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História I Put a Spell On You - Capítulo 34 You make me smile


Escrita por: Nat_Rogers

Notas do Autor


Tradução do capítulo: Você me faz sorrir

Capítulo 34 - Capítulo 34 You make me smile


Fanfic / Fanfiction I Put a Spell On You - Capítulo 34 You make me smile


Vagarosamente, sinto a velocidade do carro ir diminuindo e, quando abro meus olhos, avisto a casa de minha mãe através janela de vidro levemente empoeirada.

— Chegamos!!! – comemora mamãe ao meu lado. — Vamos, querida!

Suspirando, abro a porta do meu lado direito e desço do táxi que nos trouxe do aeroporto até aqui. Sem precisar me virar para saber quem é, uma voz alegre e gentil soa aos meus ouvidos.

— Nathynha!!!!

Meu coração explode de emoção e saudade assim que vovó vem até mim de braços abertos.

— Vó Lou! – fecho a porta do carro e me perco em seu abraço apertado. — Senti tanta saudade!
— Também senti, minha querida. – vovó me solta para acariciar meu rosto. — Hazel!!
— Oi, vó. – minha irmã abraça a cintura de vovó.
— Oi, mãe. – mamãe passa por nós enquanto carrega duas mochilas para dentro de casa.
— Oi, querida. Oi, Robert.
— Olá, Louise! – Robert segue o mesmo caminho de minha mãe com malas embaixo dos braços.
— Como foram de viagem?
— Muito legal, vó! Manhattan é demais! – tento me sentir contagiada pela euforia de Hazel, mas as palavras de Steve ainda ecoando em minha mente não me permitem.
— É mesmo? Que bom! Então, pegue a mala mais leve no carro e ajude sua mãe. – vovó faz Hazel assentir e voltar ao táxi. — Você está bem, querida?
— Estou. – murmuro. — Ér... eu vou ajudar a Hazel também.
— Natasha? – seu chamado me faz dar meia volta.
— Sim, vó?

Observo vovó suspirar como se tivesse desistindo de me dizer algo que queria.

— Venha cá, querida. – suas mãos são estendidas em minha direção.
— Sim? – seus dedos quentes se entrelaçam aos meus.
— Eu te amo. 
— Também te amo, vó. – respondo entendendo o que vovó quer. Ah, ela me conhece apenas pelo olhar.
— Eu sei. Era só isso. Ajude sua irmã, eu vou terminar de fazer o almoço. – vovó me solta antes de se virar e entrar em casa.

Por um momento fico parada encarando o lugar pelo qual vovó se retirou.

— Nat?

Pisco mais algumas vezes antes de me virar para minha irmã.

— Chame o papai para pagar o táxi e vem me ajudar com as malas!
— Okay, Hazel. – assinto ainda um pouco confusa. — Eu já volto.

▪️▪️▪️

— O que está fazendo?

Sinto as mãos de mamãe em meus cabelos penteando meus fios ruivos com seus dedos.

— Acho que me lembrando. Ou relembrando. – respondo observando a parede com quadros da sala. — Faz tempo que não venho aqui.
— É, faz, sim. – mamãe para ao meu lado e parece analisar a casa junto comigo.

A verdade é que tinha me esquecido em como é ter certos luxos como minha mãe tem. Ela sempre foi independente financeiramente. Nunca precisou do dinheiro de meu pai nem de Robert nem de nenhum outro homem.
Ela começou cedo em sua carreira de corretora de imóveis, que lhe rendeu e ainda rende excelentes comissões e ótimas referências. Aonde quer que mamãe vá, ela sempre apresenta seus exemplares currículos e formações.

— Você se resolveu com Steve?

Sua pergunta é uma quebra em minha linha do tempo. Uma quebra brusca como num banho de água fria.

— Mãe...! – tento me esquivar, mas mamãe segura em minha mão.
— Natasha, por que está agindo assim?
— Assim como, mãe? – consigo soltar minha mão da sua. 
— Você está diferente. Está agressiva. Eu não...
— Mãe, desculpe por ter falado com você daquele jeito. Por favor, pare de fazer perguntas. Só quero ficar em paz.

Quando me preparo para subir as escadas, minha ação é interrompida pela chegada de uma pessoa.

