo com ele? – Perguntou com censura.

-Eu, certa vez, questionei os métodos da Doutora Quinzel. Acabamos tendo uma imensidão de problemas e uma fuga. Mas depois que eu resolvi parar de fazer perguntas e dei espaço para que ela trabalhasse... O Palhaço mudou. Não vou dizer que acho que ele está mais manso. Sinceramente, agora que ele passa mais tempo sério e deprimido, eu acho que ele está ainda mais perigoso. Tem algo nos olhos dele que me faz ter calafrios. Mas, oras... Como posso discutir com bons resultados? Nenhum terapeuta o aturou, ou sobreviveu, por mais de três meses. Ela já está com ele há quase um ano. Tivemos apenas dois incidentes nesse meio tempo. Um com a doutora Quinzel e outro com o Doutor Strange..., mas considerando de quem estamos falando, é um novo recorde. – Defendeu-se Jeremiah.

Batman não se deu por convencido e andou até a porta de vidro para analisá-lo. Ele dormia, sem a camisa de força, apenas o macacão laranja, aberto, mostrando a regata branca. Parecia estar tendo um sonho agitado, pois suava e se remexia. Aproximou-se mais do vidro e se perguntou se ele estava tendo pesadelos. O que atormentaria os sonhos de um homem como aquele?

Uma criança de olhos azuis profundos veio a sua mente. Emily Gainsborough já deveria ter seus doze ou treze anos... Ele nunca fora capaz de rastreá-la e encontrá-la e a culpa do fracasso disso o atormentavam há anos. O observou se contorcer no meio do sono e algo nisso o incomodou mais do que poderia imaginar. Por um momento observou a si mesmo, atormentado pelos próprios pesadelos. O quão perto de se tornar aquilo que via tinha chegado? Quão perto de se tornar um criminoso? Não tinha chegado a ir armado tirar satisfação com o homem que matara seus pais? Não tinha ido ao julgamento dele disposto a se vingar?

Mas alguém atirou primeiro, impedindo que ele entregasse nomes importantes da máfia. Alguém atirou primeiro e o impediu de se tornar aquilo que via. Há algum tempo, a dra. Quinzel perguntava se ele se achava melhor do que os detentos do Arkham. Ele sabia que havia uma linha muito tênue que o separava deles. Sua regra de ouro. Por muitas vezes se sentiu tentado a atravessar a linha. Mas então olhava para aquele homem ali. Ele e Ra’s Al Ghul foram os homens que ele mais cogitou matar, depois que abraçara a identidade de Batman.

Mas seguia determinado a não cometer esse crime. Em não se tornar como eles. Mirou o Coringa uma última vez e então lhe deu as costas. Talvez precisasse conversar com a Dra. Quinzel. Sempre se perguntara se devia ou não contar a ela sobre Emily e Jeannie Gainsborough. Mas algo lhe dizia que aquilo era errado. Era como se aquilo fosse algo apenas dos dois. Seu segredo com ele. Contar aquilo a alguém seria equivalente ao Coringa contar ao mundo sobre Bruce Wayne ser o Batman.

-Fique de olho nele, Jeremiah. Só porque ele está quieto, não quer dizer ele não esteja mais perigoso...

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24 de Maio de 1980

Parou o carro em frente à Mansão e engoliu em seco. Era mais do que óbvio que os Gainsborough eram ricos. Como poderiam não ser? O carro que tinham, o lugar onde moravam, o fato do senhor Gainsborough não parecer preocupado com preços... Mas ele não estava preparado para aquilo. Para aquele tipo de riqueza. Era um tipo de gente que parecia sair do imaginário, de um mundo fictício. Era como se eles fossem um rei e uma princesa, enquanto ele era o homem que limpava as bostas dos cavalos, numa tenda que vendia pangarés mancos.

Algumas pessoas cuidavam de um jardim bonito, cheio de flores, enquanto outros podavam árvores. Haviam pequenas casas um pouco distantes da Mansão, um lago com uma grande árvore. Um balanço preso num galho mais grosso e firme.

Jack saiu do carro de Preston e suspirou. Preston estava devendo mil dólares. Sabia que por mais que o sr. Gainsborough fosse generoso, provavelmente não iria lhe oferecer mais do que cem. Cem dólares já seria muito caridoso da parte dele. E o conserto do carro não renderia mais que cem dólares também. De onde tiraria os outros oitocentos, só deus sabia. Provavelmente teriam que participar de outro assalto a banco.

