História I Think I Love U - Capítulo 6

Assim que Daniel saiu correndo. Me pus em pé, batendo em minhas calças para limpar o pano que estava cheio de resquícios de grama e sujeira. Usei a manga do meu casaco para limpar o pequeno corte no meu lábio inferior. 

Andei apressado até chegar a entrada do dormitório. Abaixei a cabeça assim que me deparei com garotos passando de um lado para o outro no prédio, fui até meu quarto olhando para o chão encostei a porta devagar assim que entrei. 

Sua vida será um inferno agora.. 

Estapeei minha cabeça bagunçando meus cabelos, eu queria saber me defender, mas nem pra isso eu servi. 

Fraco, eu pensei, sou um idiota fraco.

Tirei minha roupa suja as depositei no meu cesto de roupas sujas em baixo da cama. Coloquei peças limpas e me enfiei por de baixo da coberta. Minha cabeça doía e eu queria chorar. 

Ouvi a porta abrir e pensei que fosse Liam, mas Liam não é cuidadoso, ele é barulhento. E quando eu ouvi passos lentos e leves, eu soube que era Harry em mais uma de suas "vindas ao meu quarto escondido".

  - Eu acho que Niall esconde mesmo comida no armário. - Ele sussurrou, entrando em baixo da coberta, eu estava de costas para ele - Eu o peguei de boca cheia essa madrugada e quando ele me viu, ficou apavorado dizendo que havia roubado uma fruta do refeitório. 

Harry ria baixinho e eu fingia estar dormindo. 

  - Eu perguntei a ele "Qual fruta você roubou?" e ele simplesmente se enrolou e disse que havia esquecido o nome. - Harry continuava - Mas, Louis, quem esquece o nome de uma fruta? - E sem ver, eu sabia que Harry erguia uma sobrancelha em dúvida - Aliás, eu não conheço frutas que cheiram chocolate. Você conhece? 

Eu não respondi. 

  - Ei. - Ele chamou e eu senti sua mão pousar no meu ombro. 

Eu suspirei. A última pessoa que eu queria encarar naquele momento era ele. 

  - Eu sei que você está acordado. - Ele desceu a mão pelo meu braço - Se não me responder, eu vou atacá-lo. 

Harry nem esperou, ele somente me cutucou fazendo cócegas em mim até que eu me virasse para ele irritado e rindo forçado por conta das cócegas. 

  - Droga, me deixa em paz. - Eu disse irritado e Harry afastou suas mãos. 

Ele me encarava enquanto eu me ajeitava na cama e tirava a coberta de cima de nós dois. 

  - O que houve? - Ele perguntou preocupado. 

Eu nunca havia o tratado mal, nem mesmo quando meu mau humor atavaca. 

  - Nada, não houve nada. - Respondi ainda mais irritado. 

  - O que é... 

  - Deus, eu só estou cansado. - O interrompi pronto para me virar mas Harry me impediu. 

Ele segurou meu rosto passando o polegar pelo meu lábio machucado, e eu fiz careta incomodado. 

  - O que é isso? - Ele continuava com a mão em meu rosto mas não tocava mais o pequeno corte. 

  - Eu... E... Eu bati. - Menti gaguejando - Bati na porta. 

  - É mentira. - Ele me encarava sério. 

  - Eu bati na porta, Harry... Bati. - Eu repeti, tirando sua mão que me tocava. 

Me sentei na cama, escostando minhas costas contra a parede. Harry sentou na minha frente. 

  - Isso não se parece com um acidente. - Harry levava a mão em minha direção para me tocar novamente mas eu desviei meu rosto. 

  - Você é algum tipo de adivinha agora? - Debochei com raiva. 

Ele sempre sabia quando eu mentia e eu sempre sabia quando ele mentia. Éramos melhores amigos e melhores amigos conhecem um ao outro como ninguém mais. 

Meus olhos começaram a arder e eu senti lágrimas escorrem pelas minhas bochechas. 

  - Por que está chorando? - Harry perguntava baixinho enquanto eu secava minhas bochechachas que sempre molhavam novamente porque as lágrimas não queriam parar. Elas saíam sem que eu fizesse esforço algum. 

Não respondi e nem olhei nos olhos de Harry, eu só encarava minhas mãos e as dele que estavam pousadas sobre a minha coxa. 

E Harry me abraçou porque ele sempre me abraçava quando eu me sentia triste, quando eu me sentia feliz, quando eu não sentia nada. Ele me abraçava sempre que eu precisasse e também me abraçada sem motivo, porque ele tinha uma necessidade inexplicável de me abraçar e me tocar e agora eu entendia que não era só porque ele *gostava* , era porque ele *precisava*, assim como eu precisava que ele os fizesse. 

