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  3. Capítulo 29

História I want to be much more than your friend. - Capítulo 29


Escrita por: Thamiyyi

Notas do Autor


HEY EVERYBODY !!
Como vai ?
Eu sei que ainda tem comentário para responder, mas é que eu tenho que sair agora, e não queria postar depois.
Então, tem uma parte aí que ta diferente, e que não uso com frequência. Mas é só pra vocês entenderem que ele estava revivendo e tals.
Não revisei o cap, sinto muito se tiver erros idiotas 😁
Espero que gostem !!

Capítulo 29 - Capítulo 29


—Por que jogou tão forte?!
O garoto dá de ombros, e caminha alguns passos para frente, antes de responder.
—Queria sair de lá ou não?- perguntou, se virando para encarar a garota.
Astrid roda os olhos, e ameaça falar algo em resposta, mas o barulho a impede, e também nos faz desviar a atenção.
Nós encaramos o caos que se encontra em nossa frente, distante o suficiente. Mas o barulho, os gritos, ou até o roçar das armas umas nas outras é alto.
A noite está aí, longe da costumeira, longe da calma que temos. As estrelas também estão no céu, assim como todas as noites, o que é estranho por causa da neve caindo. Porém, a lua não é vista.
Está frio. O vento é um pouco nulo, mas ainda sim quando é sentido, nos faz estremecer. O ar que respiramos também é frio, como se intensificasse o clima pesado, tanto literalmente como o que está óbvio por causa do acontecimento.
A atmosfera está pesada, e é difícil respirar, exatamente como quando estávamos juntos daquelas mulheres e as outras crianças.
Eu logo começo a pensar em como devemos fazer aquilo, ou como vamos passar por tudo aquilo.
Os outros também parecem pensar, enquanto encaram a situação à distância. Aposto que, assim como eu, procuram por uma saída, por uma forma de passar por ali e chegar ao campo de treinamento e pegar as armas.
Nós sabemos que devemos fazer um plano, mas acabamos por usar a desculpa de observar o caos, e evitar o momento ao máximo. Creio que agora, de cara com tudo aquilo, não estamos tão animados em começar a nos movimentar para o local onde está acontecendo, porque, merda! É uma guerra...
Depois do que pareceu longos segundos parados, Astrid não demorou mais para se virar e nos encarar.
—Agora é pra valer.- falou séria, fechando as mãos em punhos.
Os outros chegaram mais perto, e logo estávamos em círculo, encarando um ao outro.
Melequento deu um passo para dentro da roda, passando os olhos por todos nós que estávamos em sua volta.
—Astrid está certa.- deu uma pausa, numa voz completamente diferente da que ele usa.- Nós agora não estamos só indo lutar. Estamos indo lutar com um exército, com homens bem mais forte que nós, e que usam suas armas da melhor maneira que sabem. E isso até pode nos desanimar um pouco, mas não temos jamais que esquecer as frases de Alcis. Eles são bem mais forte que nós? São. Porém, somos tão capazes quanto eles. Como nosso treinador deixou bem claro, somos inteligentes o suficiente para montarmos estratégias em uma luta, e é isso que vamos fazer. Vamos usar isso ao nosso favor, e claro...- sorriu de lado.- Vamos mostrar como se luta de verdade.
É quando o moreno termina de falar, que Perna de Peixe não espera nem mais um segundo, antes de cortar o silêncio mínimo que tivemos.
—Mas como vamos passar por isso? Temos que pegar nossas armas.- diz.
Olhamos para Melequento, que faz uma pose de não estar preocupado com isso.
—Não acho que fazer um plano aqui vá adiantar. Ainda nem sabemos onde eles estão de verdade, e temos que dar uma olhada de perto. Aí poderemos ver se precisará de um plano.- fala.
Assinto, mostrando concordar com ele.
—E se o chefe nos ver?- outra vez Perna de Peixe.
Melequento pareceu impaciente, mas sua voz continuou calma, ao que ele falou:
—Não acha que ele estará mais ocupado com outras coisas?- arqueou as sobrancelhas, inclinando a cabeça um pouco para o lado. Ele não obteve resposta, e acho que foi por isso que o moreno continuou.- Tenho em mente que não nos verão com o inimigo caindo em cima. Ninguém.
O garoto que realizou a pergunta só fez que sim com a cabeça, desviando o olhar e juntando as mãos em frente ao corpo. Também não demoro para que assim como ele, eu desvie minha atenção, só que diferente do garoto, não olho para baixo, e sim para Melequento.
—Alguém mais quer perguntar, ou acrescentar algo?- o moreno diz, entrelaçando as mãos, e passando os olhos por nós.
Acho que mesmo se tivermos dúvidas, elas não podem ser respondidas. E aposto que nem são questionamentos sobre o assunto, que aliás, tenho um monte.
Eles são dos mais variados sobre o que está por vir, assim que dermos o primeiro passo para longe daquele lugar. Para longe daquele abrigo que éramos para estar. A maioria dos meus questionamentos têm a ver com isso, ou se assemelham, e sei que nenhum de nós podemos responder algo fora de nosso alcance. Algo como o futuro imprevisível que nos aguarda assim que nos mexermos.
Todos esses pensamentos me fazem suspirar lentamente, não querendo que eles escutem, e demorar um pouco para soltar o ar.
