1. Spirit Fanfics >
  2. I want you to stay. >
  3. Well done, Mats Hummels!

História I want you to stay. - Well done, Mats Hummels!


Escrita por: EchteLiebe

Notas do Autor


GURIAS! ESCREVI DEMAIS. SOCORRO. MEUS DEDOS ESTÃO DOENDO.
ESPERO QUE VOCÊS GOSTEM.
beijos <3

Capítulo 21 - Well done, Mats Hummels!


Terça-feira à noite, treino finalizado e garotos reunidos no vestiário. A conversa em voz alta dominava o ambiente, os meninos empolgados com os resultados recentes no campeonato discutiam táticas e possíveis mudanças para o próximo jogo, que ocorreria no sábado. Auba estava sentado em um canto ao lado de Mario e Lewy, que organizava os próprios pertences em silêncio. Marco estava ausente, mais uma vez, devido ao trabalho na empresa de publicidade. Ultimamente o garoto andava fazendo muitas horas extras e estava sempre cansado demais para conseguir treinar no período noturno. Lewy já havia tomado banho, arrumado suas coisas em uma mochila e agora olhava o celular com certa impaciência, esperando por uma mensagem que parecia que jamais chegaria.

“Hum... Robert?” – Auba começou, meio acanhado. – “Você tem alguma notícia do Marco? Meu celular está sem bateria.”

“Eu estou esperando uma mensagem dele.” – Lewy olhou mais uma vez para a tela do celular e franziu o cenho, incomodado. – “Nós combinamos de sair para jantar quando ele chegasse da empresa.”

“hum...” – Auba respondeu, movendo a cabeça de maneira afirmativa. – “Ele anda trabalhando demais ultimamente, está fazendo muitas horas extras para guardar dinheiro.”

Do outro lado dele, Mario corou e abaixou a cabeça, um tanto sem graça. Ele era o motivo das horas extras, por mais que já houvesse conversado com Marco mais de uma vez e pedido para que o melhor amigo parasse com isso. Infelizmente, o louro era teimoso e cabeça-dura e não lhe dava ouvidos. Ele estava cada vez mais abatido, o semblante cansado e as olheiras proeminentes, mas ele jamais daria o braço a torcer, pois ele havia feito uma promessa. Ele estava guardando o dinheiro para que Mario pudesse usá-lo para criar o filho quando a criança nascesse, e nenhum argumento utilizado por Mario havia sido o suficiente para demovê-lo dessa ideia maluca. Ele queria trancar a faculdade, que tinha aulas em período integral, e procurar um emprego, mas Marco não aceitava essa ideia. Ele se sentia culpado por envolver o melhor amigo em seus problemas, mas nessa altura, não havia nada que ele pudesse fazer. O maldito instinto protetor de Marco Reus era, aparentemente, invencível.

“Preciso conversar com ele...” – Lewy respondeu, em tom pensativo. Ele estava falando mais para si mesmo do que para Auba. – “Nós mal estamos tendo tempo de nos ver.” – Ele fez um bico e se levantou do banco, deixando para trás um Aubameyang intrigado e um Mario carrancudo.

O menino mais novo fez várias caretas e torceu a boca, antes de remedar a última frase dita pelo polonês usando uma voz fina e debochada. Auba o encarou, erguendo uma sobrancelha e em seguida chacoalhou a cabeça em um modo negativo.

“Quantos anos você tem, Götze? 12?” – Ele lhe lançou um olhar atravessado e Mario revirou os olhos.

“Ele quer o Marco só para ele. Isso me irrita, ué.” – Mario respondeu, como se fosse óbvio.

“O Marco está feliz.” – Auba se virou de lado para poder encarar o outro de frente e nesse momento adotou uma expressão séria, uma súbita necessidade de proteger o amigo lhe dominando. – “Ele está finalmente se recuperando da bagunça emocional que ele estava, e eu...”

“O que?” – Mario respondeu usando um tom petulante para disfarçar uma pontada de ciúmes e de tristeza, por saber que Auba tinha razão.

“Eu não quero que nada estrague isso para ele. Eu acompanhei de perto o que aconteceu quando vocês...” – Auba interrompeu a fala, procurando um termo adequado para definir a situação dos dois garotos. – “...não deram certo.” – Ele finalizou, quase em tom de pergunta.

