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História I Still Want You. - 06. Elvis e uma intensa troca de olhares.


Escrita por: NickYuki e damnpony

Notas do Autor


Olá nenens, tão bem? Bom, eu tinha dito que o cap anterior era pequeno, e eu sei que não era. Acontece que ele tinha menos de 5k e na hora que eu fui betar eu acabei mudando umas coisas e ele cresceu... Perdoa eu.

Desculpem o imenso atraso, eu tava corrido com trabalhos e tarefas e acabei procrastinando mto. Tbm entrei recentemente em dois projetinhos cheirosos e acabou que eu me embolei um bocado. Mas tamo aí e é isso que importa.

Hoje não tem só uma música, na vdd tem algumas que foram citadas no capítulo... Elas estarão nas notas finais. Boa leitura e desculpem qualquer erro.

Capítulo 7 - 06. Elvis e uma intensa troca de olhares.


Marquei de ir na casa de Jeongguk depois das duas, já que ele me disse que provavelmente iria almoçar na tia. Conversei com a minha mãe sobre o que havia ocorrido na escola e ela ficou um bocado horrorizada por causa da atitude de Seojun. Tá, talvez um bocado seja um eufemismo, e dos grandes. 

Faz alguns bons minutos que eu estou sentado na cama dela e a vejo andar para lá e para cá dentro do quarto, arrumando freneticamente o cabelinho de Junggyu, já que ele vai começar hoje a estudar no período da tarde. Mamãe é enfermeira, estava de licença pois teve que fazer uma pequena cirurgia na mão, devido a tendinite. E hoje ela voltaria a ativa e achou melhor transferir o pequeno para o vespertino. 

E eu que achei que ele fosse reclamar, que nada. Junggyu adorou ouvir isso, pareceu música para os ouvidos dele. Eu não sei porque ele ficou tão eufórico por saber que começaria a estudar em um novo horário, mas fiquei contente mesmo assim. Acho que se fosse Seokjin no lugar dele, choraria rios por deixar seus coleguinhas. Contudo, ao meu ver, Junggyu parece ser o mais sociável dos Kim. 

 

— Mãe, para de andar. Eu tô começando a ficar tonto. — clamei, na falha tentativa de faze-la se acalmar. 

— Eu ainda não consigo acreditar que alguém teve a coragem de fazer algo desse tipo com um menino tão queridinho como Jeongguk. — ela repetiu, pela vigésima vez, enquanto penteava os fios acastanhados do menor. Ele estava todo graciosinho de uniforme, geralmente eu não o via sair pois ele ia para a escola antes que eu e quando eu chegava da escola ele já estava sem o uniforme. — Acho isso um absurdo dos grandes, viu.

— Eu sinto que falhei em te contar isso, mamãe. — proferi rindo, recebendo um olhar raivoso na minha direção. 

— Mas fez muito bem em me contar sim, senhor. Que vergonha, o tal do Seojeong deveria sentir vergonha dessas atitudes. — murmurou com raiva. 

— Seojun, mamãe. — disse rindo mais, me arrependendo internamente do meu péssimo hábito de contar tudo para ela. Às vezes ela é meio maníaca com as coisas. 

— Não me corrige, que eu tô nervosa. — gargalhei com a sentença. — Ainda bem que você apareceu e mostrou que ninguém mexe com meu genro. 

— Jeongguk não é meu namorado, mãe. — sussurrei diminuindo o riso, em partes pela vergonha. Sentia minhas bochechas incendiarem sempre que entrávamos nesse assunto. 

— Ah, mas um dia vai ser. — apontou-me a escova de cabelo com um sorriso enorme na cara. — Vou até fazer um bolinho de chocolate no dia que acontecer. Awn. Meus bebês crescem tão depressinha. — sentou-se na cama, meio nostálgica secando uma lágrima imaginária. Ri fraco com a cena, lhe abraçando de lado e acarinhando seu braço. — Parece que foi ontem que você veio me contar que tinha um precipício pelo filho do vizinho, eu quase enfartei. 

