História Idiot With Green Eyes - Capítulo 5

 O que foi que eu fiz.... O que foi que eu fiz...

Essas palavras evocavam em minha mente, enquanto sentia meu corpo sendo cutucado! Abri os olhos que só agora não percebi que estavam fechados.

- Credo menina, você me deu um susto. __ a voz da minha mãe preencheu meus ouvidos.

Mãe?

- O que a senhora está fazendo na escola e... __ olhei ao redor.

Eu estava no meu quarto, sentada em minha cama.

- Filha, acho que você dormiu demais, está até  sonhando que estava na escola. __ franzi a testa.

Definitivamente, não estava sonhando.

- Foi mais para um pesadelo, um pesadelo bem ruim. __ passei a mão em meu rosto. Alguém lá em cima gosta muito de mim. Minha mãe sentou ao meu lado na cama.

- Quer conversar? Sabe que quando não contamos um pesadelo ele  se realiza, não sabe?

- Mãe, eu não acredito nisso a senhora sabe, foi só uma besteira. __ sim,  completa de uma besteira.

- Ok, então filha. Só vim te acordar pra dizer que a Mechi veio aqui pra dizer que vocês irão daqui a meia-hora no shopping comprar roupas para uma festa de um dos seus colegas da escola. __ suspirei, acordar cedo é um castigo. – A propósito... __ olhei pra dona Mariana alarmada..- Você não nos comunicou sobre nenhuma festa, como pretendia ir?

- Então... __ cocei a nuca. – Eu ía pedir pra você e pro papai, mas esqueci. __ mostrei um sorriso com todos os dentes. – Posso ir?

Ela pensou por uns cinco segundos.

- Pode, pode ir, mas sem chegar tarde, por que senão... __ revirei os olhos.

- Já sei... Castigo na hora.

- E mais cinco horas escutando de como seu pai e eu nos conhecemos. __ fiz uma cara de terror. Não, aquela história não, estava marcada em minha memória pra sempre, guardo traumas até hoje. 

Quando disse aos meus pais que estava namorando o Sebastian, eles vieram ao meu quarto e começaram uma conversa que eu pensei que nunca iria passar em toda a minha vida. A maioria dos pais tem vergonha em falar sobre sexo com o seu filho, meus pais não faziam parte dessa maioria. Eles me disseram que qualquer avanço em nossa relação deveríamos nos prevenir, afinal somos novos e eles sabem como na adolescência os hormônios estão a flor da pele. Senti uma vontade de vomitar bem grande, porque.... Cara, não pensei que conversaríamos sobre isso, o que não foi a parte menos constrangedora. Quando eu menos imaginava eles começaram a falar sobre como se conheceram... E nem se quer me pouparam das partes sórdidas... Um pouco na verdade, tipo o que eles fizeram pra mim narcer, pelo menos isso, mas o resto era algo que qualquer pessoa consideraria um trauma.

- Entendi, chegar na hora certa, sem nenhuma atraso.

- Ótimo, agora se arrume e desça para o café da manhã, já já a Mechi chega.

- Tá bem! __ ela deu um beijo em minha testa e saiu do meu quarto batendo a porta. Me joguei novamente na cama.

- Foi só um pesadelo Tini, foi só um pesadelo. __massageei minhas têmporas. – Um infeliz pesadelo, envolvendo tudo que eu não suporto, educação física, Sebastian e o idiota dos olhos verdes. __ revirei os olhos com esse último.

Mas... Porra, pareceu ser tão real, quase acreditei numa porcaria dessas. Só que... Pareceu ser tão real cabeça. Fazia tempo que eu não sonhava com o Sebastian, a última vez, foi quando eu sonhei que fui presa por ter atropelado ele, depois que ele me traiu.

Senti um aperto em meu coração, não dói mais como doía antes, mas ainda é chato pra mim lembrar disso. Não é legal seu primeiro namoro terminar de um jeito como o meu terminou. Meu primeiro namoro, primeiro namorado me traiu da forma mais suja possível, rezava a Deus pra que o Sebastian fosse castigado, mas logo me repreendia por pedir algo a Deus assim, ele protege todos e ama todos igualmente... Não era vingativo. Então... Pedi pro titio do Jorge se é que me entendem e.... Porra, eu tô mesmo fincando paranóica, quando minha mãe for para igreja irei junto com ela, me confessar, ter pelo menos o perdão de Deus por essas maluquices que ando pensando... Eu não tô bem.