Mario abaixou a cabeça e ponderou por um tempo, antes de dar a resposta para o outro garoto. Nada era melhor do que a verdade, e algo em Auba lhe inspirava confiança, então ele não quis esconder mais o que o afligia.

“Eu queria fazê-lo feliz, Pierre. Mas a minha vida se tornou uma bagunça e eu tive que abrir mão do que eu sinto por ele.” – Mario deu de ombros. – “A Ann está grávida e agora eu tenho novas responsabilidades...”

Auba permaneceu quieto, sendo que a boca aberta em uma exclamação muda de surpresa era o único indício de que ele havia ouvido o que o outro garoto tinha acabado de lhe contar.

“O Marco sabe disso?”

“Nós conversamos há umas três semanas e eu contei toda a verdade. As horas extras...” – Mario gaguejou e sentiu vergonha. – “São por minha causa. Eu ia largar a faculdade para poder trabalhar, mas o Marco não me deixa nem pensar na possibilidade. Eu já fiz de tudo para demovê-lo dessa ideia estúpida de me ajudar com dinheiro, mas ele não me ouve.”

Auba surpreendeu-o com uma mão reconfortante em seu ombro. Ele o olhou e fez um aceno quase imperceptível com a cabeça, antes de acrescentar: “O Marco pode ser bem teimoso às vezes.”

Os dois meninos trocaram um sorriso carregado de cumplicidade e, de repente, toda a hostilidade que Mario havia sentido em Auba no começo da conversa havia ido embora.

“Você sabe que... nem tudo está perdido...” – Auba começou, refletindo por uns instantes. – “Não estou dizendo para você chegar e bagunçar a vida do Marco novamente. Mas, caso você se resolva e tenha certeza absoluta do que você quer, e se você quiser o Marco, você deve lutar por ele.” – A resposta saiu meio confusa e pareceu muito melhor na mente de Auba quando ele a pensou, mas ele teve a impressão de que o recado havia sido dado.

“Eu... Obrigado.” – Mario disse, simplesmente. – “Eu sei o que eu quero e o que eu sinto. Mas não seria justo arrastá-lo para a bagunça que a minha vida está nesse momento. Ele realmente merece ser feliz, mesmo que não seja ao meu lado...” – Auba viu a sinceridade em seus olhos e, naquele instante, ele sentiu certa admiração pelo garoto ao seu lado. Ele mal podia imaginar o quão difícil seria abrir mão de alguém que ele ama.

“O momento certo vai chegar. Sei que isso vai soar clichê, mas quando os sentimentos são verdadeiros, por mais difícil que seja o caminho, as coisas acabam dando certo no final.” – Ele deu um último aperto no ombro de Mario e se levantou para sair, não sem antes se voltar para o garoto. – “Caso você precise de alguma coisa, com toda a sua nova situação e tudo o mais, pode contar comigo. E... eu também não vou compartilhar com ninguém o que você me contou, pode ficar tranquilo.” – Auba sorriu com sinceridade e saiu, deixando para trás um Mario muito mais esperançoso.

Beni passou por ele, o cumprimentou e saiu sozinho pela porta da frente do vestiário. Há um certo tempo Mario havia notado que o louro andava sempre sozinho, sem ninguém por perto para conversar. Ele se sentia mal, pois sabia que Beni estava assim por causa da briga com Mats, mas Mario estava envolto demais nos próprios problemas para conseguir ajudar alguém. Além do mais, Beni era um dos meninos mais reservados que ele conhecia, e Mario desconfiava que o único capaz de se aproximar dele era o próprio Mats, que também havia acabado de passar por ele em direção à saída, sozinho.