— Achei que você tinha ficado feliz. — comentei confuso. — Você me enganou.

— Não, enfartei de fofura mesmo. — explicou, levantando-se para terminar de ajeitar tudo, me fazendo rir soprado com sua fala. — Imagina um filhinho de vocês, Taehy. A coisinha mais chuchuzinha do mundo. 

— Homens não engravidam, mãe. — ri com sua ideia. 

— Ah, mas dá pra fazer barriguinha de aluguel né, Taehyung. Parece que não pensa. — gargalhei alto, levando um pequeno cascudinho dela. Junggyu se sentou ao meu lado, quase que escalando a cama para realizar a façanha. 

— Você e o Jeongguk hyung vão ser um casal? — perguntou inocente e eu senti as minhas bochechas voltarem a se aquecer. 

— Talvez. — respondi sincero, acarinhando suas costinhas. — Não depende só do mano. 

— Eu queria que fossem. — fitou o chão como se idealizasse a cena. — Seria muito divertido sentar no meio de vocês no sofá. Eu poderia receber dois carinhos ao mesmo tempo e nós todos comeríamos o bolo de chocolate da mamãe. 

Ri largo com seu pensamento genuíno. — Seria divertido mesmo. 

— Você quer que eu peça pra ele te namorar, Taehy hyung? — questionou baixinho, fixando seus olhinhos grandes em mim. Sorri doce, acariciando a pele de sua bochecha com meu polegar.

— Não precisa Jun. — disse-lhe. — Acho que se for pra ser, vai acontecer. 

 

Por fim ele concordou, me deixando um beijo estalado na bochecha e descendo da cama grande com dificuldade. Mamãe sorriu pra mim, também me deixando um beijo antes de se despedir. 

 

— Tranca a casa quando sair. — pediu descendo as escadas comigo atrás de si. — Amo você. 

— Também te amo, mãe. — lancei-lhes um tchau ao vê-la saindo pela porta da frente junto com Junggyu. 

 

Quando já era quase duas da tarde, senti meu celular apitar em meu bolso. Peguei o aparelho com a mão livre, enquanto usava a outra para segurar a maçã que eu estava comendo. Era uma mensagem de Jeongguk, que repentinamente fez meu coração se aquecer e um meio sorriso despontar em minha face. 

 

Jeonggukie:

Ei. Está aí, hyung?

Eu acabei de chegar, ainda quer ver meus desenhos?

 

Eu:

Lógico que sim. 

 

Respondi prontamente, terminando a maçã e esperando a resposta antes de subir as escadas e caçar meu tênis. Logo mais ela veio.

 

Jeonggukie:

Então vem :3

 

Sorri contido, subindo as escadas em busca de um calçado, para enfim ir até o moreno. Vesti um tênis preto, tranquei a casa e guardei as chaves no bolso da calça, junto de meu celular. 

Assim que toquei a campainha me arrependi um bocado de não ter nem sequer trocado de roupa. Eu estou vestindo uma calça de moletom cinza escuro e uma camiseta preta com uma estampa um tiquinho agressiva de uma banda de rock qualquer, e cá entre nós, não é a forma mais bonita de cumprimentar a, quem sabe, futura sogra. Talvez eu goste muito de System Of A Down e tenha comprado pela internet na semana passada uma camiseta da banda cuja a estampa tem um desenho de um homem usando uma máscara de gás e com as mãos algemadas. É uma estampa maneirissima, de verdade. Acontece que ela talvez seja desconfortável para algumas pessoas, sendo alvo de interpretações um pouco errôneas. 

A mãe de Jeongguk atendeu a porta, como eu já suspeitava que aconteceria. Respirei fundo e dei meu melhor sorriso, mesmo que um bocado torto, na tentativa de agrada-la e também de me preparar psicologicamente para receber um olhar torto de si. 

 

— Taehyung, querido. Como vai? — perguntou sorridente, sem descer o olhar pela minha roupa como eu esperava.