O apertei contra mim fungando e deixando as lágrimas molharem o seu suéter. 

  - Foi um acidente. - Eu sussurrei entre soluços fracos e ele balançou a cabeça negando. Mas ele não negava para me desmentir, ele negava como se dissesse "Não precisa me dizer mais nada, está tudo bem".

                                       ﹏

Tommo... Tommo... Tommo...

Eu ouvia. 

  - Mas que droga, Tomlinson. 

Acordei com Liam me empurrando de um lado para o outro na cama. 

  - Você é quem me acorda e não o contrário. - Liam tagarelava no meu ouvido e eu resmungava algo que nem eu mesmo entendia. 

  - Aaaanda. - Suas mãos me viravam de um lado para o outro. 

  - Aaaah. - Eu gritei - Eu já estou acordado. 

  - Fred está pelo corredor, meu Deus, não grite seu... - Ele bufava. 

  - Me deixe em paz. - Resmunguei tirando suas mãos de cima de mim. 

No refeitório, enquanto Liam e Niall discutiam sobre qualquer coisa e Zayn os encarava como se eles fossem de outro mundo, Harry me contava piadas que eu nunca entendia e mesmo assim achava engraçado e no fundo eu ria só para agradá-lo, depois pensava em como eu era terrível e ria mais ainda. E eu sabia que ele só estava me fazendo rir porque queria me ver feliz, diferente do que ele havia visto na noite anterior. 

Dei a mesma desculpa quando os meninos perguntaram o que havia acontecido com a minha boca. "Um acidente."

Na mesa do outro lado, Daniel me encarava e Kayle cochichava em seu ouvido. Me senti tão desconfortável que já nem ouvia mais Harry do meu lado. 

  - Harry vai! - Liam fez minha atenção voltar a mesa certa. 

  - O que? - Zayn sussurrava - Não seja um fracote. 

  - Está decidido. - Liam insistia - Harry vai. 

  - Eu não irei. - Harry rebatia. 

  - Você vai... Olha, você é mais... Esguio? - Liam falou incerto. 

  - O que isso tem a ver? - Niall indagava do outro lado de boca cheia. 

  - É mais fácil. - Liam gesticulava com as mãos - Eu não consigo correr muito. 

  - Meu Deus, Liam. - Zayn se irritava. 

  - Votação! - Niall bateu na mesa de um modo que só nós ouvíssemos - O que você diz, Louis? 

Eu não sabia sobre o quê eles estavam falando. 

  - Hm? - Soltei confuso. 

  - Harry vai com Zayn para os dormitórios femininos. - Liam me informava revirando os olhos. 

Encarei Harry, que balançava a cabeça negando. 

  - Até parece. - Niall soltou um risinho - Harry não vai porque é medroso demais. 

  - Não sou não. - Harry negou juntando as sobrancelhas. 

  - Por que você insiste nessa ideia? - Perguntei a Zayn. 

  - Agora dará certo, eu tenho um plano. - Ele sorria perverso - Mas eu chamei Liam e não ele. - Zayn apontava para Harry. 

  - Eu. Não. Vou. - Liam falou pausadamente de olhos fechados e fazendo bico. 

  - Droga, Liam. - Zayn resmungou. 

Niall gargalhava e dizia que Harry era um medroso enquanto Harry rebatia que Niall era um comilão e roubava frutas que só existiam na cabeça dele. 

Zayn chacoalhava Liam que dizia "não, não, não" o tempo todo. E eu já não aguentava mais aquilo. Até que Harry fez todos se calarem. 

  - Tá, já chega, eu vou. - Falou de uma vez irritado. 

  - Não. - Zayn choramingou. 

  - Isso. - Liam comemorou. 

  - Não sou medroso, Niall. - Harry se levantou e andou para longe dando passos firmes. 

                                    ﹏

Na minha cabeça aconteceria o mesmo que acontecia com Zayn e Liam, eles falhariam. Eu só estava rezando para que Harry e Zayn não fossem pegos por fazerem essa idiotice. Eu tentei convencer Harry a não seguir Zayn mas ele me ignorou e disse que precisava provar a Niall e a todos nós que ele não era medroso. O combinado foi meia noite, essa era a hora em que os dois sairiam e quando os sinos bateram um papel escorregou por baixo da porta do meu quarto e ele dizia "Se algo der errado, diga a Sra Morth que Niall esconde chocolates no armário" nas letras de Harry. 

Dobrei o papel rindo e percebi que atrás da folha havia um conjuntinho de corações desenhados, como se Harry tivesse rabiscado aquilo sem pensar, e em um deles tinha a letra L. E aquele simples desenho bobo foi o suficiente para que borboletas fossem soltas pelo meu estômago. 