Beni andava devagar, aproveitando a brisa noturna gelada que batia em seu rosto. Ele finalmente estava se acostumando com o silêncio que o acompanhava durante o trajeto diário que fazia entre o centro de treinamento da universidade e a república. As vezes ele se arrependia por ser tão reservado e ter poucos amigos, mas em maior parte do tempo, apenas agradecia por ter um tempo sozinho. Seu companheiro de caminhada era sempre Mats, mas os dois não conversavam desde o fatídico dia em que discutiram e colocaram um fim ao relacionamento que mal havia começado. Beni sentia falta do moreno, mas era orgulhoso demais para ir atrás dele e admitir. Ele sabia que estava errado, mas ao mesmo tempo, sua atitude era um mecanismo de proteção, algo que ele fazia desde sempre, quando sentia seu auto-controle ameaçado. Ele era assim, por mais que amasse alguém, não conseguia se entregar totalmente aos sentimentos. Ele sempre mantinha uma parte de si reservada. Ele ia caminhando e pensando nas aulas do dia seguinte, quando ouviu um barulho atrás de si. Ele estacou e se virou lentamente, apenas para dar de cara com Mats, que ergueu os braços em sinal de “rendição”. Beni desviou o olhar do rosto do outro e se virou novamente para continuar a caminhada, quando Mats lhe chamou.

“Beni...” – Um arrepio lhe subiu pelas costas quando o louro percebeu o quanto havia sentido falta daquela voz grave chamando-lhe por seu apelido. Todos o chamavam assim, mas Mats fazia aquilo soar incrivelmente especial. Ele respirou fundo e se virou novamente para o outro, que havia avançado alguns passos e estava bem perto dele.

“Posso caminhar com você?” – O moreno pediu, parecendo acanhado. Esse tipo de atitude era atípica e Beni estranhou o olhar tímido de seu amigo. Mats era o inverso dele, sempre extrovertido, direto, charmoso e rodeado de amigos.

“Hum... Claro.” – Foi a resposta do louro, que virou-se novamente para retomar a caminhada.

Eles foram andando lado a lado, percorrendo boa parte da distância total, até que Mats o surpreendeu com uma de suas declarações.

“Eu sinto a sua falta. Todos os dias.” – Ele disse, simplesmente. Beni abaixou o olhar e só então percebeu que havia prendido a respiração enquanto o outro falava. Ele soltou o ar de uma vez e sentiu o coração acelerado. Ele não sabia o que dizer, aliás, ele sabia, mas ele não iria dar o braço a torcer e admitir os próprios sentimentos em voz alta.

“Eu sinto falta das suas broncas, dos seus olhares atravessados, do seu mal humor matinal...” – Mats continuou, ignorando o silêncio do outro. – “Porra, eu sinto falta até de ser ofendido por ser torcedor do Dortmund.” – Ele deu uma risadinha baixa, o sorriso perfeito chegando aos olhos enquanto ele parecia se lembrar de algo divertido.

Beni tentou evitar, mas agora seu olhar estava fixo no rosto do moreno, analisando cada mínimo detalhe: Como os cantinhos dos olhos de Mats se enrugavam quando ele sorria, como os lábios finos se erguiam para revelar os dentes brancos e perfeitos e formavam pequenas marcas nas bochechas do outro, e por fim, como ele tinha mania de passar a língua nos lábios para umedecê-los sempre que estava nervoso.

Mats percebeu que estava sendo observado, então virou o rosto em direção ao outro garoto, cruzando os olhares dos dois. Ele jamais entenderia como havia se apaixonado por alguém tão cabeça dura, marrento, mal humorado e anti-social. Alguém tão oposto a ele mesmo. Beni era único no mundo. A realidade o atingiu e ele estacou no lugar, a boca aberta e o olhar vidrado. Beni percebeu a súbita mudança e parou também, estranhando a situação.

“Mats?” – Ele chamou, enquanto o outro permanecia com o olhar fixo em um ponto adiante, sem realmente estar enxergando.

“Eu...” – Mats começou a gaguejar, se chacoalhou para sair do transe e se virou para o outro, o olhar com um brilho diferente. – “Eu acabei de descobrir que estou apaixonado por você.” – Dito isso, ele se virou e saiu andando à frente com passos largos, deixando Beni plantado no lugar.

O louro sentia o coração batendo na garganta, os joelhos estavam ameaçando ceder e o cérebro parecia ter parado de funcionar. Ele permaneceu travado no lugar, enquanto via as costas do moreno se distanciarem cada vez mais de si enquanto ele caminhava em direção à república. Beni sentiu um aperto no peito e fez um exercício respiratório, puxando o fôlego com força. O que ele faria agora?

Quando deu por si, ele estava correndo com as pernas bambas, em direção ao amigo, que havia coberto uma grande distância enquanto ele esteve parado. O fôlego ameaçava faltar e as panturrilhas do louro estavam ardendo com o esforço, mas ele não se importava.

