Clark ON
Já é quase noite, estou cansado e tenho compromisso com Peu.
Pego minhas coisas e saio do hospital, vou até o carro e dirijo até em casa.
- Meu Deus!!! - Grito após um susto. - O que tá fazendo aqui?
- Oi pra você também amigo. - Jack diz rindo de mim. Ele estava escorado no sofá e com os pés estirados na mesa de centro.
- Esqueço que você tem a chave da minha casa. - Deixo umas pastas clínicas e minha bolsa em cima do outro sofá.
- Ei cara, o que é aquilo? - Merda. O corpo.
- N-nada. Digo - Estou nervoso, é meu amigo, mas é policial. - É umas roupas velhas que eu ia jogar fora e coloquei naquele saco. - Respiro fundo e observo a expressão confusa de Jack.
- Sei - Ele diz. Aproveito a deixa e enrolo mais umas roupas jogadas no chão no saco e empurro até mais afastado da sala.
- Então - Pra fugir do assunto - Como vai o trabalho?
- Bem. Tem um caso novo, no início me animei, mas já está estressante. Não temos mais nenhuma pista.
- Que caso? - Pergunto já sabendo a resposta.
- É... Ainda é confidencial, mas os médicos já devem ter falado algo contigo.
- Sobre Liam? Liam Wayne?
- Sim. - Ele se levanta. - Só quis te fazer uma visita, cara. Trabalho tá puxado pra ti e mal estamos nos vendo.
- Verdade, logo vamos sair, como nos velhos tempos! - Digo o animando
- Claro. Nos velhos tempos em que eu pegava todas e você ficava escondido atrás de um único rabo de saia. Espera - Ele põe a mão no queixo - Esses não são os tempos atuais?
Rimos
- Qual é? Eu sou mais tímido e ocupado. - Ele ri de mim
- Tá haha, agora tenho que ir - Ele abre a porta e eu o sigo
- Até mais, brother
- Até, cara
Ele sai e dou aquele longo suspiro de alívio.
Preciso. Esconder. Este corpo.
Penélope ON
Cheguei em casa a mais de uma hora e Clark já estava quase terminando o trabalho, qual a demora?
Pego o celular e ligo para ele.
- Clark?
- Oii mãe, desculpa, tô indo pra aí.
- Qual a demora?
- Jack esteve aqui. Já já a gente conversa. Até mais.
- Até, vem com Deus.
Desligo.
Após uns 20 minutos Clark entra. Eu estava sentada no sofá de canto observando as árvores pela janela. É bom morar longe de apartamentos.
- Oi Peu. - Ele encosta e beija minha testa.
- Está bem? - Retribuo o carinho.
- Uhum. - Percebo seu olhar meio distante, preocupado.
- Está preocupado com alguma coisa? - Pergunto
- É que... Há algo de muito errado com aquele corpo.
- Ainda sobre o corpo? Clark já disse pra mandar aquilo pro Necrotério! E se a polícia decidir averiguar?
- É um risco que quero correr.
Clark ON
- Cuidado com isso! - Peu diz com muita preocupação.
Eu sei que ela só quer o meu bem, afinal, ela sempre quis.
Desde que me considera seu filho, há mais de 20 anos atrás. Eu tinha apenas 6 anos quando meu pai se suicidou por não conseguir me criar, já que minha mãe morreu no parto. Ela, com 27 anos, uma jovem enfermeira se prontificou a cuidar de mim.
- Eu quero descobrir mais sobre. - Digo, convicto.
- Quer minha opinião?
- Já sei que não quer que eu faça isso!
- Minha opinião sobre o caso, cabeça dura!!! - Ela me dá uma bronca.
- Sim sim, diz.
Nós nos sentamos mais próximos e começamos e pensar em teorias.
Não resultou em muita coisa...
Depois de um tempo falando sobre o mesmo assunto, Peu me adverte.
- Ficou sabendo?
- Do que? - Pergunto curioso
- Amanhã uma nova médica vem para o hospital de base.
- Quem é?
- Não sei... Só ouvi dizer. Me parece que ela é cardiologista.
- E por que o hospital está contratando?
- Não está. Ela vem pra ajudar.
- Em quê?
- Acho que nesse caso aí... Ela tem experiência com esse tipo de surto e talvez pode analisar os registros, o corpo até. - Como?
- O c-corpo?
- Eu te disse... É perigoso.
- Mas nem coração o corpo tem mais.
- É, mas ela pode querer ver algo passado batido, algo útil.
Ficamos ali conversando e por volta das 20h fui pra casa.
Jack Davis ON
- Detetive Davis, por favor preciso que responda a algumas perguntas! - Mostro meu distintivo ao sujeito de meia idade, com barba por fazer e olhar disperso.
- O que você quer?
- Conhecia este homem? - Observo bem qual a reação do sujeito ao ver uma imagem de Liam Wayne, ainda vivo.
- Conheço
- Conhecia. Ele está morto.
- Já foi tarde! - Hummm... alguém não o queria aqui.
- Pode dizer por que não o queria mais aqui?
- Ele era encrenqueiro. Meu vizinho. Todo dia chegava um estranho diferente batendo na porta dele.
- Como eram essas pessoas?
- Ah, todos pareciam moradores de rua. Estranhos, sempre com pacotes nas mãos.
- Pode descrever como eram estes pacotes, senhor?
- Tamanho médio, assim - Ele fez gesto com as mãos indicando as possíveis dimensões do pacote - Cor branca e posso dizer que havia uns comprimidos.
- Comprimidos?
- Sim. Esbarrei em um desses caras e ele deixou o pacote cair, eu peguei e senti como se fosse bala, comprimido.
- Lembra de mais alguma coisa?
- Não senhor. - Tudo que ele estava dizendo que eu anotei com cautela e atenção em um bloco.
- Obrigada, até!
- Por nada, detetive.
Saio da porta da casa daquele homem e me dirijo a minha viatura.
[...]
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