1. Spirit Fanfics >
  2. I still love you >
  3. Vocês ainda vão rir muito disso.

História I still love you - Vocês ainda vão rir muito disso.


Escrita por: calzonatr_

Capítulo 139 - Vocês ainda vão rir muito disso.


Fanfic / Fanfiction I still love you - Vocês ainda vão rir muito disso.

Callie Torres

 

 

Era a 15° semana gestacional, finalmente. Suspirou e por fim a saliência em sua barriga poderia ser perfeitamente notada. Ela queria exibi-la para todos, queria gritar para os quatro cantos do mundo que faltavam apenas cinco meses para que fosse mãe mais uma vez. Apesar de se sentir muito sensível, também sabia que seria forte o suficiente graças às aulas de Yoga, por exemplo, conseguiu se livrar do baixo astral e do pessimismo e com as caminhadas, também estava encontrando bons caminhos daquele percurso. Conferiu suas roupas no espelho, calçou sandálias com um pequeno salto e passou uma escova nos cabelos apenas para soltar os fios. Gritou por Arizona pedindo para irem logo. A mulher estava em uma ligação com um dos médicos de sua equipe e discutiam sobre o quadro de uma paciente. Era terça feira, as duas chegariam mais tarde no hospital, pois tinham que ir a clínica fazer ultrassom. Aqueles eram um dos dias mais esperados por ela.

 

 

— Quero que vocês duas se comportem como duas mocinhas educadas e obedeçam a Francine. Tudo bem? --- estava no quarto das filhas que tinham acabado de sair do banho. Fran pediu para que as levassem ao zoológico. Como estavam na fase das descobertas, eram um bom passeio em família. Pena que não poderia ir junto.

— E se comportarem durante todo o passeio, no final vão ganhar sorvete. --- a babá que estava penteando os cabelos loiros de Laura, disse com um pequeno sorriso nos lábios.

‘’Sô uma pincesa, sou gande e vô me compota!’’ --- Alice estava enrolada em sua toalha de unicórnio esperando sua vez para ter os cabelos devidamente penteados.

‘’Quelo sovete de chocoiate.’’ --- pediu Laura descendo da pequena poltrona quando a babá a liberou.

— Muito bem! E se sentirem vontade de fazer o número 1 ou o número 2, avisem a Fran. Entenderam? --- fez os números com os dedos e riu quando Laura sacudiu a cabeça imitando-a também os dedinhos pequenos.

— Demorei muito? Finalmente estou pronta. --- Arizona apareceu na porta do quarto. — E vocês bebês? Animadas para irem ao zoológico? --- foi até as filhas depositando beijos em suas bochechas, ocasionando boas risadas das pequenas.

Callie está passando as regras par as duas. --- Francine disse indo pegar as jardineiras que as duas vestiriam. — Mandarei filmagens e fotos do passeio, não se preocupem! --- avisou e logo depois de se despedirem, saíram de casa indo rumo a clínica para mais uma consulta.

 

 

Já confortável em uma espécie de maca apropriada para aquele procedimento, se livrou da blusa de listras e ficou apenas com a debaixo de tecido mais fino, a erguendo até ter a barriga totalmente à mostra. Uma substância gelatinosa, gelada e da cor azul fora colocada na região. Parecia inútil tentar controlar as batidas aceleradas de seu coração, assim como as mãos que suavam de ansiedade. A especialista sorriu serenamente para ela e Arizona trocava o peso das pernas a cada cinco segundos antes que o processo realmente fosse iniciado. Em seguida, o aparelho encostou-se em sua pele sendo movimentado em várias direções. Ao receber uma ordem para relaxar, com sua mulher ao lado, disposta a lhe acalmar enquanto segurava sua mão ou simplesmente conversava com ela, fechou os olhos e soltou o ar. Sabia que assim que os abrisse novamente, a mágica começaria mais uma vez.

 

Com os olhos grudados na tela, aos poucos começou a enxergar uma pequena forma se balançar juntamente com o resto da imagem em preto e branco. Olhou maravilhada para Arizona que fazia questão de corresponder ao seu olhar. Seus olhos azuis cintilantes, apesar das olheiras por não ter dormido a noite devido ao plantão no hospital, andavam ansiosos demais e não perdiam a beleza. Beijaram-se umas três vezes, segurando as lágrimas e então voltaram a olhar para a tela.

 

A doutora ergueu as sobrancelhas e abriu um sorriso, movendo novamente o equipamento e lançou sobre ela um olhar como se quisesse avisar algo que ela logo captou do que se tratava. Iria escutar o coração de seu pequeno bebê mais uma vez. Ah aquele som!

 

Era um som baixinho, mas repetitivo. Entrava pelos seus ouvidos, produzia lágrimas em seus olhos, acelerava seu coração e despertava a sensação de alívio para todas as partes do seu corpo. O sangue corria mais livre e puro por suas veias. Seu coraçãozinho batia, batia e batia. Um dos melhores sons que já teve o privilégio de escutar. Os anteriores foram os de Sofia e de Laura e Alice. Já sabiam que era um menino, e mesmo ainda sem nome já o amavam muito mais do que o suficiente. Dariam suas vidas por ele.

 

Incrível, não é? Aí está mais uma vez o som do coraçãozinho do pequeno príncipe, que está se desenvolvendo perfeitamente bem pelo que vejo. --- a doutora analisou meticulosamente a tela, anotando algo em um relatório e Arizona acompanhava tudo com mais detalhes para explicar para ela mais tarde. — A cada nova consulta, mais emocionante fica. --- Callie concordou, lembrando do fato que ela poderia assistir o que aquela telinha transmitis quantas vezes quisesse. Por isso, solicitou a gravação de maus um ultrassom, então ela poderia assistir com suas bebês, mandaria para Sofia, para seus amigos e toda sua família... Era incrível!

 

Alguns minutos de explicações da Doutora prenderam completamente sua atenção. Arizona fazia algumas perguntas mais específicas e a mulher detalhava tudo o que seu extenso conhecimento lhe permitia dizer.

