História I will be - Clarissa?

Pov Lauren

Depois de acertarmos tudo para a viagem no dia seguinte, Dinah pediu para descansar um pouco. Em sua mente, vi que ela estava bem, pelo menos fisicamente falando. Seu cansaço era mental, e acho que todas nós estávamos assim. Normani e Ally falavam no celular com Camila, estavam avisando sobre o que as famílias haviam dito no particular de suas casas, e sobre como estavam animadas para uma vida longe de New Heaven. Mais, havia ainda algum tempo. Não poderíamos ir de imediato, por conta da escola. Estávamos a dias da formatura, e ninguém parecia lembrar. Também, com tanta coisa acontecendo, não era pra menos. 

PoV Dinah

Um barulho do lado de fora tirou todo o meu sono. Desde a transformação para lobo, meu sono havia se tornado leve. Se alguém, a metros de distância, derrubasse uma agulha no chão, eu poderia ouvir e talvez, perder o sono. Por que? Agora que estava ciente dos perigos que poderiam ser mais que fatais para mim ou minhas amigas, tinha que estar o mais ligada possível. Com Ariana solta por aí, certamente tramando algo cotra nós, era realmente bom ficar de guarda. Fui até a janela do quarto, puxando um pouco a cortina. Não precisava acender a luz, estava vendo perfeitamente bem, mesmo no breu do quarto. 

Tem alguém rondando a casa, Lauren. Siope, é você?

Depois de avisar a Lauren, senti o cheiro familiar que os lobisomens tinham. Siope não respondeu, o que me deixou um tanto quanto apreensiva. Se não era ele, havia algo de errado ali. Muito errado. A porta do meu quarto se abriu, o cheiro forte de vampiro adentrando minhas narinas. Depois, mais um cheiro. Taylor e Lauren. 

Siope está dormindo. Dá para vê-lo do quarto de Taylor. É Cedric, um dos paus mandados de Ariana e ele quer falar com você, tem um recado dela. 

Lauren falou, ou melhor, ouvi sua voz dentro de minha cabeça. Como ela poderia fazer isso? Pensei que seu dom fosse o de ler mentes, o que me assustava um pouco. Ela saberia se eu pensasse qualquer coisa dela. 

É, eu saberia, Dinah. Cedric quer dizer que se não formos mortas, ela irá estragar a formatura. 

Ouvi o suspiro de Taylor, ela provavelmente não estaria entendendo nada, aliás, não estávamos falando, em um primeiro ato. Ela estava de fora da conversa mental. Porém, Lauren estava segurando um de seus braços, os olhos atentos em seu rosto, analisando sua expressão. Mais seu olhar parecia ir ainda mais além do que estava a sua frente. Claro, ela estava lendo sua mente. 

O que há com Taylor?

Ela teve uma visão. Do dia da formatura. Ariana pretende morder o máximo de pessoas que puder. A maioria irá morrer, não são todos os humanos que aguentam a maldição de lupus. Pelo que conheço, é necessário força e algum sentimento forte que possa prendê-lo, e deve partir de uma emoção, de um vínculo muito forte. Você e as meninas suportaram por conta do amor que as envolve. E de certa forma envolve a mim e Taylor também. Os humanos de New Heaven  só se importam em ganhar dinheiro ou ir embora, são pessoas tolas e malévolas. Não suportariam nem ao primeiro minuto da transformação, e Ariana sabe disso.

Um silêncio desconfortável se instalou entre nós, e tudo o que fiz, foi abrir a janela e pular. Não importava se estávamos no segundo andar. Não era uma altura muito grande. Alertei a Lauren de que não viesse atrás, mas que ficasse atenta a conversa por minha mente. Andei pelo escuro, por pelo menos cinco minutos, quando algo se chocou contra meu pé. Era uma pedrinha. Me abaixei para pegá-la, bem quando um lobo negro passava pelo lugar onde minha cabeça estava a alguns segundos atrás. Meu coração acelerou um pouco, o tremor nas mãos se fazendo presente pelo nervoso. Cedric tomou sua forma humana, carregava um sorriso debochado, combinava perfeitamente bem com a cicatriz que dividia seu rosto. 

- Dinah Jane, bom te ver de novo. - ele cumprimentou. 

- Pena que não possa dizer o mesmo. - devolvi com o mesmo sorriso de deboche. 

- Isso é meio que relevante. Tenho algo a dizer, recado de Ariana sobre...

- A formatura. Sim, estou sabendo de seus planos de transformar todos. 

Ele arqueou uma sobrancelha, como se fosse perguntar como eu já sabia, mas desistiu e apenas sorriu, balançando a cabeça. 

Fale sobre a quebra do acordo dela, se o fizer. Lobos e vampiros zelam pelo mesmo adereço, agora. Não matar humanos. Se ela o fizer, temos permissão para matá-la e matar quem lhe ajuda. 

- Isso é bom, poupa tempo e palavras. - ele fingiu bocejar. 

- Avise a ela que não vamos ceder. Sou líder do meu bando, e minhas betas irão defender o que digo, e o que digo é que não vamos matar os Jauregui's. Eles não quebraram nenhum acordo, isso quem faria é Ariana. Estou conhecendo o pacto antigo, sei que ela poderá ser morta caso tire a vida de algum humano. Não teremos um pingo de remorso em acabar com vocês. - deixei claro. 

