História Iguais mas Diferentes - Strange events

Acordei no meio da noite com alguém me chamando, estava escuro e não deu para ver quem era, mas reconheci a voz.

- Bela, acordou? – O Omar disse e se sentou na beirada da minha cama.

- Omar, o que você está fazendo aqui?! – Eu disse esfregando meus olhos e pegando meu celular para olhar as horas.  – São 4 horas da manhã!

- Eu só queria sair de casa. – Ele estava estranho.

- O que aconteceu? – Eu disse preocupada.

Ele ficou calado, o que me deixou mais preocupada ainda. Eu liguei meu abajur para ver melhor. Quando liguei e olhei para o Omar me assustei, ele estava com a área em volta do olho muito roxa e inchada e tinha um corte na bochecha.

- Meu Deus! Quem fez isso com você? – Eu disse chegando perto dele e passando a mão no corte.

- Meu pai estava em casa quando cheguei e não ficou muito feliz com o arranhado do carro. – Ele disse sem emoção.

- Ele bateu em você?! – Eu só estava afirmando, não era uma pergunta. - Não acredito que ele teve coragem de fazer isso com o próprio filho! 

Ele ficou calado de novo, ele estava com um olhar perdido. 

- Posso ficar aqui mais um pouco? Não quero ir para casa agora, e meu pai tem que pegar o voo às 7 horas então eu queria ficar aqui pelo menos até 5h30.

- Tudo bem. – Eu disse e ele deitou na cama, eu deitei também.

Ficamos calados depois disso e em algum momento eu dormi, porque quando abri os olhos já estava claro.

Acordei assustada e vi que o Omar estava deitado do meu lado, olhei as horas no meu celular e chamei ele.

- Omar! Omar!

Ele abriu os olhos e disse sonolento.

- Só mais 5 minutinhos...

- Já são 8 horas da manhã Omar!! – Eu disse desesperada e sacudindo ele. – Você tem que ir embora!

Ele sentou na cama e arregalou os olhos quando percebeu o que estava acontecendo.

- Nossa, tenho que ir embora mesmo! – Ele se levantou rápido e foi em direção à varanda.

- Te vejo depois Bela! – Me disse antes de sair.

Eu virei para o lado e voltei a dormir.

Na segunda feira fui para a gravadora para o ensaio.

Quando cheguei lá todos já tinham chegado, menos o Omar. Mandei uma mensagem para ele só que ele demorou a responder, uns 15 minutos depois ele respondeu assim:

“Não vou hoje. Bjs”

Fiquei com raiva dele por faltar, ele sabia como os ensaios eram importantes para a banda. Iria falar sobre isso com ele amanhã.

Ensaiamos sem ele mesmo.

No dia seguinte a Regina foi comigo para a gravadora porque ela precisava ver o Geraldo. Odiava quando ela ia comigo porque ela ficava só me criticando.

Quando cheguei lá recebi uma mensagem do Omar.

 “Não vou poder ir hoje de novo, provavelmente vou faltar a semana toda. Bjs.”

Como assim ele ia faltar a semana toda? Nós temos um show nesse final de semana e temos muito o que praticar para a premiação do próximo mês. Será que foi aquilo que aconteceu com o pai dele que o deixou chateado e ele está aproveitando para se distrair? Como ele pode ser tão irresponsável!

Avisei para o pessoal que ele não vinha hoje também e ensaiamos de novo sem ele.

Depois que acabou o treino decidi que iria conversar com Omar, mas teríamos que passar em casa primeiro por culpa da Regina. Deixamos ela em casa e eu ordenei que o Damião me levasse até a casa dele.

Já fui para casa dele com pedras na mão e pronta para dar uma bronca.

Quem atendeu foi uma das empregadas e ela me disse que ele estava na área da piscina com uma pessoa. Não importava quem era, eu tinha que conversar com ele e era urgente.

Quando cheguei lá ele estava beijando uma garota na espreguiçadeira, ela estava montada nele. Isso despertou uma raiva ainda maior em mim, sério que ele faltou ao treino para ficar com uma menina? Sempre soube que ele andava com várias garotas, mas essa era a primeira vez que isso atrapalhava a banda.

Andei até onde eles estavam e cruzei meus braços na frente deles.

O Omar abriu os olhos e quando me viu arregalou os olhos e afastou a menina.

- Isabela? O que você está fazendo aqui? – Ele se levantou da espreguiçadeira e a menina ficou sentada lá olhando brava para mim e eu correspondi com meu olhar maléfico, eu tenho certeza que deu medo nela porque ela se encolheu na espreguiçadeira.

- Eu vim saber porque você estava faltando nos ensaios, mas agora entendi. – Eu me virei e sai andando e ele foi atrás de mim.