 

O coração dele, Ari. O coração do nosso lindo bebê! Não vejo a hora de colocar a gravação para as meninas ouvirem mais uma vez. --- exclamou à medida que caminhavam pelo estacionamento. — Você pode me beliscar, amor? Ainda não sei se consigo acreditar que estamos esperando um menino, que ele é saudável e escutamos o coração dele bater ritmadamente. --- esperou que Arizona destravasse a porta do carro, e assim que ela fez entrou sentando-se no banco do passageiro totalmente afoita. — Anda não consigo acreditar totalmente em tudo isso. Parece um sonho!

— Confie em mim, Calliope: não é um sonho. E cegamente e completamente eu amo você! --- a mulher afirmou com toda a convicção do mundo, olhando para ela com um sorrio encantador nos lábios.

 

Ali, ainda tão pequeno seu lindo serzinho, era a prova de que toda a tempestade não fora em vão. Tudo tinha seu tempo, tudo só vinha no tempo certo e o seu tinha chegado. Ali, estava a prova de que ela lutaria novamente quantas vezes fosse necessário, para que pudesse chegar até aquele momento e ver a expressão de felicidade e orgulho no rosto de Arizona. Não tinha preço e era o suficiente para garantir uma quantidade de felicidade que a manteria forte e confiante pelo resto da vida.

 

 

Naquela mesma semana, durante a madrugada, ela acordou de repente com um pouco de suor na testa. Ignorando o sonho estranho sobre ter trigêmeos, sentiu seu estômago roncar. Não ouviria mais as baboseiras e o terror que Addison fazia questão de implantar em sua mente. Permaneceu quieta por uns instantes, apenas ajeitando as alcinhas da camisola e tentando se livrar daquele estranho pensamento. Lá estava um deles: os desejos da gravidez. E uma vontade absurda tomou seu corpo.

 

Callie tentou deixar para lá, até mesmo fechou os olhos e disse ao seu cérebro para apenas pensar nas atrocidades gastronômicas ou quinhentas maneiras de se vingar de Addison, e lhe deixar dormir em paz. Mas parecia algo tentador demais e talvez até um desejo nojento. O que fazer?

 

— Calliope, o que foi? --- Arizona adiantou-se a perguntar com a voz sonolenta, a surpreendendo. Arizona tinha o sono leve o que a fez acordar rápido.

— Não foi nada! --- negou, erguendo o corpo e pressionando as costas na cabeceira da cama. Não poderia incomodar Arizona com uma loucura como aquela. Então, apenas fechou os olhos com força e mandou várias vezes que o desejo fosse embora. Lutando contra o próprio corpo que exigia arrego, Arizona imitou sua posição na cama.

— Vamos, me diga. O que está acontecendo? Não se sente bem? Vou ligar para a... --- não deixou que Arizona continuasse, pois cortou uma fala.

Shhhhh... --- deixou o som sair exagerado pelos seus lábios, massageando as têmporas. — Pare de falar, talvez assim vai embora.

— O que? --- sua mulher questionou, confusa.

— Esse desejo! --- salivou e sentiu a barriga roncar mais uma vez.

— Pelo amor de Deus Calliope. É madrugada, do que você realmente está falando? --- Arizona era tão lenta quando estava cansada e com sono. E de repente, uma irritação a possuiu. Segurou Arizona pela gola do blusão largo que ela gostava de dormir e a olhou no fundo de seus olhos, soltando o ar com força e reconhecendo que deveria soltá-la. Os olhos azuis estavam arregalados e lhes fitavam com pavor.

 

Sabia que era errado torturar sua mulher daquele jeito, realmente Arizona se esforçava e tinha muita, mais muita paciência com ela. E sabia que por dentro a loira deveria estar prestes a explodir.

 

— Eu queria sorvete de pistache com cogumelos por cima. Mas tenho que comê-los assistindo um amor para recordar. --- explicou com a voz alta, animada com a ideia mesmo que fosse grotesca. — Sorvete de pisctache, você me entendeu Arizona? Estou até sentindo o gosto na boca. --- gesticulou exageradamente, notando uma produção excessiva de saliva em sua boca. Exatamente semelhante a quando se está com muita fome. Conseguia assustar Arizona cada vez mais. Suas sobrancelhas se uniram.

— Mas que porra um amor para recordar tem a ver com isso? --- ela não disse? Arizona estava prestes a explodir... e aquilo não era nada bom para seus hormônios.

— Eu é que vou saber? Sonhei com isso e agora tenho essa necessidade esquisita. Mas deixe para lá, onde é que vamos encontrar sorvete de pistache e cogumelos a essa hora da noite, não é mesmo? --- voltou a deitar-se, virando de lado e deixando apenas sua cabeça de fora das cobertas. Sorvete de pistache. Cogumelos. Sorvete de pistache. Cogumelos. Que sensação horrível... e logo se viu sozinha por entre as cobertas quentinhas.

— Me espere! Não durma, vou trazer o que você quer. --- Arizona sorriu confiante, como se fosse a mulher maravilha e estivesse se preparando para salvar toda humanidade do mais completo caos. Ohhh céus, ela não merecia aquela mulher!

Obrigada, Ari. Não sei o que eu faria sem... --- tampou a boca com uma das mãos que suavam frio. — De novo... não! --- saltou para fora da cama, tropeçando em seus próprios pés até alcançar o banheiro. Realmente, era uma bela rotina. E a vontade de comer aquelas porcarias misturadas só pareceu aumentar depois que o enjoo de esvaiu.

 

 

 

Era domingo, estavam jogadas no sofá enquanto as pequenas se distraíam no mundo Disney na enorme tv da sala de estar. Arizona ao seu lado, procurava algo em um livro, seus olhos focados nas páginas a divertiam. Callie cutucou a perna da esposa algumas vezes, tentando roubar sua atenção.

 

— O que você acha de Adam? --- questionou.

— Não! --- só então foi perceber que aquele era um livro com nomes para bebês.

— Arthur? --- a loira arriscou outra vez. Ainda não tinham decidido um dos detalhes cruciais.

— Não! --- respondeu indiferente.

— Benjamin? --- mesmo sabendo que tivesse um significado bonito, não fez seu coração sentir nada.

— Não... --- bufou desanimada. Só aceitaria o nome que lhe causasse algum tipo de sensação imediata assim que pronunciado.