— Natasha!
— Tia Kim! – vou até ela antes de abraçá-la.
— Oi, meu amor! Nossa! Como você cresceu! – minha tia me afasta para me estudar com seus olhos astutos. — Querida, sinto muito não ter ido à sua formatura.
— Tudo bem. Mamãe me explicou que vovó precisou fazer uns exames e...
— Contou a ela? – viro meu rosto e vejo vovó na porta da cozinha. — Contou à Natasha, Kathleen? Eu disse para...
— Mãe, eu precisei. Ela perguntou se poderíamos ir à formatura dela. Natasha queria que fôssemos.
— Mãe! – arregalo os olhos em direção a mamãe antes de me voltar para vovó. — Vó, eu... eu entendo. Está tudo bem. Mesmo. Você tinha que fazer o seus exames, eu...
— Não entendo o porquê disso! – comenta. — Meu corpo se livrou da doença, mas parece que ninguém consegue enxergar isso!
— Vó, já faz cinco anos. Sabemos que está bem, mas...
— Ah, fique quieta. – eu me limito a morder o lábio para segurar a vontade de rir. — Sou forte como um cavalo, não seria um câncer que me derrubaria!
— Eu sei, mãe. Você já está bem assim como nunca esteve antes. – afirma tia Kim ao trocar olhares significativos comigo.
— Tá, tá. Kathleen, Kimberley, venham me ajudar na cozinha!
— Certo, mãe. – titia se vira para mim. — Sebastian está lá fora no quintal. Vai lá.
— Na quintal? – rio incrédula. — Não está sol para ele...
— Não, não, querida. Ele está apenas lá fora, mas não está tomando o banho de mangueira que ele adora...!
— Ah, sim.
— Vá até lá falar com ele. – minha tia sorri novamente antes de se dirigir à cozinha.
— Okay.

Sorrio vendo titia seguir minha vó e minha mãe. Giro os calcanhares no intuito de seguir para os fundos da casa e chegar ao quintal, mas nem é preciso.

— Sebastian!
— Priminha!

Eu me atiro nos braços do garoto ruivo, doce e engraçado à minha frente.

— Nossa! Quanta saudade eu senti de você! – afirmo não querendo soltá-lo.
— Eu também, mas eu quero continuar tendo ossos fortes para poder me manter em pé. – sua brincadeira me faz rir e me afastar.
— Desculpe.
— Ah, você ainda cai nessa? – Sebastian me puxa novamente e esfrega os nós de seus dedos contra minha cabeça.
— Sebastian! Sebastian, pare com isso, seu imbecil!
— Imbecil é tu! Tem vinte e dois anos na cara e ainda acredita que vai me quebrar ao meio!
— Babaca! – eu o empurro para trás e fico livre de seu ataque. — É porque eu tenho bom coração.
— Ah, então, quem é esperto merece ir para o inferno?

Solto uma gargalhada ao jogar a cabeça para trás.

— Ai, Sebastian, senti saudades disso. – aponto para seu rosto com um enorme sorriso.
— Ih... conheço esta cara. – ele analisa meu semblante nostálgico.
— É? Por quê?
— Fiquei assim quando tomei um fora da Michelle. – meu primo coça a nuca em sinal de nervosismo.
— Ainda pensa nessa garota? Sebastian, vê se...
— Okay, okay, eu já a esqueci. – ele ergue as mãos no ar em defesa. — Não penso mais nela. Aliás, ela nem existe mais na minha vida.
— Não?
— Não, Natasha.
— Hmmm... então, quem é a dona deste sorriso idiota que você tem no rosto?
— Ha ha ha... – Sebastian cerra seus olhos azuis em minha direção. — Okay, sem segredos entre nós, né? – ele toma como resposta o fato de eu cruzar os braços à altura dos seios. — Natasha?
— É. É, isso mesmo! Sem segredos entre nós! – afirmo ainda incomodada por ter de esconder muitas coisas sobre mim e Steve para ele. — Então eu acertei? É uma garota?
— Sim. – ele sorri.
— Sério? Que bom! Quem é ela?
— O nome dela é Blake. Eu a conheci na faculdade.
— Awnnn, Sebastian...
— Ah, pode parar. Já basta a minha mãe. – ele se joga no sofá num bufo irritado.
— É? O que a tia Kim fez? – eu me deito ao seu lado.
— Natasha, ela foi horrível! Perguntou quando que a gente ia casar!

Tento me conter, mas não consigo controlar a alta e alegre gargalhada que escapa do fundo de minha garganta.