“MATS!” – Ele gritou o nome do outro garoto quando estava a uma distância razoável para ser ouvido. O outro parou e se virou, em tempo de ver Benedikt tropeçar e ter o corpo içado para frente. Ele se adiantou, por puro instinto e segurou o amigo nos braços antes que ele atingisse o chão. O impacto dos corpos fez com que Mats cambaleasse, mas ele conseguiu lutar e manter o equilíbrio, puxando Beni contra si para que o outro se endireitasse.

Eles se encararam, Mats segurando os ombros do louro, que tinha as duas mãos comodamente apoiadas em sua cintura.  Ambos estavam ofegantes, o moreno pelo susto que havia tomado e Beni pela corrida desenfreada para alcançá-lo. Eles ficaram quietos, segundos utilizados para que ambos pudessem se recompor e, então, Beni surpreendeu a si mesmo.

“Você nunca ouviu falar que não se deve fazer uma declaração de amor e correr?” – Ele tinha um brilho divertido no olhar, que causou um solavanco no estômago de Mats.

“Quis te poupar de um momento constrangedor.” – A voz grossa saiu baixinha, carregada de afeto. Os dedos de Mats fizeram um carinho nos ombros do louro, que fechou os olhos, ficou na ponta dos pés e encostou os lábios nos do garoto em sua frente.

O moreno se surpreendeu e demorou um pouco para reagir, mas quando sentiu que Beni ia se afastar, ele o segurou firme pelos ombros e inclinou um pouco o rosto para encaixar melhor os lábios dos dois. Mats pediu passagem com a língua, umedecendo os lábios de Beni, que prontamente respondeu à sua investida. As mãos do moreno subiram até o rosto de Beni e ele o segurou próximo de si, como se estivesse com medo de que o amigo fugisse a qualquer momento. O beijo, que começou tranquilo, foi aumentando de intensidade e os dois garotos começaram a se incomodar com as mochilas, que impediam que ambos se abraçassem e ficassem com os corpos mais unidos.

Quando ambos estavam agitados demais e com falta de ar, Mats se afastou do louro e encostou a testa na dele, esperando que as respirações se normalizassem. Beni quebrou o silêncio e mais uma vez naquela noite, surpreendeu a si mesmo.

“Eu também senti sua falta.” – Ele suspirou e Mats aproveitou que estava com as mãos no rosto do garoto para acariciar as bochechas dele com as pontinhas dos dedos, lhe dando um selinho antes de se afastar. Ele abriu os olhos e o encarou mais uma vez, impressionado com o sorriso enorme que o louro exibia no momento. Beni sorrindo era, sem dúvidas, uma das coisas mais bonitas que Mats já vira na vida. E o garoto o fazia com pouca frequência. O coração do moreno palpitou e ele se adiantou, roubou outro selinho de Beni, tentando parecer menos desesperado do que se sentia naquele momento.

“Beni, me escuta... Eu quero tentar de novo. Eu quero ter você ao meu lado o tempo todo. Eu quero aproveitar cada segundo com você. Mas eu preciso que você se comprometa. Eu não quero me entregar mais uma vez, sabendo que daqui a uns dias você pode correr de mim...” – Mats falou tudo isso de uma única vez, sendo que ele estava ofegante e algumas palavras saíram emboladas, mas o sorriso de Beni se alargou e o garoto percebeu que ele havia entendido a mensagem.

“Ok, Mats.” – Beni ergueu as mãos, como se estivesse se rendendo, então gargalhou. Mats se pegou sorrindo de orelha à orelha, mal acreditando no que estava acontecendo. – “Até que o Revierderby nos separe.” – Ele piscou e segurou a mão do moreno entre as suas. Os dedos dos dois se entrelaçaram e eles começaram a caminhar em direção à república.

“Eu tenho uma proposta para te fazer.” – Mats começou a falar, com a voz séria. – “Nós precisamos de uma pausa, algumas horas só nossas e aqui nessa república vai ser complicado." - Mats coçou a cabeça com a mão livre e olhou meio sem jeito para o garoto. – “O que você acha de nós irmos para a cabana que meu tio tem no Lago Chiemsee? O último final de semana do mês é livre e nós não vamos ter jogo. Podemos ir de carro, eu dirijo.”