— E o que acha de prestar atenção em mim? --- a mão de Arizona segurou seu queixo, virando o rosto em sua direção. O silêncio se alastrou e a mulher lhe mostrou a página do livro com seus significados.

 

 

Um nome em meio a lista com iniciais M lhe chamou atenção. Geralmente, quem possui um nome que comece com a letra M é bastante ligado à família e muito emotivo, podendo muitas vezes exagerar nos cuidados com aqueles que amam.

 

— Ari, o que acha desse aqui? --- apontou com o dedo. ‘’Miguel’’ Nome de um arcanjo. Significa ninguém é como Deus e indica uma pessoa diplomática e inteligente. Seu coração estava acelerado, finalmente ela tinha achado o nome que lhe causasse uma cosquinha na barriga.

Eu amei! Olá, Miguel! --- uma sorridente Arizona cumprimentou sua barriga, sem fazer qualquer objeção. — Meninas, o bebê finalmente tem um nome. --- a loira, exclamou alto, chamando atenção das filhas.

É Miguel. Príncipe Miguel. O que acharam? --- olhou para as duas que estavam com os olhos sobre sua barriga.

— ‘’Oh, mama! Adolo mingau.’’ --- Laura levantou comemorando. Em sua cabecinha o irmão tinha nome de comida. Arizona olhou para ela e em segundos, as duas riram até que lágrimas saíssem de seus olhos.

— Vamos ligar para a Sofia e contar a novidade! --- Arizona esticou-se no sofá até conseguir pegar seu celular. Os minutos depois, sons de animação, risadas e felicidade se fizeram presentes.

 

 

Já na 20° semana gestacional, Callie tentava dissipar aquela vontade de gritar, de sair chutando tudo e depois chorar de arrependimento. Era quinta feira a tarde, Arizona só trabalhou no período da manhã e tinha tirado o restante do dia de folga para ficar com ela e com as meninas em casa. Falando nelas, estavam super protetoras e toda hora perguntavam se o nenê estava mexendo. Era lindo ver a empolgação gritante através dos olhos infantis quando se debruçavam e resolviam conversar com o ‘’mingau’’ e por mais que repetisse quinhentas vezes que era ‘’Miguel’’ o nome correto, Alice e Laura resolveram batizar o irmão com nome de gato.

 

Sofia tinha vindo para casa na semana anterior, pena que só ficou por três dias. Ter sua primogênita em casa era uma mistura de saudade, felicidade e paz. Estavam tão felizes em tê-la em casa novamente, que Arizona levou todas para dormir em um quarto só o que gerou uma bagunça gostosa com colchões espalhados pelo quarto. Como um grande acampamento. Não via a hora de Miguel chegar e fazer parte daquela bagunça que iria ser completa.

 

Agora sua vontade era de chorar, chorar e chorar. Expelir lágrimas até que não houvesse mais nenhuma disponível. Os enjoos não existiam mais, o problema era com seu corpo que parecia cada dia mais pesado. No instante em que ela sorria, já sentia o sangue ferver sem motivo aparente. Ela tentava ao máximo procurar maneiras de se acalmar. Exagerava nos doces, nos documentários sobre gravidez e mesmo que soubesse de muita coisa, nunca era o suficiente.

 

Estava em seu quarto, acreditava que Arizona estivesse no quintal com Francine e com as meninas. Então passou algum tempo escolhendo faixas musicais de algumas bandas, depois colocou para tocar uma que lhe agradava bastante e tentou deixar a música lhe levar... empolgada, logo se viu no meio do quarto apenas de blusa e calcinha e fones de ouvido. Estava cantando e encenando como se estivesse de fato fazendo um show para uma vasta plateia.

 

A porta fora aberta. Tempos antes, aquilo não iria lhe aborrecer, mas naquele momento sentiu seu rosto corar e largou o corpo sobre a cama, ficando sentada. Arizona tinha lhe flagrado cantando e dançando loucamente. A mulher começou a rir espontaneamente e ela segurava a colcha com força, tentando fingir que a vontade de arrancar sua cabeça não começasse a lhe invadir. Porém a desgraçada não parava de lhe olhar. Arrrg!

 

Sua cabeça doía, assim como os seios e as pernas. Então ela explodiu. Foi inevitável!

 

— O que você está olhando, Arizona? --- gritou, saindo da cama e indo para mais perto dela. — Acha mesmo tudo isso engraçado? Bom saber, muito bom saber Robbins... --- passou como um furacão, esbarrando seus corpos e foi desesperada até o banheiro, revirando tudo até encontrar algum remédio para aquela cabeça que não parava de latejar. Quando retornou ar quarto, encontrou Arizona sentada na cama e ela estava mexendo no celular onde digitava freneticamente e pela sua expressão, diria sem objeção alguma que ela estava no seu limite.

 

Xingando-se incontroláveis vezes, rompeu a distância entre seus corpos e a beijou. Sim, ela largou o corpo sobre o da loira com cuidado e uniu seus lábios de forma ardente. Arizona com medo de lhe machucar, rapidamente interrompeu o que faziam e a olhou nos olhos. Seu olhar lhe enterneceu, então Callie cedeu arrependida, acariciando sua bochecha.

 

Você acha mesmo certo me assustar desse jeito, Callie? --- Arizona indagou com a voz baixa, quase como um sussurro. E Callie sabia que seu rosto estava pálido.

Te assustar? --- riu descrente, tomando uma considerável distância dela e cruzou os braços. — Sim... vamos apenas fingir que quem deve ficar assustada aqui é você. Vamos apenas fingir que quem sangrou na segunda-feira foi você. --- a loira se levantou com violência da cama ficando de frente para ela.

Então eu não tenho a opção de me preocupar? Minha esposa, grávida de um filho meu, tem um sangramento e eu tenho que ficar calma? --- alterada, Arizona começava a andar de um lado para o outro no quarto. — Se você parasse de se preocupar com besteiras, como sair do hospital depois de um dia exaustivo e ir bater perna atrás de mais roupinhas e sapatinhos de bebê, talvez aquilo não tivesse acontecido.