Não queria aquilo. Gostara da adrenalina do momento, de se sentir poderoso. Mas não queria que aquilo o definisse. Não queria ser um criminoso. Fechou a porta do carro e andou em direção à Mansão, sentindo-se intimidado. Dois moleques muito jovens brincavam de pique, correndo de um lado para o outro, enchendo o lugar de gargalhadas. Jack se afastou deles, para não atrapalhar o que fugia e seguiu caminhando para a porta.

Uma mulher o recebeu. Cabelos loiros, olhos castanhos, maçãs do rosto bem proeminentes. Uma mulher na casa dos trinta, talvez chegando aos quarenta. Ainda era bonita, apesar de parecer muito severa.

-Posso ajudá-lo?

-Hum... Eu... Me chamo Jack. Jack Napier. – Disse tirando o chapéu e o amassando nervosamente, pensando na dívida de Preston – O senhor Gainsborough disse que queria que eu viesse.

A expressão dela suavizou.

-Oh, você é o rapaz que ajudou o patrão e a senhorita. Por favor, entre. – Disse a mulher e ela pareceu mais bonita depois que parou de fechar o cenho. Jack entrou e achou a mansão um lugar muito bonito. Se viu num enorme salão iluminado e bem decorado. Podia ver cinco portas e uma escada que levava ao segundo andar – Por favor, sente-se aqui. O doutor ainda não voltou do laboratório, mas me deu instruções sobre você. Espere só um momento que eu vou providenciar sua recompensa. Aceita um chá ou um café?

-Um café, se possível. Com açúcar. – Disse retirando um maço de cigarros do bolso – Se importa se eu fumar?

-De modo algum. Irei pedir que te tragam um cinzeiro. Poderia esperar um momento, para não sujar o chão? – Perguntou ela com simpatia. Ele acenou com a cabeça.

-Claro, sem problemas.

Se escorou no parapeito da janela e observou o jardim, achando tudo muito bonito. Gostaria de ser rico para morar num lugar daqueles. Mas sabia que com trabalho honesto, jamais se tornaria rico daquela maneira. Soltou um suspiro tirando o cigarro do maço e o batendo de leve na janela, para que o tabaco ficasse mais prensado.

-Napier. – Disse uma voz doce e ele pulou de surpresa. Se virou e viu a menina do outro dia. Jeannie – Você veio pela recompensa, certo?

-De certa maneira, sim. – Disse sorrindo e ela sorriu de volta. Ela não usava o uniforme escolar daquela vez, mas um vestido comportado e preto, na altura dos joelhos. Os cabelos estavam soltos e ela lhe dava o mesmo sorriso gentil do dia anterior.

-Certa maneira? Como assim? – Perguntou ela se aproximando.

-Meu chefe precisa da recompensa que seu pai prometeu. Mas eu precisava te ver de novo. – Sorriu um pouco constrangido, sem saber o motivo de se sentir assim. É verdade que nunca fora um conquistador, mas não era absolutamente tímido para falar com garotas. Ainda mais uma que era mais nova.

Jeannie sorriu meio sem jeito e se escorou na janela, mirando o jardim.

-Que bom que veio, Napier.

-Jack. – Disse se escorando ao lado dela – Me chame de Jack, por favor.

Ela sorriu e concordou.

-Jack, então. – Concordou. Trocaram um sorriso e miraram o jardim, um tanto sem jeito.

-Sua casa é bem bonita.

-É, não é? – Perguntou ela com um suspiro – Eu gosto de morar aqui.

-Vida de princesa, imagino. – Disse com algum deboche e ela sorriu.

-É porque eu sou uma princesa. – Disse ela com o nariz arrebitado – De uma terra distante, que veio para cá, fugindo de um tio cruel que quer o trono para si. – Ela o olhou com troça e ele riu.

-Um tanto clichê. Então imagino que o Dr. Gainsborough não é seu pai verdadeiro, mas vai te ajudar a reconquistar seu reino.

Ela perdeu o sorriso e desviou o olhar.

-Pff, até parece que aquele homem acreditaria em contos de fadas como esse. Ele sequer sonha que eu tenho superpoderes. – Brincou ela.

-Tipo quais? – Perguntou, continuando a brincadeira. Ela o olhou parecendo se divertir.

-Você estaria em perigo se soubesse. – Disse ela e os dois deram algumas risadas.