-

Uma hora mais tarde, Mats estava deitado em sua própria cama, repassando todos os momentos anteriores em sua mente. Ele mal podia acreditar que as coisas haviam dado certo. Ele estava planejando conversar com Beni há vários dias, mas a oportunidade nunca aparecia, mesmo ele tendo feito de tudo para chamar a atenção do louro: cozinhava sempre os pratos preferidos de Beni, vestira uma camiseta azul royal para treinar nas últimas semanas e até mesmo havia deixado a barba crescer, pois sabia que o louro gostava. Nada havia adiantado. Até que hoje, após uma semana observando o amigo caminhar sozinho para a república, ele havia finalmente tomado coragem para segui-lo e tentar puxar assunto. Mats jamais imaginou que as coisas iriam correr tão bem...

Duas batidas na porta e um grito no corredor lhe revelaram que ele tinha visita e ele mal teve tempo de se levantar antes da porta se abrir bruscamente e Moritz entrar no quarto usando apenas uma cueca samba canção colorida.

“Cara, preciso de uma opinião.” – Ele começou, sem se importar em cumprimentar o moreno, que agora havia tapado o rosto com as duas mãos. – “Mats? O que aconteceu?”

“Você acabou de entrar semi-nu no meu quarto. É a visão do inferno. Meus olhos estão sangrando.” – A voz, em tom debochado, saiu abafada. Moritz se aproximou da cama e colocou uma mão na parte de trás da cabeça de Mats, juntando uma quantidade considerável de cabelo entre os dedos. Ele puxou sem dó, fazendo com que Mats soltasse um gemido de dor e erguesse o rosto para encará-lo.

“Agora que você está prestando atenção em mim...” – Moritz desentrelaçou os dedos do cabelo do outro e se afastou ligeiramente, ganhando um olhar mortal como resposta. – “O que eu tenho que fazer para beijar o Leonardo?”

Mats se engasgou com a própria saliva, arregalou os olhos e se inclinou para a frente, buscando por ar. Moritz lhe deu um tapinha nas costas e continuou encarando-o, como se nada tivesse acontecido. O olhar estava carregado de curiosidade e só então Mats percebeu que o garoto estava falando sério.

“Você quer beijar o Leo?” – Ele disse, incrédulo. – “Mas que diabos? Eu achei que você fosse hétero.”

“Dãããã. É óbvio que eu sou!” – Moritz respondeu, como se Mats fosse maluco. – “Mas ele é meu melhor amigo e eu estou curioso. Como o Marco saiu e eu não posso perguntar para ele, achei melhor perguntar para você, já que uns tempos atrás eu te flagrei beijando o Beni atrás do prédio. O que você fez para consegui-lo?”

Mats, por sorte, não engasgou novamente, mas ele sabia que provavelmente estava com a boca aberta e o olhar perdido. Ele coçou a cabeça e encarou o outro, meio aflito.

“Bom... Eu e o Beni... Nós vamos passar o último final de semana do mês na casa do meu tio, aproveitar um pouco a folga do campeonato...” – Antes que Mats pudesse concluir, Moritz sorriu e deu um pulinho.

“Boa ideia, cara!” – Dito isso, ele se virou e saiu do quarto, batendo a porta atrás de si antes que Mats pudesse dizer qualquer outra coisa. Ele suspirou, se jogou para trás na própria cama e encarou o teto, tentando não rir da situação que acabara de acontecer. Moritz era uma das pessoas mais inacreditáveis que ele já havia conhecido.

 

-

 

Na noite seguinte, Marco e Lewy finalmente haviam conseguido sair para jantar e colocar o assunto em dia, após quase quatro dias sem se ver. Os dois comeram em um restaurante perto da empresa onde Marco estava trabalhando e, assim que terminaram, pegaram um metrô para retornar ao Campus.

Fazia três semanas que eles estavam em uma rotina estranha. Não eram namorados, mas estavam sempre saindo juntos, curtindo como um casal. Tudo estava indo perfeitamente bem, exceto pelo fato de que tudo conspirava contra eles e os dois não haviam conseguido ter a primeira vez juntos ainda. Marco havia cancelado pelo menos duas vezes e nas outras, simplesmente havia dormido enquanto esperava por Lewy em sua cama. Eles haviam dormido juntos, várias vezes, mas não haviam feito nada íntimo. Marco estava tendo jornadas duplas no trabalho, tentando conseguir um aumento pelo número de horas extras e isso estava matando-o. Ele sabia que Lewy estava sendo super paciente, mas o fato dos dois não terem avançado além de alguns beijos estava incomodando-o profundamente.

