História I'll hold your hand II - Presente

[…]

O garoto se aproximava do portão de entrada, quando ouviu o baque e então se virou para trás outra vez. Logo pôde ver SeHun descer do carro e então TaeJoon  voltou para onde estava. 
–O que houve?–
–Aish, um buraco de não sei onde.. Aigoo…furou o pneu.–
–Você consegue trocar?–
–Conseguiria…mas estou sem minha chave de roda.– SeHun coçou a cabeça preocupado. 
–E agora?–
–Bom, está tarde para chamar um mecânico..acho que vou deixar o carro aqui e pedir um táxi.– SeHun tirou o celular do bolso e o levou ao ouvido. 
(…)
–E então?–
–Vai demorar uns 40 minutos..aish.–
–Acho que é perigoso ficar aqui fora..quer esperar lá em cima?–
–Pode ser..– Riu forçado.–mas você mora com seus pais, não é? Eles não vão ficar incomodados?–
–Eles não estão em casa.–
–Isso não seria pior ainda?– Brincou.
–Aigoo, quer ficar aqui fora?– 

Os dois subiram e então TaeJoon abriu a porta, encontrando ShinWoo sentado no sofá ao lado da pequena que segurava a mamadeira, mesmo que já tivesse caído no sono há algum tempo. 
–JOON! COMO FOI O SEU……–Os olhos de Shin saltaram ao ver a companhia de TaeJoon entrar com ele na sala.–encontro…?–
–Oi, Shin. Esse é SeHun. O pneu do carro dele furou, então ele vai esperar aqui até o táxi chegar. Esse é ShinWoo, meu melhor amigo.–
–Olá. Sou Oh SeHun, bom te conhecer. Você também mora aqui?– SeHun sorriu encolhendo os olhos e estendeu a mão para o garoto, que lhe retribuiu o gesto.
–Ah, não. Esta noite estou só de babá.– Ditou encolhendo os olhos. –Joon, vou aproveitar que você chegou e vou ao banheiro.– ShinWoo se levantou e adentrou o corredor, na direção do banheiro. 
–Não sabia que tinha irmãos, TaeJoon.– O moreno disse se referindo à JiMin. O garoto estava de costas, tirando o casaco, logo, não viu à quem SeHun se referia. 
–Tenho, mas DongHae está no exército.–
–E a pequenininha?– Perguntou confuso.
–Ah…precisamos falar sobre isso.– TaeJoon coçou a nuca.–Essa é JiMin, ela é minha filha.–
–S-sua o quê?– SeHun piscou boquiaberto.
–Minha filha…–
–Oh…Ela é…uma gracinha..– 
–Não precisa fingir estar de acordo com isso. Agora vê que a coisa não é tão simples quanto você pensou.–
–Yah, não é nada disso, eu só fiquei um pouco surpreso.–
–Sei.– TaeJoon torceu o nariz e se curvou sob o sofá, na intenção de pegar JiMin e levá-la para o berço. 
–Não quer ajuda?– 
–Não, obrigado. Espere aqui, eu já volto.–

SeHun assentiu ainda um pouco surpreso, não era de se esperar que um garoto daquela idade já tivesse um filho. 
Logo TaeJoon voltou, o moreninho não ficaria surpreso se SeHun sequer continuasse lá, mas o Oh continuava ali. 
–Quantos meses ela tem?–
–8 meses.–
–Se me permite saber, e quanto ao pai dela?–
–Me largou alguns meses depois de descobrirmos. Sequer a conhece.–
–Que babaca…–
–É..– TaeJoon mantinha a mesma expressão de poucos amigos, querendo ou não, aquele assunto ainda mexia um pouco com ele. 

Um silêncio cortante preencheu o ambiente, nenhum dos dois sabia exatamente o que dizer. 
SeHun sentiu seu celular vibrar no bolso, indicando que seu táxi tinha chegado, e mais cedo que o previsto. 
–Eu..bem..meu táxi chegou. Espero te ver em breve, Kim Tae Joon.–
–Vou te levar até a porta, boa noite, SeHun. Mais uma vez, obrigado pelo jantar.–
–O prazer foi meu.–

SeHun deixou o apartamento e o garoto TaeJoon fechou a porta, encostando-se nela em seguida e suspirando longamente. Esse é o fim, pensou. 
–Foi corajoso da sua parte trazê-lo aqui depois do primeiro encontro.– ShinWoo voltou à sala, caminhando em passos lentos. 
–Agora ele está livre pra se livrar de um incômodo, minha consciência está limpa.–
–Incômodo por quê? Não gostou de sair com ele? Ele é bonitão, hehe.–
–Não é isso..ele não tem que arcar com consequências que não são dele.–
–Sabe, TaeJoon.. Você tem que parar de ser ridículo. Para de ficar se rebaixando, não só se rebaixando, mas está levando JiMin junto, até parece que ela é um demônio.–
–Huh?–
–Você sempre fala como se ela fosse a pior coisa do mundo, como se só atrapalhasse, como se fosse o fim da sua vida. Sabe, se eu fosse ela, me sentiria muito mal por ter nascido.–
–Eu não faço isso.–
–Ah, não? Você a usa como desculpa pra não se permitir seguir em frente. Por quanto tempo você vai ficar definhando por BaekHyun?–
–BaekHyun não tem nada a ver com isso.– O moreninho desviou os olhos. 
–Então sinto dizer, você é um babaca. Você é um babaca com você mesmo e com sua filha, eu não sou amigo de gente babaca.– Aquilo fora como um chute na cara, ShinWoo nunca tinha falado daquele jeito ou com aquela expressão. E então fez TaeJoon refletir, o loiro estaria certo? 
–Não sei o que dizer..–
–Não diga, você é quem tem que decidir.–

[…]

A noite fora longa, mais que qualquer outra. TaeJoon agora se sentia mal, mas não pelo mesmo motivo de antes, JiMin agora não era mais um tipo de peso, TaeJoon enfim entendeu que ela era um presente do qual ele devia sentir orgulho, ela era um pedaço dele. 