Conversaram um pouco sobre si mesmos. Coisas sobre a escola e a vida de cada um. Falou que queria voltar para Gotham e ter uma vida por lá. Talvez ter seu próprio negócio. Ela queria ir para a Universidade e se tornar médica. Quando ela perguntou sobre Gotham, ele falou do parque da cidade, dos dirigíveis, da Torre Wayne, e de tudo o mais que se lembrou. Pelo menos as coisas boas. Ela lhe contou que tocava piano e que fazia aula de balé desde os oito anos.

Ela disse que gostava de patinar no gelo no inverno e ele contou que gostava de beber conhaque com chocolate. Ele contou que era um desastre nos esportes e ela confessou que precisara colar em Geografia. Estava comentando sobre uma lanchonete perto da oficina que fazia um hambúrguer delicioso, mas enorme, oferecendo uma recompensa para quem conseguisse comer cinco em uma hora, quando a senhora apareceu.

Ela trazia uma travessa com um jogo de chá de porcelana. Ela a colocou numa mesa próxima à janela e lhe entregou um cinzeiro que provavelmente era de cristal.

-Precisa de fogo? – Perguntou ela, amavelmente.

-Não. Eu tenho um isqueiro aqui. – Disse ele e Jeannie fez uma careta.

-Oh, detesto isso. Fede tanto. – Resmungou ela – Até mesmo os charutos do papai fedem menos que isso. – Ele estava acendendo o cigarro quando suspirou e o deixou sem acender realmente, dentro do cinzeiro.

-Não irei aborrecer vossa graça então. – Disse fazendo uma mesura e Jeannie deu uma risada.

-Oh, galante cavalheiro. – Brincou ela e os dois deram risadinhas.

-Senhor Napier. – Chamou a senhora e ele notou que ela parecia ligeiramente desconfortável – O café está aqui. Trouxe torradas também. Assim como a recompensa. – Ela lhe apontou o envelope pardo que estava em cima da travessa. Então ela sorriu de lábios fechados e os ficou encarando.

Estava sendo vigiado, provavelmente.

Bebeu o café, ligeiramente constrangido pelos olhos de rapina da mulher mais velha. Comeu as torradas e guardou o envelope no bolso.

-Obrigado pela cortesia, senhora e senhorita.

-Oh, o que aconteceu com o “vossa graça”? – Perguntou ela com um sorriso e Jack sorriu meio sem jeito.

-Preciso ir. Foi bom te ver de novo. – Disse sem encará-la. Jeannie sorriu aquele sorriso que ele não estava acostumado a receber e concordou.

-Eu digo o mesmo. Já está indo?

-Receio que sim. Preciso ajudar o Preston na oficina.

-Certo. – Ela suspirou parecendo sentir muito – Eu te acompanho até a saída.

-Não há necessidade, senhorita. Eu mesmo acompanharei o rapaz.

-Não. – Retrucou Jeannie – Eu faço questão. Ele é meu salvador. Sir Jack, da oficina. – Brincou ela o abraçando no braço – Vamos, Jack.

Sorriu meio sem jeito e pegou o chapéu que tinha deixado em cima da mesa. Os dois andaram lentamente até o carro e ele pode sentir o olhar atento da mulher mais velha em sua nuca.

-Acho que a dona ali não gostou muito de você ser tão boa anfitriã. – Comentou.

-Eles são todos muito protetores comigo. Sabe como é... – Ela sorriu para ele – Eu sou uma princesa, afinal de contas. – Ele sorriu para ela, sentindo vontade de chamá-la para sair. Mas como poderia se atrever a tanto? – Você não vai me chamar pra sair? – Perguntou ela como que lendo a sua mente – Não me diga que ficou intimidado! – Riu um tanto nervoso e constrangido – Eu queria comer aquele hambúrguer.  Pode não parecer, mas eu tenho um apetite voraz. O que me diz de... Amanhã, às 19h, você me busca do lado de fora da Mansão?

-Está falando sério? Não vamos nos meter em encrenca? – Perguntou ele.

-Ah... Só se formos pegos. – Disse ela divertida e ele sorriu a achando maravilhosa.

-Feito, princesa. Mas não pense que irei pagar o seu hambúrguer.

-Feito. Até amanhã, Sir Jack. – Disse ela o beijando na bochecha antes de sair correndo de volta para a Mansão. A madame a olhou com censura e então lhe dirigiu um olhar seco.

E ela nunca mais foi amável com ele novamente.

[] [] []

4 de Abril de 2001 – Asilo Arkham

Harley olhou o relógio e notou que era hora de ir para o consultório. Precisava arrumar o gravador para poder estudar a sessão mais tarde. Retirou o fone de ouvido e fechou o notebook. O guardou na bolsa e pegou seu material. Depois se colocou a andar pelos corredores, indo em direção à sala de terapia. No caminho cruzou com o diretor Arkham, que conversava com um homem bonitão, na casa dos trinta anos. Os olhos eram azuis e ele era alto e forte, com um terno que provavelmente custara uma fortuna.

