História I will be - Alfa

PoV Dinah

Já em New Heaven, eu me encontrava um pouco aflita com algo que Michael havia conversado com a feiticeira no castelo. Algo sobre mim, Normani e Ally. Cece havia participado da conversa e desde então, estava nos rondando sem nada dizer. Havia o fato de que Camila estava chateada conosco, por termos arriscado minha vida, para que ela aprendesse a se controlar. Confesso que em parte do tempo, tive medo. O brilho assassino em seus olhos gritavam que ela não pararia. Mas, eu acreditei. Acreditei que a Camila que conheço desde pequena ainda estaria dentro dela. E realmente estava, já que ela se controlou. Bem, o assunto da conversa entre Michael e Parminder havia sido o seguinte: Nós pertencemos a uma matilha. A de quem nos transformou. Eles pretendiam descobrir quem fizera isso, mas temiam não encontrar respostas. Esperavam que nós fossemos dizer algo, e isso me assustava.

Encostei minha testa no vidro da janela da minha casa. Como sempre, todo mundo estava muito ocupado com afazeres, trabalhos e essas coisas. Ninguém havia percebido as mudanças que ocorreram com meu corpo, o que era bom. Mas, assim como Camila, eu tinha que controlar a raiva, ou acabaria matando todos que me cercavam. Uma garoa fina caía sobre a cidade, podia sentir o cheiro de terra molhada, mesmo com tudo fechado. Fechei os olhos por alguns segundos, em uma tentativa de pensar no que estaria acontecendo. Em um dia, eu era apenas mais uma garota comum, com notas não tão boas, capaz de zoar qualquer pessoa do meu círculo social. No outro dia, era uma loba sanguinária, destinada a odiar uma das minhas melhores amigas, pelo fato de que por capricho de alguém que havia me tornado assim, fizera de nós duas, inimigas naturais. Em sua presença, todo o meu corpo agia de forma que eu quisesse matá-la por apenas respirar. Mas, minha mente e coração sempre aquietavam essa sensação. Por mais que ela fosse sobrenatural, ainda era Camila. E além do mais, eu era tão sobrenatural quanto ela.

- Dinah? - Ouvi uma voz soar baixa. Abri os olhos e olhei para os lados, tentando encontrar quem era. - Dinah! - De novo.

Era Normani? Mais onde ela estava? Rodei pelo quarto, sem encontrar ninguém ali. Um vulto negro passou por frente da janela. Recuei dois passos, e procurei respirar fundo para sentir o cheiro. Era dela.

- Mani? Onde você tá? - Ouvi um barulho de uma coisa pesada batendo no chão, e um corpo começar a se formar em frente a janela.

Corri para abrir a janela, e a vi se virar de costas, e pegar algo do chão. Eram roupas. Ela se vestiu e passou pra dentro do quarto. Tinha alguns cortes pequenos nas pernas, mas eu sabia que curariam logo. Tínhamos esse dom.

- Cadê o seu celular? Por que não atende? - Ela procurou o aparelho por algum lugar.

- Eu ainda não tirei da bolsa. - Disse, me sentando na cama. - Aconteceu alguma coisa? - Perguntei, a encarando.

Normani circulou o quarto, a procura de algo. Acabou por ir até meu banheiro e trouxe consigo o secador. Se aproximou da minha janela e ligou na tomada do abajur. O vento quente embaçou o vidro, e o que estava lá me deixou desnorteada.

Esteja na floresta atrás da escola hoje a noite. Já que fazem parte do meu bando, precisam estar por dentro de algumas coisinhas.

Logo ao lado, uma marca. Eram três listas horizontais, sendo que a primeira, era um pouco mais grossas que as outras duas. Normani se virou para mim, a expressão fechada.

- Você vai? Ally quase chorou quando leu isso no quarto dela. - Normani voltou até o banheiro e guardou o secador.

Levantei aturdida, sem saber o que faria. E se fosse uma armadilha? E se fosse só uma façanha para nos matarem? Olhei para a morena a minha frente, tentando soar coerente.

- Precisamos alertar Lauren e os outros. - Disse, enquanto passava as mãos pelos cabelos. Estavam maiores do que eu me lembrava.

- Eles não tem ligações com isso, Dinah. E são nossas amigas, apesar de que eu venho nutrindo uma raiva incomum por elas, sem motivo. Não podemos arriscar a vida delas. - Normani fitou a chuva lá fora.

- Normani, não podemos ir a um lugar em que ninguém vai, encontrar alguém que não conhecemos só por recebermos um chamado. A pessoa nem se identificou. - Respirei fundo.

Ela não disse mais nada. Nos olhamos por alguns segundos, e ouvimos um estralo do lado de fora. Normani abriu a janela, e Ally passou por ela. Junto, um vento gélido. Mas, isso não alterava muita coisa. Não sentíamos frio ou calor.

- Eu não sei se devemos ir. - Ela já foi falando.

- Vocês não estarão sozinhas. - A voz de Lauren soou atrás de mim, fazendo com que todas nós a olhássemos.

Estava prestes a perguntar como ela havia chegado ali, mas a própria começou a explicar coisas. Segundo os pais de Camila, que haviam ido visitá-la na mansão Jauregui, algumas coisas estranhas estavam acontecendo na cidade. Muita gente desaparecendo, corpos sendo achados sem vida e com marcas de mordidas. Desconfiavam de ataque animal, mas eu poderia apostar que era mesmo isso. Mas, bem mais complexo. Se tratava de um animal sobrenatural.

- Vocês precisam saber quem transformou cada uma em loba. Esperamos que seja o mesmo Alfa. E que só exista um. - Lauren olhou para Ally. - Você precisa ser forte para isso, Ally. - E tocou o rosto dela.

Ally fechou os olhos, deixando que Lauren a tocasse. Franzi o nariz, assim como Normani fazia do outro lado. Tínhamos perdido algo??? Por que desde os acontecimentos na Itália, não percebemos esse carinho vindo delas. Meu nariz estava começando a doer com aquele cheiro vindo de Lauren. Tapei-o, e ela percebeu. Revirou os olhos, me empurrando pelo ombro.

- E se algo acontecer, Laur? Nós não temos tanta experiência em como nos proteger. - Ally a encarou.

- Vocês saberão o que fazer na hora. - Lauren lhe afirmou e parou em minha frente. - Principalmente você, Dinah. - Ela me olhou nos olhos.

Eu? Certo que no castelo assumi uma identidade protetora absurda. Me coloquei a frente de todos, mesmo sentindo repulsa por serem vampiros. Ainda eram meus amigos, e amigos deles. Porém, era uma situação diferente.

- Nós iremos. - A encarei de volta.

Lauren pareceu ter percebido algo, já que disparou janela a fora sem nada mais a dizer. Normani e Ally me encaravam com expressões confusas. Olhei para elas, sentindo cada célula do meu corpo se fortalecer.

- Vamos planejar algo. Quem quer que seja esse tal Alfa, ele não irá com vantagens. - Olhei para minhas amigas de uma forma melhor.

Eu me sentia viva. Com um espírito de liderança forte, vencedor. Eu não iria desarmada. Se iria me arriscar, e como Lauren havia dito que não estaríamos sozinhas, algo deveria ser feito. Teríamos nossa carta na manga. Abri um sorriso zombeteiro. Sabia bem o que fazer.