— Eu vou bem, obrigado senho... Hee, Sun Hee. — corrigi, vendo um sorriso bonito nascer em seu rosto. É bastante parecido com o de Jeongguk. — E você? 

— Eu vou muito bem também. — respondeu abrindo espaço para que eu passasse. — Vem, pode entrar. Jeongguk está te esperando lá em cima. 

— Muito obrigado, Sun. — agradeci, curvando-me pouca coisa. Era estranho chama-la pelo nome, mas acho que logo eu me acostumaria. Ela sorriu e fechou a porta assim que eu entrei.

— Kookie, o Taehyung está aqui. — gritou para o filho em direção as escadas. — Pode subir, Taehyung. Ele está no quarto dele.

 

Disse por fim, antes de caminhar até a sala de estar. Sentou-se no sofá e pegou o notebook, já que deveria estar mexendo nele quando eu cheguei. Eu subi as escadas, meio hesitante pois seria a primeira vez que eu entrava no quarto de Jeongguk. Acho que é um pouco de choque pra quem idealizou o restante que não conseguia ver através da janela por tanto tempo.

 

— Ei. Tae. — Assim que cheguei no topo ouvi o próprio me chamar, apenas com a cabeça para fora de uma porta que deveria ser a de seu quarto. Ri fraquinho. — Vem. 

— Oi. — murmurei assim que andei em sua direção e adentrei o cômodo. — Uau. 

 

Um suspiro abandonou meus lábios assim que passei analisar melhor o local. E é exatamente como eu imaginava. Sua cama de solteiro fica em um canto do quarto, com o mesmo edredom de estrelas. Há uma escrivaninha bem em frente a janela onde muitos papéis, lápis e um notebook azul estavam dispostos. Um criado mudo de tamanho médio na parede oposta da cama. As paredes pintadas daquele tom creme que meus olhos já estavam habituados e os pôsteres de banda, que na verdade não são só pôsteres, mas também muitos de seus desenhos já coloridos nas paredes. Fiquei boquiaberto com tudo e Jeongguk percebeu, pois soltou uma risadinha.

 

— Todos que eu termino eu passo pro computador e pinto. Nos papéis eu faço apenas esboços. Ai depois eu imprimo e coloco na minha parede. — explicou, se aproximando de mim. — Bem legais, né?

— Jeongguk, eles são maravilhosos. — sussurrei, meio inebriado pela beleza dos mesmos. 

 

E eu não digo isso da boca para fora. Os desenhos de Jeongguk são realmente incríveis. São todos em estilo mangá, de todos os tipos possíveis. Tem super heróis, vilões, personagens que conheço de animes e alguns desconhecidos. Tem até versões de personagens de filmes que o moreno provavelmente gosta, como o Homem de Ferro.

 

— Ah, se você acha. Eu fico feliz, hyung. — sorriu meio bobinho, andando até a escrivaninha e se sentando na cadeira de rodinhas. — Senta aí. Gostei da camiseta. — completou, me fazendo fitar a peça em meu corpo assim que fiz o que ele havia pedido. 

— Eu estava morrendo de medo da sua mãe não me deixar entrar só por causa dela. — revelei, rindo pelo nervosismo. Jeongguk soltou uma risada gostosa, logo capturando um caderno de desenho que estava aberto sob a mesa. 

— Fica tranquilo. Mamãe é bem mente aberta. Ela vive dizendo pra mim que não se deve julgar ninguém pelas roupas que veste, porque "o hábito não faz o monge". — sorriu para mim, antes de passar a rabiscar a folha de papel. Bom para mim eram rabiscos, já que eu não via o que de fato ele fazia. — E tem mais, mamãe gosta muito de você para ligar se você gosta de vestir uma camiseta de banda de rock dos anos noventa. 

 

Ri com sua fala, apoiando as mãos no acolchoado macio e passando a observar o moreno fazer algo no papel. Não tinha o que responder, na real, não sabia nem como eu responderia isso. Às vezes Jeongguk causa isso em mim, é difícil achar alguma resposta para si. É quase como um anestésico. 

