"...Então, me queime com fogo, me afogue com chuva
Vou acordar gritando seu nome
Sim, sou uma pecadora, sim, sou uma santa
O que quer que aconteça aqui
Nós continuamos..."
Acordei e o David tava dormindo ainda. Ele tinha treino, mas ainda era cedo. Desde o dia que cheguei não consegui me acostumar com o horário e acordava todos os dias cedo.
Me mexi na cama e o David me abraçou mais forte. Desde ontem que ele ta agarrado a mim como se eu fosse embora a qualquer momento.
Hoje é a ultima consulta com o médico e nós dois sabemos o que vai acontecer.
-Vid – chamei ele ainda presa nos braços dele.
-Só mais cinco minutos...
-David você tem treino hoje.
-Posso faltar?
-Mas você não tem nem um mês de time – falei rindo.
-Tá bom – ele me soltou devagar e me deu um selinho – Bom dia.
-Bom dia.
David levantou todo preguiçoso e foi tomar banho. Nenhum dos dois queria lembrar a minha consulta depois do treino dele.
Me levantei e comecei a organizar minhas coisas. Quanto mais cedo eu fizesse, menos doeria. Pelo menos era o que eu achava.
Acompanhei o David no treino e me diverti muito vendo ele tão à vontade fazendo aquilo que mais ama na vida.
Thiago conversou comigo um pouco, mas saiu apresado depois do treino. Tinha algum compromisso com a Belle e nós seguimos para o hospital.
-Boa tarde Catarina, vamos olhar esse pé ai.
O médico examinou com atenção e contatou o que a gente já sabia. Que eu poderia voltar para o Brasil, mas que teria que continuar o tratamento pelo menos por um mês.
No carro, o David ficou quieto até o celular dele tocar.
-Fala Gustavo... A gente já tá chegando... Deu certo? Ótimo, logo a gente tá ai.
-Deu certo o que?
-Você já vai saber.
-Fala David...
-Calma braveza a gente já ta chegando.
Eu achava lindo quando ele me chamava assim, mas agora eu tava mais pra curiosa do que brava.
Quando entramos no apartamento, o Gustavo estava esperando a gente na sala.
-E então? O que é?
O Dudu entrou na sala e eu ouvi um latido.
Um yorkshire preto e marrom veio correndo na minha direção. Ainda era um filhote bem pequeno e a coisinha mais fofa do mundo.
-Ai meu Deus, quem é?
-É seu Cat, pedi para os meninos buscarem hoje de manhã.
-Meu? Mas por que David?
Ele deu de ombros e não respondeu.
-Bem, nossa boa ação do dia está feita. – Dudu foi até a porta – Vamo Gus, temos que resolver umas coisas ainda.
Os dois saíram deixando eu, o David e meu novo amigo.
-Gostou?
-Claro! Ele é lindo – eu brincava com ele no meu colo e ele latia todo feliz – Que nome eu dou pra ele?
-Não sei. Você que é a dona.
Me sentei no sofá e fiquei olhando pra ele.
-Ele tem cara de... Eu não sei David me ajuda.
-Também não faço ideia.
Peguei meu celular e comecei a revirar minhas coisas. Fotos, musicas...
-Que tal Thor?
-Thor? – David começou a rir – Mas olha o tamanho dele...
-Essa é a graça. O que acha? Vamo David, você é pai dele...
O rosto do David se iluminou. Eu não entendi muito bem por que, mas ele parecia ter ficado feliz com a brincadeira.
-Tudo bem, eu gostei.
Passamos o resto da tarde juntos brincando com o Thor. Agora que eu podia ir embora, eu não queria ir. Queria ficar e viver uma vida tranquila com o David e nosso cachorrinho. Mais normal impossível.
Mas eu não podia. Tenho responsabilidades e tinha que voltar pra elas. E o David sabia disso.
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