P.O.V. Selene
Eu estava ali, parada no lado de fora da casa Chris. Sorriamos que nem bobos um para o outro.
- Entra. – Deu espaço para eu entrar.
- O porteiro me deixou entrar. Por favor, não brigue com ele. – Fui caminha para dentro da grande e luxuosa casa.
- Não irei brigar com ele. Brigaria se ele não deixasse entrar. – Sorriu de lado fechando a porte. – E ai, o que a trás até a minha humilde residência? – Esparramou-se no sofá. – Sente-se.
- Eu queria me desculpar pela confusão e pela grosseria do Henry. – Sentei-me ao seu lado. - Estou envergonha por tudo isso. Olha só para você.
- Tudo bem. Eu “alfinetei” ele também. E quanto á mim, um pouco de maquiagem nas gravações irá ajudar. Eu que sinto muito pelo transtorno. – Passou as mãos nervosamente pelos cabelos. – Devia ter mandado alguém entregar por mim, ou até ter cogitado o correio. Desculpe-me. – Pegou minha mão e a apertou.
- Okay Já que estamos desculpados, onde fica a cozinha mesmo? – Perguntei.
- Pegue esse corredor e entre na primeira esquerda. – Respondeu com um ar interrogativo.
- Já volto. Fica ai. Não se mexa. – Levantei-me.
Fui até a cozinha e parei na frente da geladeira. Abri o freezer e destaquei alguns bloquinhos de gelo em cima da mesa. Fui até o outro lado e abri a gaveta pegando uma sacola. Voltei até a mesa e coloquei os gelos dentro da sacola. Por fim guardei a forma no freezer novamente. Caminhei até a sala. Quando ele viu o que tinha em mãos riu.
- Você continua a mesma, não é?
- Se não passar gelo nesse “galo” vai ficar pior. – Parei em sua frente e encostei a sacola devagar em cima do seu grande machucado.
- Sabe o porquê que a minha mãe gosta tanto de você?
- Sim, porque eu sou linda e maravilhosa. – Rimos.
- Pode ser. Mas ainda mais é porque você são parecidas. Essa mania de não poder ver alguém ferido e querer cuidar é típica de vocês duas. Vocês são ais parecidas do que pensam. E a propósito, eu ia colocar gelo tá.
- Nunca tinha reparado que éramos parecidas. Aham, você sempre foi um péssimo mentiroso Christopher. Por você o machucado cura de um dia pra outro sem remédio. Descuidado como sempre né. – Desencostei a sacola de sua pele ferida. Dei um passo para trás o olhando.
- É preguiça, sabe. E o Henry deixou você vir até aqui?
- Ele não deixou. – Respondi e dei um passo para frente. Encostei a sacola em sua cabeça. Estávamos muito perto. Seu eu fosse mais perto sua cabeça encostaria-se em meus seios.
- Mas você está aqui...
- Agente terminou. – Disse sem rodeios.
- Foi por mim? Olha me desculpe. Eu..Eu...
- Chris... – Coloquei a sacola em cima da mesinha de centro. Ajoelhei-me em sua frente. O olhei seriamente. – Não vou mentir. Foi por sua culpa sim. Eu não gostei do que Henry fez contigo. E também nós discutimos e acabamos rompendo. Não se sinta mal. Esta tudo bem. – Coloquei as minhas mãos em cima das suas.
- Sinto muito. – Apertou gentilmente minha mão. – Tive uma ideia. Vem vamos sair. – Levantou-se me puxando delicadamente até a saída.
- Ei, onde vamos?
- É surpresa. Você topa? – Parou perto da porta.
- Topo sim. Agora quero ver qual é o lugar. – Vamos dar uma chance á ele. Isso o fez sorrir abertamente que nem criança.
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Chris havia amarrado uma faixa em meu rosto, vendando-me e criando todo um suspense. Notei que o carro tinha parado. Conseguir ouvir um som. Parecia se um circo ou algo do tipo. Chris abriu a porta para mim,
- Venha. Cuidado com a porta. – Pegou minha mão guiando-me.
Sai do carro com todo cuidado possível. Andei um pouco. Senti que ele parou em minha frente.
- Chris, o que você está aprontando?
- Calma, você já vai ver. – Tirou a venda de mim.