Não esperei nada de Cedric, dei as costas, recebendo uma mordida no ombro como resposta. Imediatamente, senti a dor dos caninos dele perfurarem minha pele, antes que seu ganido se fizesse presente. A minha frente, Lauren o encarava, agora caído a bons metros de distância. Taylor segurou meu ombro, e me puxou para dentro da casa, no intuito de cuidar do novo machucado. Camila observava tudo da janela. Seus olhos fixos no escuro, procurando algo no meio da noite. Talvez estivesse procurando um aliado de Cedric, que pudesse estar oculto no local. Não ouvi o que foi dito, estava cansada de mais para continuar prestando atenção. Me desliguei completamente depois de estar sentada no sofá, com Taylor, Camila e Lauren conversando, enquanto cuidavam do meu machucado. 

PoV Camila

Dinah e Lauren estavam de volta a conversa silenciosa. Eu estava sentada no sofá, com a cabeça da minha amiga em meu colo, enquanto Taylor terminava de enfaixar seu ombro, onde tinha levado a mordida. A cada segundo que se passava, eu tinha mais e mais raiva de Ariana. Não me lembrava de te-la visto alguma vez, mas já nutria um tremendo ódio pela menina. Ela estava machucando as pessoas que eu amava. Era por causa dela que minhas amigas estavam envolvidas nessa nova vida. Em parte, e bem no fundo, me sentia agradecida por isso. Me sentia protegida por elas, apesar de saber que poderia muito bem acabar com todas em questão de segundos. Como também, me via no direito de protegê-las, e dessa vez, tinha capacidade o suficiente para isso. Encarei a parede, sentindo um tipo de sensação de cansaço. Lauren me olhou, vindo para onde eu estava, seus dedos mexendo nos fios de meu cabelo. 

-  Tudo bem? - perguntou com um tom calmo, porém, havia preocupação escondida ali. 

- Estou. Só estou pensando. - aleguei, abrindo um curto sorriso. 

- É, seus pensamentos são algo que eu queria conhecer. - senti seus lábios pressionarem minha bochecha. - Vamos nos deitar? 

- Mais não tem cama no seu quarto. - franzi o cenho. 

- Ela comprou uma e já montou. Seu corpo ainda reage aos estímulos e sensações humanas, Mila. É bom, você pode se sentir viva com isso. Aproveite enquanto ainda pode sentir. 

Taylor beijou o topo da minha cabeça e sumiu para seu quarto. Dinah se levantou, e juntas, eu, ela e Lauren fomos para nossos quartos. Dinah ficou no meio do corredor, enquanto seguíamos para mais a frente, na última porta. O quarto de Lauren tinha uma visão maravilhosa de New Heaven. As montanhas, a neblina cobrindo boa parte de tudo, a floresta ao lado direito, a ponte que dava para o distrito do lado esquerdo, os postes acesos, fazendo com que todos ligados fossem como vagalumes presos em cordões e postos ali para decorar o ambiente. Enquanto observava, senti seus braços rodearem minha cintura. 

Me virei, beijando-a brevemente. Então, algo muito estranho me ocorreu. 

Não quero deixar Stephen para trás, ele não merece isso. Mais Lauren me puxava com força. Me dizia a todo o momento que não poderíamos ficar e acabar como eles. Mortos. E ela tinha razão. Stephen foi o primeiro cadáver que achamos. Seguimos pelo túnel que ela encontrou e alcançamos um carro para sair dali. Peguei uma estaca no caminho, acertando homens a todo o momento. Quando demos a partida, soltei o pedaço de pau, finalmente me deixando pensar sobre tudo. Em um momento, tudo não passava de gemidos e juras de amor e em menos de minutos, Lauren e eu fugíamos para escapar com vida da vingança destinada a nossos maridos. 

Olhei para Lauren ao meu lado. Nos beijamos, e tive a sensação de que era como uma despedida. O caminho que seguimos era estreito e soterrado, não havia muitas pessoas pelo caminho, e as que tinham, os encaravam de uma forma estranha. Abri um sorriso misto, estava feliz por ter saído da guerra e sobrevivido, mas carregava uma angustia insana no peito. Ouvi Lauren pronunciar um "Eu te amo, Clarissa." Bem quando o carro era atingido. Estava pegando fogo. Meus olhos se encheram de lágrimas, quando percebi que meu vestido estava preso nas engrenagens antigas do carro. Não daria tempo de fugir. 

- Eu te amo, Lauren! 

E a empurrei do carro. Segundos depois, tudo o que senti, fora uma sensação de alívio. Meu corpo todo formigava com uma sensação de bem estar, e tudo o que eu lembrava, era de que agora, eu ia ficar bem. 

Pisquei os olhos, Lauren me encarava de perto. Sua expressão era de fechada, como sempre foi. Na porta do quarto, Taylor estava paralisada. Eu era a Clarissa? Olhei de uma para outra. Não sabia o que tinha acabado de acontecer, mas precisava de respostas. 

- Melhor sentar, temos muito o que conversar. 

A voz de Lauren decretou, enquanto Taylor saia do caminho para Dinah passar, e cada uma se acomodava de um lado do quarto.