História Ill Always Remember. - - Capítulo 18:

- Está tudo bem com o bebê? - Perguntou fungando nos cabelos loiros dela, quebrando o abraço para poder observar mais uma vez a barriguinha que estava entre os corpos dos dois. Um sorriso meigo cresceu nos lábios trêmulos dela.

- Sim! - Assentiu, veemente. - A gente só precisa de repouso de agora em diante por causa do acidente... Mas o bebê está bem, os médicos asseguraram que graças a Deus todo o socorro ocorreu rapidamente antes de eu começar a perder mais sangue o que realmente não seria nada, nada bom já que... - Os lábios dela foram calados pelos cálidos dele em um selinho demorado. 

- Não deixe essa sua mente brilhante ficar ponderando tudo de ruim que podia ter acontecido. - Sussurrou ainda contra os lábios dela, mantendo o rosto dela pertinho do dele, entre suas quentes e grandes mãos. - E-Eu... Deus! - Fechou os olhos batalhado com os próprios pensamentos e sentimentos embaralhados. - Quantos meses? Perguntou, roçando o nariz em um beijo esquimó no dela. 

O coração de Emily que já batia em um ritmo gostoso e quieto no peito, finalmente sendo capaz de respirar aliviada pelos últimos meses sabendo que finalmente Stephen sabia da existência do fruto do amor deles, voltou a acelerar após uma pausa drástica. O sangue parecia ter congelado nas veias, impossível de bombear para o coração, o ar no quarto quase se tornou escasso demais.

- Vinte e uma semanas e três dias. - Respondeu em um sussurro a pergunta feita por ele.

Vinte e uma semanas e três dias. 

Stephen franziu o cenho, com a mente confusa demais para raciocinar e simplificar aquela história de semanas... 

- Cinco meses e três dias. - A voz de Emily soou novamente, baixinha, atraindo novamente a atenção dele.

Cinco meses e três dias.

O semblante dele mudou de confuso para surpreso em questão de segundos e os lábios dele se abriram, mas palavra alguma saiu. O corpo dela reclamou pela falta de contato quando as mãos dele abandonaram o rosto dela, o corpo másculo se afastou até sair da cama, ficando em pé no frio quarto de hospital.

As mãos ásperas dele passaram pelo rosto, tentando de alguma forma despertar se aquilo era apenas um pesadelo ou uma brincadeira de mau gosto que sua mente lhe havia pregado.

Apertou a ponte do nariz, nervoso, sentindo o sangue correr rápido pelas veias, todas as imagens dos últimos meses lhe invadindo a memória. 

"O corpo dela imóvel embaixo do dele, as unhas fincadas nos ombros nus. Os olhos dele desviaram-se dos lábios rosados dela cujo seguravam um sorriso fácil, as bochechas rosadas, os cabelos loiros totalmente espalhados pelo sofá cinzento. Ela estava por toda a parte, as mordidas dela iam de seus ombros até seu tanquinho que estava vermelho e dolorido. O calor e a felicidade no peito que ele só sentia quando estava perto dela inundava não só o corpo, mas todo o ambiente. Ela era como um sol gigantesco que ele sequer tinha medo do calor e da intensidade dos raios solares. 

- Ok, Stephen... - A voz dela de brincalhona, hora quebrada pelo riso havia mudado completamente. - Sai! Sai de cima... Eu... - As unhas que estavam fincadas em seus ombros soltaram-no e as mãos apressadas tentaram livrar-se do corpo firme dele que a aprisionava. - Eu estou passando mal, sai de cima senão... - Tirou o corpo apressadamente de cima do dela e confuso viu ela levantar do sofá correndo até sumir de sua vista com a mão em frente aos lábios."

~~

"O sorriso dele aumentou ainda mais ao vê-la entrar no set, com Ophie do lado é um saco enorme da confeitaria favorita dela nas mãos. Os cabelos loiros presos no alto da cabeça em um rabo firme, os óculos de grau, as bochechas coradas pelo frio, o corpo coberto por um enorme casaco azul escuro, debaixo dele ela usava um conjunto largo de moletom preto e as inseparáveis Uggs¹ pretas. 

- Desculpa o atraso... - Mordeu o lábio inferior parando em frente aos cinco membros da equipe. - É que eu tive um imprevisto no caminho... - Explicou-se olhando rapidamente para cachorra que já estava grudada nas pernas de Stephen -  mas trouxe bolos e pães doces para todos! - completou erguendo o saco e sorrindo. - Por falar nisso... Estou morrendo de fome... - Sussurrou indo até a cadeira vazia e pousando o saco até ter as mãos livres para abri-lo e tirar lá de dentro um sonho com muito creme. 

Stephen acariciou a cabeça da cachorra que lhe pedia atenção ainda com os olhos em Emily, a apetite dela estava incrivelmente grande e nos últimos tempos tinha certeza que ela havia ganho alguns quilos... Mas ora, quem não ganharia? Era difícil não a ver nas pausas das gravações beliscando algum petisco ou doces. 

