História Ilusões - Capítulo XII - Harry Styles

— Novo brinquedo, Malik? — O homem de cabelos cacheados e longos provoca, e eu sei que nem dá mais para me esconder.

Zayn, até então de costas para mim e com um quê de irritação com o conhecido, se virou, seus olhos encontrando os meus mesmo diante do escuro no qual eu estava.

— Volta pro quarto. — Ele mandou, com a voz fria. Mandou?

— Ah, que maus modos, Zayn! — Styles sorriu, revelando belas covinhas e um sorriso encantador. — Eu não mordo! À menos que ela queira.

— Cala a boca, Harry. — Zayn diz tão seco que eu o desconheço momentaneamente. — Volta pro quarto, Blãe. — Ele manda, novamente. — Agora.

— Sou Harry, prazer, docinho. — O tal do Harry ergue a mão para mim, mesmo diante da considerável distância. — Qual é o seu nome, senhorita Blãe?

Eu não sabia o que fazer. Harry parecia alguém inofensivo, e no entanto Zayn mudara completamente o seu humor assim que eu "entrei" na sala. E qualquer um que me conheça sabe que eu nunca aceitaria ordem de homem algum — a não ser meu pai. Então, qual o motivo desse estresse todo da parte dele? Eu deveria falar meu nome para Harry e ir cumprimentá-lo, ou deveria obedecer a Zayn e voltar para o quarto?

— Eu quero dormir, Styles. A gente se fala na segunda.

— Às sete. — Harry parece desistir, e segue Zayn até a porta. — O Payne tá puto com tudo isso, tem que falar com ele depois.

— Está bem, merda. Só sai daqui. — Seu tom continua frio, e quando ele abre a porta, Styles se vira e se despede de mim com um breve aceno.

— Espero nos encontrarmos novamente, Blãe. 

— Nem no Inferno, sai. — Zayn dá um curto sorriso para o colega antes de fechar a porta e trancar a mesma. — Caralho, você não pode me obedecer uma vez, não é? — Ele me olha, e ouço um carro – supostamente o de Harry – sair andando.

Certo. Talvez eu tivesse formulado algumas frases que iniciariam uma boa briga enquanto Harry estava aqui, mas tudo foi por água abaixo quando notei estar sozinha com Zayn novamente. Eu duvidava se conseguiria sair do lugar, quanto mais confrontá-lo.

— Volta pro quarto, Sophie. — Ele fala e vai até o sofá.

— Quem era ele? — É a primeira frase que sai da minha boca com algum som. Esse tal de Harry era realmente um amigo de Zayn? Eu me questionava sobre.

— Não interessa. Só volta pro quarto. — Ele parecia conter a voz, como se quisesse gritar. 

Caralho, esse Styles estragou a noite.

— Você não vem?

— Preciso esfriar a cabeça. — É tudo o que ele diz, antes de pegar o controle remoto e ligar a televisão em outro programa violento de investigação policial.

Era melhor eu não insistir e voltar pra cama. Sei que se eu falasse mais qualquer coisa, ele iria explodir. Então só me restava tentar dormir e ansiar pelo dia, quando eu finalmente voltaria pra casa fingindo ter dormido na casa da Andréia e ter ficado sóbria.

⋆⋆⋆

Acordo após um sonho esquisito acabar. Sonhei com um final alternativo da madrugada passada. Eu confrontava Zayn e ia falar com Harry, e todos nós brigavámos depois disso. Isso quer dizer que foi sábia a minha escolha de criar raízes ao lado da escada, e sair do campo de visão do Malik assim que uma briga ameaçasse ser iniciada.

Acordei algumas vezes na noite, e Zayn não esteve ao meu lado na cama em nenhuma delas. Pensei em ir lá embaixo, ver se ele ainda estava lá, mas acabei desistindo ao colocar os pés para fora da cama.

Pela janela, que exibia um céu nublado, eu não conseguia adivinhar que horas seriam, mas o relógio automático de Zayn me revelou ser mais da 13h:00 da tarde. 

