História I want you to want me - Snape - O Lobo

POV BRENDA

DIAS DEPOIS

A noite impede que eu possa enxergar os metros adiante. Ando devagar com as mãos para tatear o que há em minha frente. Sinto os dedos tocarem uma espécie de maçaneta mas não consigo abri - la.

- Me deixe sair! - Grito batendo na porta.

Procuro em minhas vestes e não acho minha varinha.

- Me deixe sair! - Exclamo novamente forçando os olhos para enxergar o ambiente escuro.

O barulho das trancas se abrindo me faz recuar com os punhos fechados. Ouço um assobio passar por meu ouvido antes de esferas de luz iluminarem as velas do suposto quarto em que estou.

Olho para o vulto agora iluminado e grito pasma.

- Severo! O que está havendo? Onde eu estou!

Seus olhos negros me encaram sem falar nada, sua outra mão carrega uma bandeja com comida.

- Severo... - O olho com lágrimas embassando minha visão - por favor, me ajude...

- Não tenho como ajudá - la, você não é puro - sangue, o ministério tem seus registros. - Ele responde colocando a bandeja na cama velha e empoeirada.

- Como sabiam onde me encontrar? - Pergunto temendo a resposta.

- Eu contei. - Ele me olha sem piedade.

- Por quê... está fazendo isso? - Digo baixo soluçando.

Ele me encara apertando os olhos.

- Porque sou fiel ao Lorde das Trevas.

Grito dando socos nele quando retorno à escuridão. Num solavanco me sento na cama sem ar abrindo os olhos.

Afasto meus cabelos grudados na testa pelo suor ainda recuperando o ar e olho ao redor do quarto, meu pequeno quarto de minha casa em Londres.

Essa casa é tão vazia sem ele... como eu conseguia viver aqui sozinha?

Me levanto e desço para a cozinha. Molho as mãos na pia da cozinha e as passo no rosto que estava suado. A noite de verão abafa os cômodos da casa. Pego uma garrafa de água para beber quando ouço gravetos quebrando como se estivessem sendo esmagados. Olho rapidamente para a janela assustada. Céus... será que os comensais da morte estão aqui? Corro aos tropeços para o quarto abrindo a gaveta da cômoda procurando minha varinha. Levanto rapidamente apontando a varinha para o escuro do quarto.

- Quem está aí? - Meus braços tremem com tamanha aflição.

Sigo para a cozinha com a varinha em mãos pronta para azarar alguém. Olho pela janela e não vejo mais nenhum movimento. Solto o ar enquanto olho para fora. Seja quem for, não pretendia me matar... pode ter sido um gato.

Me sento no parapeito da janela olhando para a lua cheia lá fora. Inspirando o ar quente, observo a rua vazia. A esse horário, eu estaria deitada ao lado de Severo, seus braços me envolvendo... a solidão não possuía lugar entre nós...

Sou interrompida de meu devaneio com algo que nem consegui enxergar me jogando no chão com um baque violento derrubando o abajur da pequena mesa perto de minha cama.

Grito com o susto e me debato para me afastar dele que está em cima de mim. Alcanço o abajur e o quebro em sua cabeça. A sombra geme de dor tombando para o lado enquanto  tento me levantar do chão para alcançar a varinha antes de ser puxada novamente por ele. Ele me pressiona no chão de bruços e solta uma risada nojenta. Sinto sua mão puxar meu cabelo o cheirando.

- Hummmmn... que cheirosa... - Arrepio com a voz nojenta e grave que eu definitivamente não conheço. Será um comensal? Mas por que ele não usou a varinha?

- O que você quer?! - Pergunto rouca e ofegante com a luta enquanto disfarçadamente estico a mão para baixo da cama, onde a varinha foi parar.

- Ah... eu quero saber qual é o gosto que você tem, parece ser irresistível... Snape sabe qual é o seu sabor, mas creio que não da forma que eu pretendo experimentar.

Definitivamente é um comensal. Tremo de medo e nojo de sua língua passando em minha bochecha. Alcanço a varinha a encostando nele que pula para trás com o estalo e o choque que deve ter sentido. Corro para longe dele e quando o sinto em meu encalço me viro ordenando:

- Estupore!

Corro antes de ver o efeito que lhe causou. Pra onde vou? Pra quem pedirei ajuda?! Suor escorre de minha testa enquanto corro para a rua na tentativa de me esconder nos jardins das casas. Tento controlar meu batimento cardíaco me escondendo dele.

Ele não parece ser apenas um bruxo! Ele saltou a janela e é veloz como um animal! Ele conhece Severo, e inclusive sabe sobre nós! Esse comensal não é apenas um comensal... a maneira que  ele falou parecia se referir à carne humana, ele é... só pode ser o... Lobo Greyback!

- Bu! - Seu rosto surge atrás de mim me dando um golpe forte no rosto. Caio no chão sem enxergar quase nada... mas ainda ouço sua voz horripilante rir e passear o nariz por meu corpo.

Ainda consigo ouvir antes de desmaiar um estalo forte de como quando alguém aparata e uma luz verde o retirar de cima de mim, o deixando duro no chão.

Sinto meus músculos doerem, provavelmente devido à luta. Abro lentamente os olhos onde um deles não abre. Deve estar roxo. Esta claro, mas não estou na grama do jardim do vizinho. Estou dentro de casa, no meu quarto pra ser sincera. Quem será que me salvou? Definitivamente foi um bruxo, acho até que o matou. Olho em volta do quarto torcendo para encontrar meu salvador me velando, mas nada. Estou sozinha.

Pulo com o telefone que toca na mesinha que está totalmente reparada e com o abajur no lugar.

- Alô?

- Brenda, querida, como vai? - Tia Helena me cumprimenta carinhosa.

- Hola, tia...

- Quando você virá? -  Ela pergunta do outro lado da linha.

- Ahn, daqui a uma semana, tia. - Respondo disfarçando a dor ao mover os músculos de meu rosto.

Não posso ir antes que isso, se ela me vir com esses hematomas, irá  surtar.