História I was made for loving you - Capítulo 22

Severus Snape*

Meu Merlin! Mas o que é que está acontecendo? O que foi que eu acabei de dizer na frente de um bando de adolescentes? Harry está me mudando. E isso me assusta mais do que as torturas de Voldemort.

Aquelas memórias dele mexeram comigo mais do que deveriam, eu não consigo nem chegar perto sem querer beijar aquela maldita cara até ele ficar sem ar e eu nunca fui assim.

"Você me ama?"

De repente a imagem da minha mãe vem a minha mente depois de muito tempo e a ouço dizer:

"A pessoa que você escolher amar, vai ter muita sorte, meu filho. Mas não esqueça de dizer a ela de vez em quando."

Afasto esse pensamento e quando olho em direção a porta, vejo aquela criatura linda de um jeito tão demoníaco parada na porta com um sorriso doce nos lábios.

-Atrapalho? -indaga.

Queria tanto dizer que sim.

-Eu estava pensando e eu não consigo pensar quando está aqui, você me deixa perturbado.

-Isso foi uma crítica?

-Foi. Uma das mais horríveis, que deveria te deixar muito chateado.

Ele sorri e sei que o que quer que tenha vindo fazer aqui, já conseguiu me amolecer.

-O que está fazendo aqui, Harry?

-Nada, vim te ver. E perguntar uma coisa.

Reviro os olhos.

-O que foi dessa vez?

O vejo se aproximar e sentar em uma cadeira de frente para mim.

-Confia o suficiente em mim para me responder uma coisa com sinceridade?

Essa é uma pergunta curiosa, apesar de estarmos juntos, será que eu confio nele a ponto de me abrir? Sem que ele use meu passado contra mim ou me julgue por meus erros? Olho em seus olhos e obtenho minha resposta.

-Sim.

Seus olhos brilham.

-Você sente falta do Lucius?

De todas as perguntas que eu estava imaginando, essa nunca passou pela minha cabeça, pisco sem parar e agradeço por ele me deixar pensar no assunto até que minha mente viaja para outro lugar.

*"Pelo menos uma vez por semana o Lorde das Trevas resolve nos castigar para nós lembrar de sempre sermos seus subordinados, mas dessa vez parece que ele pegou muito mais pesado comigo do que com os outros, será que desconfia de algo?

Uso todas as minhas forças para me conduzir ao meu quarto após ser atingido várias e várias vezes pela maldição Cruciatus, mas desabo no chão antes mesmo de enxergar minha cama.

Me encolho como uma criança, mas não choro, aos poucos minha consciência vai se perdendo e sinto duas mãos firmes em meu rosto.

-Resista, Severus.

-Lucius? -sussurro.- Se o Lorde...

-Não se preocupe comigo, poupe suas forças.

-Estou tão cansado...Não sei se aguento mais.

-Falta só mais um pouco, estou aqui com você. Seja forte."*

Cerro os punhos para afastar a lembrança e demoro alguns minutos para respondê-lo.

-Essa é uma frase muito forte "sentir falta", mas no meio de tanto caos, ele se tornou meu amigo, eu acho.

-Ele sabia? Do seu plano?

Sorrio com sua inocência.

-Se soubesse, eu e você já estaríamos mortos há muito tempo.

-Vem comigo, quero te mostrar uma coisa.

-Tem que ser agora? Tenho aula daqui a pouco.

Ele me puxa pela mão e me arrasta para fora de Hogwarts antes de desaparatarmos em frente a antiga Sede da Ordem, olho para ele que solta minha mão e cruza os braços antes de entrar.

Assim que coloco os pés para dentro da casa, perco o equilíbrio e me apoio na parede mais próxima. Ronald, Draco e Ginny estão sentados no sofá ao lado de Lucius e Narcisa.

-Olá, Severus.

Sua aparência está abatida e os cabelos estão cortados, mas ainda sim mantém um sorriso torto nos lábios.

-Não acha que mereço um abraço?

Ele se aproxima e me puxa para si antes que eu possa entender o que está acontecendo, olho para Harry atrás dele e o vejo corar antes de desviar a atenção para os próprios pés.