Então, com a blusa de Zayn em meu corpo, sendo a única peça cobrindo meu corpo, eu desci até a cozinha. Não havia ninguém. E a sala também estava vazia.

— Malik? — Chamo, mas não há resposta. — Zayn?

Enquanto chamo, subo novamente a escada, passando por todos os cômodos do segundo andar. O quarto de hóspedes estava vazio, assim como o dele, mas a porta do banheiro estava entreaberta.

— Zayn? — Pergunto segurando a maçaneta, do lado de fora.

— Entra. Eu já estou saindo. — Ele diz, a voz sendo levemente abafada pelo som da água caindo pelo chuveiro.

Um flash de seu corpo nu me vem a mente, com as gotas d'água escorregando por seu corpo sarado. Mas eu afasto a imagem rapidamente e balanço a cabeça.

— Na verdade, eu só queria confirmar que era você. — Digo e fecho a porta.

— Não tem nada aqui que você já não tenha visto. — Ele fala mais alto, e eu imagino ele sorrindo, programando sua próxima frase para me deixar sem resposta alguma.

Entro antes que ele faça alguma piadinha, e fico encostada na porta, vendo sua silhueta coberta pelas portas do box.

— Porra... — Suspiro imaginando ele ali dentro. Bem, talvez a companhia dele tenha me tornado mais pervertida, afinal.

— Quer entrar? 

Engasgo depois de ser tirada dos meus pensamentos impuros com esse convite. Escuto ele rir de dentro do chuveiro.

— Agradeço, mas não. — Digo e logo Malik desliga o chuveiro, e vejo sua mão puxar a toalha pendurada numa das portas.

Zayn sai do box, e aquilo seria uma ótima cena de filme — se pornô, aí eu já não sei. Seus cabelos estavam bagunçados e molhados, e as tatuagens estavam nítidas mesmo abaixo das gotas de água. Eu desviei o olhar rapidamente quando ele foi amarrar a toalha no corpo, tentando não invadir ainda mais a sua privacidade. Quando olhei de novo, ele me encarava com o pequeno sorriso que só eu conhecia no rosto.

— Desculpe. — Viro-me para o lado dando mais liberdade para ele se secar. Talvez vez ou outra eu me arriscasse a dar uma espiada.

— Vem cá. — Pelo tom de sua voz; suave, sei que ele está pedindo, e obedeço evitando olhar para baixo.

Quando ele puxa a blusa que eu usava para cima, ela mal molha, e imagino que ele deve ter secado muito bem as mãos naquela toalha.

Logo, Zayn me puxa para seu colo, e sinto minhas pernas sendo molhadas ao entrar em contato com a sua pele quente e nua. Ele me leva até a pia e me encaixa lá, me observando.

— Não deveria ter falado com você daquele jeito ontem.

— Concordo.

Zayn sorri e me puxa brutalmente mais para perto. Agora, a frente de sua blusa estava ficando molhada, também.

— Me deixa terminar. — Fico quieta e aguardo. — Só não quero você perto dele. De nenhum deles.

— Harry tem um irmão gêmeo, é? — Debocho, mas estava curiosa com a possibilidade.

Zayn ri, e acaricia minha bochecha com seu polegar.

— Não. Mas existem outros como ele. Não quero você perto deles.

— E quem garante que eu vou seguir o seu imperativo pedido? 

— Eu. Só quero que você esteja segura.

— Você fala isso pra todas? — Esse era o momento em que ele respondia que não; que eu era única para quem ele disse isso. Mas ele só sorri, como se eu tivesse brincando. Talvez meu tom tivesse dado essa interpretação.

— E como vou saber quem são os outros "Styles"? — Pergunto, curiosa. 

— Eu espero que você nunca saiba. — Ele diz e aproxima o rosto do meu. — Tem noção do autocontrole que eu estou tendo agora? Eu realmente queria te foder aqui. Nessa posição.

Eu sorrio.

— E o que te impede? — Sugiro.