Minha visão ficou por alguns segundos embaçada por conta da claridade. Ele tinha saído da minha frente. Eu reconheci o lugar imediatamente. Era o parque de diversões que eu e Chris tínhamos dado o nosso primeiro beijo. Aquele passeio foi um dos melhores,
- Eu me lembro daqui sim. Não vinha aqui desde daquela época. Adorei a surpresa. – Sorri maravilhada com o lugar.
- Que bom que gostou. Fico feliz com isso. Eu vim aqui algumas vezes sozinho. Mas a última vez faz tempo. Vem vamos. – Pegou a minha mão e entrelaçou os dedos nos meus. Eu queria recuar mas ao mesmo tempo veio o arrependimento de estragar aquele momento tão bom. Optei pela segunda opção, a de não estragar.
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Fomos a vários brinquedos. Mas ainda tinha tempo para nos divertir que nem duas crianças.
- Você quer ir na “Casa Fantasma”? – Perguntou debochado. Anos atrás, quando namorávamos, ele me trouxe aqui. Naquela época eu era mais medrosa do que sou hoje.
- Claro que eu vou. Não tenho medo dessas coisas. Você que vai gritar que nem uma garotinha, - O desafiei.
- Como eu você é uma péssima mentirosa também. – Gargalhou. – Vermos. – Piscou.
Entramos nesse brinquedo assustador. Institivamente segurei sua mão, cheguei o mais perto dele. Eu levava uns sustos bonitos nesses brinquedos malditos. Sei que iria perder a aposta.
O primeiro cômodo era a cozinha da casa mal assombrada. Aquele cenário era digno de um filme de terror. Muito realista. Os móveis desbotados, quebrados e podres. Um ambiente “pesado”, tudo isso criando uma sensação macabra. E muito sangue falso.
Passamos pela cozinha. Depois era a vez da sala. Nela tinha uma mesa de centro sem vídeo e sem uma perna. A televisão parecia que a Samara sairia da mesma, porque ela apenas exibia um “chuviscado” preto e branco. O sofá tinha tinta vermelha esparramado nele. Eu sei que era tinta, mas mesmo assim dava um medo. O lustre tinha umas lâmpadas quebradas, e as que funcionavam piscavam á todo instante. O chão de madeira rangia. Senti alguém perto de meu ouvido.
- Olá.
Nessa hora deu um grito e apertei a mão do Chris. E ele só rindo. Filho da Puta!
- Cara, acho que todo mês vou te dar entradas para esse brinquedo. Não tem sensação melhor do que ver você tomando um susto. – Gargalhou ainda mais.
- Idiota. – Bati em seu peito levemente. Em seguida não me contive ri também.
- Vocês são fofos. – O homem macabro disse. Era ele que tinha dito “olá”. Eu nem tinha o visto. Ele usava um sobretudo preto desbotado. Uma cartola sem a parte de cima, E botas de borracha preta. Uma barba mal feita. Em minha opinião, ele parecia o “Zé do Caixão”. – Esta é minha casa. A “Mansão Mal Assombrada”. Eu vou ser o guia de vocês. – Falou com aquela voz medonha. - Venham.
O seguimos até o quarto. A cama tinha falsos corpos de pessoas... e mais sangue. Na verdade, sangue por todo lado, nas paredes, moveis e porta.
- Este é o quarto onde o casal, donos casa, foram assassinados. Eu esqueci de me apresentar, eu sou Gorgon. Sou eu quem cuida da propriedade e guio os visitantes pela casa. E não se esqueçam de tomar cuidado, há espíritos condenados rondando a casa. – Deu uma risada diabólica.
Gordon falou mais algumas coisas que eu nem prestei a atenção. Estava olhando ao redor e com medo de levar sustos. Eu nunca tinha feito filmes de terror, ainda bem. Não iria dar certo. Sou medrosa demais.
Enfim, o último cômodo, o banheiro. Mais e mais sangue. O espelho quebrado na parte superior de cima. Na parte em que ele estava “inteiro” tinha a seguinte frase “Cuidado, os donos não gostam de intrusos”. Arrepiei-me toda. Sai daqui Satanás ! O vaso sanitário quebrado com um braço de plástico sobre ele, A água que sai do chuveiro tinha um toma avermelhado, bem semelhante á sangue. E a banheira, outro boneco ensanguentado. A luz do banheiro era aquelas luzes “coloridas”. De repente um homem vestido igualmente á Gordon apareceu assustando o mesmo.
- Seu idiota! Era pra assustar eles e não eu. – Repreendeu o outro homem.
- Você se assustou sozinho. Faz mais de dez anos que trabalha aqui e vive se assustando quando chega nessa parte.