Ninguém se manifesta quanto à pergunta do garoto, o que nos confirma que não temos dúvida, ou pelo menos, passamos essa ideia ao não falarmos nada. Porém, tampouco nos movemos para longe dali.
Parece que sabemos que no minuto que decidirmos andar, não haverá volta, ou mudança de ideia. E sei que como isso me apavora, também deve apavorar os outros no mesmo nível.
Eu olho para Melequento, e suspiro antes de dar um passo para dentro do círculo.
—Faça alguma coisa.- sussurro para o moreno, que parece confuso ao me olhar, o que me faz apontar para os outros ao nosso redor.
Ele parece se ligar, ao soltar um "ah" baixinho, e se aproximar de mim.
—Hey.- limpa a garganta, e espera até todo mundo o encarar.- Dar para ver o que estão sentindo. Eu sei como estão se sentindo. Mas não podemos recuar. Não fomos treinados todos aqueles meses para desistirmos só porque tivemos medo. Alcis nos informou que não devemos nos sentir dessa forma; não temos o que temer. Somos bons no que fazemos, somos capazes.- dá uma pausa, permitindo que suas palavras deem eco pelo ambiente, e nos dando tempo para refletir nelas.- No momento em que chegarmos naquele campo de batalha - apontou para algo além, sem tirar os olhos dos que compõe o círculo - estaremos no mesmo nível que aqueles homens. Lutaremos no mesmo nível. Sabemos fazer isso. Alcis nos disse tal coisa. Não podemos ter medo agora, até porque, Alcis não nos treinou para termos medo, nos treinou para sermos aqueles que irão lutar em favor de nossa ilha. E ele foi bom nisso. Acredito que somos melhores que muitos por aí. Então, por favor, não insultem o esforço daquele homem para nos ensinar todos aqueles golpes, e não insultem a si mesmos, ótimos aprendizes vikings, ao terem medo.
Suas palavras passam lentamente por minha cabeça, e demoro até que finalmente entendo todas elas.
Me surpreendo de imediato, pelo fato de ele estar redondamente com razão. Penso que até eu mesmo já sabia que não tínhamos de ter medo, porém eu estava muito ocupado imaginando outras coisas sobre meu pai ou Jack.
Mas, é isso. Não podemos jogar fora tudo o que Alcis fez por nós. Ele nos ensinou a lutar, e aposto que nem era totalmente para essa situação. Sei que também foi para a nossa defesa, para que se algo ocorresse, pudéssemos fazer alguma coisa, pudéssemos nos defender. E só de pensar nisso, fico completamente grato pelo homem estar visando nosso bem estar, não só pensando na parte de treinar recrutas, e sim pensando também em todo o resto.
Agora, eu tenho absoluta certeza que jamais vou esquecer Alcis. Ou até mesmo permitir que seu trabalho duro tenha sido atoa.
—Então, temos que fazer isso.- o moreno diz com a voz firme.
Os outros não falam nada, mas posso ver pela expressão de todos eles, que concordam com cada palavra que Melequento disse, e parecem até mais calmos por causa delas.
Sem mais delongas, o moreno me olha, e logo depois anda na frente, sendo seguido rapidamente pelos gêmeos. Eu sorrio, e começo a fazer o mesmo caminho que os outros.
Nós caminhamos em total silêncio, embora atentos aos barulhos ao longe. Eles aumentam cada vez mais, ao que caminhamos em sua direção, chegando aos poucos para tudo aquilo.
Nossos passos são lentos e despreocupados; os meus sei que são dessa forma. Só caminho desse jeito, por causa dos vários pensamentos que invadem minha mente. Eles não são sobre o que está acontecendo em questão. Eles são sobre meu pai e Jack, principalmente Jack.
Eu não estou junto dele, e isso é horrível. Isso é apavorante. Isso é uma droga.
Eu só quero saber onde ele está, e se está bem, e se vai continuar dessa forma. Também não deixo de torcer para que ele esteja longe de tudo isso, que ele esteja a salvo com sua mãe, e que se estão na floresta, continuem lá.
Mas, de qualquer forma, sei que está seguro. Sinto isso, ou apenas, não quero pensar no assunto, se não sinto que posso chorar e que minha cabeça irá explodir.
Eu me concentro em distanciar minhas preocupações, ligando apenas em continuar a encarar meus sapatos, enquanto fico a andar distante dos demais.
Aquele local que estávamos há minutos, foi construído propositalmente longe. Eu me pergunto quando que o construíram, mas penso em como meu pai estava ocupado e fora de casa por muito tempo, e de como o homem chegava cansado; a resposta é fácil de ser imaginada.
As coisas estavam óbvias, em baixo de meu nariz esse tempo todo. Estavam em todos os lugares, estavam no que meu pai fazia, e eu nem enxergava nada. Embora o homem também não facilitasse as coisas para mim.
Eu sinto raiva disso. Raiva, pois onde todos eles estavam com a cabeça, para esconder isso da aldeia? Não é a melhor forma de proteger quem ama, mesmo fazendo todo sentindo na cabeça de quem teve a ideia.
Porém, agora já está feito, e não posso ficar pensando nisso nesse momento, já que tenho outras coisas para ocupar a mente.
Eu recrio todos os acontecimentos. Todas as coisas acontecendo rapidamente, sem me dar tempo para respirar.