Mas... Agora, preciso levantar. Não é legal deixar a loira me esperando, ainda mais quando o assunto é shopping.

(...)

Passando por algumas lojas, Mechi gargalhava horrores quando terminei de contar o meu sonho.

- Isso, vai rindo da minha desgraça pesadelau. __ ela sorriu mais ainda.

- Você e seu talento pra inventar palavras, mas voltando, você é tão dramática Ti, falando sério, foi engraçado, menos a parte que o Sebastian tinha voltado por que isso é uma coisa péssima, mas o resto... Droga, é engraçado sim, principalmente seus pensamentos depois do que você falou, " Me internem" , " O que eu fiz" . 

- Não, não tem graça, não sei o que me deu pra falar aquilo? Foi tipo um falarréia... Quando eu vi, pronto, disparei que o Jorge era o meu namorado.

- Isso deve ser alguma coisa do destino, um sinal talvez? Sinal de que vocês irão namorar? __ olhei pra ela, do mesmo jeito quando o meu primo falou que a DC era melhor que a Marvel, quase meus tios velavam um corpo no mesmo dia, aquilo foi  o absurdo dos absurdos.

- Como eu sou ainda sua amiga? __ coloquei a mão no meu peito fingindo está zangada.

- Você me ama, pode dizer.

- Esse é o meu castigo. __ suspirei de uma forma bem exagerada.

- Vamos, ainda temos bastante lojas pra olhar. __ enlaçamos nossos braços um no outro e entramos em boutique.

- Eu quero tudo que eu tiver direito no MC DONALD’S! __ declarei assim que me joguei em uma das cadeiras do fast food.

- Você é uma pessoa abençoada, come quase por três pessoas e não engorda. __ dei de ombros.

- Não me importaria também se eu fosse gordinha ou sei lá, com algumas gordurinhas a mais localizadas ao redor da minha barriga, gosto do meu corpo, do jeito que ele for.

- Você é tão incrível, eu te admiro tanto epal pessoa forte que você é. __ sorri pra minha amiga.

- Não adianta me bajular, não vou mais entrar em nenhuma loja. Já compramos roupas o suficiente, na verdade, não exagera Mechi, você já tem roupa que dá pra vestir uma cidade inteira.

Ela bufou.

- Eu gosto de ter múltiplas escolhas.

- Tá bom, tá bom.__ ergui a mão em sinal de rendição. - Agora levanta essa bunda preguiçosa e vá comprar comida... Não é seguro deixar uma Martina com fome, você não quer me ver virar uma canibal não é mesmo?

Gargalhou enquanto ía fazer nossos pedidos.

  Enquanto  esperava meu preciso lanche peguei  meu celular, certeza que a Mechi iria demorar, até o atendente dizer cada quantidade de caloria que há em um hambúrguer. Pra mim o importante é ser feliz, se hambúrgueres, pizzas me deixava feliz, então é claro que eu vou comer. Viva minha felicidade. 

Conectei meu fone no celular, abri o Spotify e fui escutar algumas das minhas playlist que não via a bastante tempo. A batida era bem legal, Dinamity de BTS! Eu escutava tanto esses caras, mas meu gosto mudou bastante de K-pop para  pop latino, não sou mais aquela menina de 12 anos... Bem, talvez um pouco.

Uma playlist me denunciava. Minha playlist de One Direction, não me julguem, ainda sou apaixonada por esses caras, pelas músicas. Cara, se algum dia alguém canta Little Things pra mim, sem nenhuma dúvida eu casava, essa música é perfeita. Falar de One Direction sempre me distraía, como agora ao tirar os olhos da Teka do celular e olhar pra frente para ver se a Mechi já estava vindo e pro meu espanto um par de olhos verdes e dentes insuportavelmente brancos se mostrava em meu campo de visão.

Tirei os fones rapidamente.

- Assustada com minha beleza? __ revirei os olhos.

- Não chamaria isso de beleza, não quando se é mais feio que a fome. __ ele abriu a boca, mas não disse nada, sorri satisfeita. – Você está ficando péssimo em rebater, deveria estar treinando no espelho.

- Anotado.

- O que está fazendo aqui?

- No shopping? Vim tomar banho. Titio satanás disse que a água está pouca lá embaixo. __ prendi o riso assentindo em compreensão.

-  Entendo, sempre achei que você morava mesmo lá pelo núcleo da Terra.

- Pois é, algum dia te levarei pra dar um passeio. __ estremeci me benzendo. Deus que me livre.

- Onde está o Rugg?