Eu e Chris nos olhamos cúmplices não aguentaram e caíram na gargalhada. Os homens por sua vez riram também. Eu não tinha me assustado nadinha com o homem o único que gritou foi Gordon. Foi engraçado vê-lo gritando.
- Espera um pouco. Eu conheço vocês dois. – Analisou-me e Chris. – É o Capitão América e a Mulher Maravilha! Eu sou muito fã de vocês dois!
- Valeu cara. – Chris disse.
- Podemos tirar uma foto nós quatro? – Perguntou entusiasmado.
- Claro. Primeiro podemos sair daqui? – Perguntei.
Saímos do local, Foi bom estar em um ambiente claro de novo. O homem pegou o celular e tirou uma “Selfie” de nós.
- Obrigado.
- De nada. –Respondi.
Eles acenaram e se afastaram.
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Eu e Chris estávamos no “Tiro ao Alvo”. Ele como sempre estava ganhando de mim. Eu não acertava uma!
- Vamos Selene! Tá parecendo uma “cá olha”! Desse jeito vou ganhar “fácinho” de você. – Debochou ao meu lado.
- Engraçadão. Veremos.
- É assim. – Ele veio e parou um pouco atrás de mim. Colocou cada mão abaixo dos meus cotovelos. Ele praticamente estava encoxando-me. Sua voz rouca e baixa ecoava em meu ouvido. – Quando vocês quiser atirar. – Respirei e atirei. Havia acertado o alvo. – Viu. – Sorri e caminhando até meu lado.
- Parece que o Capitão América sabe usar uma arma além de um escudo.
- Ele é um soldado. Sabe usar muitas armas. – Fez uma careta.
- Ah metido. – Sorrimos.
- Qual prêmio vocês escolhem? – Perguntou o moço dentro da barraca.
- Aquele ursinho azul, por favor. – Respondeu Chris. O homem lhe entregou o urso. – Obrigado. – Virou para mim e entregou-me. – Para você. Um presente meu. – Piscou.
- Obrigada.
- Venha, vamos comer algo. – Pegou minha mão.
Paramos em frente á uma barraca de doces. Tudo colorido. Pela cor pareciam gostosos.
- O que você vai querer? – Perguntou.
- Um algodão doce.
- Dois algodões doces, por favor. – Pediu e olhou-me reprendendo. Eu estava tirando minha carteira do bolso. – Nem pensar. Esse passeio é um presente meu. Sei que você gosta de “rachar” a conta. Deixe-me pagas só dessa vez. Consenti e guardei na bolsa. – Obrigado. – Pagou a moça e deu um algodão doce para mim. O cor de rosa, já que o azul era dele.
Sentamos em um banco ali perto. Conversamos mais um pouco. Rindo que nem dois palhaços do que o outro contava. Vi que o céu havia ficado parcialmente nublado, iria chover.
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Chris estacionou na garagem de sua casa. Eu tinha pedido pra ele não me levar em casa porque talvez o Henry estivesse lá. Sai do carro.
- Hey. Obrigada. Eu adorei tudo. Foi bom rever aquele lugar. – Olhei para baixo envergonhada.
- De nada. Foi bom sair com você, na verdade, eu adorei. – Sorriu abertamente. Fiquei sem jeito.
Andamos em direção á saída. Do nada começou a chover forte. Corremos e ficamos em baixo do telhado da entrada da casa.
- Como é que eu vou embora agora? Abre o portão lá, vou pegar um Táxi. – Falei apressadamente.
- Não senhora. – Segurou-me pelos ombros. - O Táxi é duas ruas daqui e está de noite. E, aliás, como você vai pegar um Táxi toda ensopada? Vem, entre. – Puxou-me para dentro da casa.
Nós dois estávamos ensopados. Meu vestido que já era justo ficou ainda mais grudado em meu corpo. Chris ligou a televisão. A mulher da meteorologia falava sobre a chuva. Más noticias, na verdade.
- Pelo que essa o jornal diz parece que essa chuva vai perdurar até amanhã no mínimo. – Entregou-me uma toalha.
- O que eu faço agora? – Eu tinha que ir embora.
- Posa aqui. – Sorriu maliciosamente. – Sério, não tem como você ir embora.
- E as roupas? – Apontei o meu vestido molhado.
- Eu empresto-te minhas roupas.
- Ai Meu Deus.... Já que não tenho escolha... Tá bom.
Continua...
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