- O que foi? - Ela perguntou olhando-o entre uma mordida e outra. - Também quer um? Trouxe tipo... Uns cinco sonhos! - Ofereceu, estendendo o bolo já pela metade para ele. 

- Obrigado, mas não posso comer essa bomba calórica hoje... Peguei pesado no final de semana. - Negou se levantando da cadeira e indo em direção a ela. - Come e vai se arrumar, temos que começar a gravar as nossas cenas... - Pediu, erguendo a mão e limpando o cantinho da boca dela que estava cheia de açúcar de confeiteiro. 

Ela assentiu rapidamente antes de voltar a atenção completamente para o doce e voltar a devorá-lo. Mordeu o lábio inferior se contendo em fazer um comentário sobre a alimentação dela e se afastou indo até a área do set onde David acabava de gravar as suas cenas. Se distraiu vendo o último take e quando voltou a olhar sobre os ombros pode ter um último vislumbre de Emily com a mão dentro do saco da confeitaria mais uma vez e Ophie observando-a como se já estivesse habituada com aquela cena. ”

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"Pousou a travessa de massa no centro da mesa e pendurou o pano de prato perto do fogão, olhando por cima dos ombros e procurando Emily pela sala. Onde é que ela havia se metido? Deu uma última olhada no forno para conferir que havia o desligado e saiu a procura da loira pelo apartamento. Abriu o quarto, escritório e até banheiro e não a encontrou em lugar algum... Estranhou, encostando a porta do banheiro. Parou no meio do corredor e ponderou se ela podia ter ido até o carro dela buscar algo que havia esquecido - afinal sempre esquecia algo lá - mas o barulho que ouviu vindo da sala o fez repensar. De dois um: Ophie estava tentando roubar o jantar deles ou Emily estava na sala.

A cena com a qual se deparou não era nenhuma das duas! Emily estava sentada no chão na sacada da sala, com um cobertor felpudo cobrindo-lhe praticamente todo o corpo e Ophie deitada no colo dela. A noite já havia caído e a lua parecia gigantesca no céu! Os olhos da loira estavam fixos no imenso céu, uma das mãos embaixo da blusa de moletom e a outra segurando o cobertor para que este não lhe caísse dos ombros. Viu Ophie se mexer inquieta no colo da dona até conseguir colocar o focinho onde a mão de Emily estava e se aquietar mais uma vez. O sorriso que cresceu nos lábios de Emily, Stephen podia jurar que nunca o havia visto antes, mas já sabia que estava no seu top 3 de sorrisos. 

Abriu completamente a porta da sacada, saiu do lado de fora e sentiu o frio tocar-lhe os braços nus antes de pousar a mão no ombro dela.

- Venha para dentro amor. A comida já está pronta... - Sussurrou, dando um beijo estalado no rosto dela que se virou com os olhos azuis arregalados e bochechas vermelhas completamente assustada e em pânico pela presença repentina dele."
 

Estava na cara dele e ele ainda assim não havia se dado conta! Como tinha deixado passar algo tão importante? Como era possível!? Ele sempre percebia tudo o que acontecia com ela, era sempre o primeiro a notar algo diferente e anormal nela e tinha deixado aquilo passar, não por uma semana, não por um mês! Mas por cinco meses e meio. Cinco fodidos meses e meio! 

- N-ão é possível! - Cerrou os dentes passando a mão no rosto. - Cinco meses, Emily? - Perguntou apenas para ter certeza que estava ouvindo corretamente e que aquela não era uma pegadinha pregada por sua própria mente. Ela assentiu com o olhar baixo, sem sequer conseguir olhá-lo e aquilo o deixou ainda mais irritado. - Está brincando comigo, não é? Só pode ser isso... - A voz dele saiu trêmula. - Você não seria capaz de fazer isso comigo...

- Fazer isso com você? - A voz insegura dela lhe interrompeu em sua própria agonia. - Brincando com você? - Insistiu sem acreditar no que os próprios ouvidos haviam ouvido. Stephen achava que ela seria capaz de brincar com algo tão sério como aquilo? Que ela estava fazendo aquilo por pura diversão?

- Não é possível que você tenha guardado essa gravidez em segredo por todo esse tempo! - Exclamou, cessando de andar e parando de frente para ela. O olhar dele caiu até as mãos dela que acariciavam o ventre e não abandonavam aquela área nem por um segundo... Aquilo não deixava negar. O tamanho do ventre dela sem todas as roupas e coisas que ela usará para cobrir a protuberância durante aqueles meses confirmava que estava de quase seis meses. 

- Eu tentei te contar...

- Quando você ia me contar sobre o bebê, Emily? – Interrompeu irritado. - QUANDO? - Se exaltou, olhando-a com o rosto contorcido pela raiva, os olhos escuros, as veias do pescoço pulsando forte e as mãos fechadas em punho. - Quando essa criança nascesse e você não pudesse escondê-la? Ou você iria continuar nessa porra de...

- EU IA TE CONTAR! - Ela gritou sobre as palavras dele, sem conseguir conter a raiva que borbulhava em suas veias. - EU TENTEI TE CONTAR VÁRIAS VEZES, STEPHEN! EU NÃO IA ESCONDER O BEBÊ DE VOCÊ! 