— Agora a culpa é minha? Poupe-me, Arizona! --- engoliu as lágrimas. — Você poderia parar de exigir tanto de mim e começar a fazer mais. Podia pelo menos tentar entender que eu realmente estou com medo, muito mais do que você. Você só sabe falar em regras, e parece até que eu não faço o suficiente. Então faça-me o favor: suma da minha frente agora mesmo! --- silêncio. Sua respiração estava pesada e Arizona olhava para ela como se não tivesse acreditando em tudo o que havia escutado. — E saiba que eu... --- foi interrompida.

Chega, Calliope! Estou cansada de ouvir tantas besteiras! --- a latina assustou-se com a expressão e voz tão alta, a qual Arizona não costumava falar. Então ela encolheu um pouco o corpo e deu alguns passos para trás, e instintivamente levou uma mão até a barriga. — Não ouse falar como se eu não estivesse fazendo o melhor que posso por aqui. Tenho paciência, aguento seus ataques, sempre faço o que me pede... e você ainda acha que eu não entendo? Que não me esforço? Chega, Torres! Apenas, chega! Sei que não é fácil, mas chega de descontar em mim. Estou indo para a casa da Teddy, e se precisar de alguma coisa peça ajuda as suas amigas já que olhar para mim parece te fazer tão mal. --- a mulher pegou seu casaco em cima da poltrona e lançando apenas mais um último olhar vago, bateu a porta.

 

 

Seus olhos e nariz arderam, então a testa se enrugou e aquele choro teve início. Sentou-se no chão mesmo, encostando as costas na cama com um pouco de dificuldade e abraçou seus joelhos escondendo o rosto e deixando aquele desabafo fluir. Não era justo o que ela estava fazendo, não era justo nem com ela e nem com Arizona. Ela só queria poder se livrar de todos os seus medos e incertezas, esquecer de todo o susto que teve no meio do shopping quando fora ao banheiro e detectou o sangramento e viver sua vida como deveria viver.

 

Alguém abriu a porta, dando passos leves. Logo se sentou ao seu lado e mãos delicadas envolveram seu corpo, então constatou que se tratava de Francine. Desfez aquela posição e deixou-se ser abraçada, enquanto os dedos da babá mexiam nos fios finos de seu cabelo. Francine era como se fosse da família, já tinha visto e ouvido tantas discussões dela com Arizona... então ela continuou esperando que as lágrimas secassem. Depois, Fran a olhou nos olhos e sorriu sem mostrar os dentes. Do lado de fora da janela, era notável que o clima um pouco frio estava começando a se alastrar.

 

Como eu disse agora pouco para a Arizona: vocês ainda vão rir muito disso. --- a mulher disse simplesmente, a soltando.

 

Callie mordeu o lábio, limpou as lágrimas com as costas da mão e levantou-se, procurando por algum casaco.

 

— Venha, Francine! Agasalhe as meninas e vamos dar uma volta por aí! --- disse passando pela babá e indo tirar o carro da garagem.

 

 

O dia escureceu. Francine já tinha ido embora, então ela pegou as meninas e foi de carro até o apartamento em que Teddy morava. Quem sabe conseguiria encontrar Arizona ainda por lá? Não tinha ligado para saber e a loira também parecia estar dando mais importância para as conversas esfarrapadas com sua amiga.

 

Quinze minutos se passaram, ela ouvia as filhas cantarem, agora, a música de Moana. Nuvens escuras tomavam o céu e ela batia freneticamente os dedos sobre o volante do carro. Até que saindo do condomínio, avistou Arizona descendo algumas escadas ao lado de uma mulher vestida socialmente. Pareciam envolvidas na conversa que as duas pareciam não fazer questão de arruinar. Ela fechou os punhos respirando diversas vezes e seus hormônios faziam a gravidade da cena ainda mais elevada, bem mais elevada ela diria.

 

Do lado de fora, Arizona destravou o carro. Ela estava do outro lado da rua com o carro um pouco atrás, as meninas viram a mãe do lado de fora e começaram a chama-la, porém graças aos vidros fechados a mulher não escutara. Arizona ainda conversava animada com a tal engravatada, as duas se abraçaram e a mulher entregou algum papel antes de enfim se despedir e se afastar. Foi quando a loira deu meia volta para entrar no banco do motorista, estacou no lugar quando olhou mais para trás. Merda, ela tinha reconhecido seu carro. Callie virou o rosto bruscamente quando Arizona percebeu sua presença dentro do carro, e quando a mulher fez menção de ir até ela, ligou o carro passando pela mulher como um furacão. Ela não ia chorar, não ia mesmo.

 

Por mais que seu período de sensibilidade continuasse ali, não daria o braço a torcer. Se Arizona preferia se divertir e passar seu dia de folga em conversas casuais com mulheres de corpos e cinturas finas, o problema era dela. Nada conseguiria diminuir sua felicidade. Mas quem ela queria enganar? As oscilações de humor fizeram com que ela se sentisse traída e neurótica ao mesmo tempo. Era óbvio, fora apenas uma conversa. Provavelmente a engravatada poderia ser alguma parente de Teddy ou Henry. Até uma advogada, talvez... Mas por que Arizona precisaria de uma advogada?

 

Não era a primeira vez que a insegurança corria por suas veias. Quando suas roupas começaram a ficar apertadas, aquele sentimento veio com muita força. Até quando Arizona recebia ligações de pacientes ela ficava com ciúmes e em uma de suas discussões, sua mulher tinha criticado severamente sua insegurança.

 

‘’Lide com o fato que eu irei conversar com muitas mulheres durante minha vida de cirurgiã fetal e pediátrica. Mas você é quem vai estar sempre nos meus pensamentos, até mesmo durante as conversas mais interessantes....’’ essas foram as suas palavras, potentes e invencíveis o que fez com que seu orgulho fosse derretido.

 

Callie colocou os pés para fora do carro depois de ter estacionado o veículo de qualquer jeito em frente a sua casa. Abriu a porta de trás e liberou as filhas de suas cadeirinhas. As duas estavam quietas, pareciam assustadas. Também, pela velocidade que estava qualquer um ficaria. Já poderia sentir a tempestade cair quando Arizona pisasse em casa. Não atendeu nenhuma de suas ligações, estava empenhada demais tentando chegar em casa as pressas que quando notou, já estava em casa. Xingou-se repetitivamente por ter sido imprudente no trânsito. Duas bebês na parte de trás e um que nem tinha nascido ainda. Arizona iria lhe matar. Estúpida, idiota, impulsiva! Será que Arizona lhe perdoaria?