— Meu Deus, Sebastian! Depois dessa acho que ficaria sem namorar por um bom tempo! Digo, todos os homens que eu visse pensariam logo que eu os arrastaria para a igreja mais próxima!
— Sim! Eu sei! – Sebastian arregala seus olhos azuis em minha direção. — Minha mãe é maluca! E ainda tentou arrastar a vovó para o seu clube!
— E o que a vó disse?
— Disse que mamãe que estava precisando de tratamento. Mas, no caso dela, seria mental. – solto outra gargalhada junto de Sebastian.
— Pontos para vovó! – meu primo confirma com a cabeça. — Então... é sério, né?
— Sim. Já estamos juntos há dois anos.
— Nossa! É... eu me esqueço de que você é mais velho do que eu.
— Por que será?
— Hmmmm... talvez porque eu seja madura para a idade que tenho, enquanto você...
— Procuro aproveitar minha juventude. – ele me deixa sem falas por alguns segundos.
— Bom, se está tentando dizer que eu não aproveito a minha, fico feliz em cortar o seu barato, priminho. – sorrio de modo provocador.
— Ah é, é?
— Exatamente!
— E por quê? – Sebastian cruza os braços e me encara com curiosidade.
— Ué! Eu... saio, curto, bebo...
— Namora?

Mordo a língua sentindo o sabor salgado e metálico de meu sangue invadir minha boca.

— Nat? O que foi?
— Ér... nada, nada, eu...
— Por que ficou nervosa? – observo as sobrancelhas de Sebastian se dobrarem numa expressão de desconfiança. — O que houve?
— Não houve nada, Sebastian! – jogo uma almofada nele e me levanto. — Eu vou para o meu quarto, estou cansada e quero tomar um banho.
— Ei, Natasha! – Sebastian me puxa pelo braço. — Nós sempre contamos tudo um para o outro, desde pequenos.
— Eu sei. – mordo o lábio em culpa.
— Então por que está me escondendo algo?
— E quem disse que eu estou escondendo? – na tentativa de parecer natural, ergo os ombros em um gesto de simplicidade.
— Natasha, somos muito mais do que primos. Você é irmã que eu não tenho e eu sou o irmão que você não tem.
— Sebastian...
— Eu sei que tem algo acontecendo, mas você não quer me dizer. E eu gostaria de pelo menos saber o porquê.
— Não é nada. – afirmo junto de suspiro. — Não se preocupe. Eu estou bem.
— Eu gostaria de poder acreditar.
— Você pode. – olho no fundo de seus olhos. 
— Posso mesmo, Nat?
— Pode. Eu juro que pode. Eu estou feliz do jeito que estou. Quer dizer, eu... eu sou feliz.
— Natasha...
— Sebastian, por favor, se realmente me ama, não me pergunte mais nada. – pego em suas mãos. — Eu sempre irei confiar em você, mas uma outra pessoa também confiou em mim. E, por mais que eu te ame de paixão, não posso quebrar a promessa que fiz. Você entende?

Vejo Sebastian respirar fundo enquanto aperta seus dedos contra os meus.

— Okay. Eu entendo e respeito sua atitude. Quebrar promessas não é legal. – ele sorri rapidamente.
— É. Isso mesmo! Manter a confiança é muito bom!
— É, eu sei. Mas também quero me prometa uma coisa.
— Claro! O que foi?
— Se acontecer algum problema com você, se estiver em apuros, irá me pedir ajuda. Você promete?
— Eu prometo, Sebastian. – cutuco a ponta de seu nariz antes de soltá-lo. — Eu prometo em nome do nosso carinho e amizade. – finalizo ao passar os dedos por seus cabelos ruivos.

▪️▪️▪️

— E como estão as coisas por aí?
— Ah, estão... bem.

Termino de fechar os botões de meu sutiã antes de sentar na cama de meu antigo quarto. É até curioso e fofo que mamãe tenha preservado ao máximo a decoração de antes. Ela se apegou a cada detalhe antigo e manteve o mais próximo possível da forma como deixei quando saí de casa para a faculdade em NY.