Por um momento eu me desliguei. Fiquei tão compenetrado em analisar cada pedacinho de Jeongguk sentado naquela cadeira, com as pernas cruzadas e rabiscando uma folha de papel que nem se quer me dei conta de que ele poderia perceber meu olhar fixo em si. 

Como eu disse, quase como um anestésico.

 

— Você gosta de me observar? — perguntou sorrindo ladino, erguendo rapidamente os olhos do papel. — Ou faz isso com todos? 

— Gosto de observar pessoas bonitas. — sorri para si, vendo suas bochechas corarem de leve. — O que está fazendo?

— Te desenhando. — murmurou, fechando o caderno em seguida.

— Me desenhando? Por quê? — indaguei curioso. 

— Gosto de desenhar pessoas bonitas. — me lançou uma piscadela rápida, deixando o caderno em cima da mesa e procurando algo em uma de suas gavetas. Um à zero para Jeongguk.

— Eu posso ver? — tentei, vendo-o rir soprado. 

— Quando eu acabar sim. Só fiz um esboço ainda. — explicou, me entregando um cabo usb branco e fechando a gaveta em seguida. — Não te chamei aqui só para te mostrar meus desenhos. Quero que me mostre suas músicas.

— Claro. — Sorri, pegando o cabo e a pequena caixinha branca que ele me entregava. — Mas posso fazer uma pergunta? 

— Pode. — murmurou atento. 

— Por que o interesse repentino nas minhas músicas? Digo, eu não acho isso ruim, pelo contrário. Eu amo a ideia de compartilharmos gostos. — proferi rapidamente, na esperança de não passar uma ideia errônea, enquanto eu ajeitava o cabo, plugando-o em meu celular. — Só que você parece ter um motivo bom para isso. 

Jeongguk suspirou, fitando as palmas pousadas em sua perna. — Eu recentemente descobri uma coisa chamada conhecimento de mundo, e junto disso, o fato de eu não ter quase nada de experiencias acumuladas. — o moreno engoliu em seco, erguendo a cabeça para mirar a minha janela do outro lado. Sentei-me na cama esperando que ele continuasse. — Minha mãe sempre me deu boa educação e eu jamais reclamaria disso. Acontece que, por medo, ela acaba me privando de ter essas experiencias necessárias. Assim como você, eu também consigo te observar da minha janela, Taehyung. — ele completou, virando-se para mim e sorrindo arteiro.

— E isso é bom ou ruim? — questionei um bocado atrapalhado, fazendo-o gargalhar um pouco. Já estava virando hábito eu o acompanhar nas risadas que ele dava. 

— É bom pra mim, já que eu descobri que seu anime preferido é One Piece. — respondeu-me, mantendo um sorrisinho ladino nos lábios. Eu estava confuso, como ele sabia dessa informação?

— Como sabe disso? — resolvi indagar, observando ele comprimir os lábios ao tentar segurar uma risada.

— Você tem uma samba canção do Luffy. — disse entre risos, me fazendo ficar tão vermelho quanto o meu cabelo. Eu estava devastado, achando que todas as minhas chances foram por água a baixo só porque ele sabia da minha cueca de anime. E ele percebeu, arrastando a cadeira de rodinhas para perto de mim e depositando a mão no meu ombro. — Calma, hyung. One Piece também é meu anime preferido, se eu pudesse também teria uma. 

— Aí, Jeongguk, só continua a história. Agora eu fiquei constrangido de saber que você viu a minha cueca. — ralhei birrento, sentindo um carinho direto de seus dedos passando levemente entre os fios de minha nuca. Eu não consegui manter o bico, desmanchando ele apenas para sorrir fraquinho. Ele me sorriu de volta, tirando a mão de meus fios e voltando a deposita-la em seu próprio colo. 

