História Ignore. - Pássaro livre.

Sabe, eu acho que não nasci mesmo pra ser preso. Pra ser enjaulado numa coisa só. E nem é porque eu sou um garoto, e porque eu quero pegar várias e não me apegar à nenhuma. Eu acho que um dia eu fui assim, eu gostava da rotina e gostava da certeza. Mas por X motivos, não sou mais. Eu me acostumei foi com a inconstância, com a incerteza, a bagunça, seja ela qual for; do meu cabelo, da cabeça, do coração. Aquela bagunça que eu via nos seus olhos, aqueles olhos pequeninos e castanhos, nos seus gestos ansiosos, no seu quarto, que por baixo de tanta organização, pairava a eletricidade de uma natureza selvagem. Dessa dorzinha caótica no coração, quando lembro da estante de livros velhos e cheirando à cigarro que tinha na sua casa. Eu adorava aquele cheiro, você achava nojento. Daquele porta retrato trincado, ou daquelas suas canetas coloridas espalhadas pelo chão. Infelizmente as coisas na vida passam, e sua bagunça passou por mim feito um furacão e revirou tudo. E eu entendi que você sabia o que fazia, você foi embora porque quis. Foi embora porque entende que não era a hora, e entende que talvez nunca seja, mas que isso não é um problema. Obrigado por me ensinar isso. Eu já não sinto mais a vontade de ficar, a vontade do pra sempre. E não me machuca mais saber que "o pra sempre" é só conforto pra gente doente. Sinceramente, garota, você foi o pássaro mais livre que já conheci. Você me dizia que era tão só quanto um pássaro, e eu dizia que tu era idiota, porque pássaros voavam em bando. Você ria e discordava, sempre tão teimosa, puta merda. Bem, uma coisa você acertou, Baby, somos tão livres quanto pássaros. Eu e você. Que agora somos só eu, e você.

- Pietro.