História Idiossincrasia - Capítulo Único

- Então, alunos, hoje faremos uma brincadeira. Irei separar a classe em duplas e vocês irão apontar os defeitos e qualidades do seu parceiro. - O professor esbravejava para que até o aluno que estivesse na última cadeira daquele teatro escutasse. 

- Professor, nós não entendemos nada. - Murmurou uma das alunas. 

- Vocês irão olhar para o seu par e falarão... Hum... "Eu não gosto do seu cabelo" e então, a pessoa falará "eu tentarei mudar isso". Mas se te elogiar, você apenas agradece. 

Um "Ah" uníssono foi solto pela classe que, na visão do professor, era uma ação engraçada.

Ele sabia de todas as rivalidades da sala e, como queria que sua aula fosse dinâmica e divertida, fez as duplas de acordo com essa rivalidade. 

- Quero que... Byun Baekhyun e Park Chanyeol sejam os primeiros. 

Todos daquela sala se chocaram, afinal, sabiam os seus históricos. 

Eram ex-namorados. 

Ambos - que estavam em lados opostos do teatro - se dirigiram ao palco e encararam-se. 

- Sabe, Byun Baekhyun, minha mãe me deu educação, então, os mais velhos primeiro. 

O menor cruzou os braços e revirou os olhos. Baixo, cabelos tingidos de negro como a mais escura das noites e uma personalidade um tanto insuportável para quem não fosse dotado de paciência. 

O mais alto a sua frente possuía cabelos castanhos como as folhas secas do outono e uma personalidade muito radiante, porém explosiva. 

Ambos se odiavam, mas era como diziam, o ódio e o amor sempre andam juntos.

- Eu odeio seu narcisismo, seu ego é tão alto que me dá náuseas. - Ele basicamente cuspiu aquelas palavras. 

Chanyeol apenas riu.

- Por mais que seja impossível, eu tentarei mudar isso. Eu odeio a sua arrogância, sabe, ser amável uma vez na vida não irá lhe matar, Baek. 

- Tentarei mudar isso. Eu odeio o seu senso de humor. - Deu um passo para frente.

Ao invés de responder como o professor havia mandado, o mais alto seguiu com as ofensas. 

- Eu odeio sua possessividade! - Gritou assustando todos e, como o menor fez, deu um passo para frente. 

- Eu odeio quando grita comigo! - Gritou apontando o indicador para o outro.

- Eu odeio quando aponta pra mim!

- Eu odeio seu cachorro! 

- Eu odeio seu gato! 

- Eu te odeio, Park Chanyeol!

- Eu te odeio, Byun Baekhyun! E sabe o que eu odeio mais? O fato que você não é mais meu! Eu sinto sua falta, seu idiota! 

Lágrimas se acumularam nos rostos de ambos. Era como se as imperfeições os fizessem perfeitos. 

- Que droga, por que me confunde tanto, Chanyeol?! - mesmo com a voz embargada, gritou. - Se sente tanto a minha falta, por que não me beija logo?!

Ambos esqueceram que haviam pessoas ali e todas estavam sentindo que assistiam a uma peça profissional de teatro. Mas na verdade, aquilo era apenas uma das "dádivas" que o amor proporciona. 

Chanyeol apenas agiu por impulso e o beijou. Nem pediu permissão, afinal, estava tão afoito que apenas invadiu a boca alheia. 

Foram 5 meses sem poder saborear aqueles lábios finos e rosados que, de todos que experimentou na vida, eram os melhores. 

Sentia falta daquela língua brigando por espaço junto com a sua. Sentia falta de poder tocar na cintura do menor. Sentia falta da mão do menor invadindo o seu couro cabeludo. 

Sentiam falta um do outro.

Não queriam findar o beijo, mas o fôlego já era necessário. E, com um breve selinho, terminaram aquele momento nostálgico. Encararam-se e lembraram de onde estavam, e uma ação os surpreendeu. 

Todos os alunos daquele curso de teatro os aplaudiam de pé e o professor se sentia orgulhoso por isso. 

Afinal, o trabalho de um cupido não é tão fácil quanto parece.