-Boa noite, Dra. Harleen. – Disse o diretor e ela sorriu amigavelmente – Esse é Bruce Wayne, um dos nossos maiores colaboradores. Senhor Wayne, essa é nossa estimada Doutora Harleen Quinzel. Ela é a terapeuta do Coringa.

-Então é você quem tem mantido o Palhaço do Crime longe do crime? – Brincou o playboy e Harley deu um sorriso forçado.

-É... Ando trabalhando muito. Inclusive, estou indo agora para a sessão. Então, se me dão licença. – Voltou a andar apressadamente, não gostando do tom do principezinho Wayne.

Chegou em sua sala e arrumou o gravador. Depois se sentou em sua poltrona e olhou ao redor. Ficou brincando com sua caneta e desenhando em sua prancheta. Se perguntava de novo e de novo sobre a menina da foto. Tinha certeza de que ela era filha de Jeannie Gainsborough com Jack Napier. Se perguntava se algum dia iria receber essa confirmação da parte dele. E mais. Se perguntava se algum dia iria descobrir onde ela estava.

Logo Bronson chegou com o Coringa. Estranhou pelo fato de não ser Cash. Era sempre Cash quem trazia do 4479, por ser o líder da staff de segurança do Arkham.

-Onde está Cash? – Perguntou surpresa e Bronson, um rapaz relativamente jovem, moreno, de olhos negros e cabelos encaracolados soltou um suspiro cheio de pesar. Harley, então, soube que teriam más notícias. Coringa deu uma risadinha e cantarolou.

-Tic, toc, tic, toc, na barriga do Crocodilo. – E então ele gargalhou. Bronson o olhou enojado e o empurrou para frente.

-Croc atacou os guardas na hora em que foi ser alimentado e conseguiu fugir. Arrancou a mão do Cash no processo. Ele foi enviado para o hospital de Gotham. O dr. Elliot vai supervisionar a cirurgia, mas bem... Não vai ter como recuperar a mão do Cash, já que o Croc comeu ela.

-Ele bem que poderia colocar um Gancho na mão. E se tornar um pirata depois. Apesar que pode ser perigoso. – Riu o Coringa – Já pensou se ele se confunde e resolve coçar o saco com a mão errada?

Ele gargalhou e, apesar de ser cruel, Harley precisou se conter para não rir. Bronson olhava seu paciente com ódio no olhar e ela resolveu intervir.

-Muito obrigada, Sr. Bronson. Eu me viro com ele daqui em diante. – Disse calmamente e Bronson lançou um último olhar de desafeto ao paciente, antes de se virar e sair batendo a porta com mais força do que o necessário – Mister J. Isso foi absolutamente desnecessário! – Ralhou e o Coringa deu de ombros, se sentando no divã.

-Oh, me dá um tempo, Harley. – Ralhou ele – Estou de péssimo humor hoje. – Disse ele e ela notou olheiras nos olhos dele.

-Noite difícil? – Perguntou calmamente. Ele concordou com um aceno de cabeça.

-Harley... Você se lembra que me deve um favor? – Perguntou ele e ela piscou, surpresa.

-S-sim...

-Bem. Eu vou cobrar. – Rosnou ele a olhando, parecendo zangado. Algo nele a lembrou da noite em que ele contara sobre o primo Steve. Havia ódio, rancor e derrota nos olhos dele.

-O que houve, Mister Jay? – Perguntou, receosa. Ele a olhou nos olhos.

-Eu preciso de uma metralhadora.

Piscou, em choque. Deveria ser uma brincadeira, ou então não tinha escutado direito.

-Uma... Desculpe... Uma o que? – Perguntou atenta. Ele sorriu, mas foi um sorriso cruel.

-Harley. Eu preciso de uma metralhadora.

Harley piscou e riu, mas depois piscou e ficou séria. Seu corpo tremeu e ela imaginou que era uma piada. Mas não parecia ser uma piada. Então ela achou que ele deveria estar delirando. Ele não estava mesmo pensando que ela iria arrumar uma metralhadora.

-Não. – Disse determinada. Ele se levantou e foi andando até ela. Havia poder nos passos dele. Mesmo com as correntes. Mesmo com as algemas. Ele se apoiou nos braços da poltrona e a avaliou nos olhos – Eu não posso... Eu... Eu... Eu nem sei onde...