 

— ‘’Cadê a Mommy?’’ --- Laura olhava para os lados e deu a mão para a irmã que segurava seu ursinho, inseparável.

— A mamãe já deve estar vindo para casa. --- pegou a pequena mochila infantil e trancou o carro. — Vamos entrar e espera-la lá dentro. Okay? --- as meninas andavam de mãos dadas a sua frente.

 

 

Ao contrário do que imaginava, Arizona demorou para chegar. Pensava que ela chegaria em casa as pressas e entrassem em uma discussão. Já tinha até formado alguns argumentos em sua mente, mas nada de sua mulher aparecer. Será que ela tinha voltado para o apartamento de Teddy?

 

 

— ‘’Mama, quelo pintá!’’ --- estava sentada no sofá e passava freneticamente pelos canais de tv, os quais não chamavam sua atenção, quando Alice apareceu com uma folha de ofício nas mãos.

Acho que está um pouco tarde para esse tipo de brincadeira, mocinha. --- deixou o controle de lado e levantou do sofá sendo seguida pela filha. — Vamos trocar de roupa, botar a fralda que daqui a pouco está na hora de dormir e vocês precisam jantar ainda.

‘’Pufavô!’’ --- a pequena fez uma voz chorosa mostrando o papel ainda em branco.

Só um pouquinho. Mas vamos tirar essa roupa, pois se sujarem a mãe de vocês me mata. --- o aquecedor da casa estava ligado, então deixou-as livres apenas com a fralda já para dormir. Na mesa infantil separou algumas folhas de ofício e colocou uma pequena caixa onde guardava lápis de cor, canetinhas e tinta. — Não é para pintar o chão, as paredes ou a mesa, apenas as folhas entenderam? --- as duas que estavam em pé já fazendo suas artes balançaram a cabeça e ela voltou para a sala ignorando mais uma ligação de Arizona.

 

 

Alguns minutos se passaram, se encontrava perdida em pensamentos quando seu celular tocou mais uma vez. Só que agora sorriu ao ver o nome de sua filha na tela e atendeu no terceiro toque.

 

Ligação On:

 

Callie: Boa noite, filha! --- saldou.

Sofia: Ah, pelo menos uma de vocês me atendeu. Estava ligando para a mamãe, mas só dar ocupado. --- reclamou.

Callie: Oi, mãe. Tudo bem com você? Como passaram o dia? --- disse de forma debochada.

Sofia: Eu ia perguntar isso, engraçadinha. --- soltou uma leve risada. — Como foi o dia de folga? A senhora está melhor? Não anda fazendo nenhuma estripulia não, né?

Callie: Pois saiba que tudo o que sua mãe ou seu pai disseram são exageros. Foi apenas um suto. --- afirmou.

Sofia: Eu fico feliz que foi apenas um susto. Meu irmãozinho favorito está bem?

Callie: Ele está ótimo, mexe bastante toda a manhã e dorme a noite toda. --- sorriu. — E que suas irmãs não ouçam você chamando-o de irmão preferido.

Sofia: Cadê essas pestinhas? Já estão dormindo?

Callie: Estão brincando de pintura, e eu duvido muito que elas durmam com sua mãe fora de casa.

Sofia: E onde a Dra. Robbins se enfiou? --- questionou e ela pensou um pouco. Nem ela tinha certeza de onde Arizona poderia estar.

Callie: Creio eu que na casa da Teddy. --- soou duvidosa.

Sofia: A senhora não tem certeza?

Callie: Tenho. Só que ela está demorando mais que o normal. --- enquanto falava podia ouvir Laura e Alice começarem a brigar uma com a outra. — Como foi seu dia na faculdade e no trabalho?

Sofia: Foram ótimos. Por alguma razão a cafeteria encheu bastante e ganhei ótimas gorjetas. --- comemorou. — E esse final de semana estou indo para Nova York, vou de avião porque consegui passagens super baratas.

Callie: Você tome cuidado. Não aceite nada de estranhos na rua Sofia.

Sofia: Mãe, eu não sou mais criança. Irei na sexta depois da aula e retornarei no domingo a noite. Não se preocupe, ficarei no apartamento da Zola.

Callie: Mesmo assim é sempre bom lembrar... --- a gritaria vinda da sala de jantar aumentou e ela levantou do sofá. — Filha, tenho que desligar. Suas irmãs estão brigando! Vou falar para sua mãe te ligar.

Sofia: Eu estou ouvindo daqui a gritaria. --- gargalhou. — Boa sorte para separar essas duas pestinhas. Amo você e até depois. --- despediu-se.

Callie: Também amo você filha.

 

Ligação off

 

 

Quando Callie avistou as duas brigando por uma canetinha, assustou-se com a situação em que se encontravam. Os braços, barriga e rostos todos manchados de tinta. Não tinha sido uma boa ideia aceitar a ideia de pintura aquela hora da noite, teria trabalho para limpá-las. Pelo menos o chão e as paredes da sala de jantar estavam a salvos, porém não poderia dizer o mesmo da mesinha infantil.

 

Laura e Alice! --- falou alto fazendo as duas pararem de lutar. Jade estava ao lado das duas e tinha seu pequeno focinho sujo de tinta. Estava verde e aquilo só poderia ser arte de Alice que não deixava a cadelinha em paz. — Que bagunça e gritaria é essa? --- assustou-as mantendo seu tom de voz firme.

‘’Ali não qué empestá, Mama.’’ --- Laura apontou, emburrada, para a canetinha ainda na posse das mãos de Alice.

Por que vocês se pintaram? A mamãe não deu as folhas para desenharem? Vocês estão todas sujas! --- tirou a canetinha vermelha da mão de Alice que começou a chorar. — Agora vão me ajudar a colocar tudo de volta dentro da caixa. Eu vou pegar um pano para limpar a mesa. --- nesse momento Laura com seu jeitinho começou a colocar as canetinhas de volta na caixa enquanto Alice preferiu se jogar no chão não gostando de ter a brincadeira finalizada.

