1. Spirit Fanfics >
  2. I want to color your tattoos >
  3. Scarlet

História I want to color your tattoos - Scarlet


Escrita por: artaeshi

Capítulo 2 - Scarlet





Depois daquele dia, Taehyung se atreveu a atravessar a rua outras vezes. 


Eles conversavam sobre música, sobre jogos, ranqueavam quais eram as senhoras mais fofoqueiras da rua e Taehyung ria até sua barriga ficar dolorida quando Jungkook contava sua teoria sobre a senhora Wong da casa amarela ser na verdade um homem.


O mais novo se via abrindo mão de se enfiar num pub fedido qualquer para ficar até tarde sentado com Taehyung, falando sobre tudo e nada. 


Certo dia o garoto levou uma de suas telas até o gramado de Jungkook, juntamente às suas tintas coloridas. E foi naquele dia, enquanto o garoto explicava cuidadosamente alguns truques para que a tinta não escorresse, que Jungkook percebeu que estava se apaixonando por ele.


Era engraçado para quem visse de fora, porque eles pareciam completos extremos. Jungkook com sua pele clara manchada pelas tatuagens selvagens, suas roupas na maioria das vezes negras e pesadas, o cabelo na mesma cor e expressão firme. Já Taehyung estava sempre com suas roupas claras e suaves dançando no corpo, a pele imaculada e bronzeadinha muitas vezes manchada de tintas coloridas, e o sorriso afável enfeitando os lábios cor pêssego.


Eram como o dia e a noite, mas, de alguma forma, pareciam funcionar bem.


— Você quer conhecer meu ateliê? — o garoto perguntou um tempo depois, brincando nervosamente com a coroa de flores que se encontrava sobre suas coxas.


Durante aquelas duas semanas seus encontros se limitaram ao gramado de Jungkook. Kim atravessava a rua e eles acabavam ficando por ali, deixando as coisas fluirem de uma forma tão natural que sequer viam as horas passando, e algumas vezes até testemunhavam o pôr do sol juntos, até que ele desse lugar aos pequenos pontinhos brilhantes no céu escuro. No entanto, por mais que Taehyung já houvesse comentado sobre esse ateliê, nunca chegaram a conversar sobre expandir a relação que tinham para outros lugares.


Não que Jungkook não quisesse. Ele apenas não sabia se o acastanhado gostaria de conhecer seu mundo, seus amigos um tanto evasivos, sua mãe nem sempre tão receptiva, seu quarto tão escuro e sem vida quanto suas roupas; e todo o resto que o cercava.


Pensava que era demasiadamente apagado para toda a luz e cor que Taehyung trazia consigo.


Mas ali estava o garoto, aparentando ansiedade após perguntar aquilo de maneira tão incerta e baixinha, demonstrando o quanto queria aquilo, o quanto não se importava que Jungkook fosse tão isento de cor.


Mal sabia o moreno que ele apenas queria ser sua cor.


— Eu adoraria. — respondeu pouco antes de levantar e esticar o braço para ajudar Taehyung a colocar-se de pé também.


E bem, da mesma forma que começou, aquilo se tornou frequente.


Jungkook sempre sorria ao deparar-se com o "Ateliê do TaeTae" escrito em letras garrafais e infantis na porta do quartinho que existia no quintal dos Kim. Ao redor haviam deseinhos de flores, pinguins, frutas, pessoinhas e sorvetes. Tudo absurdamente adorável, principalmente ao imaginar um Taehyung de oito aninhos fazendo aquilo na pontinha dos pés.


Na segunda vez que visitou o cômodo, já havia elegido-o como um de seus lugares favoritos do mundo. A parede, que provavelmente um dia fora branca, agora era quase que completamente coberta por desenhos aleatórios e bonitos, provando que aquele havia sido um trabalho de semanas, se não meses. Mas depois de um tempo acabou constatando que se tratava de um trabalho de anos, considerando que o revestimento de gesso exibia uma evolução nos traços e técnicas. Haviam desenhos simples e infantis, assim como haviam alguns que Jungkook podia facilmente imaginar numa exposição de arte importante.


Haviam telas por todos os lados, algumas em branco ou pela metade, mas a maioria eram completas. Taehyung definitivamente tinha apreço por flores e natureza, pois a maioria das telas consistiam numa grande explosão de cores para representar flores de diferentes tamanhos e espécies. No entanto, vez ou outra Jungkook encontrava alguma silhueta humana se mesclando às flores, assim como algum animal exótico.


Certa vez ele perguntou qual era o padrão do acastanhado; Taehyung apenas sorriu e disse que pintava o que lhe enchia de adoração e paixão.


Jungkook se perguntava em que momento ficar sentado em um dos puffs fofos de Taehyung enquanto via o garoto pintar, sujando suas mãos e blusa, se tornara sua definição de tarde perfeita. 


Ele apenas amava ver como Taehyung ficava lindo quando concentrado; com suas sobrancelhas grossas franzidinhas e os lábios formando um biquinho adorável quando algo o descontentava. Nesses momentos precisava conter-se muito para simplesmente não beijá-lo.


Em realidade, a partir de algum momento que não saberia dizer qual, estar perto de Taehyung e não beijá-lo havia se tornado a tarefa mais árdua de sua vida. Porque quando o garoto parou de tremer para falar consigo, ele passou a se aproximar sem qualquer receio, falava olhando profundamente em seus olhos, e sorria para si sem qualquer resquício de piedade.


Para Jungkook deveria ser considerado um crime que aquele sorriso fodidamente lindo não estivesse espremido contra seus lábios.


Ele havia se tornado um fodido apaixonado, com direito a metáforas aprazíveis sobre cada mínimo detalhe de Kim Taehyung, além de pensamentos bobos e piegas fantasiando um futuro com o garoto. E bem, já estava conformado com isso. 


Em algum momento tivera que contar para Namjoom e Yoongi que o motivo de não lhe parecer mais tão interessante as festas que iam para beber até vomitar nos próprios sapatos, era preferir estar com seu vizinho; não por dor de barriga ou indisposição, como andava alegando. E é claro que ele foi zoado por dias, mas sequer conseguia se importar tanto com isso.


Não quando Taehyung vestia uma blusa branca que escorregava um pouco em seus ombros magrinhos, quando segurava o pincel com uma delicadeza tão desconcertante que Jungkook sentia que poderia chorar; muito menos quando ele lhe fitava por cima dos ombros e sorria tão fodidamente lindo que se assemelhava à mais perfeita obra da Capela Sistina.


— Vem, Jungkook-ah. — o moreno levantou prontamente, andando até estar ao lado do garoto. — Você gosta?


Jungkook fitou o que pareceu ser uma rosa perfeitamente cheia e desabrochada, como se estivesse começando a transbordar e suas pétalas fossem soltar a qualquer momento. O tom vermelho forte fora perfeitamente trabalhado para parecer suave e esfumado, mas Jungkook notava o quão avassalador e intenso era. Não conseguiu evitar de comparar aquela rosa com o que sentia por Taehyung.


— Eu gosto, gosto muito. — não tinha certeza se estava se referindo apenas à pintura.


Quando se voltou para Taehyung, os olhinhos felinos já estavam grudados em si, seus olhos desceram automaticamente até os lábios do garoto — lindos, róseos e perfeitos —, mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, sentiu os lábios macios contra os seus. 


Seu coração falhou uma batida; seu corpo temeu. 


Mas tão rápido quanto começou, cessou.


— C-Céus, me desculpe, eu — os olhinhos oscilavam incessantemente entre seus lábios e seus olhos.


Então Jungkook o calou.


Taehyung suspirou fortemente contra seus lábios, levando as mãos sujas de tinta até seu rosto. Jungkook não se importava se sua pele ficaria toda manchada, na verdade ele não se importava com nada além dos lábios que se moveram tímidos contra os seus, juntando suas bocas em selares tão doces e suaves como o tocar de uma pétala.


Não se importava se Taehyung era tão fodidamente macio para suas mãos brutas, se aquele sorriso era adorável e puro demais para seu olhar malicioso e impudico, ou se aquelas coroas de flores e a bagunça de cores vivas era o completo aposto ao preto que existia ao seu redor.


Sua mão encontrou o tecido fino que cobria a cintura delicada de Taehyung, abrindo os lábios e tomando os do acastanhado num beijo doce e apaixonado. Sentir o gosto do garoto fora como uma explosão de cores, e não era sobre as mãos manchadas em tonalidades de vermelho, branco e rosa; era sobre aquela sensação na boca de seu estômago, sobre o aceleramento descompassado de seus batimentos, e sobre cada um deles parecer chamar por Taehyung.


Os dedos longos do mais velho estavam depositados sobre a tez alva de Jungkook, segurando-o contra si como se temesse que o moreno evaporasse de suas mãos; enquanto suas cabeças tombavam para lados opostos e permitiam o encaixe perfeito de seus lábios. Seus peitos quase completamente juntos os permitia sentir o ritmo descompassado de seus batimentos, e a mão firme em sua cintura deixava seu corpinho mole e arrepiado.


Era perfeito. 


Jungkook sempre soube que beijar Taehyung seria maravilhoso, mas naquele momento ele sentia como se estivesse flutuando sobre um extenso campo de lírios, emergindo de vez no quão doce, viciante e inexplicável era cada mínimo detalhe que compunha aquele garoto. Era intenso e arrebatador, mas tão suave que sentia sede e necessitado de beijá-lo por horas. Aquele beijo demonstrava o quão fodidamente Jungkook desejou aquilo nos últimos cinco meses, mas também evidenciava a sutileza e doçura que Taehyung punha em cada ato.


E era um equilíbrio que funcionava bem.


Bem o suficiente para que Jungkook tivesse certeza sobre aquele ser o melhor beijo de sua vida; bem o suficiente para tirar suspirinhos deleitosos de Taehyung, enquanto seus dedos se perdiam nos fios negros do outro, mal se importando se os mancharia. 


Não se importava com mais nada. Apenas queria sentir mais de Jungkook, mais daquele toque tão contrastante ao seu e, ainda assim, tão certo e perfeito.

 

Jungkook era uma incógnita que fascinava Taehyung.


Quando o ar fêz-se necessário, se separaram lentamente; ambos pares de olhos ainda fechados, temendo acabar com aquele momento tão especial. Jungkook tinha muita coisa para dizer, mas não queria de forma alguma assustar Taehyung, então preferiu se conter e apenas torcer que pudessem se beijar outra vez, e outra, e outra... Até que estivessem completamente perdidos nos lábios do outro, de forma que não conseguissem mais encontrar o caminho de volta.


— Jungkook-ah? — Taehyung sussurrou contra seus lábios, o ar quentinho tirando-o um suspiro quase involuntário; e quando seus olhos se abriram, as orbes amendoadas já estavam em si.


— Tae...


— Por que fez isso? — perguntou incerto, ainda sem afastar seus corpos; permitindo que as mãos grandes continuassem em sua cintura e apreciando o quão bom era ter os fios pretinhos enrolados em seus dedos. — Digo, eu sei que comecei, mas por que você… continuou?


Por um instante Jungkook perguntou-se mais uma vez se suas tatuagens, sua personalidade um tanto bruta às vezes, suas roupas rasgadas e sua vida de gato sem dono poderiam assustar Taehyung. 


No entanto, sua resposta não tardou a vir, porque enquanto fitava os olhos amendoados que tanto o entorpecia, podia notar que eles transbordavam, tão cheios de… algo. Algo quente e forte, tão forte quanto o vermelho pincelado na pintura que fora esquecida minutos atrás.


— Eu esperei por cinco meses. 


Então Taehyung sorriu, assentindo de forma adorável, como se estivesse absorvendo aquilo tudo. E poucos segundos depois Jungkook o beijou novamente.






Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...