— E aí? – volto a falar com Rebecca para distrair minha cabeça do passado.
— Aqui? Tudo na mesma.
— Hmmm... sabe alguma coisa do...
— Não, Natasha, eu não sei nada sobre o Steve! Ele é amigo do Sam seu namorado. Não temos ligação alguma.
— Eu sei, Rebby, só perguntei. – eu me defendo diante de sua resposta ríspida e desnecessária.
— Ai, eu sei. Desculpe. – Rebby se redime com um suspiro culpado. — É que eu não suporto te ver assim tão... triste e paranoica!
— Bom, você está errada pelas duas coisas. Não está me vendo nem eu estou triste. E muito menos paranoica.
— É, valeu a tentativa de fazer graça, Natasha, mas não funcionou.
— Ah, até que foi boa... – sorrio antes de ver outra chamada aparecer na linha. — Ahn... Rebby, tenho que desligar, estou terminando de me vestir.
— Vestir? Então você colocou no Viva-voz? Natasha, você sabe que...
— Rebby! Acha que eu deixaria correr o risco de alguém escutar você falando sobre o Steve
— Acho. – responde após dois segundos de silêncio.
— Obrigada, Rebby! – forço um sorriso irônico ao cerrar meus olhos. — Olha, eu estou no meu quarto. Ninguém além de mim pode te ouvir.
— Hmm... okay. É que... ah, sei lá, Natasha. Você é desligada e muito tapada para essas coisas.
— Como é?
— A sua mãe já sabe sobre ele, então...
— Rebby, o que ela sabe é o que eu a permiti de saber.
— Ahn? Como assim? Tem mais coisas?
— Ahn? 
— Não, Natasha, espera aí. O que ela sabe é tudo que eu sei. Então está escondendo alguma coisa de nós? Ér... quer dizer, de mim?
— Quê? Não! Não, eu só...
— Natasha, se você estiver fazendo isso, eu vou ficar bastante magoada
— Rebby...
— Não. Espera! Eu disse "magoada"?
— Disse. – estranho sua pergunta antes de confirmar.
— Ah. Eu errei. Não sou dessas de falar bonito. Eu vou ficar bem puta mesmo!
— Ai, meu Deus...! Rebby, eu...
— Ah, porra! Somos melhores amigas. Melhores amigas não guardam segredos uma da outra.
— Eu sei, Rebby. E eu não estou escondendo nada de você. – um nó se forma em minha garganta, mas logo decido ignorá-lo.
— Você promete?
— Pro-prometo.
— Mesmo? Promete pela vida de Hazel?
— O quê? Rebby, para de palhaçada. Isso é ridículo!
— Não, não é, Natasha. Vamos. Prometa pela vida da sua irmã.
— Rebby, eu não tenho tempo para isso. Se eu disse que não estou escondendo nada é porque eu não estou escondendo nada.
— Natasha, você...
— Desculpe, tenho que desligar agora. A gente se fala depois. Beijos.
— Nat...

Encerro a chamada com Rebby e procuro pela outra. Chego na lista de contatos e aperto em Chamadas Perdidas antes de avistar o número do celular de Steve.
Céus! Ele me ligou! É a primeira vez que ele tenta falar comigo depois de nosso último encontro na minha casa. Ainda consigo me recordar de suas palavras Você é ruiva. E eu.... Nossa! Por quê? Por que ele me disse aquilo naquela tonalidade? O que Steve quis dizer? 
Levo um susto quando o Iphone começar a vibrar em minha mão e acabo deixando cair no chão.

— Merda! – grunho antes de me abaixar e apanhar o aparelho.

Olho para a tela do celular procurando alguma rachadura, mas fico feliz e aliviada por não encontrar nenhuma. Mas, em compensação, eu encontro algo que faz meu coração acelerar. O número de Steve brilha na tela branca do Iphone.
Atendo ou não atendo? Atendo ou não atendo? Atendo... Atende logo, porra! Está me cansando!
Respiro fundo e limpo a garganta ao me preparar para atender a chamada.

— Alô?
— Natasha?

Ah, Steve! Sua voz está tão doce e serena. Eu sinto tanto a sua falta...

— Oi. Oi, Steve. Tudo bem?
— Sim. Ér... eu fiquei calculando suas horas de voo. Estava preocupado. Você já chegou? Está tudo bem?
— Sim. Sim, está, eu cheguei pela manhã.
— Pela manhã?!

A calmaria e doçura de sua voz se vai e o tom rude renasce das trevas explodindo num grito raivoso.