‘’Quelo Mommy!’’ --- chamou por Arizona com a barriga pra cima, deitada no chão. Conforme o choro ia aumentando, Callie também começou a sentir vontade de fazer o mesmo. — ‘’Quelo a Mommy! Quelo a Mommy!’’ --- repetia, soluçando.

Alice, levanta! --- com cuidado agachou e a pegou pelo braço suspendendo-a. — Não há motivos para todo esse choro. Olha para a sua irmã ajudando a mamãe a guardar tudo. --- estava quase explodindo vendo-a se jogar no chão novamente quando escutou um barulho de carro na garagem. Respirou fundo, deixou-a se arrastando sozinha no chão e foi acabar de limpar a mesa.

 

Logo depois, a porta interior que dava acesso a garagem fora aberta e Arizona surgiu com algumas sacolas na mão. Detectou que era comida. Alice levantou correndo e correu em direção a loira que a olhou espantada pelo estado da criança. As lágrimas tinham manchado mais ainda seu rosto.

 

O que aconteceu com você, meu amor? --- Arizona agachou na altura da filha que soluçava e se pendurava em seu pescoço. Acabou deixando as sacolas no chão pegando no colo. — Hey, não precisa chorar. Fala para a mamãe, o que houve? --- limpou as lágrimas de Alice e fez uma careta quando seus dedos se sujaram de tinta.

 

 

Callie decidiu deixar o pano que estava limpando a mesa de lado e foi pegar as sacolas de comida que estavam no chão. Arizona lhe lançou um olhar questionador ao lhe acompanhar e ver o estado também de Laura.

 

— Me pediram para brincar de pintar, eu deixei. E enquanto falava com Sofia ao telefone as duas resolveram entrar em guerra. Acabei com a brincadeira e pedi para que me ajudassem já que estava tudo espalhado, Alice preferiu fazer pirraça se jogando no chão e começou a chorar. Até o focinho de Jade foi pintado. --- apontou para a cachorrinha que balançava o pequeno rabinho. — E ainda bem que você chegou, ela já estava levando o restante da minha paciência embora.

— O restante de sua paciência? --- Arizona franziu o cenho, olhando em seus olhos.

— Sim! Eu tive vontade de deixa-las aqui e sair para chorar. --- colocou as sacolas em cima da mesa de jantar.

— Vou subir para dar um banho nelas. Eu trouxe o nosso jantar e por isso demorei. --- suspirou, cansada. — Te liguei para perguntar o que gostaria de comer, mas você rejeitou todas. --- acusou. — Venha filha, vamos tomar banho na banheira com a mamãe. --- chamou Laura que deixou o que estava fazendo e pegou na sua mão.

‘’Mommy! Ali não empesto a cor malela pá eu pintá.’’ --- enquanto iam caminhando até a escada, Laura resolveu contar o que a irmã tinha aprontado. — ‘’E Mama bigô e Ali choro.’’ --- a voz da filha ia ficando longe e Callie se viu sozinha. Arizona ia demorar para descer, então ela pegou as sacolas e levou para a cozinha. Iria ter que esquentar a comida.

 

 

No andar de cima, Arizona encheu a banheira de seu quarto e tirou a frauda que as duas pequenas usavam. Colocou-as dentro do recipiente brincando com alguns brinquedos e foi até o quarto retirar suas sandálias. Aproveitou para retirar sua roupa, pois iria tomar banho junto com as pequenas que dariam trabalho para retirar toda a mancha de tinta de seus corpinhos miúdos.

 

— ‘’Eu fiz um catelo cololido e muita ávurê e bichinhos.’’ --- à medida que ia ensaboando as filhas dentro da banheira, as duas iam contando o que desenharam.

Ah, é? E que bichinhos a princesa Alice desenhou? --- enxaguou os corpinhos. As duas fecharam os olhos esperando seus cabelos serem lavados.

— ‘’Jadyy, passalinho, tataluga e peixinho.’’ --- contou.

Que lindo! Depois a mamãe vai querer ver todos os desenhos. --- uma das melhores brincadeiras com elas, era desenhar. A imaginação de uma criança era sensacional, principalmente as duas suas filhas.

‘’Até minha paia com baeila?’’ --- Laura soou feliz se jogando em seus braços. As três estavam dentro da banheira e no início tinham reclamado que Arizona não deixou enchê-las com espuma.

— Claro que sim, mas eu teria medo de entrar na água com uma baleia. --- arregalou os olhos abraçando o corpinho de Laura. — Você não teria medo, filha?

‘’Não! Tio Maikee disse que sô colajosa igual a plincesa Vaiolete.’’ --- gargalhou com a forma que Laura falou balançando sua cabecinha. Tão inocente.

— Ah, sim claro. Seu tio Mark! --- revirou os olhos e beijou um dos lados de sua bochecha. — E é Valente o nome dela, meu amor.

— ‘’Vaiente!’’ --- tentou, repetindo.

— Quase isso... --- desligou a água e as pequenas reclamaram que o banho já tinha acabado. Até no frio elas gostavam de ficar na banheira fazendo bagunça.

 

 

Se não fosse por Callie comentando sobre o telefonema de Sofia, o jantar teria sido mais do que silencioso. As duas se dividiam entre comer e ajudar as pequenas com a refeição. E após o jantar, Arizona retirou os pratos da mesa e a lavar a louça seria por sua conta. A latina sentou as meninas no sofá e ligou a tv, deixando-as vendo desenho animado e retornou para a cozinha onde encontrou a loira cantarolando uma música. Arizona notou sua presença, então parou de cantarolar e a olhou por cima dos ombros antes de separar a louça para poder secá-la.

 

Poderia pegar meu tablet na minha bolsa? Ela está na sala e eu gostaria de lhe mostrar uma coisa. --- a loira pediu, ela concordou de imediato e foi até a sala busca-lo. O ligou no percurso de volta para a cozinha. — Entra no meu e-mail pessoal, por favor. --- pediu.

O que é que tem no seu e-mail? --- ergueu a sobrancelha acessando o e-mail de Arizona, e esperou.