Nessa noite, ele quis convidar o polonês para entrar na república e ambos foram andando abraçados pelo corredor, Marco com as costas pressionadas contra o peito de Lewy, que havia enterrado o rosto em seu pescoço e ia cambaleando com ele até seu quarto. O louro abriu a porta com a mão livre e foi tateando a parede ao lado para encontrar o interruptor de luz, apenas para perceber que a luz já estava acesa e havia alguém sentado em sua cama. Ele gritou com o susto, deu um passo para trás e pisou nos pés de Lewy, ao mesmo tempo em que acertava o queixo do moreno com a parte de trás de sua cabeça. Os dois gemeram de dor e se afastaram como se houvessem tomado um choque.

Marco, com uma mão no peito e a outra apoiada no batente da porta, respirou fundo e desabafou, usando palavras pouco educadas.

“CARALHO, MARIO. QUE MERDA.” – Ele encostou a cabeça no próprio braço enquanto tentava se acalmar, o coração batendo na garganta e ecoando em seus ouvidos.

“Desculpa.” – Mario começou, meio sem graça. Ele se levantou da cama e tinha um envelope nas mãos. A expressão era pura ansiedade e Marco percebeu que o amigo provavelmente queria compartilhar alguma coisa. Atrás dele, uma voz irônica respondeu.

“Deixa eu adivinhar... Você não queria atrapalhar?” – Marco virou a cabeça e encarou Lewy, que ainda segurava o queixo com a mão e tinha um olhar assassino direcionado para o garoto mais novo, que agora se encontrava em pé no meio do quarto.

Ao invés de abaixar a cabeça diante da raiva do polonês, Mario reuniu toda a ironia que conseguiu para retrucar à altura.

“Olha só, você está ficando esperto, Lewandowski.”

Marco resolveu intervir, antes que a coisa ficasse pior do que já estava. Ele se adiantou e entrou no quarto, encarando Mario e o envelope que ele carregava.

“Aconteceu alguma coisa?” – Marco perguntou, sentindo a presença de Lewy atrás de si. As mãos possessivas tomaram conta de seus ombros e ele sentiu uma respiração muito perto de sua nuca. Ele não duvidava que Lewy fosse capaz de começar a agarrá-lo ali mesmo, apenas para provocar o outro garoto.

“Eu queria te mostrar uma coisa importante, mas eu posso voltar depois. É meio confidencial.” – Mario disse e lançou um olhar significativo para a figura parada atrás de seu melhor amigo.

Marco chacoalhou a cabeça e se esquivou de uma nova investida de Lewy, que estava com a boca em seu pescoço. Ele se virou para o garoto e usou a expressão mais apelativa que conseguiu.

“Lewy... nós podemos marcar algo amanhã?” – O olhar magoado que ele recebeu em troca sinalizava que provavelmente não haveria um ‘amanhã’ para os dois, mas ele não poderia deixar Mario na mão. Ele sabia que Ann Kathrin havia ido ao médico naquela manhã e provavelmente o amigo tinha alguma novidade para lhe contar.

Lewy não disse nada, apenas se afastou do louro e endireitou as costas, saindo pela porta do quarto em total silêncio. Marco pensou em ir atrás dele, mas sabia que agora não iria adiantar tentar resolver as coisas.

“Desculpa por isso. Eu te atrapalho até quando não tenho intenção.” – A voz de Mario continha genuíno pesar e Marco apenas chacoalhou a cabeça.

“Está tudo bem, depois eu me entendo com ele.” – Ele caminhou até a cama, sendo seguido de perto por Mario, e ambos se sentaram lado a lado. Mario lhe entregou o envelope e sorriu, esperando que ele abrisse.

Marco lhe lançou um olhar curioso, mas abriu o envelope, onde encontrou uma série de imagens impressas de uma ultrassonografia. Ele ergueu o olhar interrogativo para o amigo, que seguiu com os olhos brilhando e um sorriso bobo no rosto.