— Sim, pela manhã. Por quê?
— Já está de noite! Já são seis horas!
— Sim, eu sei.
— Hmmm... você sabe? E por que não ligou antes, Natasha?
— Ah, desculpe, eu me esqueci. Revi alguns parentes e ajudei em algumas coisas, então... – ergo os ombros num suspiro antes de me jogar de costas na cama. — Sinto muito.
— Fiquei preocupado. – ouço sua respiração profunda e uma culpa invade meu interior.
— Eu imagino. Desculpe. – torço os lábios tentando pensar em algo para distrai-lo. — Como... como você está?
— Bem. Quer dizer, estaria melhor se estivesse com você, mas eu estou bem.
— Jura? – um sorriso ingênuo cresce em meu rosto.
— Claro! Queria estar com você, abraçando você, beijando você... queria estar com você nos meus braços, Nat.
— Eu também gostaria de estar nos seus braços.
— Já estou com saudades.
— É. Eu te digo o mesmo. – sorrio para mim mesma enquanto brinco com um fio solto de minha calça de moletom. — Mas e aí? Por que me ligou?
— Como assim? Fiquei preocupado com você. Eu queria saber se estava bem.
— Okay, eu acredito, mas queria saber se eu estava bem do tipo "será que ela chegou viva" ou queria saber se eu estava bem do tipo "será que ela está feliz e tranquila"?

Esperando por sua resposta, ouço a risada de Steve invadir a linha. Automaticamente, mais um sorriso se espalha por meu rosto e estica meus lábios de orelha à orelha.

— Belo questionamento, Srta. Romanoff! Este tom de voz que você imitou é o meu tom?
— Ah... eu tentei falar com voz de homem. Até que não fui tão mal.
— Verdade, mas a sua dúvida é um tanto engraçada.
— Okay, confesso que eu não soube me explicar muito bem, mas nós dois sabemos que deu para entender, Sr. Rogers.
— Sim. Sim, deu. E sim. Eu liguei pelos dois motivos. Para saber se você está bem nos dois sentidos, Srta. Romanoff.
— Bom, então, eu estou viva, mas não estou tranquila. – levo a mão até a boca e mordisco de leve o canto das unhas. — Steve, a verdade é que eu estou mal por causa da nossa discussão de domingo.
— Eu também. Quer dizer, eu também fiquei repensando sobre isso nos dois dias que fiquei sem te ver.
— É?
 Sim. Desculpe, eu não quis te assustar e muito menos te magoar.
— Eu sei. Não se preocupe. Eu te pressionei e você me respondeu. Quer dizer, não respondeu o que eu queria. Na verdade, você só me deixou mais confusa, mas acho que dá para entender vindo de você.
— Natasha, o fato de eu ter comentado que você era ruiva e não ter concluído minha frase não significa... não significa que eu... ér... bem...
— Steve, esqueça. Eu sei que... ér... – fecho os olhos e solto um suspiro exausto.

Deus! Quero gritar com ele! Que ódio! Por que ele não pode ser homem e me contar sobre seus medos? Que merda mais escrota! Oh, Deus...! Eu também preciso entendê-lo.
É difícil para ele. Quem sou para pressioná-lo assim? Deste jeito, eu não estou o ajudando, mas estou o afastando. Não é certo... não é certo.
Respiro fundo mais uma vez e controlo minha boca para não expelir todos esses pensamentos revoltantes.

— Natasha?
— Oi. Ér... vamos fazer um trato?
— Trato? Qual?
— Que tal passarmos uma borracha nisso?
— Natasha, na vida não podemos apagar os erros com borracha.
— Bom, mas você não errou em nada. E nem eu. Quer dizer, lamento ter te pressionado, não era minha intenção. Não queria que ficasse nervoso e magoado.
— Eu sei.
— Pois é. Então aceita minha proposta?
— Aceito, mas eu repito: na vida não podemos apagar os erros com borracha.
— Não, você está certo... – suspiro novamente e penso em algo para fazê-lo rir. — Mas a gente pode usar liquid paper ou passar por cima que nem em teste de redação quando estamos com pressa para terminar.

Bingo! Steve solta uma sonora e gostosa risada! Oba! Obrigada, mente que resolveu me premiar com alguma ideia descente!!!!