— Além da samba canção. — sorriu ladino, me fazendo olha-lo seriamente. — Eu também consigo ver algumas camisetas de banda que você costuma usar. E teve a vez que você ouviu música um bocado alto, porque sua mãe tinha saído com Junggyu. — riu soprado, desviando o olhar de mim para as mãos que brincavam com a barra do moletom verde. — E eu meio que gostei. É diferente do que eu cresci ouvindo, ninguém me perguntou se eu gostava de música clássica, sabe? 

— Mas a sua mãe parece tão tranquila com esse tipo de coisa. — comentei, vendo-o escorregar um pouco na cadeira e me fitar. 

— E ela é, só que ela também é muito protetora. E com isso ela acaba me privando de conhecer o mundo e até a mim mesmo. — suspirou, se ajeitando enquanto me encarava de forma fixa. — E agora eu quero que você me ensine essas coisas. Quero que me mostre a vida, hyung. Quero que cumpra a promessa que me fez há alguns dias. — Desviei-me de seu olhar, fitando um ponto no vazio a fim de me lembrar da promessa. — Você ainda se lembra dela?

— De te fazer amar o aparelho. — questionei, vendo-o sorrir cálido. — Como eu poderia esquecer?

— Está mesmo disposto a cumprir ela? — questionou, me olhando no fundo dos olhos. Me arrastei um bocado na cama, para ficar mais próximo de si. Pensei que Jeongguk recuaria, mas ele apenas analisou silenciosamente meu ato. Acenei em concordância, fazendo um sorriso nascer em seus lábios. 

— E para complementar ela, eu prometo te mostrar tudo que eu conseguir nesse mundo. — sussurrei para si, vendo seu sorriso crescer ao passo que o meu se moldava. Jeongguk é lindo, eu não me canso de dizer isso mentalmente. Também morro de medo de um dia acabar afastando ele de mim por causa de alguma burrada de minha parte. — Vamos fazer um acordo? 

— Vamos. — respondeu-me prontamente. Fiz uma nota mental sobre perguntar a ele mais tarde se ele aceita qualquer proposta assim, sem nem hesitar ou se ele só confia em mim o suficiente. 

— Eu te mostro minhas músicas e você me mostra as suas. — proferi, vendo-o ponderar um pouco. 

— Tem certeza? As minhas não são tão divertidas quando SOAD. — murmurou risonho, apontando para minha camiseta. 

— Tenho cem por cento. — disse, retomando minha atenção a caixinha de música esquecida em meu colo. Liguei e ajeitei corretamente, passando a procurar alguma música em minha playlist. 

 

Queria começar com algo leve, mas que tivesse uma vibe divertida. Procurei e procurei, até que bati os olhos em uma das minhas músicas preferidas do século. Sorri grande, me erguendo em um ímpeto da cama e depositando a caixinha sob a escrivaninha. Destravei a música escolhida e me voltei para Jeongguk, que me encarava atento a meus movimentos. 

No momento seguinte, a intro de The Less I Know The Better, do Tame Impala reverberou pelo ambiente e Jeongguk riu soprado com a minha estupida animação com a música. Eu me aproximei de si fazendo uma dancinha um bocado engraçada, que consistia em movimentar os ombros e os punhos simultaneamente. O que resultou em uma gargalhada alta de sua parte. Estendi minha mão, em um pedido mudo para que ele a segurasse, o que o fez corar na hora. 

 

— Eu já aviso que não sei dançar. — segurou, mesmo que ainda ponderasse se era ou não uma ideia boa, e se ergueu da cadeira.

— Eu muito menos, mas eu te ensino alguma coisa. — sorri para si, grande e quadrado, a fim de demonstrar toda a alegria que aquela música me passava. 

 

Segurei em ambas as mãos de Jeongguk, chacoalhando seu corpo levemente e o girando algumas vezes. Sua gargalhada era mais alta que a música, e pela primeira vez senti Jeongguk realmente feliz. Fazíamos alguns passos iguais e outros completamente diferentes um do outro. Nos entreolhávamos de momento em momento, rindo a cada batida da música. O moreno tem um gingadinho todo gracioso, que combinado com seu sorriso de coelhinho, torna-se a coisa mais adorável do mundo. Senti meu coração falhar algumas batidas todas as vezes que ele depositava a cabeça em meu ombro e soltava uma risada muda. 