“É uma menina!” – Mario exclamou e Marco percebeu que os olhos dele estavam marejados de lágrimas. Era a primeira vez que o amigo tinha uma reação positiva em relação ao fato de que ia ser pai. Ele parecia realmente emocionado. Marco mesmo sentiu uma pontada de emoção, o peito apertado por um sentimento novo, ainda desconhecido. Ele não percebeu que estava chorando, até Mario esticar a mão e limpar suas bochechas.

“Marco?” – Ele perguntou, o tom de voz indicando certa preocupação.

“Está tudo bem.” – Marco fungou e olhou o exame mais uma vez. Ele não conseguia entender quase nada nas imagens, mas mesmo assim admirou o pedaço de papel como se fosse de extrema importância. – “Eu só estou feliz por você. Eu tenho o coração mole, você sabe como eu sou com crianças... E, a propósito, ela é a sua cara. Redondinha igual você quando era pequeno.”

Mario lhe deu um tapa no braço e encostou a cabeça em seu ombro, deixando algumas lágrimas escorrerem livremente, molhando a camiseta limpa de Marco.

“Eu acho ótimo você gostar de crianças, porque assim não tem como você recusar o que eu vou te pedir.” – Marco sentiu o coração acelerar e se preparou para o que viria a seguir. – “Ann e eu decidimos que não há ninguém melhor no mundo para ser padrinho da nossa menina.”

Marco o encarou, pasmo. Ele havia sido pego de surpresa, o peito doendo, agora de tristeza e alegria ao mesmo tempo. Ele iria estar sempre por perto dali por diante. Ele veria a menina crescer, veria Mario começar uma família sem ele... Mas de uma maneira ou de outra, ele estaria por perto. E era isso que importava.

“Você aceita?” – Mario ergueu o rosto para olhá-lo de perto e, de repente, os dois estavam tão próximos que conseguiam sentir a respiração um do outro contra o rosto.

Marco apenas sacudiu a cabeça em sinal afirmativo, antes de ser surpreendido, pela segunda vez nas últimas semanas, por um selinho do melhor amigo. Mario roçou os lábios nos dele em uma tortura lenta, e então, os uniu definitivamente, mantendo o contato por longos segundos. Os lábios eram gentis contra os de Marco, e ele quase pôde sentir o gosto salgado das lágrimas que haviam escorrido dos olhos do melhor amigo. Esse contato, quase casto em relação às coisas que os dois já haviam feito antes, enviou uma corrente elétrica pela espinha de Marco. Ele sabia que era errado, mas não teve forças para empurrar Mario.

Dessa vez, quando os dois se afastaram, não houve um pedido de desculpas por parte do mais novo. Ele apenas lhe lançou um olhar significativo e travesso, antes de se levantar e sair do quarto, deixando um Marco atônito para trás.

 

-

 

Na manhã seguinte, Mats acordou atrasado para a aula e entrou na cozinha já lotada, onde os amigos tomavam o café da manhã. Todos eles discutiam calorosamente entre si, exceto por Beni, que tinha um olhar irritado e uma expressão frustrada. O moreno se aproximou da mesa e foi saudado por Auba, que se levantou e lhe deu uns tapinhas nas costas.

“Man, não tenho nem como te agradecer pelo convite!” – Mats lhe lançou um olhar confuso e ele continuou. – “Nós realmente precisávamos de um final de semana longe de Munique, fico feliz que você ofereceu a casa do seu tio. Depois nós combinamos, mas o Marco consegue ir com o carro do pai dele e nós só precisamos de mais uns dois para caber todo mundo.” – Auba foi saindo de perto de Mats, que agora se sentia desolado.

Beni lhe lançou um olhar magoado e ele chacoalhou a cabeça, tentando lhe transmitir a mensagem de que não havia convidado ninguém. Foi então que ele se lembrou da noite anterior. Ele rosnou para si mesmo e enviou um olhar assassino para Moritz, que sorria de orelha a orelha.

“Mas que filho da puta!” – O moreno sussurrou, antes de virar as costas e sair da cozinha.


Notas Finais


Gente, até sexta! aehuaehuaehaeuhaeuhea
se meus dedos não caírem pelo esforço de hoje.
beijos.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...