Hoje eu me peguei pensando em como vai ser quando tudo mudar, quando as coisas não forem mais como eu as conheço, como eu vou acabar. E eu acho que vou acabar como essa mulher loira que está a duas cadeiras de distância de mim. Num bar, sozinha, escolhendo rock clássico no jukebox, fumando, bêbada, rindo do vento, porque não há nada mais engraçado e patético do que o mistério do invisível. Eu acho que vou acabar assim mesmo. Sem ninguém, apagada, puxando papo com gente estranha. Falando sobre o nada e o tudo, sem sentido algum. As pessoas vão passar por mim, as crianças se esconderem atrás de suas mães, os homens me olharem como leões olham pedaços de carne, as mulheres torcerem o nariz pro meu cabelo emaranhado. Todos que eu conheço vão morrer, ou ir embora, e eu vou ficar nessa cidade pra sempre. Um dia eu vou também, a gente se vê.
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