Ah, qual é! Chega de enrolação. Eu estou querendo isso tanto quanto ele, mas sempre algo ou alguém nos impede. Agora, nada pode impedir.

— Nada. — Ele diz e sua mão some do meu rosto, entrando novamente em contato com a minha pele quando desaparece por debaixo da blusa escura.

Mordo os lábios e prendo a respiração quando Zayn aproxima sua mão do meu seio, logo massageando o mesmo.

Então, ele me beija. Um beijo lento e cheio de desejo, e eu anseio pelo momento em que ele tiraria a merda da toalha. Mas Zayn tira a mão de dentro da blusa e separa os lábios dos meus, instantes depois.

Eu suspiro e ele se afasta, sorrindo.

— Você ainda não me disse que é só minha, Blãe. — Ele me coloca no chão e sai do banheiro, me desacreditando daquele momento de segundos atrás.

Mas ele só pode estar brincando!

Saio do banheiro em seguida e antes de entrar no quarto, ele olha para trás:

— Só um momento, e eu faço o café pra gente.

⋆⋆⋆

— Ainda por cima, você cozinha? — Pergunto incrédula enquanto ele me serve os ovos mechidos e o café.

— "Ainda por cima"? O que mais tem? — Ele desliga o fogo e apoia as mãos na pia, aguardando eu falar o óbvio sem parar de me observar.

— Bonito, misterioso, bom de cama... — Ele dá uma breve risada antes de dar a volta ao balcão e se sentar ao meu lado.

— Você ainda não viu nada. — Ele pega a caneca de café e toma um gole.

— Não vai comer? 

— Eu vou sair depois que te levar pra casa. Compro algo no caminho.

— Entendi. — É alguma coisa relacionada ao Harry? , eu queria perguntar, mas fico quieta e começo a comer. 

Zayn sai do meu lado e sobe até as escadas, sumindo para seu quarto, a julgar pela direção que tomou.

Eu procuro saborear o prato simples e cotidiano que ele fez, mas que está maravilhoso. Talvez seja o tempero. O café também estava ótimo, forte.

Quando termino de comer, Zayn desce as escadas agora com uma blusa de manga longa (antes, só estava vestindo uma calça moletom e nada mais) e um casaco na mão.

— Toma. — Ele coloca o casaco no meu ombro, e vai até o cabideiro, onde estava sua jaqueta.

— Eu vendo para as suas fãs ou o quê? 

Ele ri.

— Você quem decide, mas antes acho melhor usar ela para chegar até sua casa. Aquele vestido está nojento para ser usado mais uma vez.

— Doeu. — Coloco o casaco de moletom no assento estofado do banco e levo o prato e caneca até a pia.

— Diz pros seus pais que é do namorado da Andréia, e que ela te emprestou porque você era muito rabuda para as roupas dela.

Lanço um olhar de repreensão para ele, e agora ele vai buscar os calçados.

Visto o moletom e ele fica um pouco maior em mim, desta vez parecendo um vestido que cobre quase toda a área das coxas.

Zayn volta calçado e com o celular e chaves na mão.

— Preciso pegar o meu. — Aponto para o celular dele, e subo correndo para o quarto dele.

Lá, pego o celular e os saltos, que começaram a me doer os pés no primeiro instante de uso.

Peguei também minha calcinha, que estava largada no chão do quarto, perto do pé da cama, e vesti a mesma.

Peguei tudo o que mais faltava e desci as escadas, encontrando Zayn na porta já aberta, me esperando.

Quando chegamos na minha rua, ele parou há algumas casas longes da minha, a fim de despistar os olhos curiosos da minha família e vizinhos.

— Tchau. — Passo a mão nos seus cabelos ainda úmidos e beijo sua bochecha. — Obrigada pela hospitalidade, e por ter aliviado o estresse. — Sorrio para ele e, depois que o gesto é retribuído, eu saio do carro.

Caminho até minha casa e abro a porta. Enquanto meus pais me perguntavam como foi a festa e o porquê de eu ter chegado tão tarde, ouço o carro de Zayn ir embora.