História I Wanna Grow Old With You - Rafael

XIII ― Rafael

O caminhão mal tinha parado na calçada e Alec e sua equipe já estavam pulando do mesmo direção a casa coberta pelas chamas. Seu batalhão havia sido chamado para ajudar a conter incêndio em uma velha casa na periferia da cidade.

“Qual é a situação?” Alec perguntou ao homem no comando da operação.

“É um antigo orfanato. Os vizinhos só nos chamaram quando fogo já estava avançado.” O homem cruzou os braços. “Conseguimos tirar em segurança as 5 crianças que ainda estavam dentro da casa.” Ele parecia aliviado.

E antes que Alec pudesse expressar seu alívio por isso ― casos com crianças sempre mexiam com ele por motivos óbvios ― uma garotinha, não devia ter mais que 10 anos, começou a gritar.

“Vocês tem que salvar ele!” A menina era segurada por uma das médicas da emergência. “O Rafael ainda tá lá! Tira ele de lá!”

Entendendo que ainda restava uma criança dentro da casa em chamas, Alec ia correr para o lugar, mas foi impedido por seu capitão.

“Calma! Você sabe que não dá pra entrar assim.” A voz do homem era dura. Ele sabia como casos envolvendo crianças faziam seu tenente ficar apreensivo.

Rapidamente os bombeiros montaram uma estratégia para conseguir entrar na casa e fazer uma vistoria em busca de quem quer que estivesse lá dentro ainda. Alec obviamente foi à frente da equipe. Quando entraram na casa a quentura e a fumaça os atingiu de cara. Alec rapidamente dividiu a equipe. Ele e mais um bombeiro ficaram com o segundo andar da casa, o resto da equipe ― outros dois ― com o primeiro. Enquanto subiam, sentiam que a escada não duraria muito. Teriam que ser rápidos.

Alec e Rob ― seu colega de equipe ― passavam em todos os quartos procurando por vestígios de que alguém ainda estivesse ali. Até que em um dos últimos quartos ouviram um lamento fraco e tosses.

“Tem alguém aí?” Alec gritou para dentro do quarto em chamas. “Rafael?” Se lembrou do nome que a garotinha havia gritando.

“Aqui!” Ouviu fraco depois de alguns segundos de silêncio. “Aqui!” Mais tosses.

Rob prontamente comunicou pelo rádio que tinham encontrado o garoto e que já iriam sair dali.

“Okay, amigão, eu preciso que você me ajude. Tudo bem?” Alec entrou no quarto, desviando de alguns objetos para chegar até o garoto. Quando finalmente o viu, encolhido em um dos poucos cantos que não estavam em chamas, Alec ficou aliviado. “Rob, me ajuda aqui!” Chamou seu parceiro de trabalho para ajudá-lo a tirar as coisas do caminho até o menino.

Assim que estava tudo mais ou menos livre, Alec se adiantou e pegou a criança no colo. Rob e Alec ― com Rafael no colo ― então foram andando rápido até as escadas. Com sorte conseguiriam sair dali sem mais problemas. Pena que a sorte não estava colaborando muito com eles. Uma parte do telhado da casa desmoronou bem na frente deles, exatamente no meio do caminho até a escada. Seria impossível sair por ali naquele momento.

“Shhh, vai ficar tudo bem, amigão.” Alec confortou o menino que se assustou com o que tinha acabado de acontecer.

Os dois homens tiveram que pensar rápido. A única outra saída possível era a janela no fim do corredor, mesmo que a mesma parecesse um aro em chamas. Teria que servir.

Rob comunicou no rádio o que teriam que fazer e os bombeiros do lado de fora da casa prepararam de forma rápido o que seria necessário.

Quando chegaram a Janela, Rob saiu primeiro e se apoiou na escada para pegar o menino de Alec. Quando foi tirado dos braços do Lightwood, Rafael começou a gritar em desespero.

“Ei” Alec começou. “Eu preciso que você vá com ele, tudo bem?” O garotinho negou com um movimento de cabeça. Grossas lágrimas desciam por suas bochechas.

“Vamos lá, Alec! O menino!” Rob gritou do lado de fora da janela.

“Eu vou te encontrar lá fora, okay?” Passou Rafael chorando para Rob que conseguiu, com um pouco de esforço, descer com a criança até a calçada. Imediatamente os paramédicos correram para colocá-lo na ambulância.