O garoto abriu os olhos ao ouvir um choramingo baixo e então se sentou na cama. ShinWoo dormia no colchão no chão, ao lado da cama e JiMin estava sentada no berço, com um bico do tamanho do mundo. 
O moreninho se espreguiçou antes de se levantar e ir até lá arrastando os pés. 

A pequena estendeu os braços roliços para ele, sem emitir qualquer outro som, era como se soubesse que incomodaria ShinWoo se chorasse. 
–Que foi, neném? Ainda é hora de dormir.–
TaeJoon a pegou nos braços e logo a pequena segurou-lhe uma mecha de cabelo, como sempre fazia. 

O moreninho voltou para a cama, com Jimin ao lado. Mais uma vez ela parecia não querer mais dormir. Encarava TaeJoon ainda com um bico enorme na cara. 
–O que há? Virou peixe?– Sorriu pequeno, apertando-lhe as bochechas.–Sabe dizer peixe?– JiMin o encarava com atenção, mas sem dizer qualquer coisa. –"Claro que não, umma, eu sou só um bebê. Você é bobo?“– Disse forçando uma voz fina ao responder a própria pergunta, como se fosse JiMin e a pequena riu gostosamente, exibindo a gengiva rósea.

[…]

Como felizmente era domingo, TaeJoon não precisou acordar cedo e tampouco acordar JiMin, então acabaram dormindo os dois. 
ShinWoo acordou ainda sonolento e riu internamente ao ver a cena dos dois esparramados na cama, na mesma posição. Não havia como negar a conexão muito forte que existia entre eles desde sempre. 

O loiro tirou o celular do bolso e tirou uma foto, uma oportunidade assim não podia ser desperdiçada.

[…]

Mais tarde, TaeJoon viu que precisava ir ao mercado, precisava comprar fraldas e leite em pó, e então chamou o umma para levá-lo. 
O moreninho deixou Jimin sob os cuidados do vovô dinossauro babão e então eles deixaram o prédio. O carro de SeHun continuava lá, talvez este ainda não tivera tempo de ir buscar. 

Estavam os dois andando pelos corredores, TaeJoon empurrava o carrinho e TaeMin andava olhando as prateleiras. 
–E aí, como foi seu encontro?–
–SeHun é um carinha legal.–
–Quer dizer que vamos investir?– O ruivo sorriu inerte, sem tirar a atenção dos produtos. 
–Não disse nada disso.– 
–E porquê…..?–
–Umma!–
–TaeJoon!– TaeMin rebateu em tom brincalhão. 
–Não sei de nada.–
–Eu apoio.– Deu de ombros.

(…)

Algum tempo depois, estavam de volta em casa. O moreninho então reparou que o carro não estava mais lá. Adentraram o saguão com as sacolas e o porteiro chamou TaeJoon logo que o viu. Taemin se adiantou para chamar o elevador. 
–Senhor Kim, me pediram para entregar.– O porteiro lhe estendeu um pacote não muito grande, embrulhado num papel bonito, com um laço branco de bolinhas azuis. 
–Quem foi?–
–Oh SeHun, ele esteve aqui, mas o senhor tinha saído.–
–Obrigado, senhor Kang. Tenha uma boa noite.– O garoto fez uma reverência e tomou o pacote em mãos. 
–Quer ajuda com as sacolas?–
–Não precisa, eu dou conta.–

O moreninho foi de encontro à TaeMin, que esperava por ele segurando o elevador. O ruivo sorriu de canto, encolhendo os olhos. 
–Presente?–
–Sim.– TaeJoon assentiu sorrindo pequeno, nem percebeu as bochechas corarem. 
TaeMin abriu a porta da sala, avistando JongHyun deitado de lado no chão, apoiava a cabeça em uma das mãos e sorria largo, JiMin estava de bruços, também no chão, começava a erguer o próprio corpo, tentando engatinhar, há alguns dias já tentava sem muito sucesso. 
–Aah, voltaram.– O moreno sorriu fitando TaeMin. 
–Voltamos.– Ditou ao fechar a porta.–Está tudo bem?–
–Tudo bem por aqui.–

TaeJoon foi à cozinha e deixou as sacolas, pensando no que teria dentro do pacote. 
Andou em passos lentos até a sala, enquanto desamarrava a fita. 
–O que é isso, Joon?–
–Presente, ué.– Deu de ombros. Por fim conseguindo desatar o nó. Dentro havia uma caixa de papelão, com uma boneca de pano dentro.
O brinquedo era realmente bonito e bem feito, tinha uma aparência meiga e olhos brilhantes. O moreninho sorriu inerte olhando-a e enfim pensando em SeHun. 
–Presente de quem?–
–Um amigo..–