- Espera Bela! – Ele disse segurando no meu braço. – Não é isso que você está pensando. – Reparei que o olho dele ainda estava bem roxo e o corte não estava aberto, mas ainda estava aparecendo bem.

- É exatamente o que estou pensando, você é um irresponsável, faltou no ensaio por causa de uma menina qualquer! – Eu disse e a menina olhou ofendida.

- Ei, não fala assim de mim. – Ela disse para mim.

- Cala a boca que eu não estou falando com você. – Eu disse séria e ela fez uma expressão brava, mas não disse nada, que bom!

- Olha Omar, talvez a banda seja só um passatempo para você, mas para mim e o resto do pessoal é importante.

- É importante para mim também. – A menina chegou e segurou no braço dele interrompendo nossa conversa.

- Omar, você vai ficar aí conversando? – Ela disse com uma vozinha que quase me fez vomitar. Ela parecia ser bem fútil e boba. Ele me olhou e eu olhei para ele irritada.

- Acho melhor você ir embora. – Ele disse para ela.

- Você me liga depois então? – Ela disse com a vozinha de novo.

- Talvez. – Ela não ficou tão satisfeita com a resposta porque saiu brava.

Ele olhou para mim de novo com expressão de piedade. E eu continuei olhando brava.

- Olha, eu só não estou muito afim de andar por aí com meu rosto assim. – Ele disse parecendo inseguro.

- Você está com vergonha de andar por aí com esse rosto, mas as garotas verem não tem problema.

- As garotas até gostam, me deixa mais bad boy e sexy. – Ele riu maliciosamente.

Não acredito que ele disse isso.

- Você não tem jeito mesmo. – Eu disse me virando para sair de novo. – Isso não é brincadeira.

- Eu sei, me desculpa. – Ele disse arrependido. – Estou treinando em casa, mas realmente não quero que o pessoal da gravadora me veja assim, eles vão perguntar e não quero falar sobre isso com ninguém.

Eu fiquei encarando ele e pensando se deveria desculpar. Ele não merecia.

- Por favor Bela! Estou realmente treinando, sei o quanto é importante para você.

- Tudo bem Omar, mas você tem que treinar mesmo. E será que seu rosto vai estar melhor no sábado?

- Eu não sei, estou passando algumas pomadas e acho que vai melhorar sim, qualquer coisa eu peço alguém para fazer uma maquiagem escondendo.

Eu acabei aceitando as desculpas dele, mas não estava muito feliz com isso de faltar aos treinos. 

- Se você fizer algo para estragar o show, você vai se ver comigo. - Eu disse séria e ele concordou.

Depois disso fui embora para casa.

A noite tinha combinado com o Martín de ele ir jantar lá em casa, meu pai queria conhecer ele melhor.

Quando ele chegou eu avisei a Laura que ela poderia servir o jantar. Ficamos sentados na sala esperando e a minha mãe desceu as escadas, e o Martín levantou.

- Olá senhora Regina. – Ele disse dando um aperto de mão nela.

- Senhora não, só Regina. – Ela disse sorrindo mas sabia que estava só atuando.

- Olá Regina. – Ele repetiu.

- E onde está o meu pai? – Eu perguntei porque já era para ele ter descido.

- Seu pai não pode vir, ele está trabalhando.

Eu fiquei irritada na hora, aceitei esse jantar por causa dele.

- Não acredito que meu pai não vem! – Eu disse entre dentes.

- Sinto muito querida. – Ela colocou a mão na minha cabeça.

- Ele sempre faz isso! Ele prometeu que estaria aqui! – Eu disse ficando cada vez mais irritada.

- Você está agindo como mimada de novo, e na frente da visita.

Me lembrei do Martín e fiquei envergonhada, ainda mais pelo que a Regina disse e eu tenho certeza que foi para me humilhar ainda mais.

- Desculpe Martín, vamos jantar então. – Eu recompus minha postura e dei a mão para ele que me acompanhou até a mesa de jantar.

O jantar foi horrível. A Regina só ficou perguntando da família do Martín e não perguntou nada sobre ele, tinha certeza que ela só estava interessada porque a família dele era de bom nome e rica. Antes de acabarmos a Regina terminou e disse que ia subir para o quarto. Aproveitei para falar.

- Desculpe pela minha mãe.

- Não se preocupe, pais são assim mesmo.  – Ele sorriu.

Fiquei pensando o que faria a seguir e ele deu a ideia.

- Você pode me mostrar a casa? O pouco que já conheci já achei ela muito bonita.