***

Jack acaba de ir embora, e eu sorrio por causa da última coisa que saiu de sua boca, o que também me leva a rodar os olhos, enquanto abaixo a cabeça.

"-Bom, agora eu tenho que ir. Sei que você vai sentir minha falta, mas a vida tem isso de vez em quando, não é?

—O que?! Cala a boca!- empurro seu abdômen, mas ele meio que para meus movimentos, ao segurar em meu braço, fazendo com que seu corpo não vá tão para longe.

Sorri mais largo, ao me puxar para mais perto e me fazendo segurar em seus ombros, pelo menos, perto daquela região.

Ele me encara com um sorriso pequeno no rosto, fazendo um tipo de carinho em minha costa com uma das mãos, enquanto a outra é sentida em minha cintura.

Eu o empurro um pouco, até que ele se encosta à porta ainda fechada. O ato o faz sorrir, enquanto me puxa mais para seus braços.

O ambiente está escuro, e nem é por causa do tempo. É por causa de minha casa mesmo. Isso, porque não há muitas janelas ali, mesmo que sirva para que o clima frio não entre, porém faz falta.

Mesmo com a pouca luz, ainda enxergo seus olhos azuis me fitando, e o seu sorriso que insiste em ficar de lado. Sua respiração está branda, sem preocupações. Seu abraço me dá sensação de calor, enquanto também me sinto seguro ali.

Ele ainda acaricia minha costa, enquanto me afundo ainda mais para perto de seu corpo e em seus braços; completamente entregue ao grisalho.

Fecho os olhos, assim que o garoto se aproxima e já sinto sua respiração um tanto gélida perto de minha bochecha. Ele chega ainda mais perto, e diz rente à minha orelha:

—Amei a nossa tarde. Tudo o que fizemos. Tudo mesmo.- o final da fala é dita com ironia, me fazendo lembrar das nossas tentativas falhas de entretenimento, já que o dia estava tedioso, e já havíamos lutado até cairmos no chão do quarto.