-Eu te darei o endereço. Você só tem que trazer a maldita metralhadora. – Rosnou ele e ela negou com a cabeça, sentindo o coração acelerar e as mãos tremerem.

-Mister Jay, você está indo tão bem... Você não deveria...

As mãos dele foram até seu pescoço de uma vez, lhe roubando o ar e a assustando. Ele já a tinha tentado enforcar antes. Mas não com aquele olhar. Não havia a menor dúvida de que ele não iria parar. Ele a mataria ali. E sabia que não seria a primeira terapeuta que ele matava.

-Escute, Harley. Eu não quero te matar, mas se você não fizer o que eu mando... – Ele rosnou e a apertou com mais força. Levou as mãos até as mãos dele, mas ele era surpreendentemente forte – Eu preciso sair do Arkham. Você não entende! – Ele a apertou ainda mais e ela segurou os dedos dele, tentando desesperadamente respirar.

-Ex...pli...que... – Arfou. O olhou com olhos suplicantes, temendo por sua vida. Ele rosnou, soltou seu pescoço e a jogou para fora da poltrona. Tossiu, tentando respirar, sentindo a cabeça arder. Sua visão estava embaçada e ela podia senti-lo se aproximar. Se virou para encará-lo e arrastou-se para longe dele, deitada no chão, aterrorizada. Seu terror parecia diverti-lo. Pela primeira vez em muito tempo via o supercriminoso. Via o que as outras pessoas viam.

-Ela está morrendo.

-Quem? – Sussurrou, pois, a voz não saiu direito.

Os olhos dele faiscaram. Ele sacudiu a cabeça.

-Não importa. Nada disso importa. Eu a quero morta por tem mexido na minha maldita cabeça. OUVIU, JEANNIE. MORRA! – Ele gargalhou e Harley engoliu em seco sem entender absolutamente nada – MORRA E ME DEIXE EM PAZ. ELE NÃO VAI VOLTAR. ELE MORREU MUITO ANTES DE VOCÊ. EU NÃO ME IMPORTO. EU NÃO ME IMPORTO. EU NÃO ME IMPORTO. – Começou como um grito de ódio, mas no final, quando ele caiu de joelhos apertando a própria cabeça, só havia dor na voz dele. Ele então falou com outro tom de voz. Um tom de voz que ela sabia que era muito raro. Uma voz que não pertencia ao Coringa, mas ao homem que ele fora, antes de enlouquecer – Ela se foi, Harley. – Ele parecia fraco e quebrado ao olhar para ela e ela engoliu em seco – Ela se foi. – E o olhar dele endureceu e encheu-se de ódio novamente – Me arruma uma metralhadora, pois eu vou matá-lo. Eu vou matar Hubert Gainsborough. – Mordeu o próprio lábio, chocada e o abraçou. Não sabia o que tinha acontecido, nem como ele ficara sabendo algo sobre os Gainsborough.

-Eu não posso te arrumar uma metralhadora, Mister Jay... Mas eu posso... Eu posso procurá-la pra você. Me diga onde eu posso encontrá-las... Elas estão vivas?

Ele engoliu em seco e gargalhou. Foi tudo o que ele fez aquele dia. Ele gargalhou parecendo sentir dor. Foi um dos momentos mais terríveis e difíceis que ela tinha tido até ali...

[] [] []

Segurou a mão dela. Estava sozinha. Emily abraçou o palhacinho de pelúcia e soluçou. Uma mão firme apertou seu ombro e ela sabia que era hora de dizer adeus. Ficou de pé e se afastou, enquanto levavam o corpo de sua mãe para o crematório. Lágrimas desciam por suas bochechas. Seu avô estava ao seu lado, segurando seu ombro com força.

-Você não é mais criança. Deveria se livrar disso. – Rosnou ele. Ela se negou e olhou com os olhos cheios de lágrimas e infelicidade.

-Por favor, vovô... Foi presente da mamãe. – Mentiu. Tinha sido um presente do papai... Seu avô a olhou com indiferença e bufou.

-Vamos, Emily. Não há mais nada pra você aqui. – Concordou, sabendo que não havia mais nada que a protegesse dele. Aquele maldito chip em seu cérebro explodiria a qualquer sinal de rebeldia. Com um suspiro deu meia volta e se lembrou das últimas palavras de sua mãe.

“Ele vai, Emms... Ele vai vir. Vai te tirar daqui, como me tirou um dia. E então vocês vão cuidar um do outro.”