- Com a Mechi, encontramos ela entrevistando o atendente sobre a quantidade de carboidratos que há no pão. __ ele sorriu. – Então vim aqui pra ver que você tem gosto de música muito feio, não achei que você gostava de escutar músicas de um grupo de chineisinhos saltitantes. __ revirei os olhos.

- Eles são coreanos, se escuto ou não, não é da sua conta. __ ele deu de ombros.

- Achei que você escutava outros tipos de coisa?

- Como?

- Não era pra você está escutando um daquelas músicas de...serta...sertanejo, chorando por aí e postando nos status em alguma rede social, uma indireta pro ex como a maioria das garotas  fazem. __  tá, eu sei que já mencionei como era irritante seu sotaque, mas droga, era irritante a forma como seu  "j” como “r”, irritante, muito irritante mesmo, e já tô me achando chata do quanto estou ficando repetitiva, preciso de adjetivos melhores.  E bem, falando em indiretas,  eu realmente fiz isso quando me separei do Sebastian, postei várias vezes no meu stories do Instagram e status do Whatsapp. Se eu pudesse me cancelaria naquela época. 

Balancei a cabeça espantando qualquer pensamento que levasse a imagem do meu ex e também aquele sonho.

Lhe dei um sorriso falso.

- E você não era pra está com um chapéu gigante de quase dois metros, roupas coloridas, um violão, fazendo serenatas por aí. __ o vi morder os cantos da sua bochecha para rir.

A gente não admitia que achava graça de algumas piadas.

- Mais é claro, toda vez que eu saio da escola, é meu trabalho secreto, me visto de mariati, vou para debaixo da janela de alguém e fico cantando até jogarem um balde de água em mim. __ imaginei a cena em minha cabeça, sorri, seria muito engraçado.

- Díos mio. __ olhei pra ele.

- Você achou graça do que eu falei? Calma, espera. __ mexeu no bolso tirando de lá um celular. – Pode fazer de novo pra eu filmar? __ bufei. – Não calma. É o Armagedom? Apocalipse? Devo me preocupar com algum meteoro vindo em minha direção? Quem diria Martina Stoessel riu de algo que eu falei. Acho que vou llorar. __ rolei os olhos. – Você ainda vai ter um tique de tanto revirar os ojos. __ revirei novamente. Estou ficando doente. 

- Olha, eles não se mataram. __ Ruggero e Mechi chegaram com os lanches.

- Tem muita gente aqui Rugg. __ acenei tristemente. – Não posso fazer isso com testemunhas.

- Que pena.

- Gracias, pela parte que me toca irmão. __ Rugg deu de ombros sorrindo.

- Aqui seu lanche Tini. __ Mechi entregou uma porção de batatas- fritas, hambúrguer e uma  bebida. 

- Graças a Deus, se demorasse mais, me encontrariam no chão.

- Convidei os meninos para sentar com a gente. __ assenti. Claro que ela convidaria. – E disse que aceitamos o convite, a gente vai com eles pra festa do Samuel em vez de irmos nós duas de táxi. __ engasguei um pouco com a batata. Mechi tá brincando comigo. A palhaça ainda tem coragem de sorrir. 

 - Não sei mesmo se é uma boa ideia ir com vocês? __ arqueei uma sobrancelha pra Mercedes, ela estava fazendo um coração com os dedos e mais alguns sinais. Então, ela teve o trabalho pra aprender algumas coisas. A cewtina estava fazendo um J mais M e depois um coração disfarçadamente. 

- Por que Tinita? Devo mesmo me preocupar que irá me atacar? Sei que sou muito atraente. __ gruni.

- Você é um egomaníaco.

- Esse é o seu jeito de dizer que estou certo?

- Não, é o jeito de dizer que você é convencido demais. E você deveria ficar preocupado, vai que "sem querer" minha mão te empurre para fora  do carro. 

- Pretendo me arriscar, quanto mais tempo ao seu lado, oportunidades pra te atormentar terei. 

         anta mexicana.

- Vamos Tini, vamos lá... __ olhei pra Mechi, seus olhos imploravam, minha amiga tinha que se apaixonar justo  pelo irmão do meu calo? 

- Tá bem! __ suspirei.

- Podem nos buscar na casa da Tini, eu mando o endereço. 

Eu deveria ganhar uma medalha de melhor amiga do mundo. 

Em minha frente Jorge sorria pra mim, fiz cara de tédio, o que lhe levou  a me  mandar  uma piscada. 

        Era só o que me faltava.