Nos levantamos da mesa e eu mostrei para ele o segundo andar, o escritório do meu pai, mostrei a porta do quarto dos meus pais que estava fechada e a última porta era a do meu quarto, eu entrei e segurei a porta para ele entrar e fiz questão de deixar a porta aberta.

- Esse é meu quarto.

Ele entrou e ficou olhando tudo.

- É a sua cara! – Ele disse ainda olhando.

Eu sentei na cama enquanto esperava ele olhar tudo, ele reparou nos porta retratos que eu tinha na escrivaninha, maioria eram fotos com meu pai e minhas.

Ele foi até a porta e fechou ela, meu coração já acelerou.

Ele se sentou do meu lado na cama.

- E o show, está ansiosa?  - Ele perguntou.

- Sim, estou treinando tanto e tenho certeza que vai ser demais! Você vai ir me ver, não vai?

- Claro que sim. – Ele pensou por um momento. - Você fica nervosa antes de ir no palco?

- Ah, eu nunca fiquei nervosa, eu sempre soube que era aquilo que eu queria, então só sinto empolgação.                                     

- Legal. – Ele disse e ficamos calados, foi um silêncio estranho.

Ele então se aproximou de mim e começou a me beijar e eu beijei de volta, meu coração estava a mil. Não sei, mas não estava me sentindo muito bem com a situação.

Ele então me deitou na cama e continuou me beijando até que eu saí de baixo dele e me levantei.

- Acho que já está na hora de você ir. – Ele me olhou frustrado.

- Eu pensei que... – Nem deixei ele terminar de falar.                

- Não estou pronta.

Ele se levantou também.

- Tudo bem, me desculpe.

Eu sorri para ele, mas ele parecia irritado.

- Você me acompanha até o carro? – Ele disse.

- Claro. – Eu sorri e ele pegou a minha mão.

Fomos andando calados até o carro, eu ainda estava envergonhada.

Quando chegamos na porta do carro dele ele me beijou de novo e eu correspondi.

- Nos vemos depois então. – Ele sorriu e disse antes de sair.

Fiquei aliviada depois que ele se foi, nunca passei por um momento tão estranho com ele.

Voltei para o meu quarto e me arrumei para dormir. Já estava bem melhor, estava me sentindo até bem porque eu sabia que estava certa. Não demorei a dormir.

A semana passou devagar, saí mais algumas vezes com o Martín e estava tudo bem entre nós, nem conversamos mais sobre o que aconteceu no outro dia na minha casa.

O dia do show chegou e eu passei o dia todo me preparando, estava muito animada com hoje! Como disse para o Martín nunca fiquei nervosa antes dos shows, desde que começamos a fazer os shows eu sabia que tinha sido feita para o palco, não importava o quanto minha mãe tentou me impedir, porque eu sabia que esse era meu sonho.

O Omar apareceu o que me deixou aliviada, quase não dava para perceber as marcas no rosto dele, acho que eu só conseguia reparar porque eu sabia que elas existiram. Ele piscou quando viu que eu estava olhando para ele e eu sorri.

Fomos todos no ônibus da banda e chegamos cedo no local do show e fomos direto para os camarins, eu tenho um exclusivo porque sou a cantora principal. Eu sempre exigi um só para mim.

Depois de passar a maquiagem, arrumar meu cabelo e colocar minhas roupas estava linda e pronta para arrasar!  

Todos fomos para a porta do palco e quando a melodia da nossa música começa a tocar entramos animados e cantando. As pessoas aplaudem muito e meu coração dá um salto de emoção como em todos os shows.

Começo a cantar Superstar e todos gritam. A música e a platéia fazem o palco tremer. Todos da banda estão tocando o instrumento super bem. Na hora em que eu fui cantar minha parte junto com a Priscila ela entrou na minha frente para a aparecer mais, é claro que eu não ia deixar quieto. Quando ela andou para trás eu coloquei o meu pé no caminho dela, e como ela estava olhando com superioridade para mim não reparou no chão e tropeçou no meu pé, eu dei uma risada rápida. Ela não chegou a cair no chão, mas mesmo assim ficou com muita raiva. Continuamos a cantar tentando fingir para a plateia que nada tinha acontecido.

Na terceira música eu já estava suando de tanto pular e dançar. Estava totalmente afinada nos vocais, e até esse momento tudo estava indo perfeitamente bem... Até esse momento.

Ao cantar o verso seguinte da música senti um clack nas minhas cordas vocais e minha voz não saia, continuei tentando cantar mais era inútil, minha garganta começou a doer. Toda a plateia ficou silenciosa, fiquei olhando em volta e parecia que o tempo estava passando em câmera lenta. O som da melodia reverberava por todo o ambiente. Até que ele para e fica um silêncio absoluto. O que eu faço agora?