Alec também foi rápido em descer e finalmente estar a salvo da casa em chamas. Ele seguiu até a ambulância onde podia ouvir o menino chorando.

“Tô aqui, amigão.” Ele entrou no veículo. Iria até o hospital com Rafael.

Enquanto a ambulância se afastava, os bombeiros que ficaram no local ― com a confirmação de não ter mais ninguém na casa ― retornaram a tentar apagar o incêndio.

[...]

Rafael teve que passar as duas noites seguintes no hospital em observação por causa da fumaça que inalou e das queimaduras leves que teve em um dos braços. Alec ficou o tempo todo com ele. Era bom que estivesse em seus dias de folga, ou teria sido complicado se afastar do trabalho.

Na manhã em que o garotinho ia ser liberado, Magnus apareceu para buscar Alec. Entrou no quarto do menino e lá estavam ele, o bombeiro e uma assistente social. Rafael seria encaminhado para uma nova casa de grupo assim que saísse do hospital.

“Olá!” Magnus disse ao entrar no quarto.

“Bom dia.” A assistente social cumprimentou.

“Oi, querido.” Alec sorriu para no namorado.

Rafael ficou um pouquinho tímido se se escondeu atrás de um dos braços do jovem bombeiro que estava apoiado na cama.

“Tudo bem, amigo.” Alec tranquilizou o menino. “Aquele ali é o Magnus, ele é muito legal!”

Rafael olhou para Alec, depois para Magnus que sorriu para ele, ai para Alec de novo que o encorajou. Ele então estendeu a mão para o professor e falou baixinho.

“Oi, eu sou o Rafael.”

“Prazer em conhecê-lo, Rafael.” Magnus apertou a mãozinha do garoto, a chacoalhando sem parar, o que fez Rafael gargalhar.

Depois de algum tempo, o médico apareceu e liberou o menino. Rafael estava meio cabisbaixo na hora de se despedir de Alec e Magnus, mas Alec garantiu que iriam se ver novamente. E realmente iriam. O bombeiro decidiu ― depois de conversar com o namorado ― que iria apadrinhar Rafael. A assistente social ficou feliz com a notícia, já que o pouco de carinho familiar que os padrinhos davam as crianças era super importante enquanto esperavam por um família que os adotasse. E muitas vezes que os apadrinhava acabava os adotando. Ela esperava que isso acontecesse mais uma vez.

[...]

Fazia quase seis meses que Alec tinha apadrinhado Rafael, nesse meio tempo o menino e Max tinham virado quase melhores amigos ― Kara estava quase perdendo seu posto ― e Magnus e Alec estavam completamente apaixonados pelo menino. A ideia de adotar Rafael passava pela mente dos dois.

“Alexander, a gente pode conversar?” Magnus perguntou em uma noite as si que tinham colocado Max para dormir.

Alec ficou preocupado. Magnus só o chamava pelo nome todo quando estava querendo provocar ou quando queria falar sobre alguma coisa séria. Isso estava parecendo muito a segunda opção.

“Sim. O que foi?” Se sentou no sofá e deu um tapinha no lugar vazio ao seu lado.

“É sobre Rafael.” Magnus se sentou. “Nós ajudamos ele há o que… uns 6 meses?”

“Sim, por quê?” O Lightwood concordou.

“Porque aquele garoto é maravilhoso e tudo que eu mais quero é trazer ele pra casa!” O professor soltou de uma vez. “Nós estamos juntos há quase dois anos, eu realmente amaria criar mais uma criaturinha com você.”

“Oh, graças a Deus!” Alec exclamou animado assustando um pouco o outro. “Eu estava querendo falar com você sobre isso e não sabia como.”

“Pode ser um pouco difícil no início, lidar com duas crianças em casa, mas eu acho que a gente consegue.”

“Então, vamos ter mais um filho?” O bombeiro quis a confirmação.

“Vamos ter mais um filho.” Abriu um sorriso de orelha a orelha que foi espelhado por Alec.

Depois de uns segundos Magnus pulou do sofá com uma expressão de preocupação e animação misturadas.

“Oh! Eu tenho que ligar para Christina!” Christina era a assiste social de Rafael.

“Magnus, são 11 da noite!” Gritou para o namorado excitado. Apesar de repreendê-lo, Alec no fundo ― agora que tinham decidido adotar Rafael ― também estava com pressa.