Harry e Zayn conseguiram entrar nos dormitórios, o que era impossível de se imaginar, mas eles conseguiram. O problema é que por um descuido, os dois foram pegos enquanto deixavam o prédio proibído e nós não os víamos há três dias desde o ocorrido. 

  - A culpa é minha. - Niall choramingava arrependido - Eu o desafiei. - Niall se referia a Harry. 

  - Pensem pelo lado positivo, eu estou aqui. - Liam falava aliviado por ter negado ir com Zayn aquele dia. 

  - Será que dá pra vocês ficarem quietos? - Eu os repreendi irritado - Faz três dias que eles não aparecem e nem a Jay sabe o que aconteceu. 

Eu batucava a mesa do refeitório impaciente. 

                                    ﹏

Quando Harry entrou pelo corredor, no terceiro dia assim que escurecera, eu me atirei nele o abraçando aliviado. Harry gemeu de dor e eu não entendi. Me afastei dele e estudei seu rosto intacto. 

  - Preciso descansar. - Ele disse fraco. 

Liam e Niall nos seguia até a cama de Harry e eles me ajudaram a deitá-lo. 

  - Eu preciso ir ver o Zayn. - Liam falou, puxando Niall pelo braço porta afora. 

Eles não eram insensíveis. É só que eles sabiam que eu cuidaria de Harry tão bem que a ajuda deles era desnecessária e Zayn precisava de alguém também e Liam era a pessoa certa para cuidar dele. 

  - Te machucaram? - Perguntei preocupado encarando Harry que tentava se acomodar na cama sem sentir dor. 

  - É... Por aí. - Ele soltou fraco. 

Eu vi que ele passava a mão pela barriga e mexia seus dedos por cima. Levei minha mão até o pano de seu suéter o puxando para cima. 

A sua pele continha uma coloração roxa e vermelha. Meus olhos arderam quando eu vi o que o fazia sentir dor. 

  - Isso não pode... - Tentei falar mas minha garganta começara a se fechar. 

  - Não diga... Não diga a ninguém. - Harry implorou, segurando minha mão. 

  - Não podem machucar os alunos, não podem punir desse jeito. - Eu falei desesperado, sentindo meus olhos arderem. 

  - Não conte... - Harry também começou a chorar. 

  - Shhh. - Eu me inclinei, beijando sua testa demoradamente - Tudo bem, não fale nada agora. 

Ele me explicaria depois. 

                                     ﹏

  - O Sr Paul e mais dois guardas nos viram. - Zayn explicava, sentado na cama do Liam. Já se passava um dia depois do ocorrido. Esperamos que os dois se recuperassem um pouco e depois faríamos perguntas - Ele puxou Harry pelos cabelos e um outro guarda me arrastou pelos braços. 

Estávamos reunidos no quarto que eu dividia com o Liam. Jay permitiu que os outros meninos entrassem mas com a condição de não fazermos muito barulho. 

  - Eu vou matar esse infeliz. - Liam andava de um lado para o outro. 

  - Eles nos jogaram em uma sala escura e eu só senti os socos. - Zayn falava soltando faísca. 

  - Paul disse que se contarmos a alguém, a dose se repetirá. - Harry acrescentou. 

Eu estava sentado do lado do Harry na minha cama. Meu braço se escondia atrás de suas costas, minha mão passava por ele secretamente o confortando. 

  - Mas precisamos contar a alguém. - Niall estava indignado - Precisamos contar. 

  - Você acha mesmo que eles vão acreditar em nós? - Zayn interrompeu. 

  - Mostrem o que fizeram com vocês a madre Morth e ela os punirá. - Liam disse confiante. 

Zayn gargalhou com sarcasmo. 

  - Liam, o que essa maldita velha mais faz é acorbertar todos esses infelizes. - Zayn falou - Já devem saber que a única que presta aqui é a Jay. 

  - A Sra Morth parece mesmo ser muito má, mas... Não acho que ela seria capaz de acobertar o que eles fizeram a vocês. Isso é errado. Deve haver algum jeito. -Niall insistia. 

  - Não há, Niall. - Zayn se levantou andando até a porta - Estamos em uma droga de uma prisão, esse lugar é o inferno e o comandante dele é... Morth. - Ele falou mudando o nome que ele pretendia dizer e saiu batendo os pés.  

  - Eu não quero mais viver aqui. - Niall roía as unhas, nervoso. 

  - Relaxe, Niall. - Harry se levantou - Isso não vai se repetir. 

Ele não falou com tanta certeza, só disse aquilo para acalmar Niall.