Todas as tentativas foram idiotas, mas ao lado de Jack, tudo se torna mais legal e interessante.

Ele deposita um beijo perto de minha orelha, o que me faz morder o lábio com força, já que senti uma corrente elétrica passar por mim. Sinto quando está se distanciando, e não hesito em o puxar novamente, assim que se encontra cara a cara comigo, logo tomando seus lábios.

Nossas línguas se encostam sem mais delongas ou cerimônias. Nós nos beijamos lentamente, mas ainda sim é um toque intenso, e me faz desligar de tudo, me concentrando apenas em me satisfazer com aquele beijo, num ato que sei que é egoísta, mas não ligo.

Nós fazemos menção de que iremos finalizar o beijo, mas só ganhamos tempo, até voltar sem pensar duas vezes a explorar um a boca do outro.

Sinto suas mãos em meu pescoço, na mesma hora em que ele aumenta o ritmo. Nossas línguas se tocam com mais desespero e força, até que esgotamos o ar, nos separando rapidamente.

Eu puxo o oxigênio com vigor, e logo quando já estou respirando normalmente, olho para Jack.

Ele sorri de lado, ao também me encarar.

—Agora, infelizmente para você, eu tenho que ir.- sussurrou, dando um beijo em meu nariz.

Rodei os olhos, o fazendo dar um risinho, e depositei um tapinha em seu ombro.

—Não falei para você calar a boca?- perguntei, arqueando as sobrancelhas.

Ele riu mais uma vez, e me distanciei de seu corpo, lhe dando um espaço.

Jack abriu a porta, e logo sentimos o vento cortante do inverno invadir minha casa. Não demorei mais para passar os braços pelo corpo, tentando de alguma forma me aquecer.

—Você vai ficar bem?- perguntei, me referindo à forma como ele iria para casa nesse clima.

O garoto olhou para a rua, e fez uma pose indiferente ao me encarar de volta.

—Vou ficar ótimo.- respondeu, antes de se aproximar, e me dar um selinho.- E você? Vai ficar bem sem mim?

—Jack!- ele deu gargalhada, logo parando de modo súbito ao direcionar seu olhar para mim novamente. Sarcasmo vindo de sua expressão.

—Mas foi você quem disse que não vive sem mim!- respondeu, fingindo a voz casual.

Arqueei as sobrancelhas, ao lembrar do que ele falou.

—Nossa, nem me recorde disso.- fechei os olhos, tentando afastar os pensamentos.- Aquele dia, não sei onde eu estava com a cabeça, porque... Por Odin! Qualquer um pode viver sem você!

Jack fingiu a expressão ofendida e triste, então, assim como eu três segundos após a fala, caiu na gargalhada.

—Ta, vai logo. Já irá anoitecer, e parece que vai nevar de novo.- digo, assim que nos recuperamos.

Ele sorri, antes de me dar um beijo na testa, esse mesmo que durou longos segundos, o que também me levou a sorrir largo.

—Ta bom, papai.- disse irônico, e então deu de ombros, logo caminhando para longe da porta.

O observei por longos segundos, enquanto se distanciava por entre os flocos de neve caindo ao redor. Sorri ao que ele pegou um na mão, e se virou logo depois, me olhando e mandando um último tchau, antes de eu não o ver mais."

Eu ainda encaro o chão, imerso em pensamentos envolvendo o grisalho, todos esses que me fazem sorrir. Mas, me repreendo rapidamente, já que estou pior que uma garotinha, e odiando o fato de Jack fazer essas coisas comigo, ou me causar todas essas sensações.

Por fim, suspiro ao me afastar da porta, me concentrando em pensar em outra coisa.

Acabei por decidir ir para a cama, já que não faltava muito para chegar a noite. Eu esperaria por meu pai, isso porque o homem disse que voltaria ainda hoje, mas sei que esse ainda hoje vai demorar, e que como nos outros dias, ele chegaria de madrugada, ou perto disso.

Então, sem demora, eu já estava subindo a escada. Andei pelo corredor escuro, até que cheguei em meu quarto com a porta aberta.

Encarei a bagunça de Jack, o que me fez ficar com um pouco de raiva, mas acabei por sorrir pequeno, enquanto me jogava em minha cama de braços abertos. O lençol do colchão estava amarrotado e um tanto bagunçado, mas só me aconcheguei mais àquilo, me cobrindo com o cobertor.