— Okay, Srta. Romanoff, gostei da piadinha.
— Que bom! Foi proposital. Eu precisava te ouvir rir.
— E você conseguiu! Obrigado.
— De nada.
— Gostaria de poder fazer o mesmo por você.
— Você já faz. – afirmo com a sinceridade dominando minhas palavras. — Acredite, Steve, você faz. Sempre.
— Natasha...
— É sério. Com você, eu passei a ver o mundo numa forma diferente.
— E essa forma diferente é uma forma boa ou má?
— Acho que os dois. – respondo e ele suspira. — Mas não pense que é algo ruim.
— E por que não? 
— Steve, o mundo não é colorido. Não é alegria para todos os cantos. E acho que, antes de te conhecer, eu enxergava isso. Enxergava sempre um pote de ouro no final de um arco-íris. Agora eu sei que no final do arco-íris vai ter apenas um chão. E que para termos esse arco-íris teremos que ter chuva e sol. Só o sol, brilhante e alegre, não basta. Também precisamos da chuva fria, forte e escura.
— Nossa! Eu entendi o que você quis dizer, mas que papo de maluco! Por que você não fez Literatura? Deveria ser filosofa ou professora de Literatura. Ou estar na política. – solto uma risada incontrolável.
— É, são boas opções!
— Concordo! Mas ainda acho que a Literatura tem mais a ver com você.
— Verdade! Era a minha segunda opção antes de Psicologia. – sorrio. — Freud e Platão também mexem uns pauzinhos nisso. Então acabei absorvendo umas coisas.
— É, eu vejo que sim.
— Pois é. Mas, voltando ao assunto, Steve, eu falei sério. Você me amadureceu.
— Oh, é verdade, eu tirei sua virgindade! – a fala sem rodeios de Steve faz minhas bochechas queimarem em brasas.
— Meu Deus! – viro a cabeça para o lado e afundo o rosto no travesseiro. — Eu... eu não quis me referir a isso!

Minha voz sai abafada devido toda a minha face estar colada à fronha. Steve parece se divertir do outro lado da linha.

— Hmmmm... daria tudo para ver suas bochechas vermelhinhas agora.
É, elas estão exatamente assim, Sr. Rogers.
— Aposto que sim, Srta. Romanoff. – murmura. — Quando você volta?
— No final da semana. – respondo após voltar a deitar de costas corretamente.
— Poxa! Eu vou surtar sem você!
— Ah, não é para tanto. – rio novamente. — Você pode se virar sem mim.
— Natasha, posso te perguntar uma coisa?
— Sim?
— Por que estou tendo a sensação de que nossa conversa está soando como uma despedida?
— Porque o senhor pensa demais, Sr. Rogers. – afirmo sorrindo para mim mesma. — Eu falei sério quando disse que não te abandonaria.
— Mas você ainda não sabe sobre...
— O que eu sei seria o suficiente para eu sumir da sua vida. – digo convicta. — Caso não tenha notado, eu não tenho cabelos morenos, loiros ou azuis. Eu sou ruiva. 
— E o que isso quer dizer?
— Eu também não sei. Diga você.
— Natasha...
— Foi você quem ressaltou que eu sou ruiva.
— Eu sei.
— Tudo bem. Eu sei que você não vai me dizer nada mesmo. Esqueça. Mas eu continuo sendo ruiva, só para a sua informação.
— É, seus cabelos são bem perceptíveis
— Eu imagino que sim. Para ser mais fácil, as pessoas me chamam de "ruivinha" em vez de Nat. Nem mesmo pelo meu nome sou reconhecida!
— Que lástima, Srta. Romanoff!
— Nem tanta, Sr. Rogers. – sorrio novamente e descanso a batata de uma perna acima do joelho da outra. — Depois de um tempo, você se acostuma.
 É, acho que posso concordar. 
— Suponho que sim. Bom... o que andou fazendo?
— Trabalhando.
— Só?
— É... por quê? O que você andou fazendo?
— Bom, eu tenho respirado, comido, dormido, ido ao banheiro, escovado os dentes...
— Está bem descontraída, hein!
— Quero te fazer sorrir. – confesso feliz por ouvir que consigo alcançar meu objetivo.
— Agora irei roubar suas palavras, Srta. Romanoff.
— Minhas palavras? Como assim?
— Você já faz.
— Eu faço? – indago confusa. — Eu faço o quê?
— Sorrir.
— Ér... Steve, eu...
— Acredite, Natasha, você me faz sorrir. – um silêncio preenche a linha por tempo e, quando eu tento quebrá-lo, Steve completa. — Sempre.


Notas Finais




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