Tame Impala acabou, dando lugar a rainha da minha vida, Amy Winehouse. A mais famosa de suas canções, Rehab, começou a tocar e por ser uma batida mais lenta que a anterior, eu vi nela uma deixa para segurar novamente as mãos delicadas de Jeongguk. Rebolávamos em sincronia, mesmo que totalmente desengonçado. Seguíamos o ritmo da canção, como se fosse o maior hino do mundo. O que, logicamente, não deixa de ser uma pequena verdade. Girei Jeongguk ao redor de meu corpo, rodando em meus braços como aquelas cenas toscas de comédia romântica. 

Ele estava tão sorridente e solto que eu desejei gravar aquela cena para sempre. Jeongguk sorria para mim, quase cerrando seus olhinhos de tão grande que era a felicidade estampada em sua face. Quando a música chegou ao fim, eu prontamente pausei meu celular, deixando o ambiente em um silêncio repentino. Jeongguk sentou-se na cama e apoiou na cabeceira de madeira branca, respirando ofegante. Eu soltei uma fraca risada assim que nossos olhares se crusaram, e ele apenas continuou sustentando seu sorriso. 

 

— Eu gostei muito dessa última. — proferiu, engolindo a saliva e molhando com a língua os lábios secos por ter respirado com a boca. 

— Apreciador dos clássicos, então? — questionei retórico, me aproximando de si e lhe entregando a caixinha, com meu celular já desconectado. — Sua vez. Me mostre o que gosta. 

— Tem certeza? — perguntou, arqueando uma sobrancelha. — Não é tão agitada quanto as suas. Você pode não gostar...

— Apenas me mostre, Jeonggukie. — pedi de forma baixa, vendo-o assentir e pegar a caixinha de minhas mãos. Ele conectou o próprio celular, buscando algo na galeria de músicas.

— Okay. Mas não diga que eu não avisei. — disse, destravando a canção escolhida. 

 

No começo eu não consegui identificar o cantor, pensei até que não o conhecesse. A música era lenta e calma, tinha um ritmo aconchegante e gostoso. Logo o cantor começou a soltar os primeiros versos e eu matei a charada mental, sorrindo ladino e encarando Jeongguk que me fitava de volta, a espera de alguma reação minha. 

 

Elvis. — afirmei, vendo-o concordar com um aceno de cabeça. — Eu só não conheço essa música. 

— Chama-se Can’t Help Falling In love.

— E ela fala sobre o que? — indaguei curioso. Jeongguk sorriu encabulado, desviando o olhar para o próprio colo. 

— Ele diz que todos o chamam de tolo por amar, mas ele não consegue evitar se apaixonar. — respondeu, retomando seu olhar para mim. Suas íris brilhavam, era quase como se os sentimentos da música transbordassem por seus olhos, de forma praticamente palpável. Jeongguk sorriu levianamente, começando a acompanhar o cantor em algumas linhas. — Darling, so it goes... Some things are mean to be. Gosto dela, ele parece estar apaixonado quando canta. É minha favorita.

 

E de fato, ele parecia mesmo. O meu pouco conhecimento em inglês me permitiu capturar pequenas frases da música e traduzi-las mentalmente. 

“Pegue minha mão, pegue minha vida inteira também”.

Era uma declaração. E era tudo que eu mais queria dizer ao garoto sorridente sentado bem ao meu lado, cantarolando sua canção predileta. Um vento fresco entrava pela janela, e junto dele uma súbita coragem. A mesma que me invadiu quando eu o protegi. A mesma que me invadiu quando eu o ajudei a abrir seu armário. E a mesma que me invade sempre que estou em sua presença.

Busquei pelo celular do moreno, agora inerte sob o colchão. Acendi a tela e rebobinei a canção toda, recebendo uma encarada confusa de Jeongguk. Me levantei da cama, ajeitando a camiseta amarrotada, tudo sob o olhar atento do moreno. Estendi minha palma em sua direção como anteriormente e ele riu soprado. 