Logo o sono me consumiu.

[...]

Eu desperto aos poucos, o balançar em meu corpo é que me faz acordar de uma vez.

—Hiccup, levanta logo garoto!- ele grita, perto de meu rosto.

O ambiente ao redor está escuro, a janela que quebra isso ao enviar uma luz fraca, o que facilita para eu poder enxergar meu pai próximo à minha cama, inclinado e com a mão em meu ombro.

Eu tento entender o que está acontecendo, mas é difícil assimilar com a pouca informação que me dão. Eu só penso ser algo... Algo. Só não consigo decifrar se é bom ou ruim.

Porém, a expressão de meu pai me responde.

Seus olhos estão levemente arregalados, suas sobrancelhas franzidas, enquanto seu cenho está enrugado, mostrando nervosismo. Sem contar sua boca aberta, e sua respiração descompassada. Ele parece ter feito algo, e se esforçado muito naquilo, já que não respira pelo nariz.

Só levei segundos para notar todos esses detalhes, o que não pareceu o mesmo para o homem.

—Pai? O que está acontecendo?- pergunto, ao me apoiar com os cotovelos.

Ele suaviza a expressão, ao relaxar as sobrancelhas.

—Graças a Thor! Finalmente você acordou.- disse, se distanciando um pouco.

Coço o olho, tentando ignorar a sonolência, e focar no homem em pé ao lado da cama, passando a mão na testa.

Não deixa de ser estranho aquela situação toda: meu pai em meu quarto, no que parece madrugada avançada, ainda mais daquele jeito nervoso.

Só não estou mais confuso, por não conseguir pensar direito; o fato de acabar de acordar, e o homem agitado ao meu lado não deixam eu raciocinar normalmente.

Demoro alguns segundos para afastar o sono, e não tardo mais em me ajeitar em cima do colchão, sentando à beirada da cama. E assim fico, esperando vir alguma explicação do mais velho.

Mas, parece que o mesmo está focado em outra coisa, ao que dá passos curtos para a direita e esquerda, enquanto mantém as mãos em sua cintura. Alterna o olhar entre o chão e qualquer outra coisa longe disso. Ele fala sozinho, mas não tenho interesse em suas palavras, já que seus atos me chamam mais atenção.

Alguns segundos mais duram isso, mas depois dos mesmos, me assusto com seus atos e a velocidade em que foram os mesmos.

—Tudo bem, tudo bem, tudo bem, tudo bem.- fala um pouco mais alto.- Tudo bem.- nesse último, se vira para mim rapidamente.- Calce suas botas, e desça. Rápido, Hiccup.

E então, eu não o via mais em meu quarto. Só escutava seus passos no corredor, se distanciando a cada milésimo.

Aquilo me deixou ainda mais confuso, e confesso que já estava começando a ficar com medo das atitudes do homem, e a causa delas.

Mas de qualquer forma, acabei por decidir parar de pensar sobre o que era tudo o que havia acabado de acontecer, e como o homem mandou, colocar minhas botas.

Eu acabo de sair pela porta, e encaro o corredor escuro. Meus passos são lentos, enquanto sigo para a única luz do local, vinda do andar de baixo, e que a escada trás.

Eu escuto as conversas e entendo as poucas palavras, só não sei exatamente o que elas querem dizer.

Meu corpo treme de leve, ao que o clima frio está presente, e parece mais frio do que realmente é. Isso tudo me faz pensar em como um agasalho mais pesado cairia bem naquele exato momento. Mas, me contento com o que estou, que mesmo sendo um pouco fino, consegue me livrar de mais tremedeira.

O corredor dá impressão de ser mais extenso do que é na realidade, mas sei que isso só acontece por causa de meu ritmo lento. Não sinto ansiedade para chegar ao andar de baixo, embora esteja curioso e a conversa me chame bastante atenção. Isso é mais um dos fatores de estar andando devagar; eu estar me concentrando em saber o que está rolando.

Chego à escada, e a escuridão também toma conta do local abaixo. Só não me encontro nas sombras por completo, por causa da porta aberta. Ela trás uma luz amarelada, como de uma vela acesa, refletindo em uma parede.