Emily Gainsborough arfou e seguiu o avô. Voltaram para a casa alugada e ela foi para o próprio quarto. Sentou-se em sua cama e mirou seu palhacinho de pelúcia. Cabelos verdes, pele branca, terninho roxo.

-Papai. Não demore... Por favor... – Murmurou olhando o palhacinho. Fechou os olhos e procurou por ele, tendo medo de ser descoberta. Era terrível em controlar a própria mente. Mas não sabia onde ele estava. Não sabia nem onde ela mesma estava. Com um suspiro, abraçou seu palhacinho de brinquedo e se deitou na cama, lembrando-se dos poucos momentos que tivera com o pai. Ele era tudo o que tinha agora e estava em algum lugar muito distante. Sentiu raiva e mágoa de todos os adultos que a rodeavam. Odiava o avô e também odiava a mãe que a abandonara. Odiava o fato de seu avô fazer testes com ela. Experiências. Odiava seus instrutores de batalha. Odiava aqueles assassinos vestidos como ninjas que vinham averiguar seu desenvolvimento. Eles não lutavam para treiná-la como os outros instrutores. Eles a machucavam e cortavam e quebravam caso ela vacilasse. Odiava a própria vida e a perspectiva de rebelar-se e ter a cabeça explodida não lhe era mais tão cruel.

Talvez morrer fosse apenas uma forma de escapar dali. Apertou o palhacinho e fechou os olhos, encolhida. Deixariam Vlatava em breve para se mudar para Jump City. Seu avô comprara uma casa grande por lá, e a Liga das Sombras o ajudou a construir um laboratório secreto. Os ouvira falar sobre um gás e sobre um morcego, mas o avô a mandou sair de lá. Se perguntava que tipo de coisa o avô planejava fazer... Encolheu-se mais uma vez e suspirou. Depois ficou a repetir para si mesma: Ele vai vir me buscar. Ele vai vir me buscar...

-Ele vai vir me buscar...

[] [] [] []

7 de Abril de 2001 – Asilo Arkham

-Hey, doutora Quinzel. – Harley se virou para encarar Joan Leland.

-Joan. – Harley sorriu e abraçou sua pasta de arquivos para cumprimentá-la. Era sexta feira, final do seu expediente. Estava se preparando para sair, na realidade. Estava já como cartão do ponto em mãos, para encerrar seu turno, quando ouvira o chamado da colega de trabalho. Joan era uma de suas poucas amigas no Arkham. Apesar de o dr. Elliot ser sempre muito educado e simpático, não o considerava um amigo. Mas Joan era algo próxima disso. Os outros médicos psiquiatras a olhavam com desconfiança pelo modo rápido como subira no Arkham. Alguns já fofocavam que ela provavelmente tinha tido reuniões íntimas demais com Jeremiah. Mas Harley estava acostumada com esse tipo de fofoca. Não era a primeira vez que boatos do gênero se espalhavam sobre si, mesmo que não tivesse feito nada do gênero – Longo dia, hum?

-Nem me fale. – Lamentou a morena. Joan era mais ou menos de sua altura, com os olhos brilhantes e amendoados, lábios carnudos e cabelos negros e compridos, presos num rabo de cavalo – Tenho más notícias pra você. – Harley suspirou apreensiva, imaginando o que poderia ser – O turno da noite seria da Dra. Young. Mas ela teve um problema familiar e teve que ir embora. Você pode cobri-la? Jeremiah queria que fosse eu, mas hoje é a apresentação de balé da escolinha da minha Latifa... – Joan suspirou com os olhos pidões e Harley sorriu.

-Bem, não queremos que você perca a apresentação da pequena bailarina. – Riu Harley e Joan suspirou aliviada – Mas você deveria ter me avisado mais cedo.

-Desculpe. Eu não tive tempo e Jeremiah só me avisou agora há pouco. – Explicou-se Joan – Você soube o que houve com Young?

-Não. – Confessou Harley e Joan olhou ao redor, vendo se alguém a observava.

-Parece que o marido dela foi baleado num assalto a banco. – Explicou Joan – Ele está no Hospital de Gotham entre a vida e a morte.

-Um assalto a banco? – Perguntou com um suspiro.

-Aparentemente nenhum supercriminoso envolvido. – Disse Joan e Harley concordou com um aceno de cabeça – O Batman não apareceu também e a polícia está até agora tentando descobrir quem estava por trás do roubo.