— Antes de você resolver me odiar a semana inteira, eu estava planejando em fazer uma surpresa sobre o projeto do quarto do Miguel. Como nós duas gostamos muito do projeto do Dom, perguntei para a Teddy qual era o profissional que o tinha feito. Então ela me apresentou a Sara que é projetista e design de interiores. --- Callie ficou surpresa, então clicou nos três e-mails que continham o nome da Sara e quando abriu o arquivo, prendeu a respiração. Era projetos do quarto seu bebê. — Eu queria que ela viesse hoje aqui, mas você não estava tendo um bom dia. Resolvi me encontrar com ela na casa da Teddy mesmo.

— Então a engravatada é essa tal de Sara? --- falou mais para si mesmo que para Arizona que não entendeu nada.

Engravatada? --- começou a secar a louça e guarda-las em seus devidos lugares.

A mulher com quem eu vi você conversar em frente ao apartamento da Altman. --- respondeu não tirando os olhos dos projetos. Estava tudo tão lindo. — Por que não me contou antes?

— Eu disse para você que era uma surpresa. Gostou das cores? O quarto das meninas tem mais a minha cara, mais clean com toques coloridos. Gostaria de fazer do quarto do Miguel mais a sua cara. Eu sei que seu sonho sempre foi ter um menino. --- terminou de guardar o último prato no armário e estendeu o pano de prato.

— Eu amei, Ari. --- sentiu Arizona colocar-se ao seu lado na ilha da cozinha. — Cada detalhe...

— O que você estava fazendo na frente do apartamento da Teddy? --- Arizona cruzou os braços em cima da ilha, curvando o tronco para frente.

Não sei... na verdade eu queria encontra-la, te pedir desculpas por mais cedo. Mas quando cheguei lá você estava de conversa e toda risonha com a engravatada. --- fez uma careta encolhendo os ombros.

Se você não tivesse saído de lá como um furacão, evitaria muita coisa. Principalmente o ciúme que está correndo por suas veias até agora. --- Arizona tocou seu braço com uma das mãos. Lhe encarava como se pudesse ver sua alma e soubesse de todos os pensamentos insanos que corriam em sua mente.

— Eu não estou e nem fiquei com ciúmes. Eu só fiquei chateada, pois fui lá lhe buscar e te encontro conversando com uma mulher linda e... --- a latina tentou se explicar, mas fora impedida por sua mulher.

Ciúmes... --- sua mulher afirmou mais uma vez. — Está perdoada, Calliope! Eu não quero brigar com você, quero que se mantenha feliz e saudável. Por isso vamos nos encontrar com a Sara no sábado e você poderá falar tudo o que quer no quarto do nosso filho.

— E se eu quiser colocar uma cesta de basquete na parede? --- depositou o tablet em cima da ilha da cozinha quando Arizona resolveu passar as mãos sobre sua barriga.

— Eu deixo você colocar! --- soltou uma pequena risada antes de depositar um beijo na ponta da barriga.

E se eu quiser colocar um papel de parede do Thor já que ele é o meu favorito. Lindo e todos aqueles músculos... --- sorriu ao ver a cara feia que sua mulher fazia com seu comentário.

— Huuum... eu também deixo você colocar um papel de parede do Thor. Mas aposto que nosso filho vai gostar mais do Homem de Ferro. --- a loira colocou os braços em volta dos ombros latinos e depositou um selo em seus lábios.

Veremos! --- sorriu beijando-a de volta. — Me desculpa por fazê-la chegar ao limite, vou tentar ser uma esposa grávida melhor. Prometo!

Não prometa o que não irá cumprir, mulher... --- brincou soltando-a e desligou o tablet. — Agora vamos subir para dormir. Amanhã eu tenho que está as sete da manhã no hospital e ainda tenho que responder alguns e-mails.

 

 

Se dividiram para escovar os dentes de Laura e Alice. Apesar de não terem dormido durante a tarde, parecia que o sono para aquelas duas não chegava nunca. Estavam agitadas.

 

— ‘’Ih Lala está com baligão!’’ --- Alice agachou olhando para a barriga da irmã estufada. As duas começaram a gargalhar no corredor que dava acesso aos quartos.

— ‘’Comi muito fanguinho, Ali.’’ --- gargalhava enquanto a irmã a imitava estufando também sua barriga.

Hey, suas fujonas! Vamos para o berço que já passou da hora das mocinhas dormirem. --- Callie disse batendo palma e as duas saíram correndo. — A mamãe vai cantar somente uma música hoje, tudo bem? --- colocou as duas dentro do berço, apagou a luz do quarto e deixou apenas a luz do banheiro da suíte ligada.

 

 

Cerca de dez minutos depois, verificou a babá eletrônica e somente encostou a porta do quarto, deixando somente uma frecha aberta. Depois que Sofia se mudou, Jade passou a dormir no quarto das pequenas como uma guardiã. Dormia em sua caminha que ficava ao lado da porta.

 

 

Callie sorriu maliciosa ao sair do banheiro, abrindo lentamente seu robe e revelando uma camisola preta, digamos, provocante. Pelo menos ela contava com o máximo de sensualidade que uma gravidez permitiria e um apetite sexual questionável. Ela esperava está fazendo a coisa certa, Arizona já tinha lhe perdoado, porém sexo de reconciliação naquele momento seria muito bem-vindo.

 

Brincando com seus próprios cabelos soltos, caminhou até a cama, porém Arizona mal parecia lhe notar ao trabalhar em seu notebook. Então com cuidado, encostou as duas palmas de sua mão sobre o colchão, apoiando também os joelhos e engatinhando até ela, distribuindo beijos insinuantes em seu rosto e pescoço. Uma das mãos da mulher foi até suas costas, acariciando o local.

 

— Vejo que o mau humor de alguém já passou! --- Arizona provocou. A latina passou uma de suas pernas pelo seu corpo, tirando o notebook de seu colo e tentando não parecer absurda por querer se sentar em seu colo com aquela barriga que cada dia crescia mais.

 

O olhar cintilante, pecaminoso, entregou que não se importava e que na verdade, como havia dito diversas vezes, lhe achava linda e mais linda do que nunca. Um calor rodeava todo o seu corpo, o desejo pelo corpo de Arizona fazia com que ela não se segurasse antes de segurar os cabelos da nuca da mulher com vontade, grudando seus lábios. Mas para sua tristeza, Arizona quis encerrar aquilo.