Eu desço os degraus usando o ritmo do corredor, e chego ao chão, minha atenção sendo voltada para a porta de imediato, quer dizer, ela já estava direcionada para a mesma.

Eu ando sem perceber, chegando perto da saída.

Há vozes distantes vindas do lado de fora; essas, eu não posso entender. Ouço murmúrios demasiados altos vindo da cozinha também, mas não me concentro nestes.

Eu estava para chegar perto da porta, pronto para ver o que nela é revelado, pronto para ver o que estava acontecendo, porém:

—Eu sei disso! Eu sei, tudo bem?!- vem da cozinha.

Isso é o suficiente para eu perder o foco, e me direcionar para a esquerda.

Eu os vejo reunidos em torno da mesa, enquanto encaram algo em cima da mesma. Não tem iluminação no ambiente, mas parecem não ligar para isso no momento. Não parecem ligar para nada.

Eu reconheço alguns, outros passam despercebidos por mim. Eles são meu pai, Bocão, o pai de Astrid, Magnus, Rolf e Alcis. Os demais, ou estão de costa, ou não faço ideia de quem são.

Realmente não sei o motivo de estarem ali, realmente não sei o que está acontecendo.

Eu ainda fico no mesmo lugar, não sendo notado por nenhum deles, enquanto observo seus atos, ou escuto suas palavras que não se encaixam em minha mente.

Alcis é o primeiro a me ver, dando um sorriso largo assim que seus olhos vêm ao meu encontro.

—Filho do chefe! Finalmente deu as caras!- fala com sua característica animada.

Eu ia responder, mas meu pai se virou para mim de modo súbito.

—Oh, Hiccup.- se afasta dos demais.- Que bom que finalmente desceu.

Ele se aproxima rapidamente.

—Stoico, aonde vai?- Bocão pergunta, parecendo confuso.

O homem olha para trás por alguns segundos, antes de responder.

—Levar meu filho para o refúgio.

Eu não sei exatamente o que aconteceu a seguir, só sei que meu pai me carregou de forma bruta porta afora. Eu não conseguia ver as coisas ao redor direito. O homem andava tão rápido, que não me deixava assimilar o ambiente à nossa volta.

Eu lhe perguntava o que ocorria para agir deste modo, e que refúgio ele estava falando, porém, o que saía de sua boca eram poucas respostas, e de qualquer forma, era algo muito sem noção para eu entender ou acreditar.

Ele falava sobre algo como ter que lutar contra um exército, e que queria que eu ficasse no refúgio, já que não queria que eu me metesse em encrenca. Mas, eu não cria no homem.

Só que, eu estava muito confuso para ver que era o que estava acontecendo. Estava cego.

Só pareci abandonar minhas crenças superficiais quando meu pai me jogou pela porta daquele abrigo, me dizendo:

—É aqui que você vai ficar. Ficará seguro com as outras crianças e com as mulheres. Hiccup, eu tenho que ir agora, meu filho. Mas... você vai ficar bem. Vai sim.

Então, a porta foi fechada e tudo que eu escutava, era a agitação dos que estavam ao meu redor.

Mesmo depois que fecharam a porta, continuei com meus olhos fixos nela, ainda que estivesse escuro, impossibilitando qualquer um de enxergar um palmo à frente do rosto. O lugar aonde vi meu pai pela última vez naquela interminável noite.

