História Idiota - O Amor Não é Para Idiotas

O fogo do Isqueiro nas mãos trêmulas deu um brilho ao rosto suado que parecia ter uma luta interna consigo mesmo por fazer aquilo de novo, ao acender o cigarro entre os lábios respirou aliviado, voltando a ter o olhar cansado e decidido de sempre, e com a nicotina aliviando cada músculo de seu corpo, ergueu os braços até a cabeça, prendendo os longos fios negros em um coque ao mesmo tempo que olhava atentamete cada microexpressão que demonstrava o desgosto do homem ao seu lado ao sentir e ver a famuça carregada escapar pelos lábios, agora não tão trémulos, do da queimadura. Ao perceber ser observado, pareceu ser capturado sem esforço pelo olhar que carregava uma infinidade de histórias e sentimentos que nem mesmo o dono de tal beldade sabia decifrar, o Cohen era um mistério até para si mesmo e tinha consciência disso.

— Não meu olha com esse olhar infinito que sabe para onde está indo — Protestou, cruzando os braços e se encostando na parede daquela garagem, encarando a piscina nada nova ou bem cuidada do local — E não comece a me dizer coisas que não sou de ouvir, sabe de tudo que eu sinto — Alertou, com sua mente lhe dizendo que aquele homem que no início o causou tanto desprezo hoje tinha o cigarro em uma mão e ele na outra, para usar como preferir.

Com mais uma tragada a resposta veio.

— Eu te amo — Ah garoto, não faz assim

O sol começando a nascer teve um pequeno efeito nos olhos do de fios negros, o fazendo fecha-los parcialmente pelo incomodo, ainda com aquele olhar, esperando pacientemente por uma resposta, a resposta tosca que Joui sabia que daria.

— Eu também — Ditou, tendo a desculpa de acompanhar o cigarro com os olhos para poder olhar o jeito que seus lábios se contorceram em um sorriso irônico de canto.

— Não parece — Respondeu, soprando mais uma vez da fumaça cinza para fora dos lábios.

— Não tem que parecer, eu amo e pronto — Retrucou, convicto do que dizia.

— Amor que não parece é desperdício — Dispara, deixando o outro sem palavras.

O asiático se cala, se falasse qualquer coisa pareceria idiota, não que não pareça de boca fechada, mas idiotas de boca fechada não revelam o quão idiotas são, mesmo que só recebam esse titulo no amor, são idiotas, mas se niguém sabe, logo não são.

— Não vai falar nada? — O riso soprado que veio só, jogado ao vento junto com as cinzas do cigarro sendo retiradas com alguns toques dos dígitos longos denunciava, ele tá bravo.

Um claro sinal de que não diria nada veio no momento em que balançou a cabeça para ambos os lados.

— Idiota — Dando uma última boa tragada, ele sopra tudo ao vento gélido da manhã.

Merda.

Não importa o quanto tente, o amor não é para idiotas.

— Por isso que eu te amo — Um sorriso genuíno era o suficiente para descrever tudo, e ambos o tinham no rosto enquanto o que restou do cigarro foi de encontro ao chão.

Ou talvez seja…