-A pergunta que não quer calar é: O que está fazendo com Harry Potter e os amiguinhos dele?

-Não se esqueça de que fui eu quem conseguiu um acordo de uma semana para você.

-Quer que eu agradeça?- debocha.

-Chega. Já chega, Lucius.-digo.- Se formos parar para pensar, Potter é problema meu, não seu.

O homem me observa curioso e sustento seu olhar sem medo antes que ele revirei os olhos.

-Peço perdão pela inconveniência.

Vou cumprimentar Narcisa um segundo antes de Lucius encurralar Harry na parede que não perde o sorriso, o agarro pela camisa e o arremesso para o outro lado da sala.

-Eu confiei em você! Achei que fôssemos amigos.

-Do que é que está falando?- fico confuso.

-Por que não me contou que está namorando? Tudo bem que é muito esquisito, mas sabe como eu fiquei sabendo? Por um dos que me levaram até Azkaban.

-Lucius...

-Eu fiquei ao seu lado todas as vezes em que o Lorde torturava você por não estar fazendo seu trabalho direito!

-Harry, por que não leva Narcisa e seus amigos para outro lugar?

-Não sei se...-Rony diz.

-Vamos, Ron, ele sabe se virar.

Agradeço mentalmente pela confiança, mas não retribuo seu olhar, apenas o espero sair e sento no sofá enquanto me sirvo com uma dose de whisky.

-O que queria que eu fizesse? Não consigo entregar cartas em Azkaban e não existem vistas naquele lugar.

-Não importa. -resmunga.-Acho bom eu me comportar antes que seu namoradinho resolva me levar de volta antes do combinado. Ou até você, já que agora faz parte dos bonzinhos.

Silêncio.

-Sabe que era para eu estar lá também, eu mais do que você.-digo.

-Não seja ridículo, você salvou o garoto, eu arruinei minha família. -sorri amargo.- Mas é por isso que está com ele? Por pena?

-Óbvio que não, gosto dele. Mas não retiro minha parcela de culpa, mesmo na minha atual situação.-rio.

-Se está feliz, tudo bem pra mim. Só não me obrigue a dividir o mesmo espaço, por favor.

Acabo rindo e com isso sei que estamos bem de novo, o atualizo de tudo o que aconteceu até agora e quando vejo, já anoiteceu.

A porta se abre e Harry aparece com os outros, Lucius se levanta e por precaução faço o mesmo.

-Nao acredito que vou fazer isso.-estende a mão.-Desculpa pelo meu comportamento.

Harry retribui o gesto sem hesitar e assente.

-Posso perguntar o motivo dessa mudança?

-Você o mantém na linha.

-Tá! Vamos indo.-digo.- Amanhã volto para te ver.

O arrasto para fora e desaparatamos em frente ao meu apartamento antes que eu o beije enquanto abro a porta com um feitiço, o garoto sorri para então passar os braços por meu pescoço ao mesmo tempo em que eu desabotoo sua camisa.

-Que bonito!

Harry dá um grito e eu quero matar alguém, Sirius Black está sorrindo para o afilhado com a mesma cara lavada de sempre.

-Que inferno!- resmungo.-Vou começar a tirar os quadros dessa casa.

-Seja bonzinho, Sev.-James ironiza.

O menino ri e eu reviro os olhos.

-Não saia daí, eu tenho que mostrar uma coisa.

Assim que Harry sai correndo para o andar de cima, os três me encaram em silêncio e eu esfrego o rosto.

-Ele está aqui há quatro meses e tem uma gaveta de roupa porque não quer gastar mais do que o necessário.

-E daí?- Sirius diz.

-Como e daí? Nós fizemos isso, você sabe, não é? E eu falei, várias e várias vezes que seria melhor vocês ficarem com ele.

-Tem certeza de que estava pensando no Harry e não em você?- James indaga.

-Sim, eu estava pensando em mim, mas se tivessem me escutado, ainda estariam aqui!

-Pena é uma merda mesmo.