 

Sua mulher estava chateada. A tarde de folga que ela tinha planejado não tinha saído da forma que desejava. Para a loira, era como se um sinal vermelho piscasse e parecia ter adquirido um desprezível mantra. ‘’Eu perdoei, mas não esqueci.’’ Porem, Callie tentada a conseguir o que queria de qualquer maneira, puxou a blusa do baby-doll para cima, inclinando um pouco o corpo até ficar deitada na cama, tendo a possibilidade de beijar sua pele. Fechando os olhos e segurando os lábios com os dentes, sua esposa tentou lhe puxar pelos ombros, para a deixar sentada. Mas ela negou com a cabeça.

 

Os olhos de sua mulher transmitiam as palavras ‘’Não posso te tocar como quero.’’ Então ela se deu conta do pequeno susto no início da semana. Conseguindo quebrar sua tensão e o livrar daquele maldito jeito recesso de lhe tratar, retirou o robe de uma vez e abaixou uma das alcinhas de sua camisola.

 

— Ari, entenda uma coisa... --- começou sussurrando perto de seu ouvido. — Ainda sou eu aqui! Ainda é a sua Calliope, sua esposa, aquela que você ama enlouquecer. E ela quer que você a enlouqueça agora. Então, se não se importar, vamos logo ao que interessa.

 

As mãos de Arizona, determinadas, agarraram seus quadris, a obrigando a sentar-se novamente em seu colo. Finalmente ela começava a conseguir o que queria.

 

— Amor... você teve um sangramento na segunda feira, não quero que você faça nenhum tipo de esforço. --- os lábios quentes tocaram seu pescoço, arrancando um leve gemido dos lábios latinos. — Podemos esperar acabar essa semana ou até fazermos um check-up no hospital mesmo. Porém eu digo que quando nosso filho nascer, você irá me pagar por me deixar desconcertada desse jeito. --- apontou.

Que tal me fazer pagar agora? Não tem problema. --- passou a língua pelos lábios, olhando nos olhos azuis. Movimentou seu corpo junto ao da esposa, roçando ambos.

— Calliope, pare! --- Arizona lutava consigo mesma. Travava uma batalha interna para retirar a mão de sua coxa, tentada a escorrer para o quadril. Mas parecia algo humanamente impossível para seu corpo, que naquele momento desejava ao seu. — Você é uma mulher muito cruel, muito cruel... – Callie sentindo a boca em seu colo, a estimulou com gemidos baixinhos que continuavam. — Se bem que eu prefiro você desse jeito, faminta e sexy ao invés da maluca e neurótica. Não é bem melhor?

— Será melhor quando me der o que eu quero, Arizona! --- exclamou.

— Você concorda com isso? --- a mulher apontou para sua barriga, espalmando sua mão ali e falando diretamente com Miguel que coincidentemente deu um chute. Riram juntas. — Nosso filho vai ser arteiro e aventureiro como você e parece que vai gostar de futebol. --- Arizona afirmou bancando a típica mãe orgulhosa antes mesmo da hora. Ela tratou de desconversar e voltar ao ponto interior.

A doutora disse que não tem problema algum, só devemos ter cuidado. --- lembrou a ela, brincando com seus dedos por toda a extensão de seu tronco desnudo até chegar a barra de seu short. — Eu não vou me privar de uma esposa tão.... --- sorriu marota, mordendo a própria língua na intenção de esconder a palavra. Arizona lhe lançou um olhar indecifrável, como se tentasse procurar uma desculpa. Então a latina se sentiu frustrada e triste, de repente. A suposta ideia de sua mulher não querer aquilo foi certeira. — A não ser que você não me queira... --- afastou um pouco seu corpo, aparentando uma fragilidade incomoda.

— Ei, mulher! Volte aqui! --- a mão de Arizona segurou seu pulso, grudando seus corpos novamente. — Que suposto mundo é esse onde eu não iria te querer?

— Então me tenha logo, sua idiota! --- sua voz saiu mais alta que imaginava, implorando. A Callie maluca estava de volta.

 

Carinhosa, Arizona fez com que ela se deitasse, sem colocar seu corpo totalmente em cima do seu. Ela distribuiu alguns beijos, enquanto tirava a camisola e sua calcinha aos poucos, sem pressa e com dedicação. Callie fechou os olhos, aproveitando. Sua esposa sabia como lhe tratar, jamais a machucaria. Nas mãos dela se sentia bem, em suas mãos estava segura e realizada. E estavam enganados aqueles que disseram que durante a gestação uma mulher não é capaz de sentir muito prazer. As mãos de Arizona vagavam por seu corpo, tocando nos lugares mais sensíveis os quais lhe arremetiam prazer. Encontrava-se de barriga para cima e naquele momento era uma posição favorável para o momento e sua condição. Sua mulher, esposa e amante conseguiu lhe levar ao paraíso, mesmo que de forma sutil, mesmo que parasse a todo o momento para perguntar se ela se sentia bem.

 

— Eu estou bem, Arizona! Agora continue com isso antes que eu arranque sua cabeça! --- um pouco assustada e querendo rir, a loira continuou a brincar com os dedos, levando seu estresse embora. — Continue, meu amor... --- pediu novamente, em meio a gemidos abafados. Os dedos que antes estavam em sua intimidade, tocaram seus lábios e ela sentiu seu próprio gosto, impedindo que outras palavras escapassem. Não podia negar que se sentiu um pouco insegura durante aquele contato tão íntimo, já que uma voz dentro de sua cabeça ficava questionando a todo momento: será que ela está sentindo prazer, mesmo desse jeito e sendo tão cautelosa?

— Pare de pensar! Sei o que estou fazendo, fique quieta! --- a voz da mulher soprou perto de seu pescoço, autoritária e ofegante. O corpo esguio se ergueu, Arizona abriu suas pernas e encontrou uma posição ideal ao encostar suas intimidades. O corpo dela começou a se movimentar fazendo maravilhas pelo seu, que apesar das diversas mudanças, continuava a querê-la como sempre. — Eu te amo! --- Arizona piscou, e ela sentiu uma lágrima solitária escorrer pela lateral de seu corpo.

— Eu também amo você! --- Arizona lhe perdoou. E como não poderia? As indiferenças anteriores ficaram para trás e ela esperava não enlouquecer mais ainda sua mulher até o fim daquela gestação.

 

 



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...