 

— Não tem como dançar essa música, hyung. E você disse que gosta de músicas que dá pra dançar. — ele disse, estampando um sorriso um bocado murcho. Neguei com a cabeça, sorrindo quadrado para si. 

— Mas é claro que dá pra dançar, vem. Deixa eu te mostrar? — perguntei, vendo seu sorriso se tornar menos tristonho e suas bochechas ganharem uma coloração rosada. 

 

Ele segurou em minha mão estendida e eu logo tratei de entrelaçar nossos dedos, tendo seu olhar fixo em cada ação minha. Fiz o mesmo com a outra mão, o trazendo mais para perto, levando seus braços para meus ombros, deixando ambos apoiados ali. Soltei as minhas semelhantes levando até a região de suas costelas, vendo-o se contorcer pouca coisa por impulso e rir baixinho. 

 

— Tem cócegas? — questionei, vendo seu manear positivo. Sorri de forma branda para si, recebendo o mesmo sorriso como resposta. 

 

A música continuava ressoando devagar pelo ambiente, com as batidinhas ritmadas e a voz aveludada do rei. Jeongguk sorria contido, evitando encarar meus olhos para que eu não visse com plenitude suas bochechas coradas. 

É tão gostoso estar consigo, e é ainda melhor saber que ele também aprecia minha companhia. Mesmo que seu rosto procure refúgio em qualquer outro ponto que não fosse meu olhar, suas mãos ainda acarinhavam meus ombros de forma doce. Eu podia sentir a ponta de seus dedos desenhar alguns círculos na região de minhas costas e me vejo obrigado a dizer que não sei definir se o carinho é bom apenas por ser afeto ou se é por que é ele ali. 

Nos mexíamos tão lentamente quanto as batidas da música e eu até arrisquei girar Jeongguk algumas vezes antes que ela chegasse ao fim. Eu capturei uma de suas mãos, o movimentando ao redor de si mesmo, ouvindo sua risada gostosa. E quando a música enfim acabou, nós permanecemos sorrindo um para o outro. Jeongguk tem um sorriso bonito, e quando ele sorri, eu trato de olhar cada pedacinho de seu rosto delicado. Desde os dentinhos avantajados, até a ruguinha que se forma em volta dos olhos e no topo do nariz, entre as sobrancelhas. 

Continuamos próximos um do outro, eu podia sentir seu hálito quente com o cheiro gostoso de morango que emanava junto, provavelmente fruto da pasta de dentes. Não nos importamos em nos afastar, apenas tentávamos regularizar a respiração, sorrindo sempre que nossos olhares se esbarravam. 

E eu não faço a menor ideia de quanto tempo mais permanecemos assim. Eu sequer pensei na possibilidade de sua mãe abrir a porta do quarto e me encontrar tão perto de seu filho que qualquer mínimo movimento faria meu nariz esbarrar com o seu. Eu apenas tratava de guardar todos os detalhes possíveis, para repassar tudo na minha cabeça quando voltasse para casa. Jeongguk parecia fazer o mesmo, pois me encarava tanto quanto. Ele aproximou sua destra, enlaçando com a minha canhota, e um sorriso bonito cresceu em meu rosto sem que eu me desse conta. 

 

— Taehyung, você tem tempo? — perguntou, arrancando-me de meus devaneios. Concordei com um aceno, tentando voltar para a realidade. 

— Por quê? — proferi curioso, vendo-o sorrir grande como de costume. 

— Tem mais músicas que eu quero te mostrar.


Notas Finais


Tame Impala: https://youtu.be/sBzrzS1Ag_g
Amy: https://youtu.be/KUmZp8pR1uc
Elvis: https://youtu.be/vGJTaP6anOU

Vale a pena ler a letra dessa ultima, é maravilhosa.

Enfim, bebam bastante água, cuidem dos animais e elogie quem vc vê na frente do espelho... Beijos e até a próxima pimpolhos.


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