- IA ME CONTAR? - Ele urrou dando as costas para ela e chutando a cadeira encostada próxima à porta do quarto.

- Eu tentei te contar várias vezes... Logo que eu descobri eu fui te contar mas aí... As coisas desandaram, não deu para contar! 

- Não deu para contar... - Riu irônico ainda de costas para ela, com as mãos na cintura. - VOCÊ TINHA QUE TER ME CONTADO DE QUALQUER MANEIRA! - Aumentou a voz girando o corpo e apontando para ela.

- Como eu ia te contar tendo acabado de ouvir você falando que queria mais filhos com a sua mulherzinha? - Perguntou soltando a última palavra com escárnio, se segurando para manter o tom baixo não querendo se estressar ainda mais para o bem do bebê e pelas dores que estavam voltando cada vez mais fortes. - Me diz Stephen? - Insistiu, vendo a veia pulsar no meio da testa dele. 

- Você sabia que aquilo não era verd...

- Como eu sabia que aquilo não era verdade? COMO? - Interrompeu-lhe, lançando o travesseiro contra o rosto dele em um ímpeto de raiva. 

- Eu sempre deixei bem claro que eu e a Cassandra não temos um futuro juntos, que não é com ela que eu vejo o resto da minha vida! É você! É você que eu quero e que eu sempre vou querer, Emily! - Uma risada sem animo escapou dos lábios trêmulos dela. Virou o rosto para o lado, sem conseguir olhar para ele e segurar as lágrimas. 

- Você diz isso agora Stephen... - Sussurrou sem forças, deixando as lágrimas escorrerem. - Você diz isso entre as paredes desse quarto... - Mordeu o lábio inferior, fechando os olhos ainda sem olhá-lo. 

- Não é justo isso que você está fazendo comigo, Emily. Primeiro esconde que está grávida, agora tenta jogar a culpa dessa omissão em mim e age como se não soubesse que eu te amo, que é com você...

- SE VOCÊ ME AMA TANTO POR QUE É QUE VOCÊ NUNCA ME ESCOLHEU?- Gritou sem fôlego, virando o rosto para encará-lo. Se a dor que sentia no peito fosse capaz de matar já estaria morta naquela cama de hospital. As palavras pareciam escapar dos lábios sem a sua permissão e ali tinha finalmente a prova de que chega uma hora em que a boca realmente fala o que o coração está cheio a tempos. Finalmente estava podendo pôr para fora tudo o que estava guardado a sete chaves dentro de si por todos aqueles anos. - POR QUE É QUE EU NUNCA FUI A SUA PRIMEIRA OPÇÃO?

O homem olhava-a completamente destruído. Física e emocionalmente destruído. Os lábios secos, coração batendo forte no peito, a respiração descompassada como se houvesse corrido uma maratona ou se todo o ar do universo estivesse se esgotando e ele prestes a morrer sem ar.

- Se eu tivesse lhe contado, daquela vez em Londres... Estaria alguma coisa diferente, Stephen? - Perguntou abaixando a voz, umedecendo os lábios. - Algo além dessa sua raiva, desse seu sentimento de injustiça...Teria alguma coisa diferente? - Esclareceu para não lhe deixar dúvida alguma.

 - Isso é algo que nós nunca iremos saber, afinal você escondeu a gravidez de mim, você preferiu mentir, omitir e ainda agiu como se estivesse tudo bem quando nas últimas semanas você teve várias oportunidades de abrir o jogo comigo e me contar a verdade. Mas você não o fez, Emily! Você preferiu me manter excluído! - Respondeu, fixando-a com o semblante sério e abatido. Balançou a cabeça negativamente, deslizando o olhar mais uma vez até o ventre dela. - Era meu direito ficar sabendo desde o início, quer as coisas entre nós dois estivessem bem ou não, quer eu decidisse continuar com a Cassandra ou não. Meu direito! - Bateu o dedo no peito, olhando no fundo dos olhos marejados dela.

- E-eu sinto muito... Não posso ficar aqui. - Falou, indo até ao móvel ao lado da cama, pegando as chaves e a carteira que estavam pousados, enfiando-os no bolso traseiro da calça ao ir em direção à porta.

- Stephen! - Emily chamou, sem acreditar que ele realmente estava fazendo aquilo. Sem acreditar que ele realmente estava indo embora. - Você não tem o direito de... Você n-não pode, prometeu que não ia me deixar....- A loira gritou sentindo o desespero crescer ainda mais ao vê-lo abrir a porta do quarto sem sequer olhar para trás. - Stephen! - Insistiu, apertando entre os dedos o lençol. - SE VOCÊ SAIR POR ESSA PORTA PODE ESQUECER QUE ESSA CRIANÇA TAMBÉM É SUA! PODE ESQUECER! - Intimou em uma última tentativa de fazê-lo ficar, mas fora em vão. Um segundo mais tarde tudo o que se ouvia no quarto era o choro e soluços dela após a porta ser fechada em um baque.