Já havia revivido essa cena milhares de vezes depois que fui deixado lá. Teve trégua, mas agora parece estar acordado em minha mente nesse exato momento. É uma tortura pensar nas horas passadas. Isso tudo é uma tortura.
Mas, felizmente, minha atenção é desviada.
—Ei, vai continuar a me ignorar?
Eu olho para a loira ao meu lado, percebendo sua atenção em meu rosto.
—Desculpe, estava distraído.- explico baixo, ao que olho para frente, mais especificamente, para o grupo mais distante de nós dois.
Realmente devo ter andado muito lentamente, já que eu e a loira nos encontramos em uma distância significativa.
—Também apago em certos momentos.- ela diz vagarosamente, tendo minha atenção por causa da fala um tanto estranha. Astrid retribui oolhar depois de alguns segundos.- Você sabe... Também fico revivendo o momento quando meu pai me contou e me deixou no abrigo, ou refúgio. Sei lá.
Em resposta, apenas levanto um pouco as sobrancelhas, demonstrando ter entendido, mas de qualquer forma, ajo indiferente depois disso, ao encarar o chão. Não quero passar a ideia de estar preso em pensamentos, e que não consigo sair deles. Parec-
—Parece um pesadelo.- Astrid lê minha mente, ao dizer tal coisa.
E é isso mesmo que parece. E eu só quero acordar.
Eu não a olho, só murmuro um "pois é" baixo. Ela não se importa em me responder, só parece estar pensando, assim como eu, enquanto ainda encaro o chão coberto pela neve.
—Pelo menos um de nós está livre disso tudo.- desvio minha atenção até a loira, um pouco confuso por causa da mudança de assunto.- É ótimo Jack estar seguro, e não precisar passar por isso.
Junto as sobrancelhas, ainda a olhando.
—Quem te garante que ele está seguro?
Ela não me encara, mas responde assim mesmo.
—Eu estava treinando na floresta em frente à aldeia, e o vi. Sei que ele mora por lá, e aposto que é lá que Jack está.
Isso que ela diz, me dá um pouco de segurança, que não conseguia achar em mim mesmo.
—Espero que esteja certa.
Sorrio, assim que seus olhos vêm parar em meu rosto, e a loira me retribui o ato.
Nós não nos importamos em dizer mais nada depois disso, mas a garota me chama atenção ao soltar um risinho. Eu a olho, curioso para saber o motivo. Ela encara o caminho à frente.
—Acho que vou lá naquele idiota.- diz, e desvio o olhar, procurando o dono de sua atenção.
Percebo ser Melequento. Ele luta com algum inseto, ao dar tapas no ar.
—Ah... pode ir lá.- sorrio, encarando a loira.
Ela acena, e não demora mais para correr até o grupo mais distante de onde eu estava.
Eu olho para o lugar onde nos encontramos, e tomo um susto ao saber que não demorará muito até chegarmos à vila. Isso me faz andar apressadamente, a fim de me juntar aos demais. Caminho ao lado de Perna de Peixe.
—Nós já estamos chegando.- ele diz, assim que percebe minha presença.
—É, eu sei.- respondo, ao virar minha cabeça para o caminho à frente.
Já posso ver as casas grandes, e pela primeira vez, noto os gritos mais altos, já que me desliguei deles. Porém, agora é impossível.
Só não vemos a guerra em si, por estarmos atrás da aldeia, a parte contrária de onde Jack mora.
Admito ter sido melhor ter feito o refúgio ali mesmo, atrás da vila, já que percebi o exército inimigo ter vindo pela lateral da ilha. Também há vantagem para a gente, já que não iremos sair dessa parte da floresta e já dar de cara com a guerra.
Eu não sei exatamente quando, mas nós já estávamos andando pelas ruas da vila. Estava silencioso, abandonado, uma vez que os homens estão batalhando e as mulheres e crianças estão no refúgio.
O ambiente está escuro, menos pelas tochas acesas ao longe, aonde está acontecendo tudo. Os gritos estão mais claros, o combate é escutado, enquanto caminhamos silenciosamente.
Cada vez chegamos mais perto, mais perto da rua principal.
Nós estamos em um dos extremos das casas, perto da rua onde está acontecendo. É possível ver os vultos, os homens lutando bravamente bem em nossa frente. Minha boca se abre, assim que percebo a quantidade que se aglomeram num só lugar.
Há uma quantidade absurda deles, tanto do nosso exército, como do inimigo. Os dois avançam em direções opostas, tentando combater quem está em sua frente.
Aquilo é um caos. Aquilo é assustador. Aquilo é inacreditável. Aquilo realmente é inacreditável.
O mundo pouco importa no momento, eu só tento descobrir se o que estou contemplando é verdade. Ainda é muito repentino, ainda é algo muito fora de alcance. Por isso não posso acreditar que é real.
Os outros também parecem do mesmo jeito que eu. Nós permanecemos estáticos, observando o que ocorre, de modo irônico, na esquina.
Malequento parece se virar em nossa direção, mas pouco me importo com isso. Ele também diz algo, porém, não entendo suas palavras.
—Hey!!- ele grita, e isso é suficiente para que eu e os que estão perto de mim, pare de observar o caos.- Ainda temos que pegar nossas armas.
Acordo do transe, ao concordar com ele mentalmente.
O campo de treinamento não está tão longe, todavia, temos que ter cuidado para ninguém nos ver, já que estamos desarmados.
Melequento anda na frente, e não demora muito até que o sigamos. Andamos alguns metros, e logo o moreno abre as grandes portas. Nós corremos até as armas, e me antecipo para pegar um escudo, e logo após, uma espada.
Então, nós nos encontramos no meio do campo, todos com suas devidas armas, todos calados, escutando o que ocorre do lado de fora.
—Só vamos tentar nos manter juntos, assim poderemos ajudar um ao outro, caso precise.- Melequento disse.
Nós concordamos, e realmente era um bom plano.
Andamos até a saída daquele lugar, logo vendo o combate demasiado longe.
Eu realmente não percebi como, mas já estávamos nos aproximando daquilo. Aquilo era uma cena de horror. O chão estava repleto de corpos, enquanto também estava banhado de sangue. Era apavorante, horrível.
Continuamos juntos, e quando menos percebemos, eles já estavam caindo em cima, não se importando se éramos, ou aparentávamos inferioridade.
[...]
Eu me sentia exausto, e era assim que eu estava. Meus músculos todos doíam, pulsavam, principalmente os do meu braço esquerdo e direito. Eu andava vagarosamente, cada passo pesado, sendo difícil dar o próximo. Tinha ferimentos não tão urgentes espalhados por todo o corpo, tornando difícil fazer qualquer coisa.
Lutar contra o inimigo foi bastante difícil. Era como Alcis havia dito, eles jogavam sujo, bem sujo. Mas uma vez que executava os golpes ensinados na arena, era fácil vencê-los. Aposto que pensavam que não dávamos nem para o gasto.
Os outros e eu permanecemos juntos, cumprindo o acordo de ajudar um ao outro. De qualquer forma, não precisávamos de ajuda a todo momento, mas ficamos próximos.
Nós conseguimos afastá-los por um tempo, nos dando um tipo de trégua, o que era um alívio; um tremendo alívio. Mas acho que a guerra não iria acabar tão cedo, já que ambos os exércitos não queriam recuar. Quer dizer, meu pai jamais faria algo parecido, sendo orgulhoso como é. O líder do outro povo também parecia não querer abrir mão, suas intenções falando mais alto que seu bom senso.
Eu posso ter ido com tudo aquilo, lutado, dado o meu máximo, mas ainda sim aquela noite foi a pior que já tive. Estar numa guerra era a pior coisa.
Eu os escutava, enquanto me mantinha longe dos demais no centro da cozinha. Eles estudavam estratégias do inimigo, faziam suas próprias estratégias, ou só comentavam alguma outra coisa. Eu apenas não prestava atenção o suficiente.
Meu pai ficou surpreso ao me ver dentre toda aquela multidão de vikings, e deixei claro que não precisava ficar com raiva ou preocupado, já que eu estava ali porque logicamente, sabia lutar.
Então, já que eu e os outros lutamos, consequentemente era bom que participássemos daquela reunião em minha casa.
Mas para falar a verdade, eu só estava ali, porque estava cansado demais para subir a escada.
De qualquer forma, depois de um tempo sem saída, decidi prestar atenção no que eles estavam falando.
—Onde o inimigo está agora?- era alguém que eu não conhecia.
—Na floresta, em frente à rua principal.- respondeu meu pai.
Minha mente acordou na mesma hora. Meu coração passou a palpitar fortemente, ao que começava a entender o que aquelas palavras queriam dizer.
Minha respiração já estava irregular, e não percebi, mas não demorei mais até sair correndo pela porta, num ato involuntário, visando chegar à floresta o mais rápido possível.


Notas Finais


Pulei a parte dele lutando na guerra, pq teria que ter muito detalhe, e desculpem se queriam ler sobre, mas, só o que precisam saber, é que ele é muito foda e que venceu facinho os que vieram pra cima :))
Preciso do seu comentário para postar o próximo, então comente pls
Kissus 💛


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