As duas conversaram um pouco sobre qualquer coisa até que Joan batesse o ponto e fosse embora. Harley então andou até seu escritório e se organizou para o turno noturno.

O turno noturno era até bastante disputado pelos psiquiatras. Eles recebiam o adicional noturno, sendo que só trabalhavam mesmo caso uma emergência surgisse. A necessidade de medicar algum paciente muito agitado, um surto aleatório, essas coisas. Mas os detentos, normalmente, não davam muito trabalho no turno noturno. Joan era a responsável pelo turno e Harley estava feliz por receber uns trocados extras, principalmente porque o turno da noite lhe permitiria mais uma sessão com o Coringa.

Esperava que ele estivesse mais calmo.

Arrumou suas coisas e então foi até um banheiro dar uma ajeitada na aparência. O batom vermelho, algo para avermelhar as maçãs do rosto. Um rímel, um perfume. Depois saiu e foi em direção à cela do Coringa. Passou pelos detentos de costume e Ivy acenou para ela com um sorriso travesso. Seguiu seu caminho até a cela do 4479 e o encontrou sentado no chão parecendo sombrio. Ele estava na camisa de força e ela se perguntou se ele tinha sido agressivo com alguém. E também se perguntou o motivo de não terem lhe informado disso.

-Mister Jay? – Perguntou dando umas batidinhas no vidro. Ele levantou o olhar para ela e sorriu aquele sorriso perigoso dele.

-Minha adorável Harleen Quinn... – Odiava como ele sempre a fazia sorrir com aquele comentário, mas não conseguiu fugir do encanto dele – Aí está, meu sorriso favorito. – Ele se levantou um tanto desajeitado e andou até o vidro – Já é terça feira? – Perguntou ele e Harley discordou.

-Hoje é sexta. Mas eu peguei o turno noturno. Como você está se sentindo? Está mais calmo? – Perguntou calmamente – Não conseguimos conversar na terça. Gostaria de conversar hoje? – Perguntou e ele sorriu um sorriso charmoso, meio torto e a olhou com malícia.

-Ah, sim. Desculpe-me pelo outro dia. Eu não estava sendo eu mesmo. – Ele deu uma risadinha – Mas podemos ter um encontro, afinal, é sexta à noite. – Riu ele e Harley sorriu de novo, desviando o olhar.

-Vou pedir que os guardas te levem para a sala de terapia.

-Certo. – Ele a olhava com intensidade – Mal posso esperar.

Se virou e o deixou pra trás, depois instruiu os guardas a levá-lo na camisa de força para a sala de terapia. Preparou o gravador e então esperou que ele viesse. Mirou por alguns momentos a foto da garotinha e suspirou se perguntando por onde ela estaria. Ela estaria viva? Quem poderia ter essa informação? Uma ideia lhe ocorreu, mas não sabia se teria coragem para dar continuidade a ela. Os minutos passaram e Bronson chegou trazendo o paciente número 4479. Harley suspirou, com as pernas cruzadas e as mãos sobre os joelhos. Bronson guiou o paciente até o divã e o olhou desconfiado.

-Você vai ficar bem com ele, doutora?

-Não se preocupe, Bronson. Ele está com os pés acorrentados e uma camisa de força. O que ele poderia fazer? – Perguntou calmamente.

-Qualquer coisa. Esse é o Coringa, doutora. – Resmungou Bronson olhando ainda desconfiado para o Coringa, que apenas sorria.

-Não se preocupe. Estou acostumada a lidar com ele. Já adianto que não gosto de ter minhas sessões interrompidas. Cash já estava acostumado, então acho que você deveria fazer o mesmo. – Disse autoritária e Bronson concordou com um aceno de cabeça um tanto desconsertado. Ele caminhou até a porta e mirou desconfiado tanto o paciente quanto a médica, mas então saiu fechando a porta atrás de si. Harley suspirou e mirou o homem que Bronson deixara para trás – Como está se sentindo hoje?

-Faremos o paciente e a doutora profissional, hoje? Que pena. Eu prefiro quando sentamos no chão e tagarelamos como duas adolescentes. – Riu ele e Harley deu uma risadinha – Eu estou bem melhor, obrigado. – Respondeu ele com irreverência – Nenhuma voz na minha cabeça. Acho que os remédios devem estar funcionando.

-Que remédios? – Perguntou Harley.

-Aquele pó branco que me fazem cheirar não é medicinal? Ooops! – E então ele gargalhou – É bom te ver, Doc. Como você está se sentindo essa noite?

-Eu estou bem. Feliz em ver meu paciente favorito. – Respondeu com um sorriso e ele sorriu de volta.

-Ora, Doc. Não fale assim ou vai me deixar sem jeito. – Ele estava sentado no divã e a observava com olhos atentos e afiados – Algum plano para o fim de semana? Espero que não esteja vendo outro cara pelas minhas costas.

-Na verdade eu tenho planos pro fim de semana. – Respondeu Harley e ele a olhou com mais atenção – Eu estava pensando em ir ao Iceberg Lounge. – Respondeu ela e Coringa a olhou parecendo quase intrigado.

-Ver o Pinguim? Ou apenas curtir uma noite com outros vilões? Doc... Você está tentando me deixar com ciúmes. – Ralhou ele de maneira acusatória, mas havia troça em sua voz. No entanto ela achava que era uma acusação de brincadeira com fundo de verdade.

-Estava pensando em ir atrás de certas informações. – Respondeu ela e ele bufou.

-Sobre?

-Sobre os Gainsborough.

-Não acha que se o Pinguim soubesse algo sobre eles, o Morcegão já os teria encontrado? – Perguntou o Coringa e Harley morreu a unha no polegar.

-Eu queria muito te ajudar a encontrá-las. – Lamentou Harley e ele fez uma careta de descontentamento.

-Eu não me importo com elas. – Rosnou ele e Harley entendeu que ele estava em negação.

-Nem um pouco? – Perguntou e ele bufou, parecendo quase enfadado.

-Nem um pouco.

-Então... Não haveria problema em me contar mais sobre Jeannie, não é? Eu sei que vocês se conheceram quando vocês guincharam o carro deles, que havia quebrado. E sei que saíram às escondidas algumas vezes. Mas... O que mais? – Harley se levantou e andou até ele, no divã – Conte-me mais sobre como Napier se apaixonou pela princesinha. – Brincou e ele pareceu um pouco satisfeito por ela não ter dito que fora ele o apaixonado. Ele não gostava de que se referissem a ele e a Jack Napier como a mesma pessoa. Tinha entendido isso há algum tempo. Talvez estivesse alimentando a paranoia dele, diferenciando os dois, mas queria informações...

-Napier, Napier, Napier. Por que quer saber tanto sobre isso, Harley? – Perguntou ele franzindo o cenho – Não sou interessante o suficiente?

-Você quem disse que queria me contar tudo, desde o início. Pois bem... Conte. – Pediu ela e ele suspirou, olhando para cima.

-Como quiser. O que eu não faço por você. – Ele fechou os olhos e suspirou – Vamos ver... Acho que tudo começou a ficar mais intenso pouco antes de me mudar para a Mansão dos Gainsborough...


Notas Finais


E foi assim que o Coringa conheceu a Jeannie <3
Espero que tenham gostado! =D

Vamos pras prévias! Vou deixar 2 hoje!!
"-O que vai fazer depois que me deixar em casa? – Perguntou ela comendo o terceiro cachorro quente. Ela não estivera brincando quando afirmou ter um apetite voraz.
-Dormir. Amanhã vou fazer uma viagem até Gotham. Ajudar Preston com alguns assuntos. – Disse sem querer entrar em detalhes, mas ela o olhou preocupada.
Jeannie baixou o cachorro quente e o olhou preocupada.
-Nada perigoso, né? – Perguntou ela e ele sorriu.
-Eu tenho cara de bandido? – Perguntou ele e ela riu meio sem jeito – Só porque sou de Gotham e estou indo pra Gotham resolver um assunto não quer dizer que eu vá assaltar um banco ou qualquer coisa assim. – Disse ele e ela riu um tanto nervosa.
-É..., mas é que... – Ela fechou os olhos e tocou a cabeça, parecendo preocupada. Jack sentiu uma pontada de dor nas têmporas, mas passou tão rápido quanto veio e ele simplesmente ignorou – Eu me preocupo muito com você. – Disse ela voltando a olhá-lo. Jack sorriu e segurou a mão dela."

"-Eu me entrego por favor, abaixe a arma. – Murmurou num lamento.
-Você não precisa se entregar. Você não fez nada de errado. – Rosnou Preston – Deixe o garoto ir.
-O que está acontecendo? Flass. Abaixe essa arma! Está louco? – Perguntou outro policial se aproximando.
-Não se mete Gordon. Esse moleque é cúmplice. Veio procurando o parceiro e agora está resistindo à prisão.
-Flass. É só um garoto. Pelo amor de Deus, abaixe essa arma."

Pam pam pam

Comentem e favoritem! Beijos <3


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