Me sentia estranha, mas era um estranho bom, foi como liberar um peso de minhas costas. Era diferente comentar sobre meu passado com alguém, mesmo que esse alguém fosse a Julia, talvez a culpa que eu sinto me faça retrair tudo e guardar pra mim ao invés de desabafar como qualquer outra pessoa comum faz, mas agora, sinto que posso dizer qualquer coisa pra ela.
- Continua.
- Continuar o que, já contei como conheci o Justin, o que mais você quer saber?
- Tudo? – Revirei os olhos.
- Depois daquele acontecimento desagradável na biblioteca, fique um bom tempo pensando nele e se ele estava bem, eu não sabia o que tinha acontecido com ele, eu torcia pra que ele estivesse bem.
- Ficou com saudades dele?
- Não, é só que ele me devia uma explicação, ele não podia ir embora daquele jeito.
- Não podia, mas foi. – Nem tinha percebido. – O que voce fez em relação a ele?
- A coisa mais prudente a se fazer, nada!
- Nada? Como assim nada?
- É, não fiz nada porque não queria correr mais perigo, então simplesmente fingi que nada havia acontecido, e achei que isso seria a solução.
- Voce realmente achou que fingir que nada aconteceu sabendo que aconteceu, seria a solução? Brilhante!
- Não me interrompa, por favor. Sim, achei que ignorar fosse a solução, mas obviamente não era.
Flashback on’
- Samantha, acorda!
- O que foi pai?
- Hora de levantar.
- Não quero ir para o colégio hoje!
- Boa tentativa, agora levanta e vai se arrumar o café já está pronto.
Hoje realmente eu não queria fazer nada além de dormir o dia todo.
- Olha só quem resolveu descer para tomar café junto a sua família.
- Muito engraçado pai – Bom humor pela manha não é algo que me agrada – Vou indo para o colégio, tenho que chegar mais cedo porque vou ajudar a Jenna com um trabalho.
- Ok, mas tome cuidado e qualquer coisa me ligue.
Meu pai é tão neurótico em relação a minha segurança e a da minha irmã Cas, que não percebe que isso pode nos afetar de alguma forma, mas tudo bem, não vou discutir com ele, depois que a mamãe sumiu ele vem agido dessa forma, então eu não o culpo, cada um tem seu jeito de lidar com a perda, o jeito dele é cuidar e proteger o máximo que pode do que restou.
Meu colégio não é muito longe da minha casa, o que facilita muito pra mim, posso ir á pé e chego la em 20 minutos. O colégio não é muito grande, porem o ensino é muito bom, quase todos os alunos de la são dedicados e tiram notas boas, mas á sempre exceções, como as lideres de torcida, os caras do time e uns drogados que andam com eles, são uns completos babacas.
- Jenna! – Jenna é minha amiga desde que me conheço por gente, sempre fazemos tudo juntas, gosto de sua companhia, é muito agradável e ela me faz me sentir a vontade. – Hey Jenna, vamos fazer o trabalho?
- Primeiramente, bom dia!
- Bom dia.
- Sabe Sam, notei que ultimamente você anda meio distraída, avoada, o que esta acontecendo?
- Nada, eu estou normal – Eu realmente venho agido de forma estranha depois do acontecimento na biblioteca, mas não queria falar nada pra ninguém, acho desnecessário – Mas voltando ao assunto, vamos fazer o trabalho?
- Claro – Ela esta desconfiada, vejo no seu olhar.
Fomos andando ate a biblioteca, conversando sobre coisas aleatórias.
- Jenna, você tem que começar a fazer seus trabalhos antecipadamente e não na ultima hora.
- Eu sei, mas é que agora eu tenho um irmão pra cuidar enquanto meus pais trabalham, e não posso deixa-lo sozinho- Ter irmão mais novo é um saco, não que eu não ame a minha irmã, mas é que são tão irritantes as vezes... - Vamos passar na sala do diretor, preciso falar com ele.
-Tudo bem, mas não podemos demorar muito. – Ela assentiu com a cabeça, e continuamos andando ate a sala do diretor, quando chegamos la a Jenna bateu na porta, o diretor estava atendendo outra pessoa e pediu para esperarmos ali fora. Não demorou muito ate o individuo sair da sala, e quando ele saiu fique sem ar, era ele, o garoto da biblioteca, ele parou em frente a porta e ficou me olhando meio surpreso.
- Com licença por favor – Jenna disse se dirigindo a porta. - Sam, pode esperar aqui fora? Eu não demoro.
- Tudo bem – Eu ainda não conseguia respirar direito, e ele parou de me fitar com um tom de surpresa e começou a sorrir, aquilo estava me incomodando.
- Olha só quem esta aqui.
- O que você faz aqui? Veio se esconder novamente? – debochei. – É melhor você ir embora rápido, antes que arrume confusão.
- Aqui é meu novo local de trabalho, no que me da todo o direito de permanecer aqui o quanto tempo eu quiser. – Não estou acreditando – E é melhor a senhorita me respeitar afinal sou monitor desse colégio e você e uma aluna, não quer arrumar encrenca, quer Sam?
- Isso não vai ficar assim, vou contar ao diretor quem você é, ele não pode deixar um delinquente trabalhar aqui!
- Faça isso e vai ser a ultima coisa feita por você.
A porta abriu e a Jenna saiu da sala.
- Vamos Sam – Jenna disse fitando o garoto.
Eu ainda não consigo acreditar que aquele marginal esta trabalhando aqui, ele vai arrumar encrenca, eu sei que vai, pessoas como ele só atraem esse tipo de coisa, mas o pior é que ele pode acabar prejudicando alguém que não tenha nada a ver com ele, incluindo a mim.
- Sam, esta tudo bem? Você parece estar meio distante.
- Não é nada Jenna, eu só lembrei que tenho um compromisso hoje.
- Humm, vai sair com alguém? - Tavez.
- Não, você sabe que eu não gosto de me relacionar com pessoas, prefiro ficar na minha.
- Ai Sam, as vezes eu te acho tão careta sabe, você tem que sair mais, se divertir, você só sabe estudar e dormir. – Eu até poderia responde-la e contar meus motivos de não gostar de sair ou de socializar, mas minha cabeça esta á milhão, então prefiro ficar calada.
Aquele garoto me intimida, quando estou perto dele me sinto totalmente desprotegida e frágil, mas isso não vai me